Outro dia, ao final de uma
caminhada, a conversa caiu sobre o tema cada vez mais frequente em encontros
sociais: o uso exagerado do celular. Razão pela qual nos levou oxigenar o
presente debate.
Quero dizer que não tenho idolatria
cega por celulares. Reconheço que é algo que tomou conta do mundo inteiro. Um
dos motivos é o fato dos celulares terem cada vez mais funcionalidade,
principalmente quando inclui a internet.
Os recursos do celular encantam
qualquer um, o que induz a dependência. Exige um processo de reeducação, pois o
sujeito não pode ficar subserviente a tais aparelhos e esquecer as pessoas à
sua volta. Tem-se criar um limite razoável, e administrar a forma adequada do
seu uso.
Vejo de forma positiva aqueles que
tiram proveito de forma inteligente para gerenciar a vida pessoal e
profissional. Acho o fim da picada você está com alguém e essa pessoa não
consegue tirar o olho do aparelho. É um descaso, um desrespeito total. E pior:
pra ver o quê? Uma foto baixada, uma anedota nova, um “e aí, mermão?” etc.
Com a popularização dos smartphones,
está cada vez mais comum se deparar com pesquisas que apontam a dependência dos
usuários em relação a seus telefones celulares. O vício já ganhou até nome
“nomofobia”, que é a angústia relacionada à possível perda do celular ou a
incapacidade de ficar sem o aparelho por mais de um dia.
Não é mais novidade. O assunto já
virou piada. Agora o povo se encontra no whatsApp, namora pelo shype, bota
chifre no facebook, termina namoro via sms... Daqui a pouco vão casar via pen
drive, fazer ficha via bluctooth e os filhos vão nascer pela impressora.
A relação inseparável das crianças
com iPhone, Twitter, Facebook e Instagram tem deixado os pais em situação pavorosa.
Isso fica mais patente quando a família está num restaurante e a meninada
grudada no celular, esquecendo até de comer.
Não por acaso que essa questão foi
trazida à baila, quando do recente encontro que tive com o meu querido amigo Dr.Péricles
Serafim, médico aposentado, após prestar relevantes serviços à sociedade
paraibana. E aí, através de sua voz pausada e sua presença de espírito
fulminante, não poupou críticas ao se referir o uso exagerado do celular. E
mais: com seu tom professoral, modulado por uma nota de espanto, registrou-me -
numa viagem que fez há poucos dias com sua família - a proeza surreal do seu
neto (Esteves, 12 anos) de caminhar pelas ruas sinuosas da cidade sem tirar os
olhos da telinha do celular. E conclui: “Coisa de fazer inveja até artista de
circo!”.
Aliás, já tem uma brincadeira nova
nos happy hours: todos colocam os celulares na mesa e ninguém pode pegar, se
pegar, paga a conta. Pense no aperreio!
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Mestre
em Administração