segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Compromisso de gestão

              Nesse cenário ainda do Coronavírus, é preciso encontrar alternativas de solução para que a produção econômica volte a funcionar. Dando um basta no fechamento das empresas e no desemprego. 
           Atualmente as famílias compram menos, em parte, porque muitas delas tiveram um choque no fluxo de renda – quem não trabalha, não recebe e não consome como antes. Assim: o fim da crise ainda não está no horizonte. Como diz um amigo, no espasmo de preocupação: tá ruço, mano!    

                   Aprendi como Administrador de Empresas que o líder deve assumir um papel de dar o norte, de fomentar propósito motivacional, de criar tração e energia para que os seus colaboradores tenham o compromisso com resultados. 
            Olha, sem truque semântico, essa capacidade se vê em Dr.Nelson Antônio de Souza, tendo no currículo feito notáveis, ora presidente da Desenvolve-SP, com passagem profissional como presidente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Nordeste. Destacando-se, com louvor, na nossa República de Pau-Brasil que não é para principiantes, iniciantes ou pensantes.   
            Sob a sua batuta de gestor, ele conseguiu estabelecer a principal missão da Desenvolve-SP: adequar os recursos à necessidade das empresas num custo menor. Nesse momento de incerteza econômica, as empresas não só precisam apenas de capital de giro. Precisam bem como de orientação na gestão, porque elas não sabem quando essa pandemia vai acabar, como vai acabar, como é que vai sair dessa situação. 
            Entendo, sem medo de errar, a maior parte das pequenas e médias empresas brasileiras, que respondem por metade das empresas e 30% do PIB do país, não está tendo acesso ao dinheiro prometido pelo governo federal para ajudá-las a atravessar a crise do Coronavírus, colocando em risco a retomada econômica. 
            Segundo Dr.Nelson, através de recursos captados no exterior sem garantia da União, a Desenvolve-SP, somente no período da pandemia, emprestou R$ 1,1 bilhão para mais de 2,2 mil empresas. Para se ter uma ideia, em apenas três meses - março, abril e maio -, houve crescimento de 2.161% nos empréstimos, em comparação à média dos últimos 11 anos. 
            Tem mais: ele alerta para que todos os bancos, todos os sistemas financeiros, precisam fazer com que esses recursos cheguem de maneira desburocratizada ao tomador final, notadamente a micro e pequenas empresas. 
            Enquanto muitos gestores perdem tempo buscando culpados, Dr.Nelson, à frente da Desenvolve-SP, busca soluções. Essa é a sacada! 

                       

                                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA 

                                                              Advogado, Administrador e Escritor 

 


quarta-feira, 26 de agosto de 2020

A atrocidade do estupro

 

            Vivemos tempos de insanidades catastróficas. Digo isso porque, na semana passada, reportagens mostram que uma menina de dez anos foi levada a um hospital no Espírito Santo, onde foi descoberta a sua gravidez. Segundo inquérito aberto pela polícia estadual, a criança sofria abusos de um tio havia quatro anos.

            Infelizmente, nossas autoridades apontam a pedofilia como o mal maior, mas, na hora que ela se configura, fazem de tudo para olhar para o outro lado. Esquecem que o atendimento psicológico e social de crianças nesta situação é um direito garantido pelo Estado.

            Depois de olhar e mais olhar, reparei que o caso da menina de dez anos é um prato cheio para o sensacionalismo. Tendo a extrema direita, religiosos conservadores e políticos ávidos de holofotes transformam esse caso numa espécie de circo de horrores.

            Não dá, é uma aberração! Discutir a interrupção da gravidez sob uma perspectiva religiosa ou moral e não como uma questão de saúde pública. Ah, faça-me um favor! Não dá para engolir essa conversa mole.

            Sem tirar nem pôr, no Brasil, segundo dados oficiais, seis meninas entre 10 e 14 anos estupradas são internadas por dia em decorrência de abortos, promovido ou não no hospital. Já o aborto ilegal é uma das maiores causas de óbito entre mulheres grávidas, algo que atinge principalmente as pobres e negras.

            Os especialistas alertam: a criança, normalmente, é abusada por alguém próximo, por isso, precisa saber diferenciar o toque do cuidado com o toque do abuso para que no primeiro sinal ela consiga relatar o ocorrido.

            Muito triste o nome de Deus ser usado para defender uma nova atrocidade contra uma criança que foi e continua sendo vítima. Ora, gostaria de saber se a indignação da CNBB e de outros moralistas de plantão contra o aborto de uma criança se teria o mesmo comportamento em relação à pedofilia na igreja.

            “O espírito é como um paraqueda. Só funciona bem quando está aberto”. Essa é a recomendação que se deve fazer hoje aos que vêm conduzindo, com tanta imprudência, a questão do estupro/aborto.

            Negar o aborto a uma criança de dez anos que sofreu estupro de um tio é uma regressão ao horror hediondo. É uma tese: inculta, grossa, violente e idiota.

 

                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                           Advogado, Administrador e Escritor

           

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Levado ao medo

 

            Quando você assiste ao noticiário, o que chama mais sua atenção são as desgraças do mundo, principalmente as do Brasil. Não é pra menos. Taí os telejornalismos da grande mídia que não nos deixam mentir. A cobertura dramática do Coronavírus é um bom exemplo.

            Aliás, se você reparar vai ver que a própria mídia dá mais destaque para o sofrimento alheio. Infelizmente, isso dá muito mais “ibope”. Por outro lado, isso leva ao medo, e na pandemia, perderam-se os limites do senso do ridículo.

            É. Muitas pessoas não vivem intensamente porque têm medo de correr risco. Elas possuem necessidade exagerada de proteção e como consequência evitam expor-se ao desconhecido.

            Como tudo na vida, envolve correr risco. Não adianta reza forte, nem macumba com mil velas, essa é a regra. Proteger-se é como construir um enorme muro ao redor de si, como o dos castelos medievais. Porém, tudo o que protege acaba limitando a gente.

            No mundo corporativo, o medo tem deixado também a sua marca. Os pequenos empreendedores e grandes investidores têm travado ou adiado os seus projetos de futuro. 

Talvez o maior desafio (desse medo) seja a nossa profunda recessão de confiança. Não apenas nas instituições, que já vinham sofrendo há bastante tempo, mas agora também entre as pessoas, no comércio do bairro, no restaurante preferido e na economia local. Esse é o grande desafio para a retomada da economia, que gerará cicatrizes difíceis de eliminar, contudo não impossível de superá-las.

Nesse cenário me veio à reflexão do que disse o grande economista e pensador Roberto Campos, não desperdiçamos a oportunidade de perder oportunidades. A crise representa um desafio e uma oportunidade e exige que se pense dentro e fora da caixa. Até agora estamos pensando mal dentro das nossas caixinhas, o que não atende aos nossos interesses maiores.

Sei que muita gente ainda está pirando por conta dessa pandemia (Covid-19). Enviam mensagens falando que não aguentam mais e que o sentimento de medo continua presente.

No mais, vamos acabar com esse medo angustiante, pois quem tem medo de enfrentar as adversidades, também terá medo de viver.

 

                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                       Advogado, administrador e escritor

           

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Reviravolta na educação

 

            Foi essa frase que motivou o presente texto.

A desorganização da educação nessa pandemia, com ensino a distância (EaD), está tão acentuada que a própria expressão soa débil, como um eufemismo pudico de bagunça. Um verdadeiro deus nos acuda.

            No campo das boas intenções, o Conselho Nacional de Educação (CNE) deu sinal verde, em 18/3, para a realização de aulas online a partir do ensino fundamental.

            Com escolas fechadas pela política de isolamento social, a utilização maciça de ferramentas digitais em substituição às aulas presenciais expôs as insuficiências da educação a distância (EaD) no País. Algumas delas são a falta de formação específica para professores e o precário acesso da população a recursos tecnológicos, como computadores e internet de qualidade.

            O Brasil, como é sobejamente sabido, nunca se preocupou com a atenção devida na área da educação. Com agravante: abrindo mais espaços para o aumento do interesse de grandes corporações na venda de pacotes educacionais que prometem, sem cumprir, uma eficiência a toda prova do ensino e da aprendizagem de conceitos. Colocando todos (nós) no balaio dos “indignados”.

            Taí o teste do PISA, considerado o mais importante indicador na avaliação da qualidade do ensino, onde coloca o Brasil na posição 57, entre os 77 países participantes. Ficamos atrás de Malásia, Jordânia, México, Chile e Bielorrússia.

            Isso é ruim, é péssimo para a imagem da nossa educação, que já anda há tempo cambaleando de tão sofrível. O problema é real, e não adianta politizar o tema com discursinho bobo. Esse cenário exige que toda e qualquer decisão necessitemos ter por base o princípio da isonomia dos discentes. Principalmente no que diz respeito aos recursos tecnológicos.

             Tal como o mágico que retira o coelho da cartola, afirmam os profissionais da educação que tiveram que inventar exercícios, produzir extensas páginas com conteúdos de suas variadas disciplinas, passar a fazer vídeos e forjar uma relação virtual que até então não existia.

                Pelo noticiário, assisti um depoimento de um professor que dizia: “Tivemos que reinventar a nossa rotina escolar fora da escola, da mesma forma com a rotina da casa. Afirmando ainda que uma filha de sua sobrinha que não se interessa pelo conteúdo escolar fora da escola. Ela associa a casa à brincadeira, ao lazer”. O que, me parece, ser natural.

            Cabe notar que a substituição do ensino presencial pela EaD tornou-se um problemão. A escola continua sendo, para muitas crianças e adolescentes, o local primordial de interação social, onde se deparam com a diferença de pensamento e de formas de ser e estar. Ou seja: simplesmente não há escola sem aula.

            Sublinhando tudo, o MEC navega com bússola defeituosa em meio ao vendaval da saúde pública, agravado pela instabilidade da sua gestão.

 

                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                      lincoln.consultoria@hotmail.com

                                    Advogado, administrador e escritor

 

                       

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Futuro pós-pandemia

              Ainda não percebemos a magnitude do futuro pós-pandemia. Mas já trouxe consigo o inevitável debate a respeito.

            Num mundo civilizado pós-pandemia, não mais cabe o modelo utilizado pelas companhias, pelo ambiente corporativo. Exemplo: o fim dos escritórios e a consolidação do home office. Ressaltando, que não acredito no home office pleno.

            Não se trata de começar do zero, porém começar melhor e mais racional. Lives de conteúdo artístico  e filantrópico, parte das escolas online, reunião online... Isso tudo seria no futuro, agora a pandemia antecipou essa realidade.

            Tenho um amigo, dono de uma loja de presentes, começou a usar o whatsapp  para vender seus produtos e vai muito bem. Todo mundo que pode foi ou está indo para o digital. São milhões de serviços se digitalizaram na marra. O que levaria anos levou semanas.

            É verdade que a inteligência humana adora dificuldades, desafio e risco. Particularmente o brasileiro, que dá jeito (ou jeitinho) em tudo. Até no improviso técnico, chamado de “gambiarra” - famosa jabuticaba que transita no cotidiano da vida de quase todo brasileiro.

            Seria difícil algum de nós ou mesmo um estrangeiro que vive nesta terra não fazer parte do jeito. E a melhor maneira de estudá-lo é vivenciar o mundo da rua, das amizades, dos negócios. Assim, o Brasil do jeito dará um jeito para enfrentar qualquer situação pós-pandemia. Isso, digamos, é da nossa vocação.

            O Coronavírus mudou as cartas de todos os jogadores. É um jogo completamente novo. Com certeza, pelo andar da carruagem, teremos mudanças substanciais na aceleração da digitalização e mudanças nas cadeias de valor e nos padrões de consumo.

            Nesse regime da pandemia, de tempos sombrios, me veio à lembrança uma estrofe da poesia “Depois de tudo”, de um extraordinário escritor português chamado Fernando Pessoa: “De tudo ficaram três coisas / A certeza de que estamos sempre a começar / A certeza de que preciso continuar / A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar”.

            E, para finalizar, arrisco a dizer que o brasileiro, com a sua cultura do jeitinho, vai dar um freio de arrumação e sair mais forte dessa crise.

                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                             Advogado, administrador e escritor