segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Desafio do trabalho aos mais velhos


            Eu parto sempre da boa leitura para o meu exercício da escrita. Preciso ler muito para estar num estado de criação, num estado de compreensão do que rola pelo mundo afora.
            Numa faxina recente, caiu-me às mãos um artigo que falava que a expectativa de vida está crescendo a passos agigantados desde a década de 1960. Hoje um jovem de 20 anos tem 50% de chance de viver até os 100. Se você tiver 60 anos, tem uma chance igual de chegar a 90.
            Esse cenário traz inúmeros desafios para uma sociedade que ainda não está preparada para lidar com os profissionais que o mercado corporativo está descartando em função da idade. Algumas consultorias de RH têm recomendado o recrutamento de pessoas com mais de 50 anos, principalmente, por ter maturidade, responsabilidade, experiência e estabilidade.
            No futuro bem próximo, será normal encontrarmos um estagiário de 40 anos iniciando uma mudança de carreira ou mesmo um trainee de 70 anos em busca de um novo propósito. A idade não será mais critério de contratação.  O que vem proporcionar, àqueles que estão prestes a se aposentar, buscarem um novo rumo profissional.
            Ademais, as empresas terão um papel importante a desempenhar, zelando pelo bem-estar desses funcionários e orientando-os em quesitos como gerenciamento do tempo, eficiência e produtividade. Incentivando, ainda, os funcionários a gastar mais tempo fora do ambiente de trabalho para treinar e se aperfeiçoar.
            Pensando nisso, tomei coragem e contratei um professor particular para dar aula de inglês. Uma forma de facilitar a minha conversação com os meus netos que moram fora do Brasil. Além disso, decerto, vai me oferecer grande volúpia, provocada pela sensação de poder sobre o outro (no bom sentido), através da língua. Uma vez que abre as portas do conhecimento e transmite os saberes. Única exigência: que o aprendizado ocorra de forma natural, sem obrigatoriedade, deixando os tecnicismos de lado.
            Temos que ter a capacidade de olhar para si mesmo sem rótulos e entender que não há idade para amar e muito menos para aprender.


                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                  Advogado e mestre em Administração

domingo, 22 de dezembro de 2019

A Paraíba envergonhada


             Adoro frequentar livrarias. É um dos meus programas favoritos. E das coisas que me impressionam, ultimamente, é a quantidade de publicações no campo da ética (com destaque à corrupção). Não só no Brasil, mas no mundo todo.
            Mesmo já enfronhado com a leitura sobre o citado tema, fui tomado de surpresa quando estourou o recente escândalo de corrupção na Paraíba. Quando esse desastre moral aconteceu, encontrava-me na cidade de São Paulo, e assim fui recepcionado pela gerência do hotel onde eu estava hospedado: “Doutor, boa tarde, que tsunami de corrupção esse na Paraíba? Até o ex-governador foi preso”.
            Foi um horror, morri de vergonha. Fazer o quê, então? Quando me dei conta dessa realidade, tudo ficou claro. A prisão do ex-governado Ricardo Coutinho e de outros, nessa sétima fase da Operação Calvário, ficará marcado de forma negativa na história do nosso estado. Cujos recursos milionários foram desviados da saúde e da educação – numa cultura do vale-tudo e de desrespeito às leis.
            As conversas telefônicas e as deleções deixam clara a promiscuidade. Essa ilegalidade não é uma questão de opinião. Ela aconteceu. Não há superbond que dê jeito nisso. Diante de fortes evidências criminosas, há um clamor febril, delirante da nossa sociedade, por uma decisão coerente, justa e legal.
            O quadro é absolutamente calamitoso. Uma carnificina moral. O retrato de hipocrisia e falsidade. Zona total. Eles, os envolvidos, não disfarçam o cinismo, quando dá azo a versão semelhante: “Estou tranquilo!...”. Agem como pit bulls agressivos, paranóicos e inconsequentes, apoiados pelos aliados de esquerda, como sempre.
            A verdade é que a onda de corrupção na Paraíba descambou de vez para anarquia, para a ausência de pudor e de vergonha. Apesar dos pesares, estamos esperançosos que essa corrupção deslavada seja combatida e que os aproveitadores sejam punidos.  
           
                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                           Advogado e mestre em Administração


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

A volta dos cassinos


             Estou tomando um cuidado danado para não ficar amargo. Mas está difícil. Muito. Principalmente quando vejo alguém contrário à volta dos cassinos no Brasil, com o argumento que a jogatina leva ao vício, e o vício destrói família, que leva a criminalidade.
            No meu quadrante, penso o contrário. A sua proibição cria mercados ilegais mais danosos à sociedade do que a liberação regulamentada. A realidade evidencia que ninguém vai deixar de jogar por causa da proibição; as apostas continuarão acontecendo, só que de forma clandestina, com todos os seus malefícios.
            Acreditem: dos 193 países-membros da ONU, a grande maioria (146 nações) tem bingos e cassinos legalizados, enquanto o Brasil integra a lista dos países em que há a proibição, sendo 75% deles países islâmicos, prejudicando a tributação e a geração de emprego e renda.
            Esses empreendimentos, como cassinos, não funcionam como atrativo apenas as mesas, baralhos e roletas, mas todo um complexo de entretenimento, como salões de bailes e shows de artistas internacionais, peças teatrais e restaurantes de alta gastronomia. Isso nos remete aos tradicionais e antigos hotéis do Brasil que exploravam os jogos como o Grande Hotel Lambari (MG), o Quitandinha em Petrópolis (RJ), o Ahú, em Curitiba (PR), entre outros.
            Segundo Gilson Machado, presidente da Embratur, “com os cassinos, vamos triplicar o número de turistas estrangeiros”. Grupos americanos já disseram que, se o Brasil liberar os cassinos, terão mais de US$ 15 bilhões (R$ 63 bilhões) para investir aqui.
            Uma opinião dessalgada (gostei do termo), uma manobra panfletária, de um marketing calculado e ridículo achar que será o “fim do mundo” caso haja a volta dos cassinos. É incrível como distorcem as coisas. Vamos acabar com essa mentalidade tupiniquim de que o Brasil é um país de um futuro que nunca chega.
            Ainda bem que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), se mostra favorável ao Projeto de Lei de 2016 (liberação dos jogos), proposto pelo Senador Ciro Nogueira (PP), está com relatório pronto para a votação no plenário.
            Se quisermos pensar “prafentemente” (como diria Odorico Paraguaçu, do Bem Amado), o Brasil tem que virar a chave e se projetar para as mudanças. E a volta do cassino é a sacada!

                          
                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                            Advogado e mestre em Administração

               

domingo, 8 de dezembro de 2019

Valorização do verde nas cidades


            Para contextualizar a coluna de hoje, leitor, gostaria de registrar o XXIII Congresso da Sociedade Brasileira de Arborização (SBAU), ocorrido recentemente em nossa capital, onde foi eleito por unanimidade o paisagista Sérgio Chaves como novo presidente dessa conceituada entidade, com sede em Curitiba.
            O citado encontro teve como marca chamar atenção dos gestores municipais de suas responsabilidades ambientais, inserindo-se nesse ponto a importância do paisagismo das cidades, especialmente a arborização urbana. Destacando-se o valor da riqueza dos benefícios ecológicos e de conforto ambiental que as árvores favorecem às cidades, oferecendo uma melhor qualidade ambiental e de vida aos citadinos.
            De verdade, não foi surpresa para mim a eleição do amigo Serjão (como carinhosamente o chamo). É um profissional com uma fortaleza impressionante na defesa do meio ambiente. No seu mister, com sorriso largo e jeito firme, procura transformar corações e mentes das pessoas numa perspectiva sócio-ecológica.
            Desde que o conheço tem estado envolvido em diversas atividades relacionadas com a natureza urbana. Ele se tornou ecologicamente envolvido com a vida, com todas as espécies de vida. Um tipo de alfabetizador ecológico.
            O novo mandatário da SBAU é também diretor de paisagismo da Prefeitura Municipal de João Pessoa, que vem contribuindo com o prefeito Luciano Cartaxo para melhorar a qualidade de vida da população, mormente, na urbanização das avenidas, ruas, travessas e praças, tornando-as mais humanizadas, arejadas e belas. A exemplo do Novo Parque da Lagoa e do Parque Zoobotânico da Bica.
            Infelizmente, ainda, o dinheiro conturba a consciência humana, incendeia discussão sobre a defesa do meio ambiente. Que o Brasil, às vezes, tão trágico, tão bruto e tão desesperado, com gente como você (Serjão), pela sua luta a favor da natureza, pode sim fomentar amor, progresso e civilização.
            Que a mensagem desse congresso, nestes tempos obscuros, tenha contribuído para trazer às luzes da razão.  


                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração

           

           

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Crise dos partidos políticos


            A mim parece inequívoco em dizer que os partidos políticos estão em crise. Estão agindo exclusivamente por pragmatismo eleitoral, de olho nos fundos de recursos públicos; que são indolentes com a formação e inconsequentes na seleção de candidatos; que possuem “dono”, instrumentos de cúpulas sem bases sociais.
            A literatura brasileira, especialmente em Jorge Amado, não nos relata nenhum prostíbulo com tamanha esculhambação. Realmente, a imbecilidade tomou conta dos partidos. Basta ver o que está ocorrendo por aqui (na Paraíba) com o PSB: um sem-número de filiados colocados no balaio dos “indignados”.
            A maioria dos partidos está fazendo proselitismo político de quinta, ou vem de fato, cometendo abusos, ou não honra com os seus compromissos programáticos. Espécie de predadores puro sangue da política. É preciso o eleitor estar atento a outras opiniões, outros olhares e outras tintas com esse estado de coisas: picaretagem política.
            Segundo a Datafolha, apenas 4% dos brasileiros confiam muito nos partidos, enquanto 58% não confiam nem um pouco. O quadro (de figuras medíocres e melancólicas) não surgiu no vácuo. É resultado direto de partidos sem organicidade, sem alternância de poder, sem democracia interna, sem transparência e sem estruturas de governança eficientes para mediação de conflitos e tomada de decisões.
            Ora, como diz Paulo Gontijo, do grupo Movimento Livre, nossa política hoje está dominada por cartórios eleitorais incapazes de cumprir sua missão de aglutinação e representação de setores da sociedade. As siglas formam um oligopólio subsidiado, com forte acesso a dinheiro público e blindado da competição.
            Tudo isso é verdade dessa tosca malandragem. Mais: a questão da punição por infidelidade partidária só faria sentido se os partidos fossem orgânicos, sem interferência rasteira do poder de uma cúpula de caciques sem representatividade.
            Não podemos ser cego a realidade. E por isso, concluo, que no Brasil, ser presidente de uma legenda partidária virou algo taxado como artigo de luxo.
           

                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                          Advogado e mestre em Administração

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Alternativa tributária


            Eu já tenho 64 anos, sabe? E é tão maravilhoso pensar que há tanta coisa a ser descoberta, que pode me ajudar a pensar diferente e a falar diferente para aqueles que estão ao meu redor. E a leitura faz isso comigo, com leveza e produtividade.
            Nestes tempos de debate sobre a reforma Tributária, mais do que nunca necessitamos luzes trazidas pela leitura. E foi daí que descobri que na Suíça existe um projeto fiscal rico de ensinamento para o Brasil. A ideia é abolir três impostos federais (Taxa de Selo, IVA e Imposto de Renda Jurídico e Físico) e substituí-los por uma microtaxa sobre todas as transações eletrônicas.
            Caso haja dificuldades para a sua aprovação aqui, via Congresso, o caminho para se chegar lá é a realização de um plebiscito. Se o povo paga impostos e usufrui dos serviços públicos financiados pela tributação, nada mais justo que decida quanto quer pagar – e, sobre tudo, quem deve pagar.
            Em bom português, até onde vai meu entendimento, o nosso sistema fiscal é arcaico, burocrático e injusto. Ademais, em uma era de digitalização e automatização, tributar o trabalho é contraproducente, pois muitos empregos tendem a desaparecer.
            É válido registrar que não se trata de acrescentar um novo imposto (tipo CPMF), mas de substituir os impostos federais por um único de apenas 0,1%. Haveria, além disso, um excedente que poderia ser utilizado para financiar a previdência e a transição para energias renováveis, por exemplo.
            Ora, ora trocar seis por meia dúzia com uma reforma tímida e desfocada se pode fazer uma verdadeira revolução tributária. O País vive um novo tempo. Temos um Congresso renovado, temos um novo governo com disposição para fazer grandes mudanças, sem medo de ousar, sem compromisso com um passado atravancado por ideologias perniciosas.
            É hora de unir, não dividir. Deixar as bravatas e picuinhas de lado e pensar num grande projeto tributário para o Brasil. E a microtaxa é uma boa alternativa.


                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração
           
           
             


terça-feira, 19 de novembro de 2019

Imprensa paraibana de luto


            A notícia da morte da jornalista e colunista político Lena Guimarães, 62 anos, foi recebida com choque e tristeza no meio jornalístico da Paraíba e junto aos seus leitores. Natural de Cajazeiras, como eu, berço cultural que lhe deu rédeas largas para a sua brilhante carreira profissional.
            Interessante. Não cheguei a conhecê-la pessoalmente, apesar de termos tido uma convivência semanal, via internet, desde 2007, através do encaminhamento semanal dos meus artigos - oportunidade em que ela exercia a função de Diretora de Redação deste prestigiado periódico. Para conhecer suas virtudes profissionais, bastava ler seus textos para ver que era uma democrata convicta de corte liberal.
            Lena, com ironia e visão ampla, era capaz de descrever e antever questões da política paraibana e nacional. Era destemida e autêntica que nunca se curvou diante dos desejos de poderosos. Sua vida era rica em experiência e emoções vivas. Uma referência inspiradora. Alma de repórter, com senso crítico de analista político. 
            Será, sim, muito difícil substituir o profissionalismo e a credibilidade que ela tão bem emprestou à imprensa paraibana. Seus textos tinham lufada de ar fresco que resgatava o senso de amor pelo País, em meio a tanto ódio, raiva e disputas.
            Ainda que em algumas vezes alguém tenha discordado do que ela escrevia, o seu talento e a sua honestidade intelectual sempre merecia o aplauso de todos os seus leitores. Lena, como jornalista responsável, sabia olhar e não inventar fórmula que justificava ao mesmo tempo seu interesse por fatos da vida cotidiana, num estilo realista, fiel às descrições.
            Não por acaso, Lena definia o jornalismo no qual virou bordão: “Jornalismo com ética e paixão”. Foi espelho e bússola para muitos colegas de profissão. Espécie de um pilar, uma mentora e um exemplo. Escrevia dum jeito que todos entendiam e se encantavam.
 Pode notar aí: vai ser difícil haver outra Lena Guimarães. Meus pêsames à família.


                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                            lincoln.consultoria@hotmail.com
                               Advogado e mestre em Administração
               

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Dificuldade das reformas


            Já ocupei este espaço mais de uma vez para falar sobre a reforma da Previdência – agora, uma realidade. Se volto a fazê-lo, não é por falta de pautas que ensejem um olhar crítico, mas pela importância absoluta do tema.
            O Brasil já dá sinal de maturidade e responsabilidade com as novas medidas que deverão recuperar o equilíbrio fiscal. E a aprovação da reforma da Previdência é um grande exemplo. Uma obra de muitos, a maior parte anônima ou desconhecida. Afinal, em poucos anos o Brasil terá mais idosos do que jovens. O envelhecimento da população brasileira segue acelerado, enquanto a taxa de fecundidade cai ano após ano. Lamentavelmente o Brasil ainda não está preparado para lidar com os desafios do envelhecimento.
            Reconheço que fazer reformas é difícil em todo mundo, pois, mesmo que eles representem melhora para a coletividade, sempre haverá perdedores e ganhadores. As invariantes nesses bate-bocas (que classifico como “disenteria verbal”) são a defesa exclusiva de interesses pessoais e o desprezo pelos rumos do país.
            Para o bem do nosso Brasil, as reformas têm que sair na porrada, no sentido metafórico. Como nas palavras de Millôr, “O Brasil tem um enorme passado pela frente”, fico a imaginar algumas bandeiras que ainda devem ser levantadas nesta cruzada contra os moinhos de vento dos ideólogos que desafiam a nossa inteligência.
            O livro “Por que é difícil fazer reformas econômicas no Brasil?”, do economista Marcos Mendes, coloca a necessidade de realizar reformas econômicas como condições para que o Brasil aspire entrar no grupo dos países de renda alta, baixa pobreza e baixa desigualdade. Não se trata, a obra, de nenhuma jabuticaba ou profecia de botequim.
            Para o referido autor - com sua experiência enriquecedora e de grande aprendizado -, a janela para reformas continua aberta para o atual governo. Basta avançar de forma persistente nas reformas econômicas, administrativas e no aperfeiçoamento da democracia. Assino embaixo.

                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
                                            Advogado e mestre em Administração



           

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

O pesadelo da Argentina


            Começo este texto dizendo que a Argentina é um vulcão de complicações. E o novo presidente eleito, peronista Alberto Fernández, tem consciência desse embaraço.
            A Argentina está atravessando uma intensa crise econômica que já dura aproximadamente 30 anos. Essa crise se agravou com a desvalorização do peso argentino, com uma alta taxa de inflação (60% ao ano) e com o pedido de ajuda do país ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A coisa tá feia, tá braba!
            É desarrazoado quando Fernández diz: “Vamos impulsionar o crescimento pela via do consumo”. Ora, 90% das coisas que se consomem na Argentina são compradas em dólares, não sei de onde ele vai tirar (mais) dólares, se o problema central da sua economia está em sua balança comercial - deficiência da conta corrente.
            Nos últimos anos, a economia da Argentina entrou em um período de estagnação, apresentando um crescimento muito lento que, aliado às altas taxas de desemprego, agravou cada vez mais a crise fiscal, pois os gastos do governo se mantiveram mais altos que a arrecadação.
Nesse cenário cabuloso, que provoca o desemprego, faz com que as pessoas consumam menos – ou porque elas não têm dinheiro ou porque preferem guardá-lo devido às expectativas de inflação. Isso gera uma menor movimentação da economia e, portanto, uma menor arrecadação do governo, o que intensifica a crise fiscal.
Os nossos hermanos argentinos ficam sem entender a razão de todo esse pesadelo/problemão econômico. Apesar de eles terem terras férteis, água doce que desce dos Andes, riqueza mineral nas montanhas, jazidas de petróleo na Patagônia e um impulso de trabalho (meritório) vindo com a imigração européia.
Com certo trocadilho irônico, costuma atribuir ao Prêmio Nobel de Economia Simon Kuznets, a constatação de que há quatro tipos de países no mundo: os desenvolvidos, os que estão em vias de desenvolvimento, o Japão – que superou a Segunda Guerra e é uma potência econômica – e a Argentina, que fez o caminho inverso.


                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                    Advogado e mestre em Administração
           

terça-feira, 29 de outubro de 2019

No caminho certo


            O Brasil não é mesmo para principiantes. A transformação (econômica, financeira e social) que o nosso País tanto precisa não vai acontecer num instalar de dedos. É preciso um novo olhar sobre gestão pública, e a equipe do ministro Paulo Guedes tem feito isso, até agora, com firmeza e eficiência.
            Pois não há superbonder que dê jeito na crise do Brasil, se não pôr em prática as reformas. No caminho do saneamento financeiro, as medidas adotadas (possíveis) já são perceptíveis pela população e pelos agentes financeiros. Seus efeitos se fazem sentir pela melhoria do ânimo do consumidor e do empresariado, com a construção civil se recuperando, a indústria automobilística vendendo mais, o comércio, pouco a pouco, se reanimando. Concordo: ainda é cedo para estourar rojões.
            Apesar das miudezas da política, percebo e deduzo que agenda do “Posto Ipiranga” (leia-se Paulo Guedes) é indiscutivelmente construtiva e virtuosa em qualquer lugar do mundo. Um choque de realidade. Taí a curva do desprego apontando para uma criação de empregos, sem contar um aumento de microempresários gerando mais ocupações. Enfim, um quadro de modesta, mas contínua reconstrução.
            Vale destacar que essas mudanças, ao lado de uma agenda liberal já em andamento, são fundamentais para colocar o Brasil numa rota de crescimento sustentado. Sempre focado ao bem estar de seu povo. Acabando, de uma vez por toda, a prática do Estado agir como um Robin Hood às avessas.
            Tarefa difícil, mas não impossível. É bom lembrar que os países escandinavos (Finlândia, Noruega, Dinamarca e Suécia), por exemplo, que provocam a inveja a muitas pessoas, estão sempre entre os primeiros países colocados nas classificações sociais, ambientais e econômicas. Salientando-se que tais países eram os mais pobres da Europa no começo do século passado.
            Eis aí a chave de tudo: tirar o Brasil da estagnação e da mediocridade. E o caminho são as reformas que já estão ocorrendo.

                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                         lincoln.consultoria@hormail.com
                                            Advogado e mestre em Administração
           

terça-feira, 22 de outubro de 2019

A nova velhice


            Entrei no elevador do meu prédio residencial e, assim que a porta fechou, dei de cara com um senhor já da terceira idade – de 70 anos, por aí. Olho pra cima, pra baixo, pros lados, mas sem descolar o olhar (sutil) da sua camisa azul puída com a frase: “Não estou envelhecendo. Estou me tornando um clássico”. Achei um barato!
            É difícil falar desse tema sem soar clichê como um livro de autoajuda, um budista ou um expoente desse bem popular de palestra motivacional. A verdade é que o tema da “nova velhice” nunca foi tão discutido. Raras são as edições de jornais e revistas que não trazem matérias sobre como envelhecer com saúde ou de que forma tornar mais leve essa pesada fase da vida.
            Seja na internet, seja em sítios especializados, não faltam discussões, dão receitas, defendem direitos e se transformam em plataformas de venda de produtos para os idosos. Alguns políticos elegem-se com os votos da chamada terceira idade. As agências de turismo lançam programas específicos de passeios e viagens pelo mundo. É a exuberância do novo segmento de consumo.
            Que emoção maravilhosa sentir-se representado. Foi assim que me senti quando li o depoimento da professora Diva Guimarães, 80 anos, na última Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), “O pior preconceito que pode existir com uma pessoa mais velha é achar que ela é idiota e só atrapalha. Escuto nos ônibus: ‘Esses velhos só incomodam, por que não ficam em casa? Não pagam a passagem e ainda querem sentar’. Não falo nada. Só dou uma olhada, e penso: ‘quando você chegar - se chegar – à minha idade, você vai ver...’”.
            Prossegue na sua firmeza: “É triste porque, antigamente, as pessoas eram educadas a respeitar os mais velhos, mas, hoje, talvez por muitos pais estarem terceirizando a educação dos filhos, tem uma moçada que acha que pode tudo”.
            A maior lição que extrai dessa história de Diva é que viver a terceira idade é um privilégio concedido por Deus. Pois saber envelhecer é saber viver.


                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Jackson do Pandeiro: 100 anos


            Dias destes encontrei um colega de turma, entre um papo e outro, relembramos do show de Jackson do Pandeiro que assistimos juntos. Oportunidade em que fiquei admirado com a criação e a improvisação das palavras cantadas e da performance da melodia. Ele já tinha fama da Sua Majestade, Rei do Ritmo.
            Esse show, a que me refiro, ocorreu em 1968, no famoso Tênis Clube de Cajazeiras. Guardo na minha memória aquele baixinho, magro, cafuzo, bigodinho ralo e o seu inconfundível chapéu e camisa estampada. Hoje carrego o orgulho desse registro histórico. Confesso, desde então (ainda garoto), virei seu fã bobão.
            Como diz o meu colega de turma, “Nós, da turma de intelectuais fuleiros e lisos”, jamais poderíamos deixar de comentar e homenagear os “100 anos de Jackson do Pandeiro”. Então, vamos lá. Ele nasceu em Alagoa Grande, o seu estilo ganhou corpo em Campina Grande e saiu de Pernambuco para conquistar o mundo.
            Seu disco de estréia (em 1953) trazia o coco “Sebastiana” e o rojão “Forró em Limoeiro”, tivera incríveis 50 mil compradores, logo uma façanha até para os cartazes da Rádio Nacional. “Enquanto Luiz Gonzaga popularizou o baião, o xote e xaxado, Jackson projetou o coco, o samba nordestino, com divisão rítmica vertiginosa e letras de métricas afiadas”, manifesta o crítico musical Tárik de Souza.
            Epítetos geralmente não erram – Jackson era o Rei do Ritmo. Também o homem orquestra. Tocou de tudo: ganzá, reco-reco, zabumba, tamborim, gaita, sanfona, piano. Se fosse para puxar um jazz ou um blues na bateria, não tinha problema. Mas é no pandeiro que ele brilhou. Pudera, seu virtuosismo no domínio do instrumento se tornou lendário.
            Enfim. Como diz o historiador, Luiz Antônio Simas, “Jackson do Pandeiro, está para a música brasileira como Mané Garrincha para o futebol. Pintava o sete igual o camisa sete do Botafogo”.


                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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terça-feira, 8 de outubro de 2019

Abuso de autoridade


            Outro dia estava numa fila de supermercado quando de repente um senhor, com aparência ter 65 anos, postado a minha frente, se virou irritadíssimo: “Ele está pensando o quê! Acha que eu sou um babaca!”.
            Esbaforido ao extremo, enquanto arrumava os óculos com aro de tartaruga, o cabelo grisalho penteado para trás e cavanhaque robusto lhe davam o aspecto de um personagem de romance antigo, então ele veio me explicar todo o seu aborrecimento por causa da famosa carteirada sofrida por certa autoridade no estacionamento do supermercado. Aquela do tipo bem da cultura brasileira: sabe com quem está falando?
            Parecia uma lição de esculacho. Depois eu disse para mim mesmo: infelizmente trata-se de um autoritarismo rotineiro e esquizofrênico, especialmente nos momentos em que os “donos do poder” têm seus interesses pessoais confrontados. Ou seja: aos cidadãos comuns, o rigor da lei; aos “donos do poder”, os privilégios e a faculdade de exercer, permanentemente, o arbítrio (do manda e desmanda).
            Ainda bem que o projeto da Lei de Abuso de Autoridade, cujos trechos vetados e depois recuperados pelos parlamentares serão incorporados à legislação quando forem promulgados e publicados no Diário Oficial da União. Dando, assim, um basta ao que há de mais abjeto na conduta humana, que é subjugar o próximo, ao arrepio da lei.
            Voltando ao senhor do supermercado. Quando diz que não é babaca em consequencia ao “abuso de autoridade”. Ora, a primeira regra para não ser babaca com os outros é: não seja babaca consigo mesmo. Se agir mal consigo mesmo, provavelmente agirá mal com os outros e, se agir mal com os outros, eles farão o mesmo com você. Por isso, não saia por aí se odiando ou se sentindo uma pessoa humilhada. Agora você tem como enfrentar e coibir esse tipo de arbitrariedade.
            Não custa lembrar que “aquele que carrega os símbolos da autoridade não necessariamente os possui”.       


                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
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terça-feira, 1 de outubro de 2019

Ano 1969


            Há 50 anos, a seleção brasileira se classificava para o Mundial de 1970, em seguida conquistando definitivamente a taça Jules Rimet, com um time fantástico, considerado até hoje, como o melhor de todos os tempos.
            Ainda no ano de 1969, o homem desceu na Lua, artistas geniais faziam músicas belíssimas a cada semana, a nefasta ditadura continuava presente no País. Ufa, foi também a data que cheguei a João Pessoa para estudar e morar juntamente com a minha família. Abastecido com a força descomunal dos meus sonhos e da minha fé cristã. Numa vontade que misturava coragem e perseverança.
            Pois a cidade de Cajazeiras, donde eu vim, foi o berço da minha criação católica e quando criança amava a Igreja. Adorava ir à missa, fascinado por aquele teatro todo – o figurino, as velas, o incenso, as palavras em latim, as cores diferente para cada época: o roxo no Advento, o branco no Natal, o vermelho no Pentecostes. Gostava dos cantos e de como todo mundo se abraçava no final.
            Mais a lembrança marcante mesmo dessa data foi o festival de Woodstock, ocorrido em uma fazenda em Bethel, Nova York, que eu assisti tempos depois no cinema Cine Éden, em Cajazeiras, foi um sucesso musical e cultural. Transformando-se em dos eventos mais significativos do século 20. Foram três dias de música.
            Acreditem: quatrocentas mil pessoas estiveram lá, e poucos incidentes graves foram registrados. Mas a menos de um mês para o concerto ao ar livre que reuniria 32 atrações e um número estimado de 200 mil pessoa, o palco ainda não havia sido montado.
            Choveu boa parte do tempo, assim como por quase todos os dias de festival. Comida, atendimento médico e banheiros, por exemplo, eram problemas monstruosos, que foram milagrosamente resolvidos na base do improviso.
             Olhando-se para trás, o mundo nunca mais teve três dias tão sortudos como aqueles.


                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e mestre em Administração
               
               

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

A prática de escrever


            Quer saber? Existem alguns amigos que já me manifestaram desânimo à primeira tentativa de rabiscar umas linhas: “Não consigo juntar duas palavras. Falta-me assunto...”.
            Quer sinceridade? Não é assunto que falta. O assunto está aí, a todos os momentos, diante de nós, quase palpável, perceptível sob qualquer prisma. O que falta é um pouco de esforço (mental) para atingir esse objetivo. Aliás, já dizia o grande escritor português José Saramago: “Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não”.
            A prática de escrever não é fácil. Também não é tão difícil como tantos imaginam. Ela é reflexo da boa leitura. Ninguém escreve sem antes ter uma boa bagagem de leitura. Vai ter que passar por cima de mim o jovenzinho ranheta adepto da frase “Machado de Assis é um saco”. Já briguei com muitos moleques por causa disso. O famoso autor de Dom Casmurro é ainda um dos maiores nomes quando se pensa em bons livros – e não à toa, mas pelo puro mérito de saber costurar palavras da maneira invejável. Como sempre digo: ler um bom livro, faz-me sentir novo em folha.
            Nem vou me alongar muito aqui sobre o referido tema. Porém, dizer ainda que o ato de escrever também estimula o cérebro (existem diversos estudos publicados sobre isso). Um deles defende inclusive que as crianças precisam do movimento da escrita para seu desenvolvimento cerebral, pois sem isso elas teriam alguma deficiência na fase adulta.
            Ao testarem estudantes, através de pesquisas, descobriram que, quando faziam redações escritas a mão, eles geravam mais ideias do que quando as faziam usando computador. Eu, particularmente, no momento que estou meio travado de ideias, gosto de escrever a mão. Quando já tenho a ideia é preciso apenas tirá-la da minha cabeça para destrinchá-la melhor.
            Sacou, né? A boa leitura faz você escrever por osmose.


                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                             Advogado e mestre em Administração

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

PEC dos Penduricalhos


            Em tempos desalentos, a saída é buscar referências inspiradoras. E isso é saudável, pois favorece àqueles que têm visão de mundo, diferente. Cito como exemplo o jovem parlamentar paraibano Pedro Cunha Lima que, com discurso comovente e convincente, rejeita a “velha prática política”.
            O referido deputado federal tem sido muito bom, direto, claro e corajoso no seu mister, notadamente quando idealizou a “PEC dos Penduricalhos”. A ideia é gastar menos com o custeio da máquina administrativa. Hoje, até mesmo o parlamentar que se reelege recebe um penduricalho para custear a mudança para Brasília, assim como para comprar roupas, fora mordomias com carros, combustível, motoristas e assessores (chega a 70). É o avesso do avesso do avesso. É preciso dar um basta.
            Passa da hora a classe política acordar para essa obviedade. É proibido aceitar esse tipo de mimo. Ainda, a meu ver, um ato de indignação, com as manchas de hipocrisia que grassam por aí. Ora, seria bom se isso valesse também para outros poderes, todos carregados de mordomias e auxílios diversos.
            A guisa de comparação. Nos EUA, o presidente paga as refeições da família na Casa Branca – excetuam-se aquelas em que há uma reunião de trabalho. E, na Suprema Corte, há um só carro de representação, o do presidente. Os outros ministros se quiserem carro, que o comprem.
            Existem política e atores políticos. O campo em que ocorre seu jogo sempre foi intrigante e nebuloso. Para tanto, recomendável, há que ter visão estratégia, inteligência, paciência, ponderação, noção dos limites do poder e, sobretudo, plano de voo claro e detalhado. E mais: tem que ter a coragem do parlamentar Pedro Cunha Lima para combater os privilégios impregnados vergonhosamente nos Poderes da República.
            Seguramente não se faz política sem coragem. Segundo Winston Churchill, “é a primeira das qualidades do ser humano, por assegurar todas as demais”. Sem coragem não vamos à esquina, ninguém ganha eleições, não se governa.


                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                Advogado e mestre em Administração
           

terça-feira, 10 de setembro de 2019

A gratidão de Ruy Barbosa


            Continuo lendo livros, jornais, revistas. E quando eu tenho uma ideia, se estou na rua, eu decoro. Como sempre fiz. Aí chego em casa e anoto aquilo na minha agenda visando à publicação do meu artigo semanal.
            Faço isso antes de tamborilar qualquer coisa no teclado do meu computador. Foi nessa rota que me veio à mente um dos nossos grandes vultos da história brasileira, Ruy Barbosa, seja pelas qualidades de exímio jurista, seja pela sua postura de político.
            Não é para menos, tal lembrança, diante da fragilidade da política do Brasil, em que temos um ex-presidente preso, outro pendurado em várias acusações e uma imensidão de políticos sob investigação de corrupção, desvio de dinheiro etc.
            Além das qualidades acima referidas, Ruy era um grande ser humano. Quando seu pai João Barbosa faleceu, deixou várias dívidas decorrentes de compromissos para dar ao filho Ruy a mais esmerada instrução. Fazia empréstimos para pagar outros empréstimos. Vivia em permanente angústia com o assédio dos credores.
            Somente depois da morte do pai é que Ruy Barbosa tomou conhecimento da extensão dos seus sacrifícios. E ficou tão comovido com o desvelo paterno, que resolveu honrar a sua memória, resgatando todas as suas dívidas, mesmo sabendo que estavam prescritas.
            Ainda jovem, recém formado, procurou os credores, acertando prazos para os pagamentos e estabelecendo os juros. Anotou tudo numa caderneta, que acompanhou ao longo de 12 anos, tempo este que o levou para saldar todas as dívidas que o zeloso pai contraíra para lhe dar uma educação de qualidade.
            Ao saldar o último compromisso, Ruy Barbosa registrou na caderneta a seguinte anotação: “Nasci na pobreza, e tal me honro, porque esta pobreza era a coroa de uma vida, que o amargor do sacrifício não deixou frutificar em prosperidade. Com suor de muitas agonias, transformar espinhos em frutos de bênção, fazendo do meu trabalho um manto de respeito para a memória de meu pai”.


                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                 Advogado e mestre em administração