Recorro à citação recorrente de que
a educação nunca foi prioridade no Brasil. E as consequências estão aí:
personificação de um país feio, triste e desonesto. Onde você destampa, há
coisas erradas. Pode crer, um quadro extremo de cegueira deliberada.
O retrato que salta da pesquisa é
contundente: revista “Nova Escola” já mostrou há tempos que apenas cerca de 2%
dos alunos do ensino médio consideram a possibilidade de uma carreira docente.
Apenas consideram, pois, mais tarde, cerca de 30% dos que pensam nisso desistem
da ideia.
Vamos ser justos. Poucas profissões
que exigem qualificação são tão ingratas quanto à docência, principalmente na
educação básica. Ora, enquanto um magistrado ganha 10 ou mais que um professor.
Outro membro hierárquico da justiça, tantas vezes mais. Um político, que nada
faz a não ser tratar de seus próprios interesses, às vezes, até escusos. E o professor,
responsável por dar asas ao povo, ganha um salário humilhante.
Só alguns idiotizados não vêem essa
vergonhosa situação. Noutro artigo lembrei aqui que os fatores desestimulantes
são vários e crônicos na educação brasileira. A começar pelo salário. O Estado
de São Paulo, por exemplo, o mais rico da Federação, não pagou em 2016 sequer o
piso nacional dos professores, que era de R$ 2.135,64.
Some-se ao salário miserável as más
condições de trabalho, escolas mal equipadas, falta de segurança e descaso em
geral. Não é por acaso mais de 3 mil professores pedem exoneração da rede
pública paulista todos os anos.
Não podemos nos enganar: cerca de
99,5% da rede pública de educação básica é gerida por estados e municípios,
ficando o governo federal com 0,5%. Diante da população tem-se a percepção é de
que a responsabilidade é do Ministério da Educação. Consequentemente,
governadores e prefeitos sofrem pouca pressão da opinião pública.
Falar de educação no Brasil é ter
que carregar nas tintas, e muito!
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração