quinta-feira, 14 de julho de 2022

Mentes perigosas

           Uma tremenda covardia os estupros cometidos pelo anestesista Giovanni Quintella, em São João de Miriri (RJ). Sedando completamente suas vítimas (pacientes), deixando-as inconscientes, para a prática desse ato criminoso. 

            Num espaço que deveria dar todos os cuidados, o que se vê é uma quebra de confiança, transformando num espaço de violência. Confesso minha fraqueza: não tenho estômago para isso. É o próprio retrato de Sodoma e Gomorra, chegamos ao fim dos tempos.  

            O fim do silêncio de vítimas de estupro representa um avanço no combate à violência contra a mulher, mas é preciso ir além, sobretudo ter punições mais severas contra esse tipo de delito. 

            O silêncio é a maior arma dos agressores para perpetuar essa prática. Quando o silêncio prevalece, protege o estuprador. 

            Ademais, a casa de saúde tem que ter ouvidorias, protocolos de atendimento com profissionais com formação nas questões de violência contra as mulheres. Observando os itens de privacidade e intimidade. 

            Essa história escabrosa do referido médico, me remete ao livro “Mentes Perigosas – O psicopata mora ao lado”, da Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, dona de um estilo próprio - domadora de palavras - de uma verve apurada e de um extremo preciosismo na exposição dos temas que envolve o estudo da psicanálise. 

            Com uma linguagem ferina, de efeito pedagógico, ela revela que os psicopatas são pessoas frias, insensíveis, manipuladoras, perversas, transgressoras de regras sociais impiedosas, imorais, sem consciência e desprovidas de sentimento de compaixão, culpa ou remorso. Ressalta, ainda, que esses “predadores sociais” com aparência humana estão por aí, misturados conosco, incógnitos, infiltrados em todos os setores sociais. São homens, mulheres, de qualquer raça, credo ou nível social. 

Para os desavisados, reconhecê-los não é uma tarefa tão fácil quanto se imagina. Os psicopatas enganam e representam muitíssimo bem! Seus talentos teatrais e seu poder de convencimento são tão impressionantes que chegam a usar as pessoas com a única intenção de atingir seus sórdidos objetivos.  

Tudo isso sem qualquer aviso prévio, em grande estilo, doa a quem doer. Suas vítimas prediletas são as pessoas mais sensíveis, mais puras de alma e de coração. Parece lorota, mas não é. Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas não matam.  

No “tira-teima”, mister se faz registrar e gizar, segundo a autora, que os psicopatas possuem níveis variados de gravidade: leve, moderado e severo. Os primeiros se dedicam a trapacear, aplicar golpes e pequenos roubos, mas provavelmente não “sujarão as mãos de sangue” ou matarão suas vítimas. Já os últimos, botam verdadeiramente a “mão na massa”, com métodos cruéis sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais. Mas não se iluda! Qualquer que seja o grau de gravidade, todos, invariavelmente, deixam marcas de destruição por onde passam, sem piedade. 

Finalizo essa digressão com sentimento que a trupe de psicopatas está aí, vizinha, rondando cada um de nós (a gente nem se dá conta!), e é uma praga que corrói as instituições e devora a esperança dos cidadãos. 

Uma coisa é certa: quando há impunidade, o homem não tem limites. 

 

 

                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA