Sempre que me deparo com necessidade
de reduzir meu orçamento particular, não meço esforços para atingir o
equilíbrio do que ganho até o quanto eu posso gastar. Para esse tipo de coisa
sou um verdadeiro pão-duro assumido.
Lembro-me do meu antigo primário a
professora dizendo: “Vocês irão aprender que existem os números negativos. O
menos um, menos dois...”. De lá pra cá, realmente aprendemos que esses números
estão cada vez mais impregnados em nosso cotidiano orçamentário. Basta que
verifiquemos o saldo nos extratos bancários. E ainda se vestem de vermelho para
chamar mais atenção, ou quiçá, para debochar. Para os endividados, isso é quase
pornográfico.
Como a atividade econômica segue
piorando no Brasil, em que o dinheiro está cada vez mais difícil de ser ganho,
é recomendável pensar duas vezes antes de gastá-lo. Infelizmente, às vezes, na
busca frenética pela felicidade, baseado nos mitos e valores capitalistas, tem
custado alto para as pessoas, como se fossem um elixir de prazeres.
Notem bem, o dinheiro não traz
felicidade – para quem não sabe o que fazer com ele. Quem não gosta do
dinheiro, do cascalho, da grana? Quem não quer? Duvido que alguém não perca
parte do seu dia pensando em como ganhar mais ou como deixar de gastar tanto.
Afinal, o dinheiro surgiu para melhorar a nossa qualidade de vida.
Por favor, não me entendam mal. É
preciso ser um cego, um idiota ou completo alienado da realidade para não
reconhecer que o dinheiro não traz felicidade. Quando falta, é um deus nos
acuda. Só gente de má fé, muito rica ou muito confusa nega esse fato.
Evitando dizer alguma asneira. Digo
que não existe fórmula para usar o dinheiro. A vida de cada um tem suas
particularidades e as prioridades variam. Ou seja: vale mais juntar dinheiro
para comprar um carro novo ou economizar para fazer aquela viagem
extraordinária? Economizar nas refeições fora de casa com objetivo de comprar
um celular top de linha?
Quando vejo algum endinheirado
fazendo o que gosta com o seu suado dinheiro, fruto da coragem e dedicação ao
trabalho, eu vibro com a sua maneira de viver. Que me desculpem os hipócritas, quem
fica despeitado, aqui vai aquela máxima: “Quem tem, não inveja. Quem inveja,
não tem”.
Logo, dar prioridade àquilo que dá
prazer não é besteira. E o resto é curtir a vida, num velho calção de banho e
um dia pra vadiar – como diria Vinicius de Morais.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e mestre em Administração