Qualquer
pessoa com meio neurônio sabe perfeitamente do grande avanço da tecnologia, da
informatização, da robótica, da googlitização da cultura, da telecelularização
das relações humanas... Porém - e que
porém! - o que me chama mais atenção nesses estereótipos pós-modernos é o nicho
das especializações de profissão.
Em todos os lugares as pessoas se
queixam da vida: estresse, trânsito, correria, insegurança, colesterol,
triglicérides etc. E para resolver ou atenuar esses males que tanto os afligem,
buscam desesperadamente os profissionais, por exemplo, da medicina, de acordo
com a sua área específica de atuação – ao gosto do freguês.
Bastas dar uma olhada na cidade para
ver uma infinidade lista desses profissionais da saúde, com perfeita visibilidade
em placas, painéis, outdoors, sem falar das redes sociais, para nenhum guru de
marketing botar defeito. É uma loucuuuuura!
O bom humor irritante dá lugar a um
mau humor irritante – como, depois dos 60, os relógios biológicos já não são
nenhum rolex, expostos ainda a uma “via crucis” de consultas, e na hora do “vamo-vê”,
chega-se ao diagnóstico, muitas vezes preliminar, que você deve procurar certo
especialista no ramo, aí vem: acupuntura; alergia e imunologia; anestesiologia;
cardiologia; angiologia e cirurgia vascular; cancerologia; clínico médico;
endocrinologia; gastroenterologia, hematologia e hemoterapia; nefrologia;
infectologia; nefrologia; otorrinolaringologia... Chega!!!
Dando-se ainda por satisfeito,
quando não é despachado para algum outro centro médico mais avançado – bem longe,
em razão de não ter sido descoberto o seu problema de saúde – sem eira nem
beira.
Daí me veio à lembrança da histórica
de dois amigos bebendo num barzinho:
- Pô, cara, você parece abatido. O
que o está atormentando?
- Nem te conto, meu amigo. Estou com
uma dor insuportável no testículo esquerdo.
- Não se preocupe com isso. Tive um
problema semelhante e meu médico curou num piscar de olhos.
- Então me dá o endereço desse
médico.
Continuaram bebendo e, ao se
despedirem no final da noitada, o doente lembrou:
E o endereço do médico?
O outro sacou um cartão de visitas
do bolso e, passando ao amigo, acrescentou:
- Pode procurá-lo, que esse médico é
um craque no assunto.
Só que, por engano ou pela
bebedeira, passou o cartão do advogado dele.
Dia seguinte, o paciente estava bem
cedo no endereço do cartão:
- Doutor, eu estou com uma dor
incrível no testículo esquerdo.
O advogado não entendeu nada, mas
não queria perder o cliente:
- Sinto muito, meu amigo, mas sou
especialista em DIREITO.
E o sujeito, impressionado:
- Cacilda! Vá ser especialista assim
no inferno!
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado, administrador e escritor