sexta-feira, 25 de março de 2011

Tropa de Elite

            Independente da overdose midiática propalada pelo marketing do filme “Tropa de Elite”, recentemente lançado em circuito nacional, fui assisti-lo no cinema (estranho, né?). Hoje, ir a uma sala de cinema passou a ser “chique”; uma vez que curtir em casa uma “fitinha pirata” já passou a fazer parte do cotidiano dos brasileiros.
            Sem aquele brilhantismo do padrão hollywoodiano, esse filme, de José Padilha, tenta trazer à tona toda uma discussão em torno do problema da violência urbana e de suas facetas mais complexas.
            O filme não chega a empolgar em razão do seu formato (linguagem cinematográfica), sem uma dinâmica própria, quase documental, apoiada numa narrativa, que interrompe a todo instante o desenrolar da ação.
            A história é narrada em primeira pessoa pelo capitão Nascimento (Wagner Moura), um oficial do BOPE (Batalhão de Operação Policiais Especiais) da PM do Rio de Janeiro, que, prestes a ter o primeiro filho, quer se afastar do batalhão, mas não sem deixar um sucessor em seu lugar.
            Vi na imprensa comentários diversos: “Acho que o filme peca em vários momentos, por simplificar a situação (segurança pública)”;  “Ele humaniza o BOPE, o que é muito bacana, mas não humaniza os outros personagens, que ficaram caricatos”;  “É um filme de competência narrativa inegável, que usa todos os cacoetes da linguagem moderna, mas com problemas sérios do ponto de vista humanista”;  “Acho que ele realiza o desejo de parte da classe média de que bandido bom é bandido morto” e por aí vai ... !
            Até Luciano Huck (apresentador de televisão, que perdeu seu rolex num assalto), evoca o filme “Tropa de Elite” e manda chamar o protagonista, o comandante Nascimento, que é adepto da tortura para fazer cumprir a lei. Ou seja: aquela figura (o herói) que despe suas roupas de Clark Kent para virar o Super-Homem.
            Ao nosso querido cineasta Padilha, que tanto se queixou das críticas recebidas ao seu filme, vai aqui uma observação: no iluminismo, Montesquieu dizia que não se constrói uma sociedade baseada na virtude dos homens, mas na solidez das instituições.
            Sem pretensão de usar “os óculos do patrulhamento ideológico” e, tampouco, lançar mão de frases de efeito e de gosto duvidoso, espero que o filme provoque um debate mais sereno e responsável junto à sociedade e autoridades sobre a realidade da segurança pública e a falência do sistema.



                                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
           
           
            

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