Como
o espaço desta coluna é meio apertadinho, não dá para desenvolver o tema do
presente texto como eu gostaria. Mas... Antes de qualquer coisa: devo dizer que
a política de que tanto se fala por aí não é só a partidária – porque esta é
uma espécie dentro de um gênero.
É preciso, pois, lembrar que a
Política, com P maiúsculo, é tão essencial quanto o ar que respiramos para
oxigenar a vida social. Muita gente detesta política, e enche a boca, até com
orgulho, para dizer isso. Trata-se de um erro. Querendo ou não, todos nós
praticamos política o tempo todo. É impossível viver em sociedade sem exercê-la
por ação ou omissão.
Temos vivido um perigoso processo de
desenvolvimento com a política. Razões não faltam para esse mal-estar
generalizado. E não adianta vociferar que detesta a política: reclamando ou
tirando sarro dos agentes da política. Esse descaso trás um grande prejuízo
pelo destino da cidade, do estado ou do país.
Há não muito tempo, li uma brilhante
reflexão do dramaturgo e poeta Bertolt Brecht, que o pior analfabeto é o
analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos
políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da
farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões
políticas.
Que fique claro: enquanto estivermos
vivos, seremos naturalmente permeáveis à política, pois ela se manifesta a todo
instante em nosso modo de vida. Podemos, logicamente, temperá-la com alguma
dose de desprezo, indiferença, zombaria ou agressividade, tornando-a nociva à
saúde da sociedade da qual fazemos parte, mas jamais renunciá-la.
Com ou sem vontade, a política está
seguindo um curso do qual nós somos agentes ativos (faz parte dele) e passivos
(sofre seus efeitos) ao mesmo tempo. E todo o progresso ou penúria coletiva
produzida pela política chegará até nós. Tá aí o caso da roubalheira na Petrobras.
Um bom exemplo da prática política envernizada de corrupção, na medida em que
varreram do mapa os valores morais da honra, da ética e da decência. E, no fim
das contas, um pote até aqui de mágoa. Ou melhor: uma situação descrita como
“ponto fora da curva”.
Eu não hesitaria em dizer que, se
não houver uma reforma política no Brasil, os partidos e sua política
institucional cairão em descrédito ainda maior e irão perdendo a legitimidade.
Ou seja, se aprofundará uma crise política do País. Como bem define um ministro
do STF, cenário desolador, prova de que a ideologia dos programas partidários
não tem nenhum valor, o que tem valor é outra coisa.
Já
pensou nisso? Pois se não pensou, pense.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e mestre em Administração