É
um retrato fidedigno de que o PT foi lançado ao pleito presidencial pela
soberba. Acreditou que apenas o nome de Lula faria o candidato petista,
Fernando Haddad, deslanchar e inclusive ultrapassar o Jair Bolsonaro.
Ocorre que a esmagadora maioria do
eleitorado, que ainda vem surfando com força nas redes sociais, mostrou-se
disposta a bancar o prontuário do passado e do presente de Bolsonaro – nome de
uma obsessão ideológica por impedir a volta do PT. Um partido que escondeu sua
gorda ficha corrida da corrupção debaixo do tapete na aposta de que o lulismo
sozinho seria capaz de fazer o presidente da República.
Em português claro, essa eleição
tornou-se assim um plebiscito entre mudança (Bolsonaro) e o statu quo (PT).
Haddad, por sua vez, se amparou exclusivamente no prestígio do líder único e
imutável da legenda: Lula. Que declara “não tem, nesse país, uma viva alma mais
honesta do que eu” (sic), como um garoto birrento batendo o pé.
Mas, afinal, o que fez Jair
Bolsonaro chegar onde está? Segundo ele, pela sua história na política. Não
aceitou cargos, não vendeu seus princípios, não serviu à mentira nem moderou a
verdade. Nunca teve medo de perder o mandato, fazendo oposição solitária no
auge do governo Lula. O que, aliás, hoje lhe rende a fidelidade de seu
eleitorado.
Ao ensejo, no embate entre os dois
candidatos que flertaram com uma nova Constituição, aqui vai o discurso do
grande Ulisses Guimarães, que ainda ecoa por este País afora: “Não roubar, não
deixar roubar, por na cadeia quem roube eis o primeiro mandamento da moral
pública”, ou “A corrupção é o cupim da República!”. E também “Conhecemos o
caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento,
garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o
cemitério”.
Espera-se agora que o candidato
Bolsonaro, com reais chances de ser eleito, cumpra com o discurso do seu
bordão: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração