terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Brincar é o melhor remédio


            Quando criança, “a gente era obrigado a ser feliz” – usando a fraseologia musical do sábio Chico Buarque. Verdade à beça: pois o mundo ao nosso redor nos proporcionava essa necessidade, baseada na magia da inocência e da felicidade.
            Sobre isso, vi nas redes sociais uma foto emblemática de duas crianças tirando uma selfie com uma sandália como se fosse um celular. Destacando-se que a inocência, a pobreza e o sofrimento fazem com que a referida foto seja a melhor selfie do mundo. Simples assim.
            Tive uma infância típica de cidade do interior (Cajazeiras). Jogava bola quase todos os dias, empinava pipa, de virar-se contra a parede no esconde-esconde, de pular corda, de jogar peteca, de iô iô, de bola de gude e entre outras. Diferente dos dias atuais em que as crianças já nascem conectadas, sabem mexer em computador, tablets e smartphones, sem acesso as brincadeiras do passado que proporcionavam, além da alegria e entretenimento, a atividade física para o desenvolvimento motor, equilíbrio, destreza e agilidade da criança.
            Agora vejo a importância dessas brincadeiras na minha infância, quando leio o relatório conclusivo da Academia Americana de Pediatria, referência internacional na sua área, em que orienta formalmente seus profissionais a receitar brincadeiras diárias a todos as crianças. Moral da história: brincar é o melhor remédio.
            As práticas indicadas no citado relatório, ressalvem-se, passam longe dos dispositivos eletrônicos. São as chamadas “brincadeiras livres”, nas quais meninas e meninos se envolvem espontânea e ativamente. Uma vez que o propósito é estimular o desenvolvimento mental e social das crianças.
O grande problema é que as crianças estão brincando cada vez menos. Os aparelhos on-line não estão proibidos, o problema é o exagero. A escassez de brincadeira é ancorada em estatísticas. Pesquisas realizadas nas últimas décadas revelam que o tempo livre das crianças diminuiu 25%. Apenas 50% delas saem para brincar ou passear.
Não é por acaso se diz que nós não paramos de brincar porque envelhecemos, mas envelhecemos porque paramos de brincar.


                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                 Advogado e mestre em Administração

           
           

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

O bom-mocismo


            Outro dia conversava pelo facebook com um velho amigo de labuta, época (1972-1977) em que trabalhamos juntos na CICLO-Cia.Brasileira de Serviços Fiduciários, organização pioneira no Brasil na prestação de serviços do Crédito Direto ao Consumidor, e pela qual me deu régua e compasso para o meu aprendizado profissional.
            Ao surfar nessas reminiscências, o referido amigo lembrou-se de certo instrutor que veio do Rio de Janeiro para a nossa filial de João Pessoa, com a incumbência de nos preparar para a realidade do mundo corporativo: teoria e experiência prática.
            Tal instrutor, de 60 anos, irônico, sardônico e bom-mocismo, ficou gravado na minha memória. Quase enfartei aos 17 anos de idade com as atitudes desse cara. Fugia do assunto e divagava em suas preleções. Virou um clichê intragável.
            Ademais, se envaidecia em nos dizer que era oficial reformado da Marinha. Por isso as suas exigências extremas: tínhamos que estar bem engravatados, barba feita, unhas e dentes extremamente bem cuidados, cabelos cortados como militar, penteado bem fixado e sapatos impecavelmente engraxados. Aos empregados mais graduados, terno de três peças sob medida.
            Foi um baita problemão termos que cortar os cabelos, uma vez que era a marca da nossa juventude. Quem não cumpria essa exigência era automaticamente demitido, levando consigo ainda o estereótipo de playboy. Esquecia ele que essa figura, então rotulada, era também o símbolo da tolerância, da inteligência e da modernidade entre os jovens.
            Em um estalo de sensibilidade, eu tive um palpite: de que tudo não passava de uma baboseira autoritária para nos intimidar. Comportamento aparentemente amalucado e desnecessário.
            De montanha-russa, basta a vida. Jamais, hoje, permitiria esse tipo de prática. Às favas com o bom-mocismo.

                                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                       lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                         Advogado e mestre em Administração
           

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Quem é Olavo de Carvalho


            Doeu-me a alma ver a revista Veja (5/12) - da qual sou leitor assíduo e assinante desde 1985 - estampar em sua capa privilegiada a fotografia de Olavo de Carvalho, identificando-o apenas como ex-astrólogo. Convenhamos, total desrespeito a esse grande intelectual. Ou uma desconexão com a realidade.
            Verdade seja dita, qualquer pessoa sensata e inteligente deveria respeitar o professor Olavo de Carvalho, escritor, jornalista e um dos maiores filósofos brasileiros. Ele ensinou o Bolsonaro a fazer: falar diretamente com o povo, sem intermediários. Isso foi um inseticida eleitoral fulminante para combater os esquerdistas.
            É raro, bem raro, o pensamento de Olavo de Carvalho, corajoso, independente, original e esclarecedor. É irônico, sarcástico, duro com os outros e consigo mesmo. Autor de 27 livros. Com escrito bem provocativo e real, com raciocínio lógico perfeito. E não há melhor antídoto para o provincianismo mental brasileiro do que ler Olavo.
            Diz ter desistido do ensino formal quando uma professora de português pediu que lesse Joaquim Manuel de Macedo e ele se recusou, afirmando estar muito ocupado lendo obras do escritor alemão Johann Wolfgang Von Goethe. Tornou-se um leitor voraz, embora seja um crítico de qualquer método de educação convencional.
            Já li e estou relendo o seu livro “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota” (Editora Record, 10ª ed., 2014), obra essa que está servindo de inspiração ao presidente eleito Bolsonaro para enfrentar os desafios do Brasil atual. Não há tema obscuro que ele não esmiúce: da juventude à maturidade, do fingimento à sinceridade, da economia à cultura, da ciência à religião, da militância à vocação... E mais: de não ser idiota pelas forças políticas, numa agressão mortal à democracia e à liberdade.
            E contra todos mesmerizados, grifei essa passagem do citado livro: “Como você pretende não ser idiota, nem ser feito de idiota, se você pouco ou nada sabe sobre a história e os avanços da canalhice?”. Vale a pena lê-lo.

                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                              lincoln.conultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração

                                    


terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Personagem internacional


            Vi outro dia nas redes sociais uma foto do trem “Lisboa a Cascais” em Portugal, num vagão, dentre as pessoas que estão mudando o mundo lá estava a foto do juiz federal Sergio Moro, ou seja, ele é um personagem de importância internacional. Foto essa que vem sendo exibida ao mundo.
            Puxa vida! É de fato motivo para sentir especial orgulho desse brasileiro, sendo reverenciado internacionalmente pelas suas ações à frente da nossa magistratura. Por outro lado, infelizmente, sinto asco e desprezo, e todas as emoções que fazem chorar sem lágrimas e gritos sem som, quando lhe fazem críticas descabidas, um discurso cheio de deboche, descaso e prazer para alguns poucos otários.
            Ora, poupe-nos de tamanho despautério daquela minoria que viu com maus olhos a escolha do juiz Sergio Mora para o Ministério da Justiça. Acusando o principal nome da Lava Jato de interesse político, como se seu trabalho anterior que levou Lula e a sua trupe à prisão fosse uma espécie de campanha para esse cargo. Ridículo, né?
            Daí me veio a aula: não tenha rancor nem ódio, que não servem para nada, só fazem mal para a própria pessoa. É o que vem à cabeça na hora, quando vejo as críticas desrespeitosas sacadas contra esse grande brasileiro, por muitos tidos como herói.
O próprio judiciário e parte da sociedade têm conferido aos atos de Moro um selo de integridade presumida. Ele foi alçado, por nossa conta e risco, a um patamar acima do bem e do mal. Suas ações e palavras passaram a ser lidas pelo signo da virtude, sobretudo da coragem, da honestidade e do heroísmo.
Como brasileiro que sou, tenho fé e espero, sinceramente, que o futuro ministro da justiça, juntamente com o presidente eleito, faça um bom governo. Que seja edificado na paz e justiça para todos, sem distinção de raça, cor ou identidade sexual.
O Brasil precisa de mãos unidas em busca de melhorias para recolocar o país ao lado das grandes potências mundiais.

                                 LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                  lincoln.consultoria@hotmail.com
                                     Advogado e mestre em Administração




           

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Prática de novos tempos


            Posso estar enganado, mas o governador eleito pelo Estado de Minas Gerais, Romeu Zema, tem dado demonstração de zelo e competência com a coisa pública; prometendo administrar o seu estado com as melhores práticas da iniciativa privada. Diferente do discurso engomadinho, que foge ao razoável e agride o bom senso.
            Realmente, a impressão inicial deixada por esse empresário de sucesso é que o seu governo será pontuado na meritocracia e na boa conduta. Até já firmou compromisso em cartório de só receber o seu salário de governador quando o estado atualizar o pagamento do funcionalismo.
            Para reequilibrar as contas de Minas (déficit anual de 7 bilhões) tem um plano baseado em três pontos. Primeiro é a redução drástica da despesa. Aí incluir reduzir as secretarias de 21 para nove e cortar pelos menos 80% dos cargos de indicação política. Vai acabar com privilégios do governador e secretários de quando tiverem de viajar até Brasília, pegarão um voo de carreira. Acabar com cabide de emprego nas estatais.
            Segundo ponto, atrair empresas e aumentar arrecadação de imposto. Fazer o estado deixar de ser inimigo de quem trabalha. E, por último, negociará a dívida de Minas Grais com a União, em troca de medidas de austeridade, que vão ser adotadas.
            Vasculhando minha memória e constatei que é preciso inovar, principalmente na gestão pública, desfazendo-se de equipes destruídas de respeito, algumas notadamente inconfiáveis e fracassadas. O momento que passa o Estado de Minas Gerais e o Brasil não permite omissão, neutralidade. Não existe certamente um único culpado pelo ambiente poluído de espertezas e de irresponsabilidades generalizadas. O antepetismo não pode servir de biombo para mergulhar o País nas trevas. Chega! Não adianta mais satanizar e demonizar.
            Enfim: Minas e o País precisam de pessoas que façam diferença. Uma espécie de triplo carpado com medalha de ouro.


                                       LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                        lincoln.consultoria@hotmail.com
                                        Advogado e mestre em Administração
               

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Realidade da reforma trabalhista


            Perdoem-me aqueles que continuam não concordando com a Reforma Trabalhista, mas insisto em dizer que seu advento foi um grande avanço para o Brasil. Era inaceitável a situação como estava: de termos mais reclamações trabalhistas do que o mundo inteiro. Anacronismo puro e nocivo aos empreendedores. .
            É fato que os resultados esperados da Reforma Trabalhistas ainda não apareceram, mas não é para menos, pois não existe ambiente suficiente para atrair os investidores. Para onde quer que se olhe, o cenário parece remeter a tragédia que o país já conheceu e da qual está sofrendo para sair.
Infelizmente, fica difícil conquistar investidores enquanto o Brasil permanecer no patamar de país em desenvolvimento, com uma população de 13 milhões de analfabetos, alarmante índice de criminalidade, desenfreada corrupção nos mais altos escalões da administração pública e privada, drogas dominando a juventude, ensino em baixa e por aí vai.
Mesmo assim, não podemos partidarizar esse tema, com viés esquerdopata, um pote até aqui de mágoa, dando abrigo opiniões distorcidas da nossa realidade. A Reforma Trabalhista foi, sim, uma medida acertada. Quem diz, entre tantos outros, é o ex-presidente do TST, o Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho: “Hoje o processo do trabalho é responsável”. Segundo ele, a redução de novos processos foi drástica (em torno de 60%), mas a queda do desemprego, prometida na reforma, já é paulatina.
Revela, o ilustre jurista, que o dano moral era antes algo banalizado, toda a ação trabalhista vinha com pedido de dano moral. Sem falar que, agora, o empregado que litigar e não tiver razão, ele vai ter que pagar o advogado da outra parte. Acabando, assim, aventura judicial, como “vou ver se consigo algum dinheiro mesmo que não tenha razão”.
Vamos em frente! Ainda é cedo para colhermos os frutos da Reforma Trabalhista.

                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                  lincoln.conultoria@hotmail.com
                                                Advogado e mestre em Administração



               




terça-feira, 13 de novembro de 2018

Copacabana


             Quando eu era muito pequeno, me ensinaram a ler e a respeitar os livros. Até mesmo deixar uma xícara de café em cima de um livro era considerado um pecado. O livro era reverenciado como se fosse um texto religioso.
            Até hoje só grato por tais ensinamentos. Esse sentimento é cada vez mais revelador quando li recentemente o livro “Copacabana – A trajetória do samba-canção (1929-1958), do escritor, instrumentista e jornalista Zuza Homem de Mello. Cujo autor dispensa apresentação, sendo um dos maiores conhecedores da MPB.
            Um das características emblemáticas de sua obra é que ele presenciou pessoalmente muito do que consta no referido livro, e isso dá um sabor todo especial a sua escrita. Faz isso sem nenhum traço de falsa modéstia. Para os leitores, é como se um velho amigo estivesse confidenciando algo que testemunhou e vivenciou.
            Em suas confissões e memórias, Zuza consegue a proeza de nos fazer reviver toda uma época (de baladas de amor e dor de cotovelo) do Rio de Janeiro, como se estivéssemos lá com ele, tomando banho e sol na praia mais famosa do mundo, passando no calçadão, indo ao cinema no Rian, assistindo a um show no Casablanca, tomando um uísque no Vogue ou cavando um convite para o Baile dos Cafagestes.
            O livro é simplesmente primoroso, principalmente quando aborda a vida de todos os principais compositores do gênero samba-canção e suas obras, como Ary Barroso, Noel Rosa, Herivelto Martins, Dorival Caymmi, Lupicínio Rodrigues, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Maysa, Aracy de Almeida, Luiz Bonfá e outros.
            Interessante: toda essa produção artística na época foi registrada em discos de 78 rotações e nos primeiros LPs brasileiros de dez polegadas, executado ao vivo nas boates de Copacabana com uma singular cumplicidade da sociedade carioca.
            O citado livro merece louvor. Uma bela obra, condensada e explicativa. Sugiro a leitura para todos os admiradores pela história da boemia no Rio e da música samba-canção.

                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                            lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                     Advogado e mestre em Administração
               
                 

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Epidemia das fake news


             Ainda bem que o processo eleitoral chegou ao fim, pois eu já não mais suportava a circulação de tantas notícias falsas, conhecida por todos como fake news. Como se não bastasse o quadro crítico que vivemos hoje com uma grave crise de valores, amplificada por ideologias e transtornos agudos, pelos quais não sabemos e não conseguimos visualizar onde desaguarão.
            A história mostra que as mentiras, rumores e boatos sempre assombraram eleições. A novidade atualmente é que, com as redes sociais, eles circulam com muito mais rapidez e atingem muito mais gente. Em algumas circunstâncias, em especial quando a disputa é apertada e a corrente de desinformação surge nos últimos instantes.
            Ora, sua escalada industrial, sua velocidade de propagação e sua capacidade cirúrgica têm provocado estragos a imagem dos candidatos, como também, têm deixado inerte a Justiça Eleitoral para que identifique aqueles por tais ilícitos. Comprometendo assim a lisura do pleito. Mostrando que a fabricação de notícias é crime que deve ser combatido com a responsabilidade e firmeza.
            Numa luta por corações e votos, não houve limite nestas eleições: era ódio para lá, acusação para cá. Pedrada para lá, facada para cá. É bloqueada para cá, excluída para lá. Era uma banalidade do mal. Uma verdadeira epidemia de mentiras. E, infelizmente, sejamos honestos, a Justiça Eleitoral travou uma guerra perdida contra fake news. Ou seja: faltou flagrar aquele com cara de quem foi pego com “batom na cueca”.
            Para minimizar o problema, o Whats App adotou um teste: o destinatário é informado se o texto que recebeu foi escrito por seu remetente ou está sendo encaminhado. É um tímido paliativo, como tem acontecido com medidas adotadas pelo Facebook e pelo Google, pois as mentiras não deixam de circular nem são rastreadas. Não faz nem cócegas perto de tudo que é falso.
            Ops, acabou o espaço. Ainda havia muito a comentar.

                                          
                                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                             Advogado e mestre em Administração


             

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Por que Bolsonaro?


            É um retrato fidedigno de que o PT foi lançado ao pleito presidencial pela soberba. Acreditou que apenas o nome de Lula faria o candidato petista, Fernando Haddad, deslanchar e inclusive ultrapassar o Jair Bolsonaro.
            Ocorre que a esmagadora maioria do eleitorado, que ainda vem surfando com força nas redes sociais, mostrou-se disposta a bancar o prontuário do passado e do presente de Bolsonaro – nome de uma obsessão ideológica por impedir a volta do PT. Um partido que escondeu sua gorda ficha corrida da corrupção debaixo do tapete na aposta de que o lulismo sozinho seria capaz de fazer o presidente da República.
            Em português claro, essa eleição tornou-se assim um plebiscito entre mudança (Bolsonaro) e o statu quo (PT). Haddad, por sua vez, se amparou exclusivamente no prestígio do líder único e imutável da legenda: Lula. Que declara “não tem, nesse país, uma viva alma mais honesta do que eu” (sic), como um garoto birrento batendo o pé.
            Mas, afinal, o que fez Jair Bolsonaro chegar onde está? Segundo ele, pela sua história na política. Não aceitou cargos, não vendeu seus princípios, não serviu à mentira nem moderou a verdade. Nunca teve medo de perder o mandato, fazendo oposição solitária no auge do governo Lula. O que, aliás, hoje lhe rende a fidelidade de seu eleitorado.
            Ao ensejo, no embate entre os dois candidatos que flertaram com uma nova Constituição, aqui vai o discurso do grande Ulisses Guimarães, que ainda ecoa por este País afora: “Não roubar, não deixar roubar, por na cadeia quem roube eis o primeiro mandamento da moral pública”, ou “A corrupção é o cupim da República!”. E também “Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério”.
            Espera-se agora que o candidato Bolsonaro, com reais chances de ser eleito, cumpra com o discurso do seu bordão: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.


                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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                                               Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 16 de outubro de 2018

A fazendinha


            Volta e meia eu tenho saudade do meu tempo de criança na Fazenda Zé dias, do meu avô Miguel Cartaxo, localizada no distrito de Cajazeiras. Ah, que saudade da rede armada na varanda, do açude perto de casa, aonde ia sempre tomar banho e, às vezes, pescar. Daí minha fascinação pela pesca esportiva.
            Há um fado antigo, com um refrão que diz: “Ó tempo, volta para trás”. Ai, ai, que saudade eu tenho do meu avô Miguel me levando cedinho para o curral, a fim de tirar da vaca aquele leitinho espumado na caneca de alumínio. De dormir na rede já com o lampião apagado, sem medo do escuro. Saudades de alimentar as aves no chiqueiro, principalmente os pintinhos. Saudades do canto do galo que funcionava como despertador que não atrasava. Saudades do fogão de lenha a água do pote de barro.
            Pode parecer uma chatice ou saudosismo barato o que digo, mas é real para quem teve o privilégio de viver nesse mundo mágico. E para matar essa saudade, pensando também na criançada de hoje, decidimos construir com um grupo de amigos a nossa “fazendinha”, numa área arborizada do Condomínio Victory, com todos os pormenores, destes chamados detalhes de quem ainda mora no interior – na roça. A sua inauguração deu-se justamente agora no “Dia das Crianças”. Nossa, foi um sucesso!
            Adoro criança! Estou sempre de olho nelas, não sei por quê. Sua presença me atrai como liberdade de pensamento, como imaginação sem rédeas, como honestidade e inocência. Depois de observar a felicidade daquela garotada na “fazendinha”, encantado, por um bom tempo, eu disse para mim mesmo: - Ô, meu Deus, que saudade do meu neto Adam, como gostaria que ele estivesse aqui. Brincando e Abraçando-me!
            Uma constatação: as crianças hoje passam menos horas em contato com a natureza, e sim, mais tempo confinadas em casa, vendo TV ou jogando videogame. Tendo como consequência causas da obesidade e distúrbios mentais.
            Bem, fizemos a nossa parte com a natureza, agora faça a sua, caro leitor. Pois o contato com a natureza é o grande aliado da criança: na saúde e na alegria.

                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
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terça-feira, 9 de outubro de 2018

O Brasil que eu quero


Dias atrás, acordei sobressaltado de madrugada, com o sentimento (transe) de estar passando um vídeo para a televisão sobre o “Brasil que eu quero”. Olha, foi um verdadeiro frenesi, uma excitação em querer dizer tanto coisa ao mesmo tempo sobre os nossos anseios nacionais, atualmente tão moribundos.
Depois caí na real e pus fim ao embaraço. Mesmo alheio à minha vontade, devido ao avançado da hora, comecei então a refletir sobre o “Brasil que queremos para o futuro”. Ora, não é preciso reinventar a roda, queremos apenas uma sociedade justa e igualitária, onde todos tenham direito à saúde, à educação, à alimentação e à segurança.
Queremos ainda um País onde os nossos mares e rios não sejam poluídos, onde os políticos cumpram com suas promessas. Um País livre da violência. Uma economia estabilizada de pleno emprego. Um País preocupado com o meio-ambiente. Todos juntos lutando pela paz, uma paz que não restringe à classe, à cor, ou à cultura.
 No Google ou qualquer livro minimamente razo vai ver quanto descaso, quanta indiferença, quanto desrespeito ao nosso Brasil tão mal-amado. A cada dia assistimos ao suicídio de um imenso país, de forma aviltante, covarde e canalha. Levando-o ao colapso econômico e moral. Panorama sóbrio que fez com que quase 65 mil empresas fechassem as portas, só em 2016, segundo o IBGE. Cujo desemprego chegou à marca de quase 14 milhões. Ocorre que a indignação pode ter lá seu efeito anestésico, mas a anestesia uma hora passa.
É importante ressaltar que, não por acaso, a saúde foi uma das maiores preocupações dos mais de 50 mil cidadãos que mandaram vídeos dizendo que Brasil eles querem para o futuro (fonte: Jornal Nacional). Não é para menos. Basta ver as filas nos hospitais ocasionadas pela má gestão de leitos do SUS. Somando os gastos públicos obrigatórios com saúde, o Brasil gasta menos de 4% do PIB. Muito menos do que Reino Unido, Canadá e França, que também têm sistemas universais de saúde e uma população muito menor do que a brasileira.
Aqui, mesmo sem bola de cristal, eu arriscaria afirmar que o tempo da demagogia se esgotou. E que o Brasil que queremos, só vai depender de nós, eleitor brasileiro.


                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                            Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 2 de outubro de 2018

Questão de mobilidade


            Até agora, a julgar pelos debates de candidato presidenciáveis, tem-se a nítida percepção de total desconhecimento de que o Brasil gaste (estimativa) R$ 50 bilhões por ano com os acidentes de trânsito, que causam uma média de 45 mil mortes ao ano, cerca de 130 mortes por dia. Uma berração!
            Por esses indicadores horrendos, parece que brincamos com a dor social, banalizando tudo e nos anestesiando para viver. Não precisa ser tão entendido do riscado para saber que o drama do transporte público brasileiro tem origem em fatores socioeconômicos e em decisões descabidas tomadas pelo Estado ao longo de décadas.
            Devaneios e boas intenções não resolverão os problemas do trânsito do País. A verdade é que coube ao ônibus, muito mais do que ao trem, assumir a função de principal meio coletivo, numa disputa ferrenha pelo espaço viário com a frota de carros em contínua ampliação.
            Sem planejamento que acompanhasse o desenfreado avanço populacional, capitais brasileiras viraram símbolos de trânsito caótico, transporte coletivo lotado e longos deslocamentos de trabalhadores. Uma irremediável zorra. Retrato perfeito de uma vida urbana tumultuada e desconfortável.
            A sensação de quem transita pelas vias da cidade é que a frota de carros vem aumentando consideravelmente. E vem aumentando, sim. Desde o ano 2000, a frota total do Brasil (automóveis, motos, caminhões, ônibus etc) mais que triplicou, pulando de 30 milhões para 98 milhões, onde a imensa maioria está concentrada em veículo particular e individual.
 Não adiantam paliativos como alargar ruas/avenidas ou fazer túneis e viadutos. A solução está em disciplinar o uso do automóvel para o que é necessário e útil. O uso das vias é livre desde que se limitem abusos e também se promova transporte coletivo de qualidade. Sair de carro sozinho é um luxo. Carro não é objeto de vaidade. È algo que só pode ser usado para a coletividade.


                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                Advogado e mestre em Administração

               

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Momento da política


            Gosto muito quando Marx diz: “A humanidade nunca se coloca problemas que não possa resolver”. Pois bem. A mesma situação que gera o problema, e a consciência dele, gera também os meios para resolvê-lo. Logo temos uma questão política, isto é, um projeto para resolver o problema.
            Não é por acaso que a política é um recurso poderoso, civilizador. Está a serviço dos políticos e dos governantes, mas precisa contagiar os cidadãos, que são o fator que pode fazer a diferença. Será que assim tão difícil de entender?
            Infelizmente, o que se vê na TV são alguns candidatos dizendo palavras soltas, sem nenhum compromisso com a realidade cruel em que nos encontramos. Poucos se preocupam em explicar a origem dos recursos para suas mirabolantes promessas. Chega de viver no mundo da fantasia. A nação não aguenta mais essas piruetas demagógicas.
            Em tão pouco tempo da campanha, já dá para notar que o candidato expõe bravatas e inconsistências de sobra. Um monte de conversa absurda. Já tenho me perguntado como é possível uma criatura mudar de discurso tão radicalmente, sem nem perceber que se contradiz. Cinismo ou inconsciência? Maquiavelismo ou ignorância?
            Com agravante: os setores mais extremados acabam por não ver os adversários como pessoas de opiniões e interesses diferentes em seu direito de disputar o poder; oponentes se tornam inimigos a serem eliminados da vida pública e hostilizados nas ruas. No limite, embute ameaça velada de violência. Não fica só nisso. Uma vez que já houve até tentativa de homicídio de candidato.
            É por isso que, se alguém me pergunta: “Política?”, eu respondo: “Sou a favor”. Pois é através da política que podemos mudar o rumo do nosso País, com projetos de longo prazo consistentes, independente de cores partidárias ou inclinações ideológicas, estando à frente brasileiros que adoram essa terra e que por ela querem lutar.
Voto não é artigo de consumo, que você compra ou não. O voto constitui a sociedade política. Pense bem antes de votar. Informe-se e decida.

                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                Advogado e mestre em Administração

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Falência da Segurança Pública


            A fotografia na primeira página do Jornal Correio, após registrar a invasão da Penitenciária de Segurança Máxima Romeu Gonçalves Abrantes, conhecida por PB1, que culminou com a fuga de 92 presos, além de chocar, desnuda a situação do sistema de segurança paraibano/brasileiro. Isso não tem desculpa, não tem mea-culpa.
            Com a proximidade das eleições, tenho visto dos candidatos, com raras exceções, só palavrório, discursos vazios, promessas que não se cumprem, enganação e mais enganação. Ou seja, sem nenhuma proposta confiável que possa salvar este Brasil sombrio, dos assassinatos, dos latrocínios e das lesões corporais seguidas de morte, que expõe um quadro de falência civilizatória e institucional que se estende há décadas.
            Ora, francamente, se os nossos governantes são incompetentes para manter a ordem e a segurança dos que estão encarcerados, imagine dos que estão do lado de fora. Tem mais: as nossas masmorras (penitenciárias) estão em acelerado processo de explosão, pois não têm condições de segurar tamanha vergonha.
            Descaso, corte de verbas, déficit no quadro de agentes e policiais, ausência de políticas específicas e mimimi sobre direitos humanos têm sido a causa substancial para a balbúrdia do sistema de segurança pública. É obrigação reverter à sinistra estatística de um país responsável por cerca 11% dos homicídios contados no mundo, mas também por alimentá-la.
            É desarrazoado, diante de um quadro tão degradante. A sociedade é a maior vítima do jogo de empurra entre Estados e União quando se trata de traçar objetivos e prover recursos para aperfeiçoar as polícias; de reformar o sistema prisional; de agilizar a Justiça e reduzir a impunidade.
            Se medidas duras não forem tomadas, vamos perder para o crime. Seria irresponsável dizer que há uma solução fácil para o problema. Não há. Mas é necessário que se comece a agir imediatamente, com vigor. E que Deus nos proteja!

                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                       Advogado e mestre em Administração

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O desastre museológico


            Lembro-me como se fosse hoje quando estive pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro, no final da década de 70, em visita ao Museu Nacional; cujo acervo histórico foi formado ao longo de mais de dois séculos. Foi, sim, uma experiência indescritível.
            Agora, infelizmente, só cinza! Basta um olhar mais aguçado para perceber o que aconteceu com esse patrimônio cultural é de uma “desgraça anunciada”. Iria acontecer mais cedo ou mais tarde. É inadmissível e entristecedor o descaso das autoridades.
            Isso é um carma, um absurdo. Eu me senti péssimo. O Brasil decente que almejamos não pode aceitar uma situação como essa. À luz da grandeza do Museu Nacional, parecem apequenar-se os manifestantes (de última hora) que se postaram em protesto. Por que não fizeram isso antes?
            O incêndio do Museu Nacional consumiu milhões de peças; destruídas para sempre em apenas algumas décadas de cinismo, incompetência e corrupção estatal. Mais alguns meses e o assunto estará esquecido até a próxima tragédia. Simples assim, nesta nação sem noção. Óbvio, tudo obviedade, filme velho.
            Sem truque semântico, o que sinto nesta hora é um misto de tristeza e decepção. Sou brasileiro, mais zero nacionalista barato para esse tipo de coisa. O Museu Nacional havia sido inspecionado pelo Corpo de Bombeiro há dez anos. Diante do fogo, dos hidrantes não saia água.
            Quanto aos gestores responsáveis pela administração do Museu Nacional - todos agarrados ao poder e suas benesses -, deveriam ter tomado uma atitude: pedir demissão denunciando a falta de verbas para gerir a instituição. Foi isso que ocorreu com Adib Jatine quando lhe negaram recursos para o Ministério da Saúde.
            Chega às raízes do deboche, quando vejo que nos últimos anos o Rio de Janeiro inauguraram dois novos museus, o da Amanhã e o de Arte, enquanto que o Museu Nacional estava em completo abandono. Dá para entender isso?

                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                       lincoln.consultoria@hotmail.com
                                         Advogado e mestre em Administração

               
               

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Legado da cultura jornalística


            Quando tomei conhecimento da morte do jornalista Otávio Frias Filho (21/8), coincidentemente eu estava concluindo a leitura do “Manual da Redação Folha de S.Paulo”, edição 2018. Uma obra que exprime e demarca uma verdadeira escola de imprensa.
            O referido manual é um legado deixado por Otávio Frias, onde convoca a atividade jornalística como se ela fosse, mais que um ofício ou uma profissão, um estágio avançado de militância. Sob o pressuposto de que a difusão de informações confiáveis e opiniões qualificadas estimulam o exercício da cidadania e contribui para o desenvolvimento das ideias e da sociedade.  
            Sou assinante da Folha há mais de 25 anos e presenciei as mudanças do jornal, em que Otávio atuava como seu diretor de redação. Sábio e visionário, ele fez muito pelo jornalismo apartidário e modernizador. Um brasileiro empreendedor, lúcido e democrático. Um intelectual tão humano e com um olhar atento às diversidades e à inclusão. Destacou-se ainda pela inteligência e capacidade de levar a notícia de forma plural e democrática. Segundo os seus amigos mais próximos, ele era de uma cortesia infinita, fosse com quem fosse. Não se preocupava a dar exemplo. Preferia escutar argumentos a dar ordens.
            A sua morte deixa a imprensa nacional de luto. Sempre respeitou o contraditório e ouvindo a versão dos mencionados em suas reportagens. Quebrou o monopólio do “pensamento único” da imprensa brasileira. A sua morte é uma perda para o jornalismo opinativo, sobretudo em um momento em que veículos sucumbem por não conseguirem se adaptar ao binômio qualidade-rapidez da notícia.
            Otávio se foi, mas nos deixa o exemplo de um grande jornalista, que ajudou a construir o maior jornal do Brasil, que em tempos difíceis combateu a ditadura e que participou dos movimentos pela redemocratização do país.
            Enfim, o Brasil perde uma referência, uma voz nobre e respeitada.

                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                               Advogado e mestre em Administração

           

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Debate sobre segurança pública


             Esse tema está no centro do debate eleitoral. O que senso comum enxerga é que ninguém aguenta mais o descaso com a nossa segurança pública. Erros são cometidos, e aos montes, não só pela falta de prioridade que a questão requer, como também, pela falta de gestão eficiente. Eu vos digo: estamos perdendo a luta da maneira mais abjeta.
            Todos os candidatos defendem como prioridade zero o combate ao crime. As propostas vão desde a criação de ministério e agência de segurança, ao aumento dos recursos e o armamento da população. Esperamos que não seja mais uma irremediável desilusão do batidíssimo clichê dos candidatos “salvador da pátria”.
            Quando se olha para a história, você vê que o problema da segurança pública sempre foi tratado com desdém pelos nossos governantes, os interesses foram outros. A pura, a santa verdade é que o crime organizado sempre esteve um passo à frente da polícia. Só ocorre pela desorganização e pelo inchaço do Estado.
            Nesse quadro deplorável de insegurança, o Estado de São Paulo se gaba de seus números: menor taxa de homicídios do país (de 8,02 por 100 mil habitantes); maior força policial da América Latina (um quadro de 120 mil policiais a serviço do estado); redução contínua de roubos de veículos desde 2014; escolas de formação de policiais que recebem profissionais de todo Brasil para aprender como são preparados os seus operadores que fazem do estado o “menos violente” do País.
            Por isso, não podemos errar em outubro! As consequências seriam danosas para todos os brasileiros, principalmente para aqueles mais necessitados e desprotegidos. O País tem pela frente uma encruzilhada que marcará não só os quatro anos, mas definirá o destino de uma geração. Cuidado: não caia no discurso mofado dos candidatos por aí. Que muita gente, como eu, torce o nariz. E que têm zero obrigação de dizer a verdade.
            Assim, investir em gestão de segurança pública - como o Estado de São Paulo -, é o melhor antídoto contra o improviso e o retrocesso no combate a criminalidade.


                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e mestre em Administração
               

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Males que vem para o bem


            Por esses brasis há uma literatura rica para as façanhas sobre o bêbado. Podemos dizer: um verdadeiro tratado etílico-científico àqueles que bebem. Que vai do bêbado caranguejo ao bêbado carrapato.
            Para felicidade deles, foi registrado algumas ações benéficas das bebidas alcoólicas, segundo pesquisas divulgadas na última edição da revista Veja (22/08), mostrando que o consumo semanal de “14 latas de cerveja ou 14 taças de vinho ou 14 doses de destilado” para os homens e “9 latas de cerveja ou 9 taças de vinho ou 9 doses de destilado” para as mulheres fazem com que se reduz em cerca de 50% o diabetes tipo2; 47% do surgimento de Alzheimer e 29% do infarto e insuficiência cardíaca.
            Foi o suficiente para que no dia seguinte, segunda-feira, logo cedo, meu velho amigo Cordeiro me telefonasse para dar essa grande notícia, coisa que eu já tinha lido. Dando seu testemunho, em primeira pessoa, sobre a sua experiência e as contradições da importância da bebida alcoólica. Falava com tanta propriedade, mais parecia que fosse o autor da pesquisa. Sem tirar sarro da situação: estava na essência, no âmago do seu entendimento arrasador.
Quando nos encontramos é aquela festa. “Choro de rir” de seu humor incrivelmente irônico. Descendente de portugueses, Cordeiro flerta com o estereótipo do machão ao mesmo tempo em que não esconde traços de doçura, amizade e paixão sincera pela boemia. “Não quero invadir a praia alheia e, data vênia, também não quero ninguém invadindo a minha”, diz com graça em referência ao seu habitar (do destilado).
Tudo o que você quiser saber sobre bebuns, pinguços, paus-d'água, beberrões e cachaceiros, ele sabe como ninguém. É um estudioso sobre o assunto. Nas suas viagens pelo Brasil, faz questão visitar bares, botecos e similares para colher histórias de personagens que fazem parte do porre da cultura etílica.
Quanto à pesquisa, a meu juízo, tudo é moderação. Até na bebida.


                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                             Advogado e mestre em Administração