terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Mercado pet


            Se a minha doce cachorrinha Baby, de 10 anos, fosse um animal racional estaria feliz da vida em saber que o mercado pet está em alta. No ano passado, segundo dados do Instituto Pet Brasil, entidade que cuida do varejo desse segmento, o mercado todo no ano passado faturou R$ 32,9 bilhões, 5,8% em relação ao ano anterior.
            O Brasil vai passar de sexto mercado, há cinco anos, para o segundo mundial em 2018, atrás apenas dos Estados Unidos. Aqui está a razão: o fato de as pessoas se casarem mais tarde, de muita gente morar sozinho e de a população estar mais velha também contribui para o sucesso dessa atividade.
            Os resultados do mercado pet (animal de estimação) como um todo estimulam dezenas de negócios em torno dele. São tão diversos quantos hotéis, hospitais, empresas que prestam assessoria para quem quer viajar com seus bichinhos de avião e aplicativos que conectam donos de animais a pessoas que queiram hospedá-los, passando por empresas de marmitas saudáveis para bichos.
            Além dos serviços essenciais de banho e tosa, a atuação de adestradores, passeadores e hotéis para cães ganharam espaço e entraram para a lista de necessidades básicas desses consumidores. Já existe até crematório para pets que oferece todo o serviço de luto, inclusive salas para velório e atendimento psicológico para os donos que perderam seu bichinho. Antes o que se fazia quando pet morria? Ele ia para o lixo, a prefeitura recolhia.
            No vasto universo do mercado pet, o maior gasto dos brasileiros é com alimentação. Ração, bifinhos e biscoitos para os amigos de quatro patos representam a maior parte do faturamento do setor. Logo, pode ser uma boa escolha investir nesse filão.
            Não é por acaso, que o sucesso do mercado pet, tem tudo a ver o que Deus disse: “Ama o teu próximo” é o único que entendeu foi o cachorro.


                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                         Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Sonhar acordado


            Na minha infância, levávamos uma vida modesta, o dinheiro mal dava para tapar os buracos do orçamento. Mas não existiam limites para nossos sonhos, pois bastava acreditar.
            Confesso: sonhava até acordado. Mesmo cônscio da realidade dos ensinamentos de meus pais de que não deveríamos reclamar dos problemas da vida, e ser pobre é um estado mental. Estar sem dinheiro é apenas uma situação temporária. E que no fundo, no fundo mesmo, traduzia-se: “É de que a gente não é pobre, apenas sem dinheiro” (Mike Todd).
            Outro dia, olhando uma foto de Charlton Heston, o ator mais importante da minha infância, cuja figura sonhava ser quando adulto, foi protagonista de superproduções de Hollywood, onde ele se notabilizou no cinema em papéis heróicos como Moisés de “Os Dez Mandamentos”, Judah Bem-Hur de “Bem-Hur”, o lendário cavaleiro espanhol El Cid no filme homônimo. 
            Como muitos de seus personagens eram bíblicos ou históricos, ele vira e mexe chegava ao fim da trama com cabelos grisalhos e barba branca, exatamente como eu estou agora. Acho, só achismo, finalmente consegui a cara de homem que queria ter quando era menino. É como se os nossos desejos infantis sobrevivem em nós a vida inteira.  
            Sim. Continuo mesmerizado em sonhar. Até pela percepção que eu tenho da vida: que é uma corrida longa que só termina na linha de chegada. Hoje me olho no espelho e me acho mais bacana do que me achava aos 30 ou aos 40 anos de idade, com rugas e tudo. Para minha consorte e meus filhos, eu melhorei com o tempo. Para mim, não tenho que reclamar.
            Como não estou nem aí para preconceito, posso me regozijar abertamente com a minha aparência de jovem senhor. E que a minha barba branca, mais do que nunca, continua a marca do personagem hollywoodiano que um dia sonhei.

                                                                      
                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                      Advogado e mestre em Administração



terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Quarta idade


            Como já é sabido, hoje, a expectativa de vida do brasileiro chega a 76,8 anos, o que coloca o Brasil como um dos países que mais rapidamente envelhecem no mundo. As projeções do IBGE indicam que teremos mais um milhão de idosos a cada ano, nos próximos dez anos. Em 2060, teremos 73,5 milhões de pessoas acima dos 60 anos (um terço da população).
            Não custa lembrar que para vivermos mais com qualidade de vida, é preciso ter cuidados com a saúde, como manter uma alimentação balanceada, estar sempre com as vacinas em dia, fazer exercícios, ter o controle adequado do estresse e ter vida social. E tendo ainda como norte aquele velho provérbio chinês: “O segredo da longevidade é comer a metade, andar o dobro e rir o triplo”.
            O estudo da genética está abrindo uma alarga avenida para corrigir falhas do genoma humano e envelhecer melhor. Já qualificando como a “quarta idade”, as pessoas com idade acima de 80 anos. Mas vamos ser franco, é de repudiar àqueles que gostam de rotular o povo: os que têm 40 anos têm de trabalhar e os que têm 60, têm de se aposentar. Isso é papo furado! Pois viver mais é chance para se reinventar e trabalhar.
            Ora, envelhecer com dignidade é um direito humano fundamental. Não é um problema social, não é doença. A geriatria diz que o Brasil virou um Estado contraditório ao investir nas crianças a abandonar os velhos. A verdade é que fazem grandes esforços para que as crianças vivam muito, mas abandonam a velhice. Por isso que o Brasil precisa de uma política de cuidados e da profissão de cuidadores de idosos.
            Não tenho pressa para que me chegue a “quarta idade”, porém gostaria de flanar para encontrar inspiração de Clarice Lispector, ao escrever: “Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: esta, esta viveu”. Mais Clarice, impossível!


                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                Advogado e mestre em Administração
           
           

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

O Brasil é contraprodutivo


            É fato inconteste da dificuldade de ser empresário no Brasil. Além da pesada carga tributária (2.600 horas trabalhadas para pagar impostos por ano), encargos sociais e trabalhistas, tem uma burocracia que trava os negócios. Depois que se consegue o registro na Junta Comercial, tem que tirar alvarás. Aí é outra novela interminável. Sem falar do amontoado de leis, decretos, súmulas que regula as suas atividades. Livrar-se desse estorvo será uma tarefa hercúlea.
            Como se não bastasse esse pesadelo, os empresários têm que submeter ainda uma planetária taxa de juros que posterga o tempo de maturidade e de lucratividade de um empreendimento. Cuja causa deve-se a altíssima concentração bancária, onde dois ou mais bancos unem-se para controlar os elos da cadeia de determinado segmento de negócio, impedindo a concorrência e capturando lucros.
            Na real, eu próprio às vezes classifico que o Brasil é contraprodutivo. Pois, tal realidade, foi perfeitamente diagnosticada pelo recém empossado Ministro da Economia, Paulo Guedes, impávido, o rosto sério, quase crispado, assim se manifestou: “Aqui, o empresário brasileiro tem uma bola de ferro na perna direita, que são os juros altos, uma bola de ferro na perna esquerda, que são os impostos, e um piano nas costas, que são os encargos sociais e trabalhistas. E ainda ouve: corre porque o chinês vai te pegar”.
            Para tirar esse entulho é necessário reformas. A verdade é que o resultado das eleições que nos trouxe aqui será o fio condutor das mudanças que o Brasil tanto necessita. “O empresário que investe no Brasil hoje é um louco, não tem juízo”. Essa frase, proferida por um amigo empresário no ramo de restaurante, traduz bem o sentimento de diversos empresários brasileiros.
            Quer saber? O Brasil já perdeu várias oportunidades ao longo da história. Essa é a hora da virada. O ululante é que não haverá futuro para um país que não cuida daqueles que produzem suas riquezas.

                            
                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração
           

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

O descrédito do STF


             Lamentavelmente, passou a ser uma cena até comum assistir decisões bombásticas do nosso STF que contribui para apequenar o tribunal perante a opinião pública. Ou seja: um descrédito quase que absoluto perante a Corte.
            Chega a ser risível, para não dizer tosca, tamanha ignomínia. A gota d’água foi a última decisão tomada pelo ministro Marco Aurélio Mello que consistia conceder uma liminar que suspendia a prisão de condenados em segunda instância. Sem entrar no mérito da lide, beira o absurdo que uma questão de tamanha importância seja analisada provisoriamente às véspera do recesso. Se isso assusta o operador do direito, nem imagino o que deve se passar na cabeça de um leigo.
            Assim como eu e muitos brasileiros, assistimos àquilo (decisão) bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o real motivo daquela atitude (completo disparate). Medida que atropelou, sem que houvesse urgência ou outra razão plausível, a pretensão do presidente do Supremo, Dias Toffoli, de realizar um novo julgamento de mérito dessa questão no início de abril/2019.
            Como não bastasse a nossa Alta Corte já ser criticada por ser lenta em suas decisões, agora, lá, a obstrução ganhou o apelido de “pedido de vista”. Em tese, deveria ser usada quando algum ministro ainda tem dúvida sobre o tema julgado e pede mais tempo para estudá-lo melhor. Em bom português, esse instrumento ganhou ar de manobra política, de fazer vista grossa. Um despropósito intolerável.
            Chegou a hora de algum ministro do STF ter a coragem do ex-colega da Corte, ministro Adauto Lúcio Cardoso, quando em 1968, durante uma sessão plenária, envergonhado de seus pares que haviam acabado de legitimar a censura à imprensa, despiu-se da toga e a arremessou longe.
            Conclusão óbvia: compromisso dos ministros do STF é com a Constituição, configurado pelo sacrossanto da imparcialidade e da seriedade. É isso que esperamos ver!


                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                              lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                       Advogado e mestre em Administração