sexta-feira, 25 de março de 2011

A violência no trânsito

            A questão da violência e da criminalidade têm sido, há já um bom tempo, o centro das discussões, onde não falta a figura controvérsia sobre a leniência das leis e a impunidade. E quando falo em violência, obviamente não posso excluir aquela que vem diretamente do trânsito.
            Mais curioso ainda é saber que o Judiciário aceita como homicídio culposo a maioria (e que maioria!) dos acidentes de trânsito. Talvez seja útil transcrever um comentário que não foi cunhado por um advogado qualquer empolgado: “se alguém quiser assassinar um indivíduo, basta alugar um carro e dirigir bêbado”.
            Como bem sabemos: tempo de feriados, tempo de acidentes. Em finados(último), ocorreram no Brasil 1.650 acidentes, com 104 mortes e 1.076 feridos.
            Álcool, imprudência, alta velocidade e falta de consciência de condutor de veículos e pedestre, além disso, a falta de infra-estruturas e medidas mais duras no trânsito, esta combinação explosiva, faz com que o Brasil seja o país mais violento em acidentes de trânsito no mundo.
            Desnecessário dizer que o governo, por sua vez, tem que ser realístico ao enfrentar esse problema (já de calamidade!) e não resgatar a máxima do então ministro Rubens Ricupero, mais ou menos assim: “o que é bom a gente mostra, o que ruim a gente esconde”.
            Mas o pior, o mais atordoante, é que nos últimos dez anos, perdemos cerca de 330 mil vidas em acidentes de trânsitos!  O Código de Trânsito Brasileiro, aprovado em 1997, reduziu as mortes só no começo, até o ano 2.000.  A partir daí, eles subiram.  Hoje são cerca de 35 mil mortes por ano.
            Quando somos comparados a países da América Latina, aí é que fica lastimável e feio!  O Brasil, a taxa de mortes no trânsito é de 19 pessoas por cem mil habitantes.  O Uruguai, a taxa é de 22; na Colômbia, 21; na Venezuela, 11; no Equador, 10; no México, 4 (O Globo – 7/10/07).
            O Brasil perde mais de R$ 20 bilhões por ano com os acidentes e as milhares de vidas preciosas – a maioria jovens de 18 a 30 anos.  Não podemos continuar com esse quadro.  As autoridades precisam agir com firmeza, e não se limitar a borbulhas, slogans e rótulos de suas campanhas institucionais (mídia).
            Seja como for: cavalheiro medieval, samurai japonês, cowboy americano, até sertanejo do Brasil, não vão resolver (sem medidas educativas, punitivas e infra-estruturantes) esse estado de coisa. Pois, nossos jovens estão morrendo no trânsito, por ano, mais do que jovens americanos morreram na guerra do Vietnã.
            Diante disso, não se podem admitir sofismas. Quando vejo alguma nota dissonante e dissimulada dada por alguma autoridade, gestor sobre esse tema, da vontade de lhe sapecar – parafraseando o Rei Juan Carlos: “Por qué no te callas?”.


                                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
           
           


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