domingo, 25 de dezembro de 2016

Exame médico

            Terminei de fazer a minha bateria de exames. Até hoje ainda não acostumei olhar para aquela agulha enquanto tira o meu precioso sangue. Eu me sinto péssimo. Mas, mesmo assim, tô lá, todos os anos, checando como anda a minha máquina. Diferente daquele que diz o tempo todo “Ah, na hora em que eu quiser, eu faço” e nunca faz.
            Podemos denominar essa prática de procrastinadores da saúde. Há sempre uma desculpa para justificar o atraso ao exame médico: “Quando eu me aposentar, eu começo a cuidar da saúde”, “Quando eu casar, paro de fumar”, “Quando voltar de ferias, eu emagreço”, “Depois do carnaval, vou fazer os meus exames”. E até, vejam só: “Quando me separar, começo a fazer exercícios”. É ou não é um puro deboche!
            Reparem bem. As pessoas que agem assim passam a vida toda acreditando nas mentiras que inventam para si mesmas, e a conta vai ficando cada vez mais cara. É muito quando se perde a credibilidade com os outros, mas pior é perder a credibilidade consigo mesmo. Dizia Millôr Fernandes: “O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde”. Quando está doente é o tal “Deus nos acude”. Aí já é tarde meu compadre!
            Reconheço que o potencial da máquina, ou seja, do corpo humano, é fundamental, porém só ela não basta. É como se você tivesse uma Ferrari sem combustível. O potencial está em todos nós. Todavia precisa ser revisado e preservar uma manutenção adequada, preventiva.
            O maior erro que um homem pode cometer é sacrificar a sua saúde a qualquer outra vantagem. Principalmente quando se sabe que a vida é curta e o tempo é impiedoso. Não deixe para depois o que precisa começar a ser feito hoje.
            Parece fácil concluir que quando brindamos, o primeiro voto é “saúde” – e não por acaso. Só depois vem “paz, amor”. Sem saúde, o resto não é possível.
           

                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                             Advogado e mestre em Administração
                                                                                     lincoln.consultoria@hotmail.com

           

            

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A indignação dos brasileiros

Espiei com rabo de olho e vi (ouvi|) a conversa hilariante de dois rapazes:
            -Tá rindo do quê?
            -É que tá chegando o dia do Natal e tá todo mundo liiiiso...kkkk
            É verdade que às vezes este País chega a dar preguiça. Ou pior: um desânimo que beira o niilismo. Ora, não é pra menos, aqui os políticos vivem à beira do xadrez, na mira da polícia e na dependência de sentenças judiciais. Sem falar do nosso atual desastre econômico.
            Tudo isso traz um grande mal-estar, crises e mudanças, incertas e penosas. Michel Temer, por sua vez, ao tomar posse como presidente, anunciou um governo de “solução nacional”. Infelizmente, chega ao fim do ano com a popularidade em baixa e ameaçada pelas delações da Odebrecht.
            A indignação pode ter lá seu efeito anestésico, mas a anestesia uma hora passa. Aí o teto pode ruir, o mau humor das ruas e a incompetência dos líderes políticos até de manter a casa de pé – correndo o risco ainda de eles serem punidos pelo juiz Sérgio Moro.
            É preciso certa ladainha, é preciso repetir, você repete uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes, é como se faz nas missas, para a que o Brasil não perca a esperança na Justiça atuante, célere e eficaz, em direção aos novos tempos.
            Bom humor dos brasileiros dá sinais de certo esgotamento. Sobreviverão politicamente os que souberem ler com rapidez os sinais dos tempos e corrigir o seu comportamento. Os que assim não procederem, vão parar na chamada “bacia das almas”.
 Afirmação sofismática dos envolvidos na Lava-Jato é de que são “mentiras absurdas” as inquestionáveis evidências que fundamentaram às prisões dessa cambada de delinquentes que está atolada no mar de podridão moral, que enoja cada vez mais os brasileiros.
Agora é transformar indignação e ânimos acirrados em intensa participação democrática. Evite desencorajar-se. Faça do otimismo a maneira de viver.


                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                   Advogado e mestre em Administração


           
           


            

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Recepcionista melhor do mundo

            Nada mais desagradável a pessoa não ser bem atendida. Num mercado altamente competitivo, não há coisa pior para o marketing da empresa. Nessa seara, quem deve brilhar é a recepcionista.
            Isso nos põe diante da hora da verdade. Como um passe de mágica, as portas sempre se abrem – e as oportunidades surgem – para as pessoas dispostas a servir. Servindo bem, criamos, de forma natural, a obrigação dos outros retribuírem, seja em forma de elogio, recomendação, reconhecimento, etc.
            Mas não é preciso ser sequer psicólogo de botequim para identificar que o mau humor ou o despreparo da recepcionista pode estragar toda a estratégia de venda de uma empresa. Todo o esforço que a equipe de marketing teve para atrair o cliente, o empenho do vendedor para marcar uma reunião, tudo isso vai por água abaixo se a recepcionista é motivo de antipatia.
            Os exemplos estão aí no nosso dia a dia para ser observado. Ao ser atendido de forma apática, passados alguns minutos, o Cliente não se lembra que você existe. Ou, apenas, quando usa da babaquice para agradá-lo. Como é o caso: entro no hotel, quando uma jovem recepcionista, desfilando os dentes, tal o tamanho do sorriso, diz:
            -Parabéns, pelo seu terno todo preto. O senhor merece ganhar um prêmio. É a cor da elegância.
            Lamentavelmente, os cargos de recepcionista têm salários baixos e alta rotatividade. No máximo, se alguma pessoa talentosa ocupa essas funções iniciais, rapidamente é promovida e deslocada para outra função.
            Como explicar essa contradição? Simples: não se explica. Apenas a empresa não está verdadeiramente interessada em explorar seu potencial, oferecer treinamento e transformá-la na recepcionista melhor do mundo.
            Digo mais: o Cliente bem recepcionado vira um “garoto-propaganda” e, o que é melhor, de graça.


                                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                       Advogado e mestre em administração

   

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Morte de Fidel

            Quase tudo foi dito sobre essa figura mística e controversa, mas muito longe de ser um grande estadista. Avesso ao livre pensamento - deixou isso claro desde o início do processo revolucionário em Cuba (1959).
            Tem-se falado, e não sem boas razões, quem sabe agora os cubanos possam descobrir como é doce a liberdade, que Fidel escondeu de seu povo com mão de ferro durante meio século. Quem sabe agora eles possam perseguir seus sonhos, conhecer o mundo, prosperar, ler e escreve à vontade, serem donos do seu próprio destino.
            Particularmente, não acredito. Mas seria de uma ingenuidade cósmica imaginar que, com a morte de Fidel, Cuba vá sair de seu atraso econômico e deixar de utilizar a violência e o autoritarismo para calar a dissidência. Uma vez que permanece o ideário revolucionário sob o comando do seu irmão, Raul Castro, e outros seguidores desvairados desse regime ditatorial.
            Olhando em retrospectiva, fica claro que o regime comunista dos Castro foi diretamente responsável pela morte ou pelo desaparecimento de 9.504 pessoas, segundo o projeto Cuba Archive. Só em 2016, já ocorreram 9.125 prisões por motivo político.
            Quando lá estive, visitando a cidade de Havana, em meados do ano passado, senti que o regime castrista era um doente em estado quase terminal. Só para ter uma ideia dessa aniquilação. Ao perguntar a um taxista se estava satisfeito e feliz com a vida que levara, ele assim reagiu: usou a mão para imitar uma arma em direção a sua cabeça. Ou seja, não podia falar, sob pena de ser preso e eliminado.
            A bem da verdade, os seres pensantes de Cuba ou fugiram, foram presos ou fuzilados. Restou uma massa de manobra, os humildes que, por uma ração diária, tocam algum instrumento com a alegria dos ingênuos em busca de míseros dólares.
            Acho difícil que a história o absolva, apesar de ter deixado um legado razoavelmente decente nas áreas de saúde e educação ao povo cubano.


                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e mestre em Administração