segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Degradação da política

            Aqui, meu vizinho das quintas-feiras, Roberto Cavalcante, já abordou o tema com muito mais propriedade do que eu seria capaz, onde se constata que 50% do eleitorado rejeitam as duas candidaturas salvacionistas (Lula e Bolsonaro). É como se metade dos cidadãos estivesse pedindo uma alternativa moderada, limpa e reformista.
            Ademais, gostaria de ter a capacidade de externar toda a angústia que sinto com os rumos incertos do nosso querido Brasil, em que políticos legislam em causa própria, constam com a conivência do Judiciário e a omissão de um povo passivo.
            Assim não dá. Não dá mesmo! Nós, brasileiros, que somos reféns de um círculo com as práticas de corrupção, continuamos ameaçados por candidatos impunes, e agora também por “novatos” que não sabemos suas reais intenções e a que se propõem.
            Lamentável o caso de Aécio - um dos grandes protagonistas na última disputa eleitoral para presidente -, desafia o bom senso. Pouco se lixando às críticas: “Vá tomar no verbo”, como diria o baiano Tom Zé. Seu comportamento culminou com o esfacelamento do PSDB. É incrível que, mesmo depois de divulgado o teor da conversa de Aécio com Joesley Batista, o senador tenha sido mantido não apenas nos quadro do partido como na presidência da legenda (ainda que licenciado).
            O ensaio da candidatura de Luciano Huck emerge em razão da degradação da política. Sem desmerecê-lo em suas boas convicções, mas precisamos de um líder inteligente e ousado, ficha limpa, que tenha capacidade da articulação para impulsionar as reformas que tanto o Brasil precisa. A exemplo do presidente da França, Emmanuel Macron, que escolheu dizer a verdade, oferecendo um receituário de margas mudanças na legislação trabalhista e no sistema previdenciário.
            A conclusão, inexorável, é que o brasileiro é um bicho esquisito na escolha de seus representantes políticos. Infelizmente, há algo de paradoxal aí. Mas essa já é outra história.


                                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                       Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 21 de novembro de 2017

Reflexo da violência no Rio

            Para mim, o Rio de Janeiro é a cidade mais bela do mundo. Apesar do site gringo de viagens, U City Guides, apontá-la em 5º lugar entre as mais bonitas do planeta, atrás apenas de Veneza, Paris, Praga e Lisboa. Mesmo assim, uma posição privilegiadíssima.
            Há quem diga que Deus criou o mundo em 6 dias e guardou o sétimo para o Rio. Ela é abençoada por ter uma das mais impressionantes vistas em todo mundo. Infelizmente, a violência está tirando o seu brilho – virou um clichê intragável. É um déjà-vu recorrente. 
            Sinto nostalgia pelo tempo em que a “Cidade Maravilhosa” era seduzida não só pela sua beleza, mas pela sua tranquilidade, pela alegria e pelo despojamento do seu povo. Falou em leveza e em bom humor: ah, só pode ser o carioca.
            Escutei outro dia de um morador que a situação do Rio de Janeiro é inquestionavelmente temerosa em relação à violência. “Não vamos mais de carro para certos lugares. A preocupação é o perigo no caminho, na hora de estacionar, tudo”. Já outro morador assim se manifestou: “Praticamente não saímos mais de casa para se divertir. Estamos vivenciando uma guerra civil camuflada”.
            Ninguém há de negar que a violência no Rio tem desestimulado a frequência de turistas, como também, tem desanimado muitos cariocas a sair de casa à noite, alterando hábitos e traços culturais da cidade. Os índices de criminalidade em alta, além da crise econômica, representam um baque no setor de bares e restaurantes.
            Que o Rio está uma violência sem tamanho não é mais novidade. Basta checar a pesquisa Datafolha no começo de outubro onde revelou que 72% dos cariocas diziam que, se pudessem, se mudariam do Rio devido à violência. Um terço dizia ter mudado de rotina nas semanas anteriores.
            Pois é, e agora? Alguém tem que fazer alguma coisa.

                                   
                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                      Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 14 de novembro de 2017

Preconceito e intolerância

            O articulista J.R.Guzzo se superou em sua última crônica (“Um país de chatos”- Veja). Diz tudo de maneira leve e hilária, com seu incompatível estilo. É um ensaio maravilhoso de jornalismo sério, imparcial e de pesquisa.
            Eu me curvo ante a riqueza do referido texto quando fala que não existe hoje no Brasil obrigação moral e cívica mais cobrada do cidadão do que se manifestar contra o “preconceito” e a “intolerância”. Virou uma celeuma, um mal-estar – infelizmente.
            É vero. Nelson Rodrigues, o maior autor de teatro que o Brasil já teve, quiçá um dos melhores da literatura mundial se não tivesse nascido, vivido e escrito na língua portuguesa. Hoje, vivo estivesse, seria considerado uma ameaça nacional, um conservador, um intolerante, um preconceituoso e até um fascista.
            A Justiça, por sua vez, seria implacável contra ele. Seja por machismo, racismo ou homofobia. Decerto não estaria mais morando no Brasil diante de um ambiente assim. Tudo aqui passou a ser carimbado como raça de intolerantes. Como assevera Guzzo: “Uma sociedade mal-humorada, neurastênica e hostil à liberdade de expressão”.
            A que ponto chegamos! Até o Enem estabeleceu dar nota zero para os estudantes que escrevessem na prova de redação alguma coisa contrária aos “direitos humanos”. Ainda: hostilidade a ideias discordantes da “identidade de gênero”. E o caso de William Waack, numa conversa privada, quase inaudível, uma piada “coisa de preto”, tenha tido tanta repercussão, mesmo pedindo desculpas aos que se sentiram ofendidos.
            Confesso que sou contra qualquer tipo de preconceito, do tipo racial, religioso, sexual, étnico ou qualquer outro ato discriminatório. No entanto, reconheço que estão banalizando exageradamente essa questão. Para insurgir contra isso é necessário que a situação (do preconceito) esteja caracterizada e contextualizada. Exemplo: impedir a entrada de um asiático, e não dos demais, em um restaurante aberto ao público.
            Tudo isso escapa ao senso comum, ultrapassa a razão.                    


                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.conusltoria@hotmail.com
                                                                         Advogado e mestre em Administração





            

terça-feira, 7 de novembro de 2017

O livro impresso segue firme

            Que alento abrir as páginas do jornal e ter o deleite de verificar que, de 2014 a 2016, as vendas de e-books caíram mais de 30% nos Estados Unidos, recuando de 1,6 para 1,1 bilhão de dólares – ou menos de 20% do faturamento total. No Brasil, a participação das edições digitais é ainda menor: fica em torno de 1% total.
            Alguns desavisados comentam, voluntária ou involuntariamente, um erro crasso quando asseveram que o livro impresso vai acabar. Suas vendas acumulam quatro anos seguidos de alta no mercado americano. O desinteresse pelos digitais é visto como uma resposta do público a um excesso de aparelhos eletrônicos em sua vida, que já está gerando malefícios para a saúde, como o aumento de casos de miopia.
            Reafirmo que já disse aqui neste espaço. Não levo jeito pra ler um livro disponibilizado pela internet – computador. Por uma razão simples: eu preciso pegar para gostar. Tocar. Rabiscar. Sentir o cheiro. Sejam os livros reflexivos, livros leves, livros de bolso, uns apenas decorativos, outros essenciais. Dizem, não à toa, que a leitura pelo computador é como sexo sem amor. Acessou, leu, gozou e desligou.
            A essa altura do campeonato, com os citados números, ninguém pode discorda da robustez do livro impresso. Há livros demais. Pense em dois bilhões de títulos. O mundo produz um novo livro a cada 15 segundos – milhares de cópias de papel. Com tiragem média de 2.000 exemplares, quatro bilhões de volumes saem do forno anualmente.
 A verdade é que o digital estabilizou-se como mais um canal de leitura, estando longe de ser o principal. Não decolou, para usar a linguagem do mercado. O mais importante de tudo isso é incentivar o hábito pela leitura, uma vez que, no Brasil, as escolas trabalham pouco a leitura literária.
            Uma coisa é certa: mas nenhum tão vivo como o velho livro de papel, uma invenção perfeita com mais de 5.000 anos de história.


                                           LIN COLN CARTAXO DE LIRA
                                                 lincoln.consultoria@hotma
                                             Advogado e mestre em Administração