domingo, 25 de dezembro de 2016

Exame médico

            Terminei de fazer a minha bateria de exames. Até hoje ainda não acostumei olhar para aquela agulha enquanto tira o meu precioso sangue. Eu me sinto péssimo. Mas, mesmo assim, tô lá, todos os anos, checando como anda a minha máquina. Diferente daquele que diz o tempo todo “Ah, na hora em que eu quiser, eu faço” e nunca faz.
            Podemos denominar essa prática de procrastinadores da saúde. Há sempre uma desculpa para justificar o atraso ao exame médico: “Quando eu me aposentar, eu começo a cuidar da saúde”, “Quando eu casar, paro de fumar”, “Quando voltar de ferias, eu emagreço”, “Depois do carnaval, vou fazer os meus exames”. E até, vejam só: “Quando me separar, começo a fazer exercícios”. É ou não é um puro deboche!
            Reparem bem. As pessoas que agem assim passam a vida toda acreditando nas mentiras que inventam para si mesmas, e a conta vai ficando cada vez mais cara. É muito quando se perde a credibilidade com os outros, mas pior é perder a credibilidade consigo mesmo. Dizia Millôr Fernandes: “O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde”. Quando está doente é o tal “Deus nos acude”. Aí já é tarde meu compadre!
            Reconheço que o potencial da máquina, ou seja, do corpo humano, é fundamental, porém só ela não basta. É como se você tivesse uma Ferrari sem combustível. O potencial está em todos nós. Todavia precisa ser revisado e preservar uma manutenção adequada, preventiva.
            O maior erro que um homem pode cometer é sacrificar a sua saúde a qualquer outra vantagem. Principalmente quando se sabe que a vida é curta e o tempo é impiedoso. Não deixe para depois o que precisa começar a ser feito hoje.
            Parece fácil concluir que quando brindamos, o primeiro voto é “saúde” – e não por acaso. Só depois vem “paz, amor”. Sem saúde, o resto não é possível.
           

                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                             Advogado e mestre em Administração
                                                                                     lincoln.consultoria@hotmail.com

           

            

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A indignação dos brasileiros

Espiei com rabo de olho e vi (ouvi|) a conversa hilariante de dois rapazes:
            -Tá rindo do quê?
            -É que tá chegando o dia do Natal e tá todo mundo liiiiso...kkkk
            É verdade que às vezes este País chega a dar preguiça. Ou pior: um desânimo que beira o niilismo. Ora, não é pra menos, aqui os políticos vivem à beira do xadrez, na mira da polícia e na dependência de sentenças judiciais. Sem falar do nosso atual desastre econômico.
            Tudo isso traz um grande mal-estar, crises e mudanças, incertas e penosas. Michel Temer, por sua vez, ao tomar posse como presidente, anunciou um governo de “solução nacional”. Infelizmente, chega ao fim do ano com a popularidade em baixa e ameaçada pelas delações da Odebrecht.
            A indignação pode ter lá seu efeito anestésico, mas a anestesia uma hora passa. Aí o teto pode ruir, o mau humor das ruas e a incompetência dos líderes políticos até de manter a casa de pé – correndo o risco ainda de eles serem punidos pelo juiz Sérgio Moro.
            É preciso certa ladainha, é preciso repetir, você repete uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes, é como se faz nas missas, para a que o Brasil não perca a esperança na Justiça atuante, célere e eficaz, em direção aos novos tempos.
            Bom humor dos brasileiros dá sinais de certo esgotamento. Sobreviverão politicamente os que souberem ler com rapidez os sinais dos tempos e corrigir o seu comportamento. Os que assim não procederem, vão parar na chamada “bacia das almas”.
 Afirmação sofismática dos envolvidos na Lava-Jato é de que são “mentiras absurdas” as inquestionáveis evidências que fundamentaram às prisões dessa cambada de delinquentes que está atolada no mar de podridão moral, que enoja cada vez mais os brasileiros.
Agora é transformar indignação e ânimos acirrados em intensa participação democrática. Evite desencorajar-se. Faça do otimismo a maneira de viver.


                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                   Advogado e mestre em Administração


           
           


            

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Recepcionista melhor do mundo

            Nada mais desagradável a pessoa não ser bem atendida. Num mercado altamente competitivo, não há coisa pior para o marketing da empresa. Nessa seara, quem deve brilhar é a recepcionista.
            Isso nos põe diante da hora da verdade. Como um passe de mágica, as portas sempre se abrem – e as oportunidades surgem – para as pessoas dispostas a servir. Servindo bem, criamos, de forma natural, a obrigação dos outros retribuírem, seja em forma de elogio, recomendação, reconhecimento, etc.
            Mas não é preciso ser sequer psicólogo de botequim para identificar que o mau humor ou o despreparo da recepcionista pode estragar toda a estratégia de venda de uma empresa. Todo o esforço que a equipe de marketing teve para atrair o cliente, o empenho do vendedor para marcar uma reunião, tudo isso vai por água abaixo se a recepcionista é motivo de antipatia.
            Os exemplos estão aí no nosso dia a dia para ser observado. Ao ser atendido de forma apática, passados alguns minutos, o Cliente não se lembra que você existe. Ou, apenas, quando usa da babaquice para agradá-lo. Como é o caso: entro no hotel, quando uma jovem recepcionista, desfilando os dentes, tal o tamanho do sorriso, diz:
            -Parabéns, pelo seu terno todo preto. O senhor merece ganhar um prêmio. É a cor da elegância.
            Lamentavelmente, os cargos de recepcionista têm salários baixos e alta rotatividade. No máximo, se alguma pessoa talentosa ocupa essas funções iniciais, rapidamente é promovida e deslocada para outra função.
            Como explicar essa contradição? Simples: não se explica. Apenas a empresa não está verdadeiramente interessada em explorar seu potencial, oferecer treinamento e transformá-la na recepcionista melhor do mundo.
            Digo mais: o Cliente bem recepcionado vira um “garoto-propaganda” e, o que é melhor, de graça.


                                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                       Advogado e mestre em administração

   

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Morte de Fidel

            Quase tudo foi dito sobre essa figura mística e controversa, mas muito longe de ser um grande estadista. Avesso ao livre pensamento - deixou isso claro desde o início do processo revolucionário em Cuba (1959).
            Tem-se falado, e não sem boas razões, quem sabe agora os cubanos possam descobrir como é doce a liberdade, que Fidel escondeu de seu povo com mão de ferro durante meio século. Quem sabe agora eles possam perseguir seus sonhos, conhecer o mundo, prosperar, ler e escreve à vontade, serem donos do seu próprio destino.
            Particularmente, não acredito. Mas seria de uma ingenuidade cósmica imaginar que, com a morte de Fidel, Cuba vá sair de seu atraso econômico e deixar de utilizar a violência e o autoritarismo para calar a dissidência. Uma vez que permanece o ideário revolucionário sob o comando do seu irmão, Raul Castro, e outros seguidores desvairados desse regime ditatorial.
            Olhando em retrospectiva, fica claro que o regime comunista dos Castro foi diretamente responsável pela morte ou pelo desaparecimento de 9.504 pessoas, segundo o projeto Cuba Archive. Só em 2016, já ocorreram 9.125 prisões por motivo político.
            Quando lá estive, visitando a cidade de Havana, em meados do ano passado, senti que o regime castrista era um doente em estado quase terminal. Só para ter uma ideia dessa aniquilação. Ao perguntar a um taxista se estava satisfeito e feliz com a vida que levara, ele assim reagiu: usou a mão para imitar uma arma em direção a sua cabeça. Ou seja, não podia falar, sob pena de ser preso e eliminado.
            A bem da verdade, os seres pensantes de Cuba ou fugiram, foram presos ou fuzilados. Restou uma massa de manobra, os humildes que, por uma ração diária, tocam algum instrumento com a alegria dos ingênuos em busca de míseros dólares.
            Acho difícil que a história o absolva, apesar de ter deixado um legado razoavelmente decente nas áreas de saúde e educação ao povo cubano.


                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e mestre em Administração
           


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Precisamos mudar nossas práticas

            Que baita constrangimento! Esse é o sentimento do cidadão brasileiro ao testemunhar o espetáculo absurdo e deprimente protagonizado pelos ministros, Gilmar Mendes e Lewandowski, na nossa Suprema Corte.
            Fiquei a monologar: cruz credo! Inacreditável que esse barraco tenha ocorrido na mais alta corte do Brasil. Principalmente agora em que a nossa população encontra-se atônita, perplexa e desesperançada num país à deriva e à esperança de que algo aconteça. A verdade é que não dá para criar atalhos sobre esse tema.
            A situação, em referência, azedou quando Gilmar rebateu a provocação, dizendo que é Lewandowski quem adota posições “heterodoxas”, como teria feito no Senado (a votação fatiada). “Basta ver o que V.Exª. fez no Senado”, disse Gilmar. “Basta ver o que V.Exª. faz diariamente nos jornais”, respondeu Lewandowski. “Faço, inclusive, para reparar os absurdos que V.Exª. faz”, replicou Gilmar. Por sua vez, Lewandowski diz “Por favor, me esqueça”. E por aí vai...
            Beira o ridículo ao falar nisso. É desarrazoado, diante de um quadro tão desrespeitoso. A vaidade e a verborragia deles são latentes. Onde se gaba de suas virtudes e feitos. Um comportamento indigno e aviltante.
            Às favas com o bom-mocismo! Nada justifica tal atitude. A ironia fina, elegante e respeitosa, por exemplo, é admissível durante uma sessão de julgamento. Descabido mesmo, porque desqualifica e fere essa liturgia, é o deboche, por si só escrachado.
            Todos nós precisamos mudar nossas práticas, até os ministros do STF, se quisermos ver o Brasil melhor. Não dá para aceitar uma situação como essa. Seria pueril imaginar que isso não esteja acontecendo.
            Infelizmente, nos últimos anos, em nosso STF, salvo algumas exceções, que está mais para um palco de vaidades do que para um grupo de reconhecido saber jurídico.             
            Espero que mau-exemplo não esteja educando.


                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                            Advogado e mestre em Administração

           

            

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Boas práticas de cobrança

            No momento que publicava o meu último livro “Boas praticas de cobrança” (editora Ideia, 2016), ocorria na cidade de Pinheiros, São Paulo, uma ordem judicial que determinava a suspensão da carteira de motorista e do passaporte de um devedor, bem como o cancelamento de seus cartões de crédito, até que a dívida fosse quitada.
            Como era de se esperar, criou-se nos meus jurídicos aquele frenesi: a interpretação dada ao novo CPC é compatível com os direitos fundamentais garantidos na Constituição? Ainda bem que o Tribunal de Justiça de São Paulo estabeleceu, em boa hora, a devolução do passaporte e da CNH, por considerar que a decisão da primeira instância violava o direito de ir e vir.
            Um advogado amigo meu viu-se constrangido em dizer que essa decisão polêmica da magistrada de primeiro grau foi mais planfetária que analítica. Ora, nessa ordem de ideias, não seria pueril imaginar que um juiz proibisse também o uso do elevador por morador do edifício, a fim de forçá-lo a pagar a dívida com o condomínio.
            Ou, quem sabe, o juiz suspender o serviço de TV a cabo ou de banda larga da residência do devedor até que seja pago um débito de responsabilidade de um de seus filhos. Por isso, é preciso ter o sábio discernimento de não utilizar o mundo jurídico que leve à humilhação e à falta de dignidade humana.
            Nesse meu livro, aqui citado, procuro realçar que o consumidor inadimplente, independente das circunstâncias, não será exposto ao ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. É o que diz a lei.
            No mundo dos negócios, atualmente, esse tipo de prática é abominável. É um tipo de marketing nefasto a boa imagem da empresa credora. E faz sentido. Basta o cliente honrar o compromisso do seu débito, e logo terá centenas e milhares de empresas lhe oferecendo créditos, com preço e prazo atrativos.
            É assim como funciona a economia de mercado.

                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                               lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                  Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Lástimas da democracia

            O resultado eleitoral de Donald Trump foi a vitória da xenofobia, do nacionalismo extemporâneo, do racismo, da intolerância e da descrença na política. Seja como for, o cara ganhou as eleições de forma democrática. Podemos lastimar, só não podemos solapar o processo desse resultado.
            A eleição de Trump chocou o mundo. A verdade é que os americanos foram contaminados pela sua proposta de felicidade cosmética. Ele será incapaz de manter suas ideias de pé no choque com as opiniões e argumentações demolidoras da imprensa e dos seus adversários políticos. Vão tentar afogá-las, xingá-las e desfazê-las. Sem falar do repúdio da comunidade internacional.
            Já acreditei em muitas mentiras, mas há uma à qual sempre fui imune: aquela celebrada por pseudo-políticos ou, como queiram, por pseudo-revolucionários. É o caso Daniel Trump, onde se revela um oportunista e um conservador retrógrado.
            Sua pretensão arrogante contrasta tão deploravelmente com a sua falta de recursos intelectuais que nenhum educador dotado de bom senso se aventuraria a lhe ensinar o que quer que fosse. Exagero ou não, é um quadro típico de psicótico, onde tudo é mentira, fingimento, pose...
            E deu certo. É feio, mas é o jogo. Trump, com suas ideias estapafúrdias, caras e inúteis, conseguiu atingir o objetivo de ser o presidente do país mais poderoso do mundo. Venceu com seu estilo pessoal: de gênero mal-educado, debochado, estúpido e homofóbico. No mundo dos negócios, também não tem uma boa referência. Fez carreira enganando e prejudicando pessoas.
            Quer queira quer não o magnata Trump é o novo presidente dos EUA, que teve a coragem de defender seu patriotismo com a máscara da democracia e da mentira. Agora tem todo o direito de bater no peito e fazer o que fez Zagalo: “Vão ter que me engolir”.

                                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                              Advogado e mestre em Administração



sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Futuro das cidades

            Tema que deve preocupar não só os novos gestores, recentemente eleitos para administrar suas cidades, mas todos aqueles que vivem e buscam por uma melhor qualidade de vida.
            É bom prestarmos atenção em uma coisa: nas últimas quatro décadas nosso país transformou-se de majoritariamente a área rural em urbana, ou seja, 80% de nossa população vivem em cidades. Tem mais: todos os dias, as cidades do mundo crescem cerca de 60 km² - uma área equivalente ao distrito de Manhattan, em Nova York.
            O recado dado nas urnas mostra que o eleitor brasileiro não quer simplesmente escolher o “menos pior”. Já não mais aceita atuação de modo empírico, improvisado ou despreparado. Sem falar, evidentemente, do inarredável senso e respeito no trato do dinheiro público.
            “O carro é o cigarro do futuro”. Pincei essa frase do relato de uma entrevista concedida por Jaime Lerner, considerado guru dos prefeitos e urbanistas por sua boa experiência na melhoria do transporte público de Curitiba. Explicando melhor: sua defesa do transporte público não elimina o uso do carro. Mas já antever o fim de uma era do carro. Não é que não vai ter mais, mas ele será usado apenas para viagens, lazer.
            Uma coisa puxa a outra. Segundo o arquiteto, a prioridade para o transporte público pode ajudar o problema da moradia nas cidades. Cada carro ocupa duas vagas, uma em casa e outra no trabalho, o que dá 50m². Isso equivale o tamanho de muitas moradias populares. Resolvendo, assim, o problema de habitação de muita gente.
            Uma vez, em conversa entre amigos, alguém comentou que o prefeito de hoje tem que ter admiração e completo conhecimento da cidade que administra. Não se pode ajoelhar para os automóveis. Tem que priorizar o bem comum, o coletivo, em vez do individual e do privado, cuidar de quem cuida, reduzir desigualdades.
            Estamos aguardando, dos futuros gestores munícipes, um novo jeito de ser, de gerir e de pensar sobre as nossas cidades.


                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                              lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                 Advogado e mestre em Administração

              

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Mercado Público

            É um tipo de espaço, sempre quando viajo, não pode faltar no meu roteiro turístico da cidade que visito. Não tem nada mais representativo da cultura e da história do lugar. Se isso não ocorrer, não é uma viagem completa.
            Agora, temos aqui o novo Mercado Público da Torre, após a reforma feita pela gestão do prefeito Luciano Cartaxo, aonde proporcionando ao público pessoense e aos turistas um local perfeito para fazer compras, para degustação, para diversão...
            Lado a lado com Box coloridos de hortifrutigranjeiros sempre frescos, o visitante dispõe de um completo estoque dos mais variados produtos de nossa região. Dentre os mais procurados estão às frutas, carnes, peixes, queijos, doce, ervas, raízes, artesanatos, artigos religiosos, e por aí vai.
            Para mim, um dos melhores locais do mercado é a praça da alimentação. A energia é fantástica, encontra-se de tudo, o atendimento é sempre solícito e rápido, e o preço bem camarada. Além da cachacinha, tem uma das cervejas mais gelada da cidade. De quebra, tem o cafezinho de antigamente preparado no coador de pano. Como diz um assíduo frequentador: “É bão demais!”.
            No fim de semana, o ambiente ganha um jeitão de refeição no interior. Ali, encontramos uma infinita variedade de pratos. Para quem viveu na cidade do interior - como eu -, é um verdadeiro deslumbramento gastronômico. Como sempre digo, com as veras d’alma, ignorar a cultura de nossa culinária é ignorar a nossa própria cultura.
            O interessante dessas maravilhas é que não é preciso ir a um restaurante caríssimo. Detalhe: o sanduíche equivale uma refeição. Nele tem ovo, queijo, presunto ou mortadela. E alface, para aliviar a consciência. E o tal pastel frito com bacalhau? Hum... Que delícia! Cujo ritual não pode faltar: chupar os dedos para aproveitar os últimos restinhos da mostarda.
            Infelizmente, depois dos 60, já não podemos ser tão relaxado com a nossa saúde. Por isso, procuro controlar minha gula afiada, mesmo diante da vontade desesperadora.
           

                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com

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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Teto de gastos

            Ainda bem que a PEC 241, na 2ª votação na Câmara, teve a sua aprovação. Agora, ela segue para o Senado, que, certamente, será também aprovada.
            Pelo jeito, acabou o Kit de alta ajuda proporcionado pelo populismo escancarado dos governos petistas. Seria uma hecatombe econômica sem precedentes, caso essa PEC           não tivesse êxito na referida votação.
            A PEC 241, no momento, é a proposta mais viável para conter a sangria nas contas públicas e combater a crise econômica. É um remédio amargo e necessário. A dívida do Brasil avançou de 53% do PIB em 2010 para 70% atualmente. Sem a sua aprovação, ela pode atingir 100% em 2020 e continuar a crescer.
            Vale ressaltar que a proposta da PEC prevê a possibilidade de revisão da regra a partir do décimo ano, ao longo dos 20 anos de vigência, por um projeto de lei complementar (PLP). A medida visa reaquecer a atividade econômica mais forte e sustentável. É aquela coisa: se a economia for estabilizada, o País volta a crescer e gerar mais emprego, reduzindo a pobreza em escala maior que qualquer programa social.
            É bom lembrar que só depois que Dilma foi afastada profilaticamente da Presidência da República é que o povo (cansado e desiludido) teve real situação do Brasil. E a resposto veio de forma fulminante através do resultado das últimas eleições.
            Ora, o essencial é que, após anos de insensatez, há um firme compromisso de o governo Temer em recolocar ordem na casa. Sair da irresponsabilidade administrativa e política, de quem pôs o Brasil à beira da falência.
            Estão atirando pedra na Geni, na PEC 241. É lastimável que haja um pequeno movimento contra essa proposta. Não adianta o contorcionismo retórico para fazer uma coisa parecer outra. A cada nova crítica, verifica que o comentário fajuto vai-se dissipando. Considero, pois, uma tirinha sem graça, mal-humorada, além de não ser nada criativa.
            A verdade é que a farra foi muito grande. Chegou a hora de mudar.

                                                      
                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                     lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                       Advogado e mestre em Administração

            

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Despede-se o idealizador das UPPs

            O Brasil parece distante ao debate sobre segurança pública, na ocasião em que o crime organizado exibe musculatura e reforça a violência e a crueldade, cada vez mais.
            Há um sentimento difuso e generalizado de que é preciso “pôr fim a violência”, pelo menos, atenuar. E sempre que ouço alguma autoridade dizendo que fez grandes avanços no combate à criminalidade, esse papo me dá um pouco de sono. Tipo papinho cabeça de pseudo-intelectual que se acha craque nas questões de segurança.
            Foi impactante o pedido de exoneração de José Mariano Beltrano, secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, desde 2007, o mais longevo da referida pasta. Um profissional (delegado) da Polícia Federal que implantou uma linha de trabalho baseada em inteligência e metas de longo prazo, no lugar da força bruta e do casuísmo político.
            Por meio de sua principal marca, as UPPS- Unidades de Polícia Pacificadora, buscou superar a relação conflituosa entre agentes da lei e moradores de bairro marcados pela violência. Vai ser muito difícil, senão impossível, continuar com o projeto ideário das UPPS com atual penúria financeira do Rio, cujo resultado, no Estado, a taxa por 100 mil habitantes caísse de 41,3, em 2006, para 25,4, em 2015; na capital, houve redução de 40,2 para 18,5, nesse período.
            Gosto de afirmar que a Cidade Maravilhosa é uma cidade incompleta - apesar de toda sua beleza e encantamento -, em razão da falta de segurança. Esse sentimento não é só do carioca, mas de todos aqueles que a visitam.
            Posso estar ficando gagá, mas, por mais que reflita, entendo que foi decepcionante a manifestação do governador do Rio, Pezão, como Pilatos, ele simplesmente lavou as mãos e lamentou a saída do seu secretário Beltrano. Mesmo em tempos bicudos, prefere está tratando de miudeza de outras políticas públicas.
            Mais uma jabuticaba imperdoável de nossos gestores é ficar refém da bandidagem por causa da falta de recursos financeiros. Enquanto a população fica à deriva e à espera que algo aconteça.

                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                            Advogado e mestre em Administração

            

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Fenômeno Doria

            O resultado do processo eleitoral da cidade de São Paulo representa o cansaço da velha geração de políticos, que persiste estar na ficha suja e que se faz de surdo, ignora o anseio da sociedade, o clamar das ruas. Como se não bastasse o discurso falso de sempre do “não sei, não foi comigo, não conheço”.
            E o protagonista emblemático dessa virada é o profissional bem sucedido João Doria, onde os semideuses do marketing político o achavam coxinha demais, rico demais, presunçoso demais. Só que ele traz na garupa a solução para os vários problemas da cidade.
            Pequenos detalhes. O mote adotado de campanha de Doria era “não sou político, sou gestor”. Apresentava-se como um candidato independente, “sem conchavos político-partidários”, cuja garantia de uma boa gestão baseava-se nas promessas de uma administração enxuta, ocupada por especialistas sem ligação com apadrinhados. Afora o seu senso de oportunidade aguçadíssimo e o olhar sensível aos pormenores.
            Outro ponto digno de nota é como um neófito nas urnas, no curtíssimo período, sair dos 5% das pesquisas de intenção de voto e alcançar os 53,29% do total de votos apurados pelo TSE. Ora, além do que já foi dito, ele teve a firmeza, por conta própria, decidir as estratégias de contornar, driblar, ignorar ou implodir situações adversas.
            Imperativo que, passado o pleito das eleições, os políticos reflitam, antes de comemorar qualquer vitória do partido ou do candidato, que existe um sentimento forte de aversão geral pela política, expressa nas abstenções, nos votos em branco e nulo.
            Abro aqui um parêntese. Recentemente estava num restaurante da cidade, quando um senhor, sentado bem próximo a minha mesa, com um sotaque paulista carregado, e fumava com sofreguidão, com gestos abruptos, então comentava: “Doria foi ungido pela sua competência na iniciativa privada. Aqui está a diferença plausível entre um político profissional e um gestor profissional”.
            Agora, é só aguardar o resultado de sua competência.


                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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                                                  Advogado e mestre em Administração

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Flexibilização da legislação trabalhista

            Tomei conhecimento pelos noticiários que o governo Michel Temer só vai propor alguma mudança na legislação trabalhista a partir do segundo semestre de 2017.
            Para quem propôs fazer mudanças profundas na economia e no mercado de trabalho, tão logo assumisse definitivamente o governo, vejo que Temer teve (e tem) medo da reação da classe trabalhadora. Acontece: se não passar a expectativa de que dará conta do recado, peitando com coragem os gargalos de nossa economia, fazendo o país voltar a crescer, criará um sentimento de frustrações, o que resultará em um governo fraco.
            Antes de tentar engatilhar uma conversa mais longa sobre o assunto, devo dizer que a CLT rivaliza com o sistema tributário como uma das maiores fontes de questionamento. Não é por acaso que atualmente tramitam 4 milhões de ações trabalhistas, ao custo de 14 bilhões de reais em 2014. Enquanto no Japão, apenas 3 mil ações.
            A verdade é que temos uma legislação caótica, ultrapassada, ineficiente e que não está mais voltada para a realidade. Ela não acompanhou a evolução do mercado de trabalho. Continua ancorada em crença de 73 anos atrás, da época da máquina escrever mecânica. Só um pedante viciado em estudos ultrapassados ousaria aqui contestar.
            “Sua excelência, o povo”, como manifestou a ministra Cármen Lúcia na sua posse como presidente do STF, ou melhor, de outra forma, eu diria “Sua excelência, o desempregado”, não entre nessa briga inócua e desinteligente, ou quiçá, de petralha e de coxinha, sobre a flexibilização da legislação trabalhista. O trabalhador precisa encontrar um emprego. Essa polarização besta que existe no Brasil agora, não interessa ao trabalhador. Temos que repudiar “as forças do atraso”.
            Uma coisa é certa: os países que optaram pelo caminho da flexibilização passaram a ter menor desemprego e são mais competitivos. O Brasil não pode continuar na contramão. É preciso reformas. Ou se muda para acompanhar a globalização, ou fica tudo como está.
            Com seu talento cirúrgico para a análise, somado a um texto personalíssimo, Mailson da Nóbrega fala da necessidade de flexibilizar a legislação trabalhista, revogar o seu poder normativo e promover reformas que reduzam incertezas. Em suma: há que privilegiar a negociação coletiva e valorizar o entendimento entre trabalhadores e empresários.
            Pelo bem do trabalhador, pelo bem da economia brasileira, é imperiosa que essa reforma chegue logo.


                                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
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terça-feira, 20 de setembro de 2016

A importância da leitura

            Ao ler o título deste texto, é impossível não fazer uma reflexão sobre a importância da leitura em nossa vida. Já dizia certo sábio que a verdadeira pobreza é a ausência de livros.
            Recentemente foi realizada uma pesquisa pelo Ibope, por encomenda do Instituto Pró-Livro, entidade mantida pelo sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e pela Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), constatando que há um pouco mais de leitores no Brasil. Se em 2011 eles representavam 50% da população, em 2015 eles são 56%. Mas ainda é pouco.
            Segundo a pesquisa, as mulheres continuam lendo mais: 59% são leitoras, os homens, 51% são leitores. A Bíblia continua sendo o livro mais lido, em qualquer nível de escolaridade. A leitura ficou em 10º lugar quando o assunto é o que dizer no tempo livre. Perde para assistir televisão, ouvir música, usar internet, assistir filmes, usar WhatsApp, usar Facebook, Twitter ou Instagram, ler jornais, revistas ou notícias.
            Aos não leitores foram perguntados quais foram as razões para eles não terem lido nenhum livro inteiro ou em partes nos três meses anteriores à pesquisa. As respostas: falta de tempo (32%), não gosta de ler (28%), não tem paciência para ler (13%), prefere outras atividades (10%), dificuldades para ler (9%), sente-se muito cansado para ler (4%)...
            E, para arrematar, acreditem: a pesquisa perguntou a professores qual tinha sido o livro que leram e 50% responderam nenhum e 22%, a Bíblia. Ora, como diz a garotada, a coisa tá preta!
            Especialistas em Neurociência garantem que a melhor maneira de exercitar o cérebro é dedicar todos os dias algum tempo à leitura. Para quem não gosta particularmente de ler sugerem jogos de xadrez, viajar ou aprender a falar idiomas.
            Muito daquilo que se lê pode apresentar dificuldade, mas não se deve confundir uma leitura difícil com uma leitura chata, com algo que foi mal escrito. Sucesso de vendas de livro não significa qualidade da leitura. É mancada, segundo os livreiros, é escolher pelos critérios de “mais vendidos” ou pela “beleza da capa”. Um livro que é sucesso de vendas não é necessariamente agradável para todos. Às vezes “dar com os burros n’água” ou até afugenta um leitor potencial do universo dos livros.
            É vero. Se eu não tivesse tempo para ler, não teria tempo nem os instrumentos para escrever. Nisso copio fielmente a expressão do escritor José Américo, sem possuir, evidentemente, o seu talento: só sei me expressar literariamente.


                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                        lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                          Advogado e mestre em Administração


            

domingo, 18 de setembro de 2016

Desencanto com os políticos

            Sábia e oportuna a decisão assinada pelo juiz da 17ª. Vara da Justiça Federal de MG ao liberar um camelô que foi preso pela Polícia Militar enquanto vendia cigarros nas ruas da cidade de Belo Horizonte, com a seguinte justificativa:
            “Determino a imediata soltura de José Cleuto de Oliveira Almeida, porque não há causa justa para a manutenção de sua prisão. Efetivamente, o custodiado está a ganhar seu pão, enquanto os bandidos deste país, que deveriam estar presos, estão soltos dando golpe na democracia”.
            Nenhuma inteligência sã pode ignorar a repulsa desse magistrado. Como também, todo o povo brasileiro que assiste atônito esse mar de lama que envergonha e entristece a nossa nação. Tendo assim como responsável direto a classe política e seus parceiros camaradas (corporações/empresas).
            Diante das evidências, não tem mais como os políticos jogarem para a arquibancada, em detrimento do bom senso e do genuíno interesse público. Impondo uma queda de padrão moral sem precedentes à vida nacional.
            O que vejo, até aqui, o PT foi protagonista dessa desordem institucional, cujo objetivo era manter um projeto criminoso de poder. O tratamento para esse mal requer de nós resiliência para quebrar paradigmas, muito rigor, austeridade e coragem, o que os opositores ao projeto de medidas de combate à corrupção parecem confundir com autoritarismo.
            Desculpem-me, mas, para mim, nunca houve, no Brasil, um representante partidário tão insolente, tão cínico, tão oportunista quanto Luiz Inácio Lula da Silva - taí a revelação (da propinocracia) dos procuradores da Lava-Jato. No tocante aos seus admiradores, com certeza, estão todos surpresos e desencantados feito marido enganado que, até a véspera, confiava cegamente na esposa.
            Longe do “complexo de vira-lata”, fortemente identificado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, cabe cá registrar que o americano mede os políticos da atualidade pela estatura de Washington, Lincoln ou Jefferson. No Brasil, José Bonifácio ou Joaquim Nabuco são apenas sombras retroativas que as figuras excêntricas como Lula, Tiririca, Wesley Safadão...
            Vale lembrar o discurso do ministro Celso de Melo, na posse da ministra Carmem Lúcia como presidente do STF, quando diz: “Os cidadãos desta República têm o direito de exigir que o Estado seja dirigido por administradores íntegros, legisladores probos e juízes incorruptíveis”. Precisar dizer mais?
             Ora, direis, o impeachment não foi o epílogo da luta contra as práticas desonestas, mas a continuidade da batalha para higienizar a vida pública.


                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e mestre em Administração


domingo, 11 de setembro de 2016

Crise de credibilidade política

            Acredite se quiser, mas já há um cheiro de queimado nas primeiras prestações de conta das eleições municipais, segundo o Ministério Público Eleitoral de São Paulo. Para burlar a legislação, que proíbe às doações de empresas a partir desta eleição, alguns candidatos a vereador e a prefeito estão usando CPF de amigos e de funcionários públicos com vista a levantar recursos para cobrir seus custos em suas campanhas eleitorais.
            E, convenhamos, numa conjuntura marcada pela profunda desmoralização das práticas políticas, não é de se estranhar que isso já esteja acontecendo, mesmo com a ação eficiente e temida da Lava-Jato. É preciso investigar tudo, esclarecer todas as evidências, punir os culpados. Só assim podemos valorizar o nosso processo eleitoral.
            Outro dia, vi-me no meio de um grupo de amigos onde rolava uma conversa sobre o atual momento político brasileiro. Com realce a pasteurização dos programas no horário eleitoral gratuito, cujo profissionalismo do “marketing” se sobrepõe ao debate autêntico sobre os graves problemas da cidade.
            Nesse processo midiático meio doido, cada um conta sua história, fala de suas propostas mirabolantes, revelas suas emoções, invoca seus caminhos. Diante desse esforço “fora da curva”, alguns candidatos sem experiência se acham dono da realidade,  ridicularizam seus adversários com o ódio desmedido, que tudo está errado e que a solução (para os males) passa por eles, como gênio da mediocridade e do fanatismo.
            Nenhum eleitor consciente vai perder seu tempo com tal presepada mentirosa e beligerante. A competição de cuspe à distância é mais atrativa. Votar consciente dá um pouco de trabalho, porém os resultados são positivos. O voto, numa democracia, é uma conquista do povo e deve ser usado com critério e responsabilidade.
            O nó é tomar uma decisão diante dos programas eleitorais nas emissoras de rádio e TV, parecem ser todos iguais. Não há saída, então? Há, sim. Nós temos que entender os projetos e ideias do candidato. Será que há recursos disponíveis para que ele execute aquele projeto, quando chegar ao poder? A experiência dos candidatos como gestor público? O partido político que ele pertence (ou aliado a outro) merece seu voto? Com certeza, estes questionamentos ajudam muito na hora de escolher seu candidato.
            Nessa época de eleição, os métodos de alguns candidatos são sempre abomináveis, passando pelas mãos dos mais descarados e cínicos. Recorrem a qualquer expediente para chegar ao poder. Para iludir o povo, sempre levantam bandeiras de apelo popular, como o combate à corrupção. Desviando, assim, a atenção de seus reais propósitos nebulosos - baseado na ideia imbecil da “soma zero”.
            Mas é nisso que eu insisto: votar em qualquer um pode ter consequências negativas sérias no futuro, sendo que depois é tarde para o arrependimento.


                                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                         Advogado e mestre em Administração

           


domingo, 4 de setembro de 2016

Fim da linha

            Felizmente, nossa democracia está madura o suficiente para superar o episódio traumático do impeachment. Lamentando, apenas, o fatiamento bizarro de sua votação final que culminou em não inabilitar Dilma Rousseff após a cassação de seu mandato.
            O governo petista chegou ao fim da linha. As evidências trazidas ao julgamento do impeachment estavam mais do que comprovados. Do ponto vista técnico, tivemos provas suficientes para sua condenação. Dilma caiu na mesma velocidade e proporção em que perdia a governabilidade e o apoio político.
            No auge da crise Dilma já estava confusa e não conseguia juntar “lé” com “cré”. Ora, o prejuízo causado pelo lulopetismo nos 13 anos de governo, irremediavelmente não será reparado com o impeachment de Dilma. Tal legado somente será saneado com o voto consciente do povo. E que sirva de exemplo a nova geração de políticos para que distinga e respeite a diferença entre o público e privado.
            A gestão do “capitalismo compadrio” da ex-presidente Dilma levou o Brasil às cordas: 12 milhões de desempregados (o maior índice do mundo), quebradeira quase que geral dos Estados e municípios, 300 comércios sendo fechado por dia, retrocesso da indústria em uma década, milhões de família retornaram às classes D e F. Total descalabro econômico.
            Lembro-me quando Dilma fazia parte do governo Lula, era tida como uma gestora excepcional, ou melhor, uma “gerentona”. Foi até chamada mãe do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento do Brasil. Mas, muita gente, naquela época, já não a achava essa Coca-Cola toda.
            De uma coisa todos temos certeza, não dá para ignorar a lisura do processo do impeachment e do seu resultado. Tenho certeza, mesmo não estando na peça acusatória, os senadores levaram em consideração na hora de votar: o volume das pedaladas de 2014, a tentativa de esconder o estado das contas públicas na campanha, o estelionato eleitoral, as barbeiragens no Congresso e a fatura econômica desastrosa deixada pelo seu governo.
            Não me parece razoável continuar com a tese debochada de golpe, uma vez que o instituto do impeachment tem previsão legal e constitucional. Em todo esse processo foi dado à Dilma o amplo direito de defesa, sob a vigilância explícita do Supremo Tribunal Federal. Persistir nesse blábláblá é de uma desinteligência atroz e de um desserviço ao nosso País. Hipocrisia acima do bem do povo e das instituições democráticas. Assim, poupe-nos de tamanho despautério.
            Ao governo Temer, rogamos para que tenha clareza de propósitos e coragem para fazer o que precisa ser feito.

           
                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                           Advogado e mestre em Administração
           



domingo, 28 de agosto de 2016

Vítimas inocentes da guerra

            Já uma vez escrevi que só há duas coisas infinitas no mundo. A primeira é o universo e a outra é a estupidez humana. A frase não é minha, mas que caiu como uma luva para denunciar àquela imagem televisiva de uma criança, Omram Dagneesh, com cinco anos, coberto de poeira dos escombros da guerra na Síria.
            Ele é mais uma criança vítima do horror da guerra. Fotos e vídeos capturados correram o mundo. Um lado do seu rosto estava encharcado de sangue e sua expressão era confusa e assustada. Cujo olhar, perdido no horizonte, revelava o sentimento de medo, insegurança e incerteza. Uma internauta assim se manifestou: “Meu coração está quebrado”. 
            Triste, muito triste. Não dá para ficar indiferente. Parece-me um sucateamento da esperança. Não há outras palavras além de repulsa, vergonha e espanto para descrever essa situação. As cenas dessa criança foram fortes demais mesmo para um mundo anestesiado por desgraças que chegam sem parar pela internet. Uma situação, parafraseando Chico Buarque, que não tem explicação nem nunca terá.
            Na realidade, numa idade de brincar e de ir pra escola, as crianças que vivem em zonas de conflitos armados vêem sua infância interrompida para conviver com situações inomináveis. Consideradas as maiores vítimas da guerra, seus corpos pequenos e frágeis, quando sobrevivem a tais horrores, levam dentro de si marcas indeléveis, que se prolongam pela vida adulta.
            Tem mais. A perda e separação prolongada de seus familiares podem ser um dos eventos mais traumático da guerra, causando lesões psicossociais, além da perda da identidade para crianças muito pequenas. A guerra da Síria, particularmente, já levou mais de 1,2 milhão de crianças aos campos de refugiados em países vizinhos. Mais de 10 mil morreram, de acordo com dados publicados pela Save the Children.
            Por falar nisso, existe uma dor que o tempo não cura nem apaga. A dor de perder um filho, de não voltar a vê-lo, de não poder nunca mais tocá-lo, de não lhe dar um beijo antes de adormecer, de não poder segurar sua mão, de não mais abraçá-lo e sentir o calor morno de um corpo que nos parece para sempre de criança.
            Nos projetos de vida de um pai e de uma mãe cabe tudo menos a morte de um filho. Não é natural, não faz sentido e, quando acontece, o mundo inteiro desaba. As saudades de um filho que morreu são opressivas, avassaladoras, constantes... É o fim do mundo.
            Só pondo em cada gesto e acrescentando a cada palavra um profundo sentido humanitário, seremos capazes de fazer uma revolução pela paz, a única revolução capaz de unir os povos pelo bem comum.


                                                       LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                       lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                        Advogado e mestre em Administração