segunda-feira, 29 de maio de 2017

As entranhas da corrupção

            No último fim de semana, passando pela cidade de Guarabira, em frente ao cemitério local, lia-se uma frase pichada no seu portal de entrada: “Entra Temer!”.
No primeiro momento, até que achei engraçado à irreverência da pessoa que fez a pichação. Depois, refletindo melhor, achei que aquilo era mais do que uma gozação, era uma manifestação em razão do verdadeiro tsunami político que tomou conta do Brasil, que envolvia o presidente Temer com falcatruas e propinas. Tudo na surdina. Cuja delação do dono da JBS, o malfeitor Joesley, expôs as entranhas do grupo que tomou de assalto o País, sem paralelo entre os países democráticos.
            A quem me lê, sabe que eu sempre tive uma posição definida: quem deve tem que pagar. Ora, sobre o caso, o simples encontro clandestino já depõe contra a figura do presidente. Nem interessa se o conteúdo foi editado ou não. Não há que se aventarem teorias de conspiração.
            Outra coisa: o mais grave de tudo isso foi à falta de atitude do presidente diante dos absurdos que ouviu. O fato de não ter dado voz de prisão ou no mínimo comunicar as informações à polícia já desmoraliza seu governo. Até agora, sua explicação para o ocorrido, infelizmente ainda não colou.
            Pior é que o momento retrata um clima de descrença geral. A população apóia e torce pelas investigações, mas não acredita em milagres. Nem por isso podemos deixar de combater a corrupção. Temos que reconhecer, após quase três anos de recessão, estávamos sentido sinais tênues de melhora das condições econômicas. Inflação em queda, juros baixando, produção em tendência de alta e renda das famílias em equilíbrio, com a indicação que o pior já passou.
            Em que pese à expectativa geral de depuração dos agentes políticos do País, o brasileiro está desencantado. Até a esperança, tida como a última que morre, está cansada.


                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                          Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 23 de maio de 2017

O depoimento de Lula

            Assisti boa parte do depoimento que Lula prestou ao juiz Sérgio Moro. Confesso que senti um misto de tristeza e decepção ao ver o ex-presidente ali humilhado, de certa forma, também restou humilhado o povo brasileiro, que nele depositou tantas esperanças. Só um incauto que assistiu a tal audiência possa ter outra explicação diferente.
            Até poucos anos atrás, era inimaginável alguém questionar sobre a honorabilidade de Lula. A prova é que ele chega ao fim do seu governo (2010) com uma aprovação popular de 83%. Agora, ele pensa que, se for preso, virará mártir, que haverá guerra civil no País, que o MST marchará com suas bandeiras vermelhas em tom triunfante e desafiador, bloqueando rodovias e parando o Brasil.
            Mais do que nunca, a trupe de Lula está no mesmo barco, cúmplice do mesmo escândalo de corrupção. Território em que circulam mentiras e notícias falsas com notável desembaraço. Ademais, não acho que Lula seja ainda popular a ponto de sua prisão causar abalo na ordem social. Discordo daqueles ao afirmar: prendê-lo será torná-lo mártir e oferecer um discurso político a seus seguidores.
            Numa conversa com amigos, comentei a possibilidade que ele pudesse concorrer à eleição de 2018, para a felicidade dos petistas. Seja para concorrer ou perder. Acontece que, um candidato com tanta denúncia no prontuário e com tamanho bombardeio à sua volta, dificilmente sobreviveria a uma campanha eleitoral.
            A pergunta que não quer calar é esta: como os militantes do PT, que sempre defenderam a boa política e as boas práticas governamentais, estão encarando essa nova realidade? A minha grande preocupação é “o silêncio dos bons”, como disse Martin Luther King.
            Acreditem: estamos iniciando uma nova era da moralidade republicana. Quem viver, verá!
           

                                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                              lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                         Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 16 de maio de 2017

O desafio dos pais

            Fiquei alguns dias matutando sobre o que eu poderia escrever diante da crise moral (suprassumo da canalhice) que atinge o nosso País. Principalmente a perspectiva do ser humano em relação ao seu futuro. E quando ele tem filhos, esse receio vira um assombro.
            Por mais desagradável que esse tema possa ser, é incontestável bater de frente com os fatos. Mesmo sabendo que viver não é seguro. Viver não é fácil. A presença dos pais é um raro estalo de sensibilidade, quando se trata da defesa da família.
            Não quero virar aqui aqueles nostálgicos que vivem murmurando pelos cantos “no meu tempo é que era diferente...”. Um pai super-herói, um mito que tentariam copiar. Mas o presente chegou diferente. Enquanto todo mundo grita contra a crise que assola o país, a garotada ultraconectada não está nem aí.
            Pior é que eles acham que já têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam. É triste testemunhar a que ponto o vazio existencial consegue entortar a cabeça dessa garotada, aniquilando com qualquer resquício de bom senso e de uma visão oba-oba da vida que acreditam ter.
            Outro dia conversando com uma senhora que me falava sobre o futuro do seu filho adolescente. Ela me disse que ele pouco está se lixando para o momento conturbado que o Brasil está vivenciando. Apenas pensa em fundar um startup e criar um aplicativo que logo vende a um grupo estrangeiro para que ele possa gozar a vida viajando com mochila nas costas. Coitado! Não é por aí.
            Isso mostra que o futuro que você (pai) imagina para seus filhos é completamente diferente do que eles desejam para si. Porém, não é motivo para baixar a cabeça, e sim, lhes mostrar que suas conquistas são frutos de trabalho árduo e de muitos sacrifícios. Um dia eles agradecerão por isso e farão o mesmo com seus filhos.

                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                        lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                      Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 9 de maio de 2017

Agitadores de greve

            Já manifestei aqui neste espaço, por diversas vezes, que sou a favor da greve. Desde que seja um desejo de mudança civilizada, e não aquela imposta pelo medo e pela violência como a que ocorreu recentemente - na sexta-feira, do dia 28/04.
            Está tudo ali, em vídeo, para quem quiser ver. Vi com algo enfadonho e triste. As provocações, prática dos populistas, são como um convidado inconveniente que bebe demais. Quer saber? Não se reforma um país com atos de vandalismo. As conquistas virão através da educação, do conhecimento e do debate franco e aberto. Precisamos, sim, de um amplo entendimento nacional, sem ódios e radicalismos.
            Lá vou eu com Mãe Dináh que morreu em 2014 e, infelizmente, não poderá nos ajudar a saber como a história olhará, daqui a uns 30 anos, para os atuais políticos e para os agitadores sindicalistas: como arruaceiros ou simplesmente como pseudoideológicos.
            Fato a ser considerado, nesta nossa pátria tão mal-amada: o Brasil está em frangalhos, carente de uma visão nacional e, dividido, se radicaliza, abrindo espaço para o ódio e o preconceito. A greve, ora referida, foi uma grande vergonha para o país, com manifestações violentas, com cenas de vandalismo (queima de pneus e ônibus) e com bloqueio de avenidas.
            Se guiarmos um pouco menos por nossos instintos e mais por dados objetivos, chegamos à conclusão que, por trás dessa greve, está o interesse das centrais sindicais, em que os protestos são uma reação à perda de privilégios, caso a reforma trabalhista for adiante. O maior motivo: a perda da excrescência do imposto sindical em torno de 4 bilhões, cujo benefício é para atender a mais de 17000 sindicatos. Não “cola” mais essa aberração, felizmente.
            A boa regra, no entanto, impõe que greves e paralisações ilegais só prejudicam os cidadãos de bem que querem trabalhar e construir um país melhor.


                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                            Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 2 de maio de 2017

Criatividade para fugir da crise

            Está provado que a crise no Brasil tem tudo a ver com a propinocracia que se lastrou por este País afora. Políticos, como lama até a cintura, mentem descaradamente sem mexer um músculo do rosto, como se não tivessem culpa no cartório.
            É até pornográfico conjecturar o quanto os políticos ganharam em troca nos projetos de obras públicas, sem afastar (espertamente) as mãos da caixa registradora do governo.  Principalmente os petistas que, ao assumirem o poder, prometeram acabar com a corrupção e trazer dias melhores para o povo brasileiro. Depois o que se viu foi algo do crime de lesa-pátria. Gerando prejuízos e dissabores incalculáveis.
            Por conta disso, a grave crise econômica continua paralisando o País e sacrificando milhares de famílias. Apesar de alguns sinais pontuais de recuperação, temos que admitir que o caminho seja árduo, demorado e cheio de obstáculos.
            Mesmo assim, o brasileiro tem confiança em um futuro promissor. Sua criatividade não tem limites diante das dificuldades econômicas, que não poupa nem a libido reinante nos motéis. Aliás, deu recentemente no jornal Folha a notícia de que os motéis brasileiros estão inovando para combater a crise, em vez de réplicas de Versalhes, do Taj Mahal ou das Mil e Uma Noite, estão adornando suas instalações inspiradas na Operação Lava Jato, com fotos de Lula, Dilma, Eduardo Cunha e de outras estrelas da operação.
            Não tenho dúvida que em breve o pessoal do nosso Trade Turismo, no embalo das delações da Lava Jato, estará organizando excursões turísticas para visitar o posto de gasolina em Brasília, o Posto da Torre, onde nasceu a investigação. Ou conhecer de perto o famoso tríplex na praia do Guarujá, em que Lula evasivo diz que não é de sua propriedade – tudo conversa fiada.
            Como se nota, a criatividade do empresariado brasileiro se supera!


                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e mestre em Administração