sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Educação à distância

       Em nossas cacholas, investir mais na educação é o único caminho para superar problemas históricos, combater a desigualdade, distribuir renda, gerar conhecimento e vencer a pobreza. Considero incauto e equivocado quem ouse pensar o contrário.
            Julgo ainda “enfadonho e verboso” quem imagina que chancelar cursos de Educação à Distância (EAD) venha resolver as mazelas de nossa educação ou que venha garantir o exercício pleno da profissão escolhida. Na verdade, essa foi a fórmula descabida encontrada pelo governo para diplomar pobres e atender às exigências de metas educacionais impostas pelos organismos internacionais como o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio.
            Tem cabimento isso? Não tem. Dilma que abra o olho e aja enquanto é tempo. Abrir cursos no Brasil com essa modalidade, hoje, é mamão com açúcar. Constata-se aí um originalíssimo amálgama de interesse político, econômico e financeiro. A rapidez com que tais cursos proliferam no país leva a crer que atualmente já ultrapassa a casa de um milhão de estudantes matriculados em diversas graduações.
            O dirigente da ADUSP            - Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo, professor César Augusto Minto, com argumentos sensatos, sapeca: “Esses cursos têm forte teor mercadológico. Por isso, não se preocupam com a qualidade de ensino. As empresas tinham esgotado a capacidade de ampliar seus lucros e resolveram apostar nesse filão”.
            Nessa balbúrdia, vejo, é com grande pesar, uma espécie de epílogo melancólico da educação, mas bem brasileiro. E não venham com essa retórica otimista “Yes, we can” (sim, nós podemos) do presidente Obama, o problema está além disso.
            Os alusivos cursos são praticamente todos “on line”. E o aprendizado é mediado basicamente pelo computador. Não há um espaço físico onde o estudante possa ir estudar, diariamente. Os estudantes não têm como verbalizar suas dúvidas ao professor, nem mesmo intervir durante a explanação do docente. Às vezes feitas por e-mail não há tempo hábil para atender à demanda de questionamento na hora.
            Diante dessa situação desconectada do mundo real, cheio de boas intenções não basta. E os nossos Congressistas, o que têm feito em relação a esse tema? Nada! Há aspectos anedóticos e bizarros de que, quando um deputado ou senador tem uma idéia, o Brasil piora. Logo, será uma dispersão de energia sem chance de produzir algo melhor, se não houver isenção e equilíbrio, o que é difícil!
            Por falar nisso, um dileto colega, professor, conservador até no sentido nobre da palavra, diz que tal modalidade de ensino degringola na ineficiência, ignorância e incompetência que marcam a contracultura.

                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                          Advogado e Administrador de empresas


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Aposentadoria mais cedo

       Não vejo nada de decisões políticas que venham beneficiar a sofrida classe dos aposentados. Só palavrório, discursos vazios, promessas que não se cumpriram, enganações e mais enganações.
            Devido à determinação do governo de desvincular a política de correção das aposentadorias e do piso salarial, logo, logo, os aposentados poderão estar recebendo, em poucos anos, apenas o valor do mínimo, mesmo os que se apresentaram com valores maiores.
            Dias desses encontrei com um velho amigo, conhecido por prosear onde quer que esteja, depois daquela afabilidade de praxe, chego junto e lhe falo: E aí, grande guerreiro, já se aposentou?
            Longe de sua costumeira risadagem desconcertante, e enfunando o peito, entrou com unhas e dentes sobre esse malogrado benefício: “Aposentadoria uma ova! Como posso me aposentar com esse salário de miséria”. E arrematou: “É um absurdo. É melhor estar na ativa do que entrar para Academia dos Aposentados Lisos”.
            Poderia ficar aqui a desfiar um rosário de histórias/exemplos. Mas, o que é pior, segundo estudos levantados pelos fundos de pensão americanos, as pessoas morrem mais cedo se se aposentam mais tarde porque acabam não aproveitando enquanto as coisas funcionam. Principalmente as cabeças!
            Vamos por pedaços, como diria um matutinho lá dos arredores da cidade de Padre Rolim (Cajazeiras), para os aposentados com idade de 50 anos, sua expectativa de vida média é de 86, e que para os aposentados com a idade de 65 anos, sua média passa apenas para 66,8. Uma conclusão importante desse estudo é que a cada ano se trabalha para além dos 55 anos, perde-se 2 anos de vida útil, em média.
            Verifica-se, por outro lado, as pessoas que tomam aposentadoria precoce na idade de 55 anos tendem a viver muito e bem em seus anos 80 e além. Têm ainda o luxo de escolher os tipos de trabalho de tempo parcial e o fazem num ritmo mais prazeroso, para que não fique muito estressado.
            Fica claro quem se aposentam muito tarde são em pequeno número e tendem a morrer rapidamente após a aposentadoria. Por isso que a maioria dos japoneses se aposenta com a idade de 60 anos ou menos e isto pode ser um dos fatores que contribuem para o longo período médio de vida do povo idoso nipônico.
            Vale uma observação final assustadora: Não esqueça. Trabalhando muito duro na panela de pressão por mais 10 anos além da idade de 55 anos, você desistirá de pelo menos 20 anos de sua vida útil, em média. Então, não podemos bobear.

                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                  lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                  Advogado e Administrador de Empresas
           

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A corrupção no Brasil

            Muito tem se falado, analisado, questionado e cobrado providências contra a corrupção no Brasil. Em simples e diretas palavras, sem uso do “filosofês” e, principalmente, do “politiquês”, ouso afirmar que o Brasil encontra-se “esquizofrenizado” pela corrupção.
            A realidade é que nosso país precisa dar um safanão na corrupção para deixar de ser bobão e tomar vergonha na cara. Está passando da hora, estamos perdidos, para não dizer outra coisa. Nada disso é novo, mas é cada vez mais escabroso. Desculpem-me por estar sendo demasiado severo em minhas palavras. Não consigo. Deve ser um problema genético. Algo a ver com minhas dificuldades de lidar com essa vergonha nacional, e com a defesa da ética que é falsa, oca, vazia.
            Assim, parece-me induvidoso que, nessa cruzada contra corrupção, a gente está perdendo a parada. Protestos como colocar lenços brancos nas janelas, saltar pombos pela paz e gritos “basta de corrupção” apenas levam os corruptos a darem risada e se lixarem para esse tipo de manifestação. Só sei que nesse filme de “mocinho e bandido” os bandidos ganham no fim.
            Vocês pensam que eu tô ironizando? Tô falando sério! Está ficando insuportável ver, diariamente, nos noticiários, os desmandos e a falta de brio de algumas autoridades com a maneira de tratar o dinheiro público. Alguma coisa tem que ser feita. Nesse cenário,é quase inacreditável (mas apenas quase) poder ainda constatar a coragem e a bravura da ministra Eliane Calmon!
            Ainda nesse momento histórico desconfortável, a corrupção, a cada ano, rouba dos cofres públicos brasileiros a exorbitante quantia de 85 bilhões de reais. Valor esse suficiente para resolver os principais problemas do país e acelerar seu desenvolvimento. Pois, qualquer marmanjo com conhecimento mediano sabe, hoje, que as principais causas da corrupção devem-se às instituições frágeis, hipertrofia do Estado, burocracia e impunidade.
            Ademais, temos um modelo de estado generoso, condescendente e que faz vista grossa aos pecadilhos de seus altos funcionários em detrimento do mérito e da eficiência. Por outro lado, sob a égide do neoliberalismo, verifica-se que a corrupção é endêmica ao capitalismo, um não vive sem o outro.
            As pessoas me falam: Qual a solução, então? E a resposta a essas condutas desviantes, Odilo Sheres – observador preciso do cotidiano contemporâneo – foi muito feliz em afirmar que, “quando não somos capazes de reagir e nos indignar diante da corrupção, é porque nosso senso ético também ficou corrompido”.
            Enfim, será que ainda é possível piorar?

         
                                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                         Advogado e Administrador de Empresas
         

domingo, 6 de novembro de 2011

Atitudes vencedoras

       Independente do grau de instrução do profissional, ou qualquer outro que traga poderes insights vindos de ensinamentos da sabedoria milenar, ou conselho de gurus de renome no mercado, nada, nada mesmo, será importante se não houver comprometimento total junto à sua empresa contratante.
            Eu não acho, tenho certeza, quem persiste não desiste, segue em frente mesmo diante das adversidades. Considero mais exato dizer que a persistência é essencial na conquista de grandes realizações. Muitas pessoas têm iniciativa dez, porém persistência zero. Elas jamais saem do lugar. As maiores dificuldades e os maiores obstáculos cedem diante da persistência. Lembre-se que água perfura a rocha não por causa de sua força, mas de sua “persistência”.
            Basta um olhar mais aguçado para perceber que as empresas não querem compromisso, querem comprometimento! Não custa lembrar que comprometimento é um estado de espírito, é a soma da dedicação e excelência com os quais você vivencia seus compromissos. Sem agarrar a rótulos, sempre tendo um foco a seguir, traçando metas, viver por elas. Ou morrer tentando.
            Para ilustrar tais argumentos, aqui vai uma historinha exemplar. Um gerente de vendas recebeu o seguinte fax de um dos seus novos vendedores: “Seo Gomis, o criente de Belzonte pidiu mais cuatrucenta pessa. Faz favor tomá as providenssa. Abrasso, Nirso”(sic).
            Aproximadamente uma hora depois, recebeu outro: “Seo Gomis, os relatório di venda vai xegá atrazado proque to fexando umas vendas. Temo que manda treis mil pessa. Amanhã to xegando. Abrasso, Nirso”(sic).
            E assim foi o mês inteiro, pedidos e mais pedidos. O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa, levou ao presidente as mensagens que recebeu do referido vendedor. Este, por sua vez, escutou atentamente o gerente e disse: “Deixa comigo, que eu tomarei as providências necessárias”.
            E tomou. Redigiu de próprio punho um aviso e o afixou no mural da empresa, juntamente com as mensagens de fax do vendedor: “Os PHD do cetor de marquetingue da impreza ki num mostrá cirviçu tão dimitido çumariamenti, incrusivi o Gomis. Motivu: Diproma dimais, cumpetença dimenus! A parti de oje nois tudo vamu fazê feito o Nirso, Si priocupá menos em inscrevê serto, MOD VENDÊ MAIZ. Acinado, o Prezidenti” (sic).
            Como vês, caro leitor, têm que remover muitos entulhos de conteúdo equivocadíssimo de pensamento burro, preconceituoso e pobre. Atitudes vencedoras, como do vendedor “Nirso”, vêm demonstrar como transformar dificuldades em oportunidade na conquista de resultados.


                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                          Advogado e Administrador de Empresar

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Planos de saúde especial para executivos

       Partindo do princípio que tudo na vida tem prazo de validade, e para não abreviar esse prazo para os altos executivos, comumente estressados, grandes empresas além de lhes oferecerem gordos salários, proporcionam planos de saúde de excelente padrão, que têm até “personal doctor”. É a nova estratégia das organizações de reter esses profissionais.
            É verdade! Os mimos não ficam por aí, têm-se médicos à disposição 24 horas por dia (que orientam a pessoa por telefone ou vão até a casa dela) e enfermeiras obstetras que acompanham a gravidez e o pós-parto das executivas ou das mulheres dos executivos.
            Agora uma constatação: para especialistas da área de recursos humanos, mais do que ótimos salários, um bom plano de saúde se tornou o fiel da balança na hora de decidir o rumo da carreira. Pois cada vez mais as pessoas se preocupam com qualidade de vida. Ter um benévolo plano de saúde passou a ser prioridade.
            No mundo corporativo cada vez mais os executivos se queixam da sobrecarga de trabalho e da falta de tempo para atividade física. Chegou a hora de tirar o pé do acelerador e pensar mais na saúde, e, em hipótese alguma, tente chegar sempre em primeiro. Chegar junto é melhor (e com saúde!), até porque, o universo não distribui medalhas nem troféus.
            Ocorre-me neste momento observar que o mercado de planos de saúde no Brasil atende 45 milhões de usuários. Apesar de esse setor ter registrado um crescimento de 5,3% maior do que o aumento da população e da própria economia brasileira, conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Mesmo assim, tem amargado uma saraivada de críticas por parte do utente como, por exemplo, valor cobrado pelo benefício, o atendimento ruim e as poucas opções de médicos, sem falar da péssima estrutura hospitalar e as irregularidades cometidas por tais planos (saúde). A mim, me ofende como cidadão e me envergonha como brasileiro. É uma forma (patética, diga-se) de dizer: cadê as nossas autoridades, por favor!
            Perguntaram ao Dalai Lama... “O que mais te surpreende na humanidade?” e ele respondeu: “Os homens, porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer, e morrem como se nunca tivesse vivido”.
            À luz dessa compreensão, seria sinal de miopia, ou quiçá por culpa de olhos mal treinados, as empresas não se aperceberem que o convênio médico é um dos fatores decisivos para o funcionário trocar de emprego ou se manter nele. Pensem nisso!


                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                     lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                     Advogado e Administrador de Empresas

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Solução de problemas

       Problema todo mundo tem. A questão é como fazer com os problemas? Ocorre que muita gente perde um tempão remoendo pequenos problemas, o que leva, muitas vezes, não enxergar um grande problema.
Não se iluda: a cada dia, mais e mais problemas batem à nossa porta. Acho que a vida é assim mesmo, problemas puxando problemas. É bom entender que um problema é uma grande oportunidade de crescer, tanto pessoal quanto profissionalmente.
E digo mais: tem sucesso quem sabe trabalhar para resolver os problemas dos outros, sejam eles seus clientes, seus superiores ou seus colaboradores. É o caso dos criadores do Google ao decidirem resolver um problema para toda a humanidade e veja o que aconteceu? A preço de hoje, a marca Google vale cerca de 111 bilhões de dólares, segundo relatório Brnadz Top1000 de 2011.
Oportuno lembrar que as invenções da humanidade são resultados de profissionais na busca incessante de equacionar os problemas das pessoas. Quer ver um exemplo? O jornalista húngaro Lászio Biró, certamente incomodado e cansado de ver tantas pessoas sofrendo com os transtornos das canetas-tinteiro, decidiu resolver essa dificuldade colocando uma esfera minúscula na ponta de uma caneta e um tubinho com tinta para que ela carregasse a própria carga. A solução foi barata, competente e genial!
Fico maluco quando vejo alguém partindo para “terceirização” da solução de um problema, com surrados argumentos pueris, soltando a clássica máxima: não me traga problemas, me traga soluções! Como dizia um notável professor do meu curso de mestrado: crescer significa estar à frente da solução de problemas. Estava certo. O resto é choro de viúva e não adianta filosofar com opiniões sem ir ao cerne da questão.
Paciência! Nada, nada mesmo, justifica nossos gestores não terem ainda atinado à reflexão: será que poderia haver sucesso ou êxito se não existissem problemas ou obstáculos a serem resolvidos? Será que o sucesso e o êxito não são exatamente o resultado de se vencer o que todos consideram dificuldades? Por isso existe um pecado que Deus não perdoa: aquele que você, por incompetência, não cometeu.
Recentemente, acabei de ler o livro “Problemas? Oba!”, do conhecido escritor e palestrante Roberto Shinyashiki, de talento ofuscante, onde diz que soluções paliativas não vão resolver problemas, é como colocar um “band aid” na ferida, que vai continuar sangrando.
Desse modo, para evitar entrar na escada rolante que vai para o piso inferior da vida, pense bem: sucesso é gostar de superar dificuldades.


                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                    Advogado e Administrador de Empresas

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Lei Zé da Silva

       Como é sabido, a Lei Maria da Penha (Lei nº. 11.340) que veio para coibir, de forma efetiva, a violência contra a mulher, tem dado resultado. Não obstante, a referida norma tem causado polêmica, pois alguns juristas entendem como constitucional enquanto outros defendem sua inconstitucionalidade, devido à discriminação em relação ao sexo.
            Não quero aqui manifestar-me, sob retórica didática ou protocolar, mas dizer apenas que o princípio da analogia e isonomia é o que deve prevalecer. Você, leitor, pode estar se perguntando: “Será que ocorre situação em que a mulher bate mesmo no homem?”.
            Dias atrás, na minha caminhada matinal, tomei um susto danado ao presenciar um flagrante de bordoadas correndo solto no meio da rua, próximo ao Hotel Tambaú.  O curioso quem estava apanhando era um homem, que levou um soco certeiro bem no meio da testa, não foi de nenhum arruaceiro, mas de sua própria companheira.
            Aproximando-me desse cenário de nitroglicerina pura, ao mesmo tempo hilariante, pude observar que se tratava de um casal que vive perambulando pela praia “numa boa” - ora mendigando, ora bebendo - igual a tantos outros bebuns, pinguços, paus-d’água e cachaceiros que já fixaram “residência e domicílio” no logradouro do Mercado de Peixe de Tambaú.
            Veja só! O indivíduo que estava apanhando vergonhosamente tinha cara de bobo, cabelo rastafari, os olhos de peixe morto, a conversa típica de um retardado; as pernas bambas ameaçavam ruir com o peso do próprio corpo. A mulher brigona, não era muito diferente, de palidez cadavérica, musculatura flácida, viscosa e com aparência gosmenta, andar trôpego e vacilante. Comecei, então, a rir sozinho ante dessa fauna etílica familiar de violência.
            Com a voz embargada de cachaça, repetindo as mesmas lengalengas fastidiosas:
            - Ficou maluca, Janaina? Por amor de Deus, não faça isso comigo! Nunca bati em mulher. Precisamos conversar...
            Com desdém e sem lhe dar um minuto sequer de trégua, retorquia enfurecida:
            - Arrá! Conversa o quê seu “filho-da-mãe”. Você merece é cacete.
            Li, certa vez, um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) onde aponta que as mulheres são mais agentes de caso de violência doméstica do que vítimas. Pelos dados, 5,7% das entrevistadas admitiram ter agredido o parceiro pelo menos uma vez nos últimos 12 meses; a ação partiu dos homens em 3,9% dos casos de violência.
            E pois? Sugiro: diante desse quadro grave, patético e estranhamente inconceptível, que tal emplacar agora a “Lei Zé da Silva”.

                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                            lincoln.consultoria@hotmail.com
                                             Advogado e Administrador de Empresas

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Basílica da Sagrada Família

            Escrevo este artigo ainda sob o impacto (no bom sentido) que me causou a viagem à Barcelona. Em especial a visita que fiz a basílica da Sagrada Família. Projeto do famoso catalão Antoni Gaudí, religioso e arquiteto. Costumava dizer “meu cliente não tem pressa”, referia-se a Deus, explicando porque a construção desse templo cristão estava demorando tanto para ficar pronta.
            Passando os olhos na sua biografia, verifica-se que Gaudí, aos 26 anos, já era um baita, imenso, tremendo artista. Brilhante, minucioso ao extremo, naturalista e historicamente incomparável. Percebia como ninguém que o mundo natural está repleto de formas curvas, não de linhas retas. Assim, concebeu seus edifícios de uma premissa simples: se a natureza é obra de Deus, e se as formas derivam da natureza, então a melhor maneira de venerar a Deus é projetar edificações que sejam um reflexo da obra divina.
            Em Barcelona, sua terra natal, a sua arquitetura assume foro cultural, num ambiente essencialmente funcionalista de uma cidade de desenvolvimento industrial.  Deixa-nos como legado, além da basílica da Sagrada Família, outros monumentos importantes, a exemplo do Parque Güell, Palácio Güell, Casa Milà, Casa Vicens, Portão Fina Güell, Casa Batlló, Cripta da Colônia Güell...
            A obra da Sagrada Família, chega a desafiar o impossível. É indiscutível e sem limites. Parece ilógico. Parece ficção de pedigree de Steven Spielberg. Um detalhe que me chamou a atenção foi que os guias turísticos falam dele como uma verdadeira entidade.
            Fiquei ali com os olhos fechados e de joelhos, por reverência ao mestre Gaudí. Foi quando um homem, com sotaque carregado no espanhol, que estava ao meu lado, puxando conversa, perguntou-me se eu tinha visto coisa igual, sublime, próxima da divindade.
            Nesse cenário, misturando sentimento de euforia, empolgação e surpresa, um rapaz brasileiro (quem diria!) sussurrava ao outro: “Cara! Ele é muito genial!”. Tal qual, perplexo e encantado, exclamei: Nossa! Para mim é a maior epopeia artista da história da humanidade.
            Gosto de falar aos amigos: em nossa idade, depois de meu século, a emoção já percorreu estradas, dobrou esquinas e topou encruzilhadas. Ainda continuo me emocionando diante de uma mente iluminada como de Gaudí. Vê sua obra é como uma lufada de oxigênio diretamente no cérebro.
            Percebi, enfim, que ali tudo é encantador e profundo, e que incentivam as pessoas a pensar grande, a pensar alto, mostrando-nos como transformar os sonhos em realidade. É só visitar para conferir!

                                                 LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                 Advogado e Administrador de Empresas
                               

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O fim do juridiquês

            Ora, ora... escrever é a arte de cortar palavras, já dizia Carlos Drummond de Andrade. Lamentavelmente, essa máxima não é respeitada pela maioria dos operadores do Direito (advogados, juízes, promotores, procuradores, consultores jurídicos, entre outros). O que se vê, numa busca rápida pelos sites dos tribunais, a banalização de uma série de textos rebuscados, com citação de termos em latim e inglês, prolixos e redundantes.
            Mesmo aquele advogado, que vem exercendo a profissão há um bom tempo,  afirma ter dificuldade em entender alguns textos, principalmente os que têm expressão em latim, pelo fato de não ter cursado na faculdade alguma disciplina curricular que a fizesse referência.
            Pois me parece que esse artifício textual verborrágico de termos ininteligíveis é coisa secundária. É preciso, sim, conhecimento jurídico e uma boa leitura como principal instrumento para quem queira ter facilidade de escrever. A falta de gosto, o afobamento, a distância da leitura prazerosa, a escassez de vocabulário, tudo isso contribui para que se torne difícil e penosa a arte de escrever.
            De qualquer sorte, apesar de todo charme que possa parecer, há uma tendência em simplificar e tornar os textos jurídicos mais claros. Notadamente em juizados especiais onde predomina uma linguagem mais concisa. O que possibilita, para os juízes, decisão mais ágil e fácil.
            Estamos, na verdade, na época da técnica. A literatura (conjunto de escritos e conhecimentos) vai ficando um pouco de lado. É apenas o perfume da cultura – dizem uns. Mas a técnica engatinha apoiada nas letras. Não pode haver civilização em um povo que despreza a sua própria língua. Ninguém nasce falando-a, nem tampouco a escrevendo. Tudo é reflexo da boa leitura. Esse processo é nossa riqueza, é nossa “praia” e deveria ser celebrada.
            Confesso, entretanto, quando penso em todos os mestres que tive, vejo que só tenho gratidão para com aqueles que se deram ao trabalho de me ensinar o que achavam que eu deveria saber: quanto mais você estuda, quanto mais você ler, mais vai parecer que os outros estão ficando para trás. A bem dizer, é a realidade nua e crua, sem palavrórios, sem embromações.
            Finalmente! Pelo que andei pesquisando por aí, treinar os seus profissionais foi a saída encontrada por muitos escritórios para evitar o uso do juridiquês. Além de facilitar o julgamento, os próprios clientes (cada vez mais exigentes e com mais alternativa de bons profissionais no mercado) fizeram os advogados mudarem a postura e escrever de forma objetiva e fácil de entender.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA
lincoln.consultoria@hotmail.com
Advogado e Administrador de Empresas

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Como seduzir clientes

            Desde os bancos acadêmicos, sempre me senti inebriado com o estudo do Marketing, por meio do qual o mundo corporativo obtém o que necessita e deseja mediante a criação, a oferta e intercâmbio de produtos e serviços. Ou melhor: por meio do qual se vende esperança.
            Foi utilizando essa ferramenta que a garota de programa, Vanessa Oliveira, conseguiu ter sucesso na sua “profissão”: inventando, experimentando, crescendo, correndo riscos, quebrando regras, equivocando-se, divertindo-se... e ganhando muito dinheiro.
            É bom registrar que ela nunca leu nenhum livro dos famosos papas do Marketing ou dos gurus do “monagement” moderno. Entretanto, achava-se (e era) uma marqueteira de primeira linha. Soube como ninguém a forma certa de conquistar e fidelizar seus clientes, competir no processo de segmentação de mercado, promoção..., como bem relata no seu livro “Seduzir clientes”, comentado pelo publicitário Reinaldo Bim Toigo.
            Marca se constrói. Assim como a Vanessa criou a Marisa, que poderia ter tido uma razão social “Marisa S/A”, criou submarcas (adotando vários nomes), ampliou sua linha de produtos, inibiu a concorrência, abriu novas frentes de negócios, ousou. Porque não dizer: uma tremenda empreendedora.
            É fato notório que aqui em João Pessoa, ou em qualquer outro lugar, está cheio de garotas de programa. O resultado disso é a hipercompetição. E para sobreviver a tal concorrência só tem uma saída: Saber competir bem! E isso vale tanto para as referidas garotas como para os empresários.
            Sem meias palavras, confessa: que a base principal do seu trabalho era descobrir o que o cliente queria. E ela praticava essa regra como poucas, olho no olho, campo aberto para conversa, sem barreiras. Tinha ainda a convicção de que era mais barato manter clientes do que conquistar novos. Por isso não media esforços para oferecer (impecavelmente!) aos clientes: comodidade, atenção, conforto e outras cositas  mais.
            A empresa TAM cresceu através do comandante Rolim, inovando a maneira de como atender os seus clientes, seja distribuindo as famosas balinhas, fazendo sorteios de brindes ou esperando com um tapete vermelho, dando bom-dia e desejando boa viagem a todos os seus passageiros. Imagino que por esse tirocínio espelhava-se a Vanessa, que trazia sempre algo de novo para agradar a clientela.
            Portanto, com uma linguagem simples, direta e clara e, notadamente, pelo seu ineditismo, num paralelo sem precedentes, a pertinente obra traz o encontro do Marketing com uma surreal garota de programa.  Quem não leu, leia. Interessante!


LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas

A Paraíba tem pressa

A política, como já dizia Max Weber, é diferente da religião: o objetivo do santo é ir para o paraíso, e do político é obter resultados positivos. Coisa que, lamentavelmente, isso não vem acontecendo a um bom tempo em nossa Paraíba, onde predominam as tradicionais regras da esperteza, do compadrio, da má utilização de verbas públicas e das brigas paroquiais.
            Dá-me um misto de pena e vergonha: enquanto o Brasil caminha com a rapidez de uma lebre para ser a quarta maior economia do mundo, vemos aqui a Paraíba com a morosidade de um cágado para se tornar um estado moderno e republicano.
            Ora, como dizemos nós, interioranos, ficou com “cara de tacho” após ler num dos jornais pernambucanos (satirizando) que o governo da Paraíba mostrou-se feliz com o projeto de instalação da fábrica da FIAT, em Goiana. Pois é, ainda morro infartado lendo esse tipo de absurdo!
            Não dá. À medida que a Paraíba está vibrando com esse anúncio despropositado, o vizinho Estado de Pernambuco divulga que, em 2010, o seu PIB foi de R$ 87 bilhões – expansão de 15,78% num só ano. Com tantos investimentos, virou a locomotiva do nordeste.
            Talvez você, leitor, esteja se perguntando: “Mas então não dá pra fazer nada? Temos que nos conformar com o que está aí?” Claro que não. É preciso mudar o padrão de comportamento dos políticos paraibanos de forma positiva. E nós, eleitores, acabarmos com o comportamento de benevolência e de condescendência na escolha de nossos representantes.
            Lembre-se: o futuro é resultado, o futuro é a colheita do que você plantou e está plantando. E esse futuro dinâmico se traduz em competência, planejamento, determinação, espírito de equipe e probidade. Por outro lado, trata-se, desculpe-me, de pura imbecilidade, mau-caratismo ou desinformação achar que um gestor (público ou privado) sem tais qualidades tenha condições de superar os desafios organizacionais a que se submete.
            Pela ausência total de pensamento crítico e por um sentimento irremediável de vergonha alheia, dois em dois anos, estão lá (aqueles useiros e vezeiros dessa profissão) para se elegerem e se enriquecerem, sobre obra e graça do país do superfaturamento, do conchavo e do aditamento. O que leva a cobiçada atividade política se transformar um estorvo para a população e, ao invés de empolgar, causa náusea ao povão.
            Bem, para encurtar a conversa, a Paraíba tem que sair dessa situação desarrazoada, tem que pensar grande, não ficar a reboquem de quem quer que seja. Precisamos acreditar, ter um sonho e trabalhar por ele. Não tergiversar ao discurso desvairado de quem diz: “Viu? Nós tínhamos razão. Por isso deu tudo errado”.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A nostalgia do circo

            A importância do circo na cultura brasileira está longe de ser daquele tempo de outrora. Sou da época, lá na cidade de Padre Rolim (Cajazeiras), que a chegada do circo era motivo de festa e de grande frenesi entre a meninada.
            O recado verbal de “Senhoras e senhores, respeitável público: O Circo chegou!” está cada vez mais difícil de ouvir. E quando estranhamente se ouve, faço como muitos outros aficionados dessa arte circense, corre às pressas para assistir o maior espetáculo tradicional da terra. Assim aconteceu, quando entusiasmado que fui, juntamente com minha consorte, prestigiar a temporada do grande Circo Tihany, em passagem pela nossa capital.
            Pensando bem, apesar de todo modernismo e de confortável ambiente, confesso que não me surpreendi tanto assim com as suas atrações artísticas. Acredito pelo fato de já conhecer bem a nova modalidade de circo que atualmente exibe o Cirque Du Soleil e o Circo Imperial da China. Um tipo de espetáculo totalmente performático e glamoroso.
            De qualquer sorte, uma coisa que sempre me tocou, nessa reminiscência nostálgica do circo, era o retumbante lampejo de magia, de criatividade, de alegria e de improviso, exercida por aqueles profissionais de “espasmo talento”; onde há música (ao vivo) e as variedades artísticas se interagiam com arte e com gente, numa completa harmonia e técnica irrepreensível.
            Vejo, hoje, que lugar de animal é no seu habitat natural ou no zoológico, mas, naquele tempo, encantava-me ver no picadeiro os poodles subindo e descendo escadas. Tigres atravessando arcos em chamas. Elefantes quase sonolentos subindo num banquinho e dançando uma rumba. Cavalos que rodopiavam, rodopiavam e não ficavam tontos. E macacos “bicicletando” com saiotes de tule. Decerto, não existia espetáculo sem animais.
            Refrescando ainda a memória, na inocência dos meus parcos anos, as peripécias do palhaço faziam à diferença ao espetáculo - tinham fascínio maior.  Se o circo não tivesse uma trupe de bons palhaços, estava irremediavelmente fadado ao fracasso de bilheteria. Mesmo sendo previsível o palavrório, gostava à beça o bordão ingênuo: “Hoje tem marmelada? Tem sim, senhor! Hoje tem goiaba? Tem sim, senhor! E o palhaço, o que é? É ladrão de mulher!”.
            De todas as companhias, o Circo Garcia é a que me trás as melhores recordações artísticas. Lamentavelmente, depois de 75 anos de atividades no Brasil, teve que a arriar a lona (em definitivo) decorrente de suas crises financeiras sucessivas.
            Vale uma observação final: ao avistar, às vezes, os pequenos circos pelos bairros da periferia das grandes cidades ou das cidades do interior, meus olhos ficam marejados de saudade e a certeza de que pelo menos um palhaço no picadeiro a mostrar que fazer sorrir ainda é o melhor remédio.


                                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                      Advogado e Administrador de empresas

domingo, 21 de agosto de 2011

O irreverente Noel Rosa

       Para os biógrafos, Noel sempre caminhava pela contramão. Do mau aluno do Ginásio São Bento, avesso a quase tudo o que a educação beneditina pregava (os preconceitos, o moralismo, a noção de pecado, as lições do catolicismo, a fé), ao jovem do bairro de Vila Isabel do Rio de Janeiro que adorava a boemia, e tinha na música popular a razão de sua vida.   Costumava dizer que “a vocação é necessária até para se dar o laço na gravata”. E ele cultuava, sim, essa consciência de vocação (no caso, para música), que a considerava como uma atividade diletante – exercício por idealismo.
Muito já se falou desse fenômeno musical. Nenhum outro artista de seu tempo – contrariando até o conceito nelsonrodrigueseano, segundo o qual “toda unanimidade é burra” – permanece por tanto tempo sendo citado, cantado, ouvido, estudado, discutido, admirado e criticado; apesar de ter gozado a vida terrena até os 26 anos.
Imagine só: Noel era daquele que ao chegar a sua casa, completamente bêbado, com os cabelos desgrenhados e cheiro de perfume feminino, a esposa alfinetava: “Que vergonha! Dê-me um só motivo digno para chegar aqui a essa hora?”. Romanceando a malandragem e o jeitinho brasileiro, respondia: “O café da manhã”.
Além da fama de músico, boêmio e mulherengo, possuía, também, o lado irreverente, zombeteiro, gozador. Como bem conta o músico Henrique Cazes. Vejam. O Noel Rosa deliciava-se varar noites e noites em rodas boêmias no cento do Rio. No comecinho dos anos 1930, conheceu por lá um taxista (ou chofer, como se dizia à época) chamado Malhado, metido ainda a músico.
Depois de muitas viagens com Malhado, tendo que suportar suas lamentações amorosas, Noel resolveu pregar uma peça no chofer. Escreveu uma música para que Malhado pudesse mostrar seus dotes a duas moças, filhas de um coronel de Vila Isabel.
No dia marcado, e depois de algum ensaio, os dois se encontram para a serenata. Noel disse que tocaria violão do outro lado da rua, para dar o destaque que a voz de Malhado merecia. Ao som das primeiras dedilhadas, Malhado soltou a voz, lendo num papel a letra escrita pelo companheiro: “Saí da tua alcova com o prepúcio dolorido/Deixando seu clitóris gotejante/De volúpia emurchecido/Porém, os gonococos da paixão/Aumentou minha tensão...”.
            O coronel, claro, não gostou nada da letra pornográfica dedicada a suas filhas. Surgiu na janela já de arma em punho. Malhado correu em disparada. Depois de algumas quadras, encontrou o Poeta da Vila. Esbaforido e assustadíssimo, exclamou: “Não entendi nada, o coronel saiu atirando”. E Noel sem perder a pose: “Isso é pra você ver o que é a falta de sensibilidade dessa gente...”.         


                                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                       Advogado/Administrador de Empresas

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Como buscar a longevidade

       Sim, é verdade, estamos ficando mais velhos. Para alguns, a passagem do tempo é uma bênção; para outros, uma calamidade. Mas envelhecer é uma realidade à qual nenhum de nós pode escapar.
            A genética determina cerca de 25% do nosso tempo de vida, já o restante (75%) só depende da gente – do ambiente em que vive, de como se cuida e de como encara os acontecimentos. Nota-se que a velhice começa quando se olha para trás em vez de olhar para frente.
            Diz-se por aí que o futuro a Deus pertence. Olha, foge à minha compreensão essa percepção. Então, ter interesse em viver, não parar de fazer planos, continuar cultivando amigos e poder usufruir do mundo e de suas evoluções é primordial para atingir a longevidade. Por temer as consequências dessas ações, nos impedem às vezes de seguir adiante.
            Como disse um arguto observador: não tema deixar para trás as coisas que já morreram. Elas são como uma bagagem que não é mais necessária. Somente nossa experiência de vida e nosso desejo de criar uma existência cheia de significado são tesouros leves para carregar.
            Quanto mais leio, convenço-me que viver de arrependimentos do passado ou orgulhar-se permanentemente do que já aconteceu não funciona, leva a decadência. O Passado deve ficar no passado. Tenha sempre os olhos no futuro. A referência é sempre a montanha seguinte. Os alpinistas dizem que a montanha que importa é a próxima; a que já foi escalada não tem mais poder de fascínio.
            O estudo mais recente sobre a longevidade, lançado nos Estados Unidos, mostra que pessoas produtivas, envolvidas e comprometidas com sua atividade, morreram depois. Enquanto os mais relaxados, extremamente otimistas, morreram antes dos prudentes e pessimistas. Por acreditarem que nada de ruim lhes aconteceria, cuidaram menos da saúde e se expuseram mais a acidentes.
            Parece bobagem, mas não dá para ficar “com a boca escancarada e cheia de dentes esperando a morte chegar”, como diria o menestrel roqueiro Raul Seixas. Se alguém perceber que está nesta situação, é hora de sair para o tudo o nada e mostrar que seu coração ainda pulsa.
            E é assim mesmo, porque, afinal, as coisas não nasceram para dar certo, somos nós é que fazemos as coisas acontecerem, ou não. Por isso que Olacyr de Morais, 80 anos, o ex-rei da soja, sempre acompanhado de belas jovens, fala que o segredo de sua longevidade é não ficar sozinho. Mesmo na pior, nunca cogitou se aposentar – nem ficar sem amigas. “Quando o velho convive com o jovem, vê coisas mais novas”, explica. Dá prá sacar?
            Não há escapatória: envelhecer é parte natural da vida, onde se celebra a sabedoria através da experiência adquirida.

                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e Administrador de Empresas
 
           

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O drama da educação

            É só espiar que é linguagem comum de todos os discursos, desde o Brasil colônia, que a melhoria da Educação brasileira continua sendo uma fascinante promessa de políticos em campanha eleitoral. Traduzida em frases grandiloquentes como “a prioridade das prioridades” e “tudo pela sociedade do conhecimento”. Ou da metáfora cínica tipo para “superar o apagão educacional”.
            A chaga do analfabetismo, que deveria aviltar qualquer governante, atinge 14,1 milhões de brasileiros, 9,7 da população com idade superior a 15 anos. O número salta de forma galopante se forem incluídos nessa conta os analfabetos funcionais. Segundo o Relatório UNESCO 2010, no ranking de 128 países, conhecido como Índice de Desenvolvimento de Educação para Todos (IDE), perdemos, nos últimos de anos, 16 posições, ou seja, passamos de 72º. para 88º. Na América do Sul, só não perdemos para a pequena nação de Suriname.
            É um acinte, uma tapa na cara da cidadania brasileira saber que o governo continua gastando bilhões de reais com o pagamento de juros e amortizações da dívida enquanto a verba para a educação é contingenciada. Não sabia? Então, a educação passou a ser vista como mercadoria e o Estado desobrigou-se de cumprir seu papel de ente responsável pela disponibilização desse bem público para o conjunto da sociedade. E os empresários da educação, por sua vez, continuam a não ter o que reclamar.
            A propósito do descaso com a nossa educação, há uma história debochada contada por um velho amigo de bate-papo. O cara termina o segundo grau e não tem vontade de fazer uma faculdade. O pai, revoltado, dá um apertão:
            - Ahh, não quer estudar? Pois bem, vadio dentro de casa eu não mantenho.
            Esse Senhor, que tem muitos amigos, fala com um deles, que é político:
            - Prezado Rodrigues! Meu filho terminou o segundo grau e anda meio à toa, não quer estudar. Será que tu consegues algum emprego pro rapaz?
            Depois de três dias, Rodrigues liga:
            - Zé, já tenho. Assessor de Comissão de Saúde no Congresso, R$ 9.000,00 por mês, prá começar.
            -Tu tá louco! O garoto recém terminou o colégio, não vai querer estudar mais, consegue algo mais baixo, alguma coisa de R$ 700,00 ou R$ 900,00.
            - Isso é impossível Zé! Para essa faixa salarial só se for por concurso para Professor, com título superior, mestrado... É difícil.
            Conclusão: mais grave do que minimizar o problema da educação, seja o descompromisso desavergonhado como se trata a questão na prática.


                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e Administrador de Empresas