No último fim de semana, passando
pela cidade de Guarabira, em frente ao cemitério local, lia-se uma frase pichada
no seu portal de entrada: “Entra Temer!”.
No primeiro momento, até que achei
engraçado à irreverência da pessoa que fez a pichação. Depois, refletindo
melhor, achei que aquilo era mais do que uma gozação, era uma manifestação em
razão do verdadeiro tsunami político que tomou conta do Brasil, que envolvia o
presidente Temer com falcatruas e propinas. Tudo na surdina. Cuja delação do
dono da JBS, o malfeitor Joesley, expôs as entranhas do grupo que tomou de
assalto o País, sem paralelo entre os países democráticos.
A quem me lê, sabe que eu sempre
tive uma posição definida: quem deve tem que pagar. Ora, sobre o caso, o
simples encontro clandestino já depõe contra a figura do presidente. Nem
interessa se o conteúdo foi editado ou não. Não há que se aventarem teorias de
conspiração.
Outra coisa: o mais grave de tudo
isso foi à falta de atitude do presidente diante dos absurdos que ouviu. O fato
de não ter dado voz de prisão ou no mínimo comunicar as informações à polícia
já desmoraliza seu governo. Até agora, sua explicação para o ocorrido,
infelizmente ainda não colou.
Pior é que o momento retrata um
clima de descrença geral. A população apóia e torce pelas investigações, mas
não acredita em milagres. Nem por isso podemos deixar de combater a corrupção. Temos
que reconhecer, após quase três anos de recessão, estávamos sentido sinais
tênues de melhora das condições econômicas. Inflação em queda, juros baixando,
produção em tendência de alta e renda das famílias em equilíbrio, com a
indicação que o pior já passou.
Em que pese à expectativa geral de
depuração dos agentes políticos do País, o brasileiro está desencantado. Até a
esperança, tida como a última que morre, está cansada.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração