É sempre assim, todos os anos, no mês de dezembro, deixo
que a minha mente vague sorrateiramente. E logo vêm as reflexões: final de ano,
festas de confraternização, amigo secreto, aulas acabando, muito trabalho a
fazer, tarefas a terminar, entrega de projetos e todo mundo doido por
férias. E mais: praia, fazenda, descanso, décimo terceiro, crianças,
viagens, presentes, família, época de esquecer os problemas e apenas se
divertir... Som na caixa!
Em
criança, quando todos insistiam para que eu acreditasse no Bom Velhinho, eu
fingia que creditava, eles fingiam que não sabiam que eu sabia e tudo bem.
Incrível, por mais que falassem que quem havia deixado os presentes debaixo da
cama havia sido o Papai Noel, algo lá dentro (no meu interior) me dizia: “foi
nada, foi meu pai mesmo!”, nunca os contestei.
Independente
desse meu tirocínio de pirralho, é importante deixar seu filho acreditar no
famoso “Velhinho”, porque assim ele desenvolve a imaginação, o otimismo e até
mesmo a crença de que seus sonhos podem se realizar. Ou seja, sem fantasia, a
vida não tem a menor graça...
Neste
Natal, cada um de nós provavelmente presenteará aqueles que amam e até os que
simplesmente gostam. E, se bobear, presenteará até quem não gostamos. Mas acho
que dificilmente iremos nos presentear, pois ninguém presenteia a si mesmo no
Natal. Mas penso que deveríamos fazê-lo!
Você
para estar em condições de obter esse presente, meu caro leitor, tem que fazer
por onde merecer. A cada dia fica mais difícil para os humanos dialogar,
compreender, amar e fazer-se amar pelos semelhantes. Às vezes, recorrendo a
situação até melodramática para expressar a idéia de que “é conversando que a
gente se desentende”.
A
miséria tem sua fonte no egoísmo, que gera a cobiça doentia, causando a
desordenada concentração de riquezas nas mãos de uma minoria e relegando (aos
outros) à condição de excluídos. É triste constatar os enormes bolsões de
miséria que escondem milhões de cidadãos à espera de quem lhes estenda as mãos.
Li
em algum lugar, ou que talvez tenha ouvido alguém dizer: “amar o próximo como a
si mesmo”, não significa que antes de tudo precisamos nos amar. Significa, na
verdade, que qualquer coisa “menor” do que o amor não tem valor. O amor não
exclui, ele envolve. Se não amamos ninguém além de nós mesmos, é porque não nos
amamos.
Papai
Noel, enfim, como num trecho de um clássico da música popular brasileira: “Ah,
se todos fossem iguais a você”.
Feliz
Natal, ho ho ho!!!
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Administrador de Empresas