segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

A falta de tempo

            Ao aproximar-se o final do ano, nada mais justo, principalmente para quem continua na labuta como eu, verificar se estamos trabalhando demais e vivendo “de menos”. De montanha-russa, basta a vida.
            Tal percepção ocorre em toda sociedade, mas talvez ainda mais entre gestores, empreendedores e outras pessoas em posição de liderança. Eles são tão direcionados para a eficiência e a produtividade que acabam esquecendo a qualidade de vida.
            Não por acaso que uma pesquisa feita algum tempo atrás por uma consultoria chamada DMRH constatou que 62% dos executivos brasileiros estão insatisfeitos com as suas rotinas. Se tivessem liberdade para redesenhar seu cotidiano, 7% desses profissionais diminuiriam o tempo dedicado ao trabalho, 80% aumentariam o tempo dedicado à família e 76% dedicariam mais tempo a atividade física e cuidados com a saúde.
            A principal questão aqui talvez seja: por que quase oito em cada dez profissionais brasileiros desejariam trabalhar menos do que trabalham hoje? Ou, dito de outra maneira, por que todo mundo está tão ocupado? A hipótese principal é a financeira.
            Ninguém há de negar que todos nós somos meteorologistas emocionais no que diz respeito às nossas vidas pessoais e profissionais, preocupados com o que está por vir. Esquecendo que a liberdade financeira não significa deixar de trabalhar, e sim ter um emprego que seja prazeroso, colegas queridos e um ambiente de trabalho agradável.
            Até uma geração atrás, o típico “workaholic” se orgulhava de seu estilo de vida. Agora, esse perfil profissional deixou de ser vendável e se tornou um problema. E, como se não bastasse, se sente culpado.
            Você, leitor, Feliz Ano Novo! Não olhe muito para trás nem olhe muito para frente, viva o presente.


                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                     Advogado e mestre em Administração 

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Apoio aos pequenos negócios

             Ainda bem que o plenário do Senado aprovou na semana passada (13/12) projeto de lei que cria um novo programa de parcelamento de débitos tributários para micro e pequenas empresas (MPEs), conhecidos como Refins. A matéria encontra-se para sanção presidencial.
            Tal iniciativa chegou em boa hora, pois os números assustam: cerca de 560 mil delas foram notificadas pela Receita Federal e podem ser excluídas do regime Simples, um dos maiores programas de justiça fiscal e inclusão social do mundo.
            Não sou ingênuo a ponto de pedir aos políticos que pensem apenas no Brasil e deixem de lado seus interesses eleitorais. Cujo comportamento torna-se comprovadamente inverossímil diante dos fatos. Mas escrevo este artigo para chamar atenção dos atuais parlamentares para o papel que representa MPEs.
            Sabemos que, em razão da capilaridade dos seus negócios, faz com que esse segmento tenha capacidade de absorver a mão de obra mais facilmente, inclusive aqueles trabalhadores que o mercado embaraça a recolocação: como as pessoas com idade avançada, sem experiência, os recém-formados.
            Mas li, não faz muito, que a taxa de sobrevivência das MPEs optantes do Simples é o dobro das demais. Caso acabasse, 67% das milhares de empresas optantes fechariam as portas, o que seria um desastre econômico e social sem precedentes.
            Anotem aí: ao longo desse ano, com exceção de março, diante dessa crise brutal, o segmento apresentou número de contratações superior ao de demissões. Enquanto as empresas de micro e pequeno porte acumulam saldo positivo de 463 mil novos empregos, as médias e grandes fecharam ao todo 178,8 mil postos.
            Levo ao pé da letra a máxima de que “Quando tudo parecer estar contra você, lembre-se que o avião decola contra o vento, não com a ajuda dele” (Henry Ford). Motivação típica do empresário (MPEs) audaz e empreendedor.

                                       
                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                             Advogado e mestre em Administração

                

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Bigodão é a solução

            Deu na semana passada em “Folha”: o empresário Levy Fidélis, 65, lançou mais uma vez a sua candidatura à Presidência da República pelo PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro). Oportunidade em que apresentava seu novo jingle de campanha: “Bigodão é a solução”. Santa paciência! Um deboche a inteligência do povo brasileiro.
            Esse cara é maluco com tal ladainha de candidato, com sua visão irônica de se mesmo. Às vezes, tentando entender um pouco as coisas, eu me pergunto o que leva alguém buscar esse tipo de comportamento: muito quadradinho, muito mediocrezinho, cheio de mentirinha para enrolar o eleitor.
            Mesmo sem ter sido eleito para nenhum cargo público, ele não desanima com a cláusula de barreira e tampouco com seu discurso populista intragável. “Teremos votos suficientes. Aqueles que querem fazer um país sério que sejam competentes”, diz.
            Fidélis é o tipo de político que deveria ser varrido da cena política nas eleições. Não pensa no Brasil, e sim, em seus interesses pessoais, como muitos. Estamos precisando de candidato que raciocine com a cabeça e não com o fígado. Que venha com o propósito de ajudar o Brasil a equilibrar as contas, acelerar a retomada da economia, criar mais empregos e melhorar a vida dos trabalhadores e de suas famílias.
            Seu pecado original é pretender (e não consegue) ser como o jogador de pôquer, que blefa e não treme, que blefa rindo, e cujos olhos indecifráveis intimidam o adversário. E joga tudo. E vence. No blefe.
            No Brasil atual, não é mais aceitável esse tipo de político que busca insistentemente holofotes midiáticos com vista a interesses particulares, em vez de primar e defender a nação e seus cidadãos. Fragilidade que pode tornar o País vulnerável aos sobressaltos da campanha eleitoral.
            Com todo respeito, a pretensão do candidato Fidélis é pura hipocrisia.

                                         
                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                     lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Época que deixou saudade

            Na semana passada tive que me deslocar até a prefeitura de Santa Rita, a fim de regularizar uma pendência tributária. Em razão do avanço da hora, acabei almoçando por lá mesmo, num modesto restaurante (self service) localizado em frente à Praça Getúlio Vargas.
            Sobre esse lugar, as lembranças foram mais que inevitáveis. No início da década de 70, de vez enquando fugia, juntamente com um grupo de amigos, para os bailes promovidos pelo famoso Tenis Clube (o mais chique e elegante da cidade). Era uma espécie de extensão festiva ou noitada da nossa morada em João Pessoa.
            A animação ficava por conta do conjunto musical local chamado “Os Brincalhões”. Composto por jovens talentosos que se esmeravam tocando ainda os grandes sucessos da Jovem Guarda. O nosso figurino era praticamente um uniforme para os jovens de então: calça Jeans Lee, camisa Hering e sapatos Top.
            Antes de entrar na “la balada”, tínhamos que dar o esquento, ou seja, molhar as palavras pelos bares da cidade. Pontuados por música e longos bate papos. Havia sempre comida e bebida, apesar da escassez financeira.
            O certo é que não faltava conversa fiada, festa e Rum Montilla (dosado com coca-cola e gelo) preferidíssimo daquela geração, que se tornou um clássico atemporal. Mais do que prazerosa, tal bebida era um catalisador de euforia, um importante componente (de coragem) para dançar com as meninas que já nos aguardavam com notável euforia. Detalhe: todas elas bem arrumadas, ao gosto da época.
            A segurança era um quesito que não nos preocupava. Podíamos ficar perambulando pela cidade sem nenhum temor. Todos esbanjando um clima de harmonia, de felicidade e de muita boemia. Os santarritenses passavam um sentimento puro, suave, delicioso de convivência.
            Foi uma época que, para quem viveu, deixou muita saudade.

                                          
                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                         lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                          Advogado e mestre em Administração