terça-feira, 29 de novembro de 2016

Precisamos mudar nossas práticas

            Que baita constrangimento! Esse é o sentimento do cidadão brasileiro ao testemunhar o espetáculo absurdo e deprimente protagonizado pelos ministros, Gilmar Mendes e Lewandowski, na nossa Suprema Corte.
            Fiquei a monologar: cruz credo! Inacreditável que esse barraco tenha ocorrido na mais alta corte do Brasil. Principalmente agora em que a nossa população encontra-se atônita, perplexa e desesperançada num país à deriva e à esperança de que algo aconteça. A verdade é que não dá para criar atalhos sobre esse tema.
            A situação, em referência, azedou quando Gilmar rebateu a provocação, dizendo que é Lewandowski quem adota posições “heterodoxas”, como teria feito no Senado (a votação fatiada). “Basta ver o que V.Exª. fez no Senado”, disse Gilmar. “Basta ver o que V.Exª. faz diariamente nos jornais”, respondeu Lewandowski. “Faço, inclusive, para reparar os absurdos que V.Exª. faz”, replicou Gilmar. Por sua vez, Lewandowski diz “Por favor, me esqueça”. E por aí vai...
            Beira o ridículo ao falar nisso. É desarrazoado, diante de um quadro tão desrespeitoso. A vaidade e a verborragia deles são latentes. Onde se gaba de suas virtudes e feitos. Um comportamento indigno e aviltante.
            Às favas com o bom-mocismo! Nada justifica tal atitude. A ironia fina, elegante e respeitosa, por exemplo, é admissível durante uma sessão de julgamento. Descabido mesmo, porque desqualifica e fere essa liturgia, é o deboche, por si só escrachado.
            Todos nós precisamos mudar nossas práticas, até os ministros do STF, se quisermos ver o Brasil melhor. Não dá para aceitar uma situação como essa. Seria pueril imaginar que isso não esteja acontecendo.
            Infelizmente, nos últimos anos, em nosso STF, salvo algumas exceções, que está mais para um palco de vaidades do que para um grupo de reconhecido saber jurídico.             
            Espero que mau-exemplo não esteja educando.


                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                            Advogado e mestre em Administração

           

            

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Boas práticas de cobrança

            No momento que publicava o meu último livro “Boas praticas de cobrança” (editora Ideia, 2016), ocorria na cidade de Pinheiros, São Paulo, uma ordem judicial que determinava a suspensão da carteira de motorista e do passaporte de um devedor, bem como o cancelamento de seus cartões de crédito, até que a dívida fosse quitada.
            Como era de se esperar, criou-se nos meus jurídicos aquele frenesi: a interpretação dada ao novo CPC é compatível com os direitos fundamentais garantidos na Constituição? Ainda bem que o Tribunal de Justiça de São Paulo estabeleceu, em boa hora, a devolução do passaporte e da CNH, por considerar que a decisão da primeira instância violava o direito de ir e vir.
            Um advogado amigo meu viu-se constrangido em dizer que essa decisão polêmica da magistrada de primeiro grau foi mais planfetária que analítica. Ora, nessa ordem de ideias, não seria pueril imaginar que um juiz proibisse também o uso do elevador por morador do edifício, a fim de forçá-lo a pagar a dívida com o condomínio.
            Ou, quem sabe, o juiz suspender o serviço de TV a cabo ou de banda larga da residência do devedor até que seja pago um débito de responsabilidade de um de seus filhos. Por isso, é preciso ter o sábio discernimento de não utilizar o mundo jurídico que leve à humilhação e à falta de dignidade humana.
            Nesse meu livro, aqui citado, procuro realçar que o consumidor inadimplente, independente das circunstâncias, não será exposto ao ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. É o que diz a lei.
            No mundo dos negócios, atualmente, esse tipo de prática é abominável. É um tipo de marketing nefasto a boa imagem da empresa credora. E faz sentido. Basta o cliente honrar o compromisso do seu débito, e logo terá centenas e milhares de empresas lhe oferecendo créditos, com preço e prazo atrativos.
            É assim como funciona a economia de mercado.

                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                               lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                  Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Lástimas da democracia

            O resultado eleitoral de Donald Trump foi a vitória da xenofobia, do nacionalismo extemporâneo, do racismo, da intolerância e da descrença na política. Seja como for, o cara ganhou as eleições de forma democrática. Podemos lastimar, só não podemos solapar o processo desse resultado.
            A eleição de Trump chocou o mundo. A verdade é que os americanos foram contaminados pela sua proposta de felicidade cosmética. Ele será incapaz de manter suas ideias de pé no choque com as opiniões e argumentações demolidoras da imprensa e dos seus adversários políticos. Vão tentar afogá-las, xingá-las e desfazê-las. Sem falar do repúdio da comunidade internacional.
            Já acreditei em muitas mentiras, mas há uma à qual sempre fui imune: aquela celebrada por pseudo-políticos ou, como queiram, por pseudo-revolucionários. É o caso Daniel Trump, onde se revela um oportunista e um conservador retrógrado.
            Sua pretensão arrogante contrasta tão deploravelmente com a sua falta de recursos intelectuais que nenhum educador dotado de bom senso se aventuraria a lhe ensinar o que quer que fosse. Exagero ou não, é um quadro típico de psicótico, onde tudo é mentira, fingimento, pose...
            E deu certo. É feio, mas é o jogo. Trump, com suas ideias estapafúrdias, caras e inúteis, conseguiu atingir o objetivo de ser o presidente do país mais poderoso do mundo. Venceu com seu estilo pessoal: de gênero mal-educado, debochado, estúpido e homofóbico. No mundo dos negócios, também não tem uma boa referência. Fez carreira enganando e prejudicando pessoas.
            Quer queira quer não o magnata Trump é o novo presidente dos EUA, que teve a coragem de defender seu patriotismo com a máscara da democracia e da mentira. Agora tem todo o direito de bater no peito e fazer o que fez Zagalo: “Vão ter que me engolir”.

                                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                              Advogado e mestre em Administração



sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Futuro das cidades

            Tema que deve preocupar não só os novos gestores, recentemente eleitos para administrar suas cidades, mas todos aqueles que vivem e buscam por uma melhor qualidade de vida.
            É bom prestarmos atenção em uma coisa: nas últimas quatro décadas nosso país transformou-se de majoritariamente a área rural em urbana, ou seja, 80% de nossa população vivem em cidades. Tem mais: todos os dias, as cidades do mundo crescem cerca de 60 km² - uma área equivalente ao distrito de Manhattan, em Nova York.
            O recado dado nas urnas mostra que o eleitor brasileiro não quer simplesmente escolher o “menos pior”. Já não mais aceita atuação de modo empírico, improvisado ou despreparado. Sem falar, evidentemente, do inarredável senso e respeito no trato do dinheiro público.
            “O carro é o cigarro do futuro”. Pincei essa frase do relato de uma entrevista concedida por Jaime Lerner, considerado guru dos prefeitos e urbanistas por sua boa experiência na melhoria do transporte público de Curitiba. Explicando melhor: sua defesa do transporte público não elimina o uso do carro. Mas já antever o fim de uma era do carro. Não é que não vai ter mais, mas ele será usado apenas para viagens, lazer.
            Uma coisa puxa a outra. Segundo o arquiteto, a prioridade para o transporte público pode ajudar o problema da moradia nas cidades. Cada carro ocupa duas vagas, uma em casa e outra no trabalho, o que dá 50m². Isso equivale o tamanho de muitas moradias populares. Resolvendo, assim, o problema de habitação de muita gente.
            Uma vez, em conversa entre amigos, alguém comentou que o prefeito de hoje tem que ter admiração e completo conhecimento da cidade que administra. Não se pode ajoelhar para os automóveis. Tem que priorizar o bem comum, o coletivo, em vez do individual e do privado, cuidar de quem cuida, reduzir desigualdades.
            Estamos aguardando, dos futuros gestores munícipes, um novo jeito de ser, de gerir e de pensar sobre as nossas cidades.


                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                              lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                 Advogado e mestre em Administração

              

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Mercado Público

            É um tipo de espaço, sempre quando viajo, não pode faltar no meu roteiro turístico da cidade que visito. Não tem nada mais representativo da cultura e da história do lugar. Se isso não ocorrer, não é uma viagem completa.
            Agora, temos aqui o novo Mercado Público da Torre, após a reforma feita pela gestão do prefeito Luciano Cartaxo, aonde proporcionando ao público pessoense e aos turistas um local perfeito para fazer compras, para degustação, para diversão...
            Lado a lado com Box coloridos de hortifrutigranjeiros sempre frescos, o visitante dispõe de um completo estoque dos mais variados produtos de nossa região. Dentre os mais procurados estão às frutas, carnes, peixes, queijos, doce, ervas, raízes, artesanatos, artigos religiosos, e por aí vai.
            Para mim, um dos melhores locais do mercado é a praça da alimentação. A energia é fantástica, encontra-se de tudo, o atendimento é sempre solícito e rápido, e o preço bem camarada. Além da cachacinha, tem uma das cervejas mais gelada da cidade. De quebra, tem o cafezinho de antigamente preparado no coador de pano. Como diz um assíduo frequentador: “É bão demais!”.
            No fim de semana, o ambiente ganha um jeitão de refeição no interior. Ali, encontramos uma infinita variedade de pratos. Para quem viveu na cidade do interior - como eu -, é um verdadeiro deslumbramento gastronômico. Como sempre digo, com as veras d’alma, ignorar a cultura de nossa culinária é ignorar a nossa própria cultura.
            O interessante dessas maravilhas é que não é preciso ir a um restaurante caríssimo. Detalhe: o sanduíche equivale uma refeição. Nele tem ovo, queijo, presunto ou mortadela. E alface, para aliviar a consciência. E o tal pastel frito com bacalhau? Hum... Que delícia! Cujo ritual não pode faltar: chupar os dedos para aproveitar os últimos restinhos da mostarda.
            Infelizmente, depois dos 60, já não podemos ser tão relaxado com a nossa saúde. Por isso, procuro controlar minha gula afiada, mesmo diante da vontade desesperadora.
           

                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com

                                       Advogado e mestre em Administração