sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Estereótipo do dinheiro

            Sempre que me deparo com necessidade de reduzir meu orçamento particular, não meço esforços para atingir o equilíbrio do que ganho até o quanto eu posso gastar. Para esse tipo de coisa sou um verdadeiro pão-duro assumido.
Lembro-me do meu antigo primário a professora dizendo: “Vocês irão aprender que existem os números negativos. O menos um, menos dois...”. De lá pra cá, realmente aprendemos que esses números estão cada vez mais impregnados em nosso cotidiano orçamentário. Basta que verifiquemos o saldo nos extratos bancários. E ainda se vestem de vermelho para chamar mais atenção, ou quiçá, para debochar. Para os endividados, isso é quase pornográfico.
            Como a atividade econômica segue piorando no Brasil, em que o dinheiro está cada vez mais difícil de ser ganho, é recomendável pensar duas vezes antes de gastá-lo. Infelizmente, às vezes, na busca frenética pela felicidade, baseado nos mitos e valores capitalistas, tem custado alto para as pessoas, como se fossem um elixir de prazeres.
            Notem bem, o dinheiro não traz felicidade – para quem não sabe o que fazer com ele. Quem não gosta do dinheiro, do cascalho, da grana? Quem não quer? Duvido que alguém não perca parte do seu dia pensando em como ganhar mais ou como deixar de gastar tanto. Afinal, o dinheiro surgiu para melhorar a nossa qualidade de vida.
Por favor, não me entendam mal. É preciso ser um cego, um idiota ou completo alienado da realidade para não reconhecer que o dinheiro não traz felicidade. Quando falta, é um deus nos acuda. Só gente de má fé, muito rica ou muito confusa nega esse fato.
            Evitando dizer alguma asneira. Digo que não existe fórmula para usar o dinheiro. A vida de cada um tem suas particularidades e as prioridades variam. Ou seja: vale mais juntar dinheiro para comprar um carro novo ou economizar para fazer aquela viagem extraordinária? Economizar nas refeições fora de casa com objetivo de comprar um celular top de linha?
            Quando vejo algum endinheirado fazendo o que gosta com o seu suado dinheiro, fruto da coragem e dedicação ao trabalho, eu vibro com a sua maneira de viver. Que me desculpem os hipócritas, quem fica despeitado, aqui vai aquela máxima: “Quem tem, não inveja. Quem inveja, não tem”.
            Logo, dar prioridade àquilo que dá prazer não é besteira. E o resto é curtir a vida, num velho calção de banho e um dia pra vadiar – como diria Vinicius de Morais.

                                         
                                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                           Advogado e mestre em Administração


           
           
           

        

domingo, 25 de outubro de 2015

Falso bem-estar

            Ultimamente, nas minhas reflexões matutinas, sempre fico a pensar: Nossa, como anda a depressão das pessoas diante dessa crise que o País atravessa?
            Nestes tempos em que é mais fácil mudar de sexo do que mudar de time de futebol convém pensar um pouco de que a situação anda preta. Bota preta nisso! Ressaltando que tais críticas não são fruto de uma percepção preconceituosa no Brasil. É a nossa realidade, nua e crua, de contrates. Aliás, contrates e surpresas.
            Convenhamos: só mesmo muita fé, esperança e paciência para acreditar que vamos enfim alcançar a superação da triste situação que ecoa pelo País. Como diz o meu predileto amigo Cordeiro, em referência à crise: “Saltar do penhasco parece mais fácil”.
            Infere-se daí a razão frenética pela busca dos remédios antidepressivos, visando o bem-estar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 350 milhões de pessoas, cerca de 5% da população mundial, sofram de depressão a cada ano. No Brasil, cerca de 10% da população teria a doença, o dobro da média mundial. O que deixa o País com um dos mais altos índices de depressão do mundo, acima de países como EUA, com 7%, e França, 8%.
            Nesse contexto, o Rivotril passou a ser o segundo mais consumido no Brasil, só perde para o anticoncepcional distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de ser de tarja preta, o remédio superou as vendas do paracetamol, pomada contra assaduras e medicamentos que controlam doenças crônicas, que sempre lideram essa lista.
            Cá entre nós – isto é, cá entre mim e mim mesmo, motivo não nos falta: desemprego, inadimplência, inflação, segurança, corrupção... Isso tudo decorrente da visão míope de um Estado grande e intervencionista praticada pelo governo petista nos últimos anos tem conduzido a economia para um resultado desastroso. Dito de outra maneira, um novo Brasil precisa se projetar, mais transparente, mais eficiente, que olha para o futuro.
            Tem mais. Na busca incessante pelo bem-estar (falso bem-estar), via remédios antidepressivos, a partir dos imperativos impostos pela nossa economia, que vai sendo sucateada, como um transatlântico afundando lentamente. Se não entendermos isso, nós, brasileiros, poderemos renunciar a qualquer sonho de grandeza civilizatória.
            Então tá. Agora está explicado o porquê de tanto consumo do Rivotril.


                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                         Advogado e mestre em Administração

            

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Mais uma vítima da violência

            Fiquei, literalmente, no mato sem cachorro, sem saber pra onde ir ou a quem recorrer, quando fui vítima em um assalto a mão armada no último sábado (17/10), por uma dupla de motoqueiro, em plena luz do dia, às 6 hs da manhã, e sob olhar incrédulo de várias pessoas. Que horror! Que vexame! Que medo! Que constrangimento!
            Como disse o meu amigo Cordeiro: “Que equivaleria, nos velhos filmes de faroeste, ao clássico ‘mãos ao alto’”. Tal fato ocorreu na Av.Ruy Carneiro, em frente ao Mercado de Tambaú, onde para lá me dirigia a fim de realizar algumas compras, frutas e verduras, como costumeiramente faço. Ainda bem que os bandidos levaram apenas um cordão de ouro e não a minha vida. Detalhe: antes de debandarem, eles tiveram o cinismo, a desfaçatez e a ousadia para checar se o cordão era realmente algo de valor.
            Não é por acaso que a cidade de João Pessoa, entre as capitais brasileiras, está em 5º. lugar em violência, segundo a 9ª. edição de 2014 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Como se vê, temos um “status quo” inoperante. Por mais que os ufanistas de plantão se esgoelem para tentar manter uma imagem que tudo vai indo maravilhosamente bem.
            A mim, me ofende como cidadão e me envergonha como brasileiro e paraibano. Parece um espelho retrovisor de nossa história comum: desrespeito à vida. Dos problemas do nosso Estado, este deve estar certamente no final da fila.
            A verdade é esta: o governo precisa urgentemente fazer investimentos no combate ao crime: na inteligência, no aumento do efetivo e na valorização do policial. Basta isso! E não contrapor com argumento estúpido e vazio, repetidos à exaustão. E, parafraseando Chico Buarque, o que não tem explicação nem nunca terá.
            O mais triste dessa situação é que os jovens estão abandonando o País e se mudando para o Exterior, acuados pela violência e pela recessão econômica. Não só os jovens, mais casais e famílias estão deixando sua terra natal em busca de um cenário mais promissor. Não é à toa que meu casal de filhos se encontra no Exterior fazendo o que mais gostaria de fazer: estudar e trabalhar e, acima de tudo, com extrema segurança.
            É deprimente e revoltante constatar que a questão da nossa “segurança” o debate paira numa espécie de limbo retórico, desubstancializado e ultrapassado. Cascalho bruto do linguajar cotidiano. Comportamento reprovável que macula e desgasta o nosso espírito de cidadania.
            Até outra história de assalto, que, com certeza, ocorrerá. Infelizmente!
             

                                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                              Advogado e mestre em Administração


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A importância do microcrédito

Pensando bem, parece que o nosso País está vivendo uma espécie de “síndrome do Titanic”. Só lembrando: enquanto o navio Titanic afundava, cavalheiros jantavam ao som de violinos e conversavam sobre temas triviais, como corrida de cavalos e jogo de bridge.
            Mas aí está: em vez do governo e os nossos Congressistas estarem tratando da real situação econômica que travessa a nossa nação, estão, simplesmente, focados no impeachment da presidente. É, ou não é, uma espécie da crônica do naufrágio do Titanic?
            A prova dessa similitude é o descaso com a massa de desempregado que já atinge a 3,5 milhões de trabalhadores brasileiros. Cuja solução seria fomentar o microcrédito – uma linha de financiamento para atender desempregados e pessoas com emprego incerto; estimulando, com isso, criar o seu próprio negócio.
            Lamentavelmente, segundo o Banco Central, entre junho de 2014 e junho 2015, a expansão anual do estoque de crédito para o segmento de pequenos negócios, nos bancos estatais, passou de 13,4% para o insignificante 0,03%. Vergonhoso, não?
            O atual quadro de turbulência nacional fortalece ainda mais a importância do microcrédito. Basta dizer que na maioria dos países europeus a pequena empresa é responsável por mais da metade do PIB - ultrapassando os 60% na Alemanha e na Itália - já no Brasil elas ainda não respondem nem por 28% do PIB, apesar de as pequenas e microempresas, em número, sejam 99% do total de empresas existentes.
            É bom que se diga em bom português: a experiência exitosa do microcrédito é uma realidade mundial. Infelizmente, o Brasil está tão atrasado nesse aspecto que os bancos por aqui ainda não oferecem microcrédito para quem se candidata a ser empreendedor. É pena que essa linha de crédito continue sendo um produto no qual o nosso setor financeiro busca ter um grande retorno, mas não é assim nem em outros países latino-americanos.
            Pertinho da gente, na Colômbia e na Bolívia, o microcrédito é visto como um meio que permite ao desempregado fazer um investimento que possa ser pago em mais de dez anos e, muitas vezes, sem juros. Ao contrário o que ocorre no Brasil, com os seus juros por demais abusivos. Um verdadeiro escárnio ao bom senso. Beira a ironia.
            Com o País à beira do abismo, é hora de recorrer ao microcrédito para enfrentar a onda do desemprego.

                                                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                      lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                         Advogado e mestre em Administração

domingo, 4 de outubro de 2015

Malabarismo com elefantes

            Sempre que viajo a passeio, aproveito a oportunidade para pinçar um ou dois livros da minha estante que estão na “fila” para serem lidos. Além do prazer da leitura, é uma forma de encurtar as horas da viagem, assim como, dissipar um pouco o aborrecimento dos aeroportos.
            Na minha última viagem, tive a felicidade de ler o livro “Malabarismo com Elefantes” (Editora Academia, 2008) dos escritores Jones Loflin e Todd Musig, obra essa que conta a história simples, e profunda, de um executivo com um problema universal. Onde ele tem muito que fazer, muitas prioridades, muito estresse e pouco tempo.
            Ao esforçar-se para equilibrar as várias responsabilidades sem se deixar abalar pela pressão, o personagem principal dessa história, Mark, interrompe por um momento suas tarefas e vai ao circo com a família. Lá, tem uma conversa surpreendente com o apresentador, um homem sábio e ao mesmo tempo humilde, que o faz enxergar muito além do espetáculo apresentado ao “respeitado público”.
            Os autores mostram como identificar as primazias para tornar-se mais produtivo e feliz no circo da vida e do trabalho. Tentar fazer tudo ao mesmo tempo é como fazer malabarismo com elefantes – impossível.
            Pois é. A referida história - permeada de contemplação sobre o sentido da vida - é uma maneira singela e divertida de reconhecer os desafios atuais e descobrir ferramentas práticas que nos auxiliam a realizar o que é realmente importante, tanto no trabalho como na vida pessoal. Ao mesmo tempo, os conceitos dessa história passam uma mensagem reflexiva, tão necessária a um mundo de infinitas oportunidades e distrações.
            No decorrer da leitura, você descobre que gerenciar as várias fases de sua vida pode ser fácil e divertida a partir do momento em que mudar seu comportamento e seguir as orientações do apresentador do circo, como é o caso, por exemplo, de continuar tentando fazer malabarismo com elefantes, ninguém, nem mesmo você, vai ficar entusiasmado com seu desempenho.
            Afinal, se a sua vida está tão agitada a ponto de parecer um circo, leia esse livro. Você vai aprender a estabelecer prioridades, relaxar e aproveitar o espetáculo.


                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                      Advogado e mestre em Administração