sábado, 16 de abril de 2011

Cuidado, doutor!

       Sabedoria, respeito, sinceridade, amor e coragem são virtudes fundamentais para desenvolvermos relações gratificantes com todos à nossa volta. Mas, vamos e venhamos, a maioria de nós não olha para as pessoas, e sim para aparência deles. Como se diz, não vê pessoas, vemos roupas, corpos ou reflexos da nossa atuação.
            Foi justamente aí, e só aí, distanciado de tais valores, que determinado juiz, arvorando-se de sua função judicante, protocolou uma Ação Judicial contra o empregado e o condomínio onde ele residia. Requerendo, como esteio, uma Ação de Obrigação para que o mesmo fosse doravante tratado formalmente, pelo demandado, como “doutor”, sob pena de multa diária a ser fixado judicialmente, bem como requereu a condenação dos réus em dano moral não inferior a 100 salários mínimos.
            Com discernimento jurídico e lucidez plena de contemporaneidade, o juiz, ora julgador, assim sentenciou: “Não deseja o ilustre Juiz tola bajulice, nem esta ação pode ter conotação e incompreensível futilidade. O cerne do inconformismo é de cunho eminentemente subjetivo, e ninguém, a não ser o próprio autor, sente tal dor, e este sentenciante bem compreende o que tanto incomoda o probo requerente”.
            Conclui: “Ao Judiciário não compete decidir sobre a relação de educação, etiqueta, cortesia ou coisas do gênero, a ser estabelecida entre o empregado do condomínio e o condômino, posto que isso seja tema interna corpóreo daquela própria comunidade. Portanto, julgo improcedente o pedido inicial”.
            Puxa! Que lástima! Não se admire, pois sei que há uma ruma de “doutores” se queixando da falta desse tratamento pessoal. Fazendo até malabarismo para justificar sua posição. É cegueira crer, com isso, a vida se torna melhor, seja mais talentoso que os outros.
            Desde cedo, utilizo a seguinte tática: querendo ou não, se o meu ego está em ebulição, procuro logo tampá-lo para não respingar nos outros. Ademais, detesto bajulação, típica àquela dispensada por Zeca Diabo a Odorico, no seriado “O Bem-Amado”: - Seu dotô-coroné Prefeito!
            Voltando a querela judicial. De toda essa besteirada, o que me deixa mais cabreiro foi a falta de autocrítica do demandante, a falta de certos conceitos que nada acrescenta à sua vida. Exceto a vaidade e o marketing pessoal.
            Sem a mínima pretensão de parecer professoral - quem sou eu - aprendi que a verdadeira humildade surge quando percebemos que tudo que enche, mais tarde se esvazia, e tudo o que sobe, uma hora irá descer. O exercício desta atitude (modesta) esconde a real grandeza de uma pessoa.

                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                               Advogado e Administrador de Empresas

terça-feira, 12 de abril de 2011

O inglês ainda é o rei

            Pensando no futuro, minha filha passou a estudar na Austrália, Griffith University, brevemente concluindo o Mestrado na língua inglesa e já se programando para ingressar no Doutorado, também em inglês. Interessante observar, profissionais jovens como ela, têm objetivos, olhos abrangentes, acreditam neles e estudam bastantes, com paixão e afinco para conquistar os seus sonhos. Confesso: virei seu fã bobão. Tudo bem, tudo bem, coisa de pai coruja.
            Fico reparando... Está exatamente aí o nicho de oportunidade. Independente das incertezas econômicas que envolvem os Estados Unidos e o Reino Unido, o idioma inglês ainda é o rei. Continuará, pois, dominando o mundo. Não adianta comentário adverso, tipo nota de rodapé, completamente inútil, prolixo e repetitivo, que não vai convencer; tampouco os gurus bobos de história universal. Cuja tese é de que, como os impérios, todos os idiomas dominantes tendem a perder posição.
            Afinal de contas, quando alemães negociam com brasileiros ou franceses negociam com angolanos, é provável que o façam em inglês. Conforme avaliação do banco de investimento Godman Sachs, previu que a economia chinesa superará a dos EUA por volta de 2027. Mesmo assim, os chineses não perdem tempo, estão aprendendo inglês, o que eleva a população anglófona do planeta em 20 milhões de pessoas por ano, segundo estimativas.
            Com sua sensatez, independente de matizes ideológicos, e longe dos “achistas” de plantão, Nicholas Ostlen no livro “The last língua franco”, ao acompanhar a ascensão e a queda dos idiomas, pergunta: como justifica a supremacia do inglês? Ora, os Estados Unidos expandiram o alcance do idioma por meio de seu poderio econômico e militar, de suas universidades mundialmente renomadas e de sua posição dominante na tecnologia e no entretenimento popular. Sacou? É preciso dizer mais?
            Um entendimento é certo: caso o inglês venha a ter um sucessor como idioma mundial, milhões de alunos teriam de começar a estudar essa nova língua, de tal maneira como hoje eles aprendem inglês. Ou seja: provavelmente o inglês será a língua franca do planeta pelo menos no período de vida das pessoas que estejam lendo este texto.
            Há tempos venho ruminando sobre o domínio do inglês. Costumo dizer que não existe conhecimento apressado, de afogadilho. Cito, além disso, o grande dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues: “Ser o maio do mundo em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e suficiente responsabilidade”.
            A regra é simples. Em qualquer ocasião que for beneficiado por alguma oportunidade de aprender o inglês, aproveite-se dela e faça-a capitalizar a seu favor. Você só tem a ganhar!


                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                     lincolnconsultoria@hotmail.com
                                                       Advogado e Administrador de Empresas

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Bom exemplo na política


       Até lá na roça costuma-se dizer que a política no Brasil não tem jeito. Que a corrupção é a pior “doença” do país. Que parcela significativa dos políticos já nasce “doente”. Mas, diante dessas idiossincrasias de atitude e memória viva, temos um belo exemplo do deputado José Antonio Reguffe (PDT-DF) que estréia na Câmara Federal cortando gastos e com gabinete enxuto.
            Político de boa cepa, pouco afeito a holofotes, o deputado Reguffe ao tomar posse em fevereiro deste ano, reduziu a cota de atividade parlamentar de R$ 23.030,00 para R$ 4.600,00. Como se não bastasse, diminuiu de 25 para 9 o número de assessores no seu gabinete, baixando a verba  de gabinete de R$ 60.000,00 para 48.000,00. Tem mais: abriu mão do auxílio-moradia, que ele faz jus mesmo morando em Brasília.
            Viu só? Se os demais deputados seguissem seu exemplo, as contas do governo evitariam um gasto de R$ 1,2 bilhão nos próximos quatro anos. Assim, aqueles que torpedeiam os desejos do povo, perguntar-lhes não ofende: porque não copiam o bom do outro, só o mau?
            Eu, tu e nós (nem sempre eles) somos a favor da boa política. Basta que vá lá à estante, pegue o livro e o leia: o que temos de pior na política é arrogância, demagogia, fisiologismo, nepotismo e desrespeito às leis. E outras teses mais rasteiras, pontuadas de excessiva verborrágica gongórica, que a sociedade brasileira deve repudiar implacavelmente.
            No mínimo, no mínimo, o deputado Tiririca não tem nenhum motivo para estar tiririca e está rindo de orelha a orelha desde que pisou no Congresso, confirmado que, ao contrário do que ele dizia, pior do que está poderá (espero que não) ficar ainda pior. Pode? Neste Brasil pode! Sem querer, deixei escapar a palavra exata: -ridículo!
            Como disse um resignado senhor numa entrevista: “é fato que o Brasil rico, gordo e bondoso é para poucos, pouquíssimos brasileiros”. Ou melhor: esse é um país de todos, mas de poucos privilégios. É a velha história: e vai reclamar de quem mentiu, prometeu e não cumpriu, foi corrupto, ficou impune, pensou em mais poder, e não na sua gente.
            Não sei não, mas a democracia brasileira ainda está muito longe de representar a vontade popular, face ao anacronismo puro e nocivo de seus agentes políticos. Aproveitando-se, quase que irremediavelmente, do maior carma da Justiça: a lentidão na apreciação e julgamento de processos. Prática sem paralelo em nenhum outro lugar do mundo.
            Como vês, caro leitor, têm que expurgar o varejo da política, da politicalha. E aplaudir, de pé, o deputado Reguffe que demonstra ser diferente de alguns de seus pares que são certinhos por fora e têm por dentro uma vida errante.
             
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas