terça-feira, 29 de maio de 2018

A beira do colapso


            Desde que escrevo neste espaço, tenho dedicado meus textos às pessoas, de algum modo, como também, aos acontecimentos que norteiam e afligem o nosso País. Como é o caso da “greve dos caminhoneiros”.
            Terrível, não? Até uma hamburgueria de Planaltina, no Distrito Federal, adotou um modelo estranho para entregar encomendas durante a paralisação dos caminhoneiros: delivery a cavalo. Foi alternativa encontrada para driblar a falta de combustível.
            A paralisação promovida por caminhoneiros afetou o nosso cotidiano. Não só o bloqueio das rodovias, como o cancelamento de voos, a falta d’água em algumas cidades, suspensão da coleta de lixo, hospitais prejudicados por falta de medicamentos, o desabastecimentos de alimentos e insumos etc.
            Nesse clima de greve, temos que ter cuidado com o palavrório pontuado de civismo duvidoso. Não vejo maiores problemas em adotar medidas marcadamente autoritárias para defender o nosso direito de ir e vir, previsto na nossa Carta Magna.
            Não sou de fazer média, não tergiverso. Essa crise do combustível, além de fatores exógenos da economia (câmbio e o preço-barril do petróleo), é decorrente da má administração do governo Dilma que deixou a Petrobras, em 2016, com uma dívida brutal de R$ 450 bilhões.
            Como se não bastasse, a Dilma em vez de investir numa malha ferroviária achou melhor promover uma avalanche de dezenas de milhões de novos caminhões no mercado, criando uma bolha do frete que persiste até hoje. Crédito, à época, ofertado pelo BNDES, era de 100% do valor do veículo, juros fixos de 7%, para pagar em 8 anos. Financiamento de caminhões novinho a preços de carrinhos de brinquedos.
            Ficamos por aqui. Apelando para que a ordem seja restabelecida, que a autoridade dispõe em favor da segurança dos cidadãos, sem excesso, mas com firmeza.


                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                              lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração

                                            
           

terça-feira, 22 de maio de 2018

A busca pela felicidade


             No início deste semestre, a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, inseriu na grade da faculdade de psicologia o curso “Psychology and the Good Life”, um apanhado de aprendizados sobre como ser feliz. Em poucos dias, o curso tornou-se recordista em número de matrículas (1.200) nessa referida universidade, fundada em 1701.
             Então, por que tanta gente está recorrendo a professores para desvendar o caminho da felicidade? “Algumas pessoas são naturalmente otimistas e felizes – é genético. Mas o que a maioria das pesquisas mostra é que todos podem aumentar a felicidade com algumas práticas. O problema é que essas práticas dão trabalho”, explica a professora Laurie.
            Entre esses aprendizados, destacaria aquele que nos leva a se concentrar em gerar emoções positivas como amor, perdão, gratidão e compaixão. Note que todas essas emoções envolvem outras pessoas. Não se pode ter emoções positivas em uma ilha deserta. Achar que tudo é com você só gera infelicidade.
            Tenho para mim que certas pessoas acreditam que poderiam cultivar a felicidade em laboratório. Isolam-se do mundo, expulsam as pessoas complicadas de sua história e as dificuldades de sua vida. Comportamento de mau gosto e um atestado de indigência intelectual.
            Portanto: curta seus amigos, brinque com os seus pais, beije-os, toque-os. Dê mais valor ao conteúdo do que a embalagem - valorize-se o que você é. Seja feliz do jeito que você é. Como se diz “A felicidade não é um destino. É um método de vida”. Busque ser eficiente, lúcido e trabalhe em equipe. Mas não viva para trabalhar – trabalhe para viver. Aposente-se de seu trabalho, mas não aposente sua inteligência.
            Mas uma coisa parece-me evidente: felicidade é saber aproveitar todos os momentos como se fossem os últimos. Procurando viver cada minuto como um momento inesquecível.

                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 15 de maio de 2018

Os efeitos da reforma trabalhista


                   
             Basta que se tenha um olhar mais ortodoxo sobre a Legislação Trabalhista, antes da reforma, para saber que do jeito que a coisa andava, mais cedo ou mais tarde, a reforma ocorreria. Como de fato ocorreu. Foi um alento para as empresa empreendedoras, como também, para os empregados bem intencionados.
            Não adiante, agora, criticar por criticar a reforma trabalhista em época de eleição. Ela foi promulgada e o Congresso é a fonte primária da lei. Gostemos ou não de nossos parlamentares, eles são eleitos, passam pelo crivo popular e têm legitimidade para definir as normas e regras processuais.
            Vamos falar sério: a nova Legislação Trabalhista cumpriu um de seus principais objetivos, ao barrar de vez a enxurrada de processos abertos na Justiça e disciplinar as queixas feitas pelos trabalhadores. Logo que a lei entrou em vigor (11/17), o número de novos casos apresentados nas varas do Trabalho de todo país caiu pela metade. Ou seja, a média mensal era de 240.000 processos, antes da reforma, para 110.000, depois dela (3/18).
            Agora, meu camarada, quando o trabalhador perde a ação, precisa pagar os custos advocatícios de seu antigo patrão. Isso, por si só, tem agido como fator de dissuasão. Antes, os processos incluíam uma lista de pedidos sem fim, que iam do pagamento de horas extras e verbas rescisórias até danos morais. Apenas a União gasta (gastava), a cada ano, 4 bilhões de reais em ações trabalhistas de servidores da ativa.
            Pelo visto, acabaram as “ações aventureiras” ou “indústria de ações”. Infelizmente, muita gente se deu bem com isso. A situação beirava o inacreditável. Nunca se viu nada igual, em lugar nenhum do mundo. Já cheguei me comover às lágrimas por alguém que perdeu tudo por essa prática absurda, deprimente, vergonhosa.
            Viu? A reforma trabalhista está pegando!


                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                 Advogado e mestre em Administração
               

domingo, 6 de maio de 2018

Chico Buarque


            Até que enfim consegui realizar um grande sonho: assistir um show ao vivo desse gênio, mestre e grande poeta da música popular brasileira. Eu bebo na fonte de Chico. Ele é realmente insuperável, arrasa em tudo que faz em termo de música.
      Esse show, chamado “Caravanas”, baseado no seu mais recente disco, ocorreu no Teatro Guararapes, último sábado (5/5), em Olinda. O repertório contempla canções novas, como também, clássicos da respeitada carreira de mais de cinco décadas, como “Retrato em branco e preto”, “Iolanda”, ”Partido alto”, “Todo sentimento”, “Sabiá”, “Geni e o zepelim”, “Futuros amantes” e “Paratodos”.  
            Foi, sim, uma satisfação vê-lo no palco. A bem da verdade, eu estava ali para reverenciá-lo por tudo aquilo que ele representa para nossa cultura musical. Não importa qual seja a posição política do Chico Buarque, o que importa é a sua genialidade: de cronista e letrista. Alguns babacas, intolerantes, por sua vez, ficam tirando sarro dessa situação (ideológica). Pura idiotice, santa ignorância!
            Chico continua soberano, estilo elegante, sóbrio e ao mesmo tempo coloquial. Apesar de sua idade (73 anos), apresentou-se com incrível performance: cantando, dançando e brincando com público. Às vezes, o cantor titubeia, esquece a letra e é socorrido pela plateia que o admira com fervor.
            Nesse passeio “buarqueano”, veio-me à cabeça o elogio feito por outro poeta maior Carlos Drummond de Andrade, através de uma crônica, quando Chico lançou a música “A banda”: “E se o que era doce acabou, depois que a banda passou, que venha outra banda, Chico, e que nunca uma banda como essa deixe de musicalizar a alma da gente”.
            O sucesso de Chico, como cantor e compositor, um ourives dos versos e melodias, nos leva a reflexão de que a gente precisa caminhar para um mundo mais sensível, capaz de amar e perdoar.

                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                     lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e mestre em Administração



terça-feira, 1 de maio de 2018

Juros ainda escorchantes


            As taxas de juro continuam pela hora da morte, infelizmente. Cada vez mais cansativa a desculpa dos bancos de que os juros de algumas operações, como a do cheque especial, não caem por causa da inadimplência.
            Isso tudo é conversa fiada. Basta de hipocrisia. Quer ver uma coisa? Os juros caem há 16 meses, mas a taxa do cheque especial (324% ano) não sai do lugar, como também, as taxas de Cartão de Crédito (334,5% ao ano), outra imoralidade. A pressão sobre os bancos está crescendo. O bom que eles já estão sentindo. A mudança é apenas questão de tempo.
            A causa básica dessa situação escabrosa deve-se a concentração bancária. O fato de apenas cinco bancos terem mais de 80% dos ativos financeiros no País. Por isso, as queixas se acirram num quadro em que o Brasil se recupera com vagar recessão econômica e o total de empréstimos ainda está em queda. Inconcebível que desde setembro de 2016, a taxa Selic do Banco Central, já caiu de 14,25 para os atuais 6,5%, mas, mesmo assim, não se viu nada de alteração das taxas de juro aplicadas pelos bancos.
            Tá na cara: que a concentração de bancos leva à redução na concorrência. Os bancos fazem propaganda do crédito hipotecário, do crédito para automóvel, e fica parecendo que há concorrência. Ledo engano. Na concorrência verdadeira ocorre uma pressão grande sobre os preços, e, para conquistar clientes, é necessário baixar o preço. No caso dos bancos, baixar as taxas de juro.
            Falemos francamente: é preciso dizer aos órgãos de regulação e defesa da concorrência para agir com mais rigor contra a concentração bancária. Deputados e senadores, que costumam entoar discursos inflamados contra as taxas escorchantes, também têm de assumir suas responsabilidades. Falar nisso, foi instalada recentemente no Senado uma CPI para investigar juros extorsivos cobrados por instituições financeiras. Será que pega?
            Pra encurtar o papo, o Brasil ainda vive um momento de “desotimismo” econômico, e as nossas instituições financeiras têm sua cota para isso.


                                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                                  Advogado e mestre em Administração