quinta-feira, 22 de julho de 2021

Uma boa caminhada

A cada dia que passa, é mais agradável acordar em um sábado, seja um sábado ensolarado, nublado ou até mesmo chuvoso (não importa!). Só de saber que não temos que se deparar com as obrigações laborais, já é uma dádiva dos deuses.
            Some-se a isso uma bela caminhada descontraída, principalmente logo pela manhã nos primeiros salpicados raios de sol que cintilam na água azul do mar. Pois é a forma mais simples de cuidar da saúde, a nossa riqueza maior. É boa para aliviar as tensões do dia (que nos aguarda) e ter uma mente mais saudável para sintonizar com as nossas ações profissionais.
            Sou adepto
da caminhada-passeio que é descontraída, lenta, contemplativa e é saudável para a cabeça. Daí começo a imaginar o quanto a vida real é um arco-íris, não o monótono preto e branco.
            Inarredavelmente nessa caminhada, colado à minha consorte (Socorro), caminhamos pela vida analisando pessoas e situações, fazendo julgamentos sobre coisas e os que nos cercam.
            Difícil, às vezes, monitorar a velocidade ou ritmo dessa caminhada
tranquila perante os outros “caminheiros”, sem que não possa escutar indevidamente os seus segredos, os seus murmúrios, as suas queixas, os seus lamentos etc.
            Se seus amigos não te ouvem? Está se sentindo só? Não tem companhia para dar uma caminhada? Ora, seus problemas acabaram! Depois do personal trainer e do personal stylist, um novo profissional batizado com o prefixo em inglês chega ao mercado para atender aos solitários de plantão: o personal friend (amigo de aluguel). Avise: não é de graça, paga-se!
            Hoje, em tempos modernos: estresse, trânsito, correria, insegurança, colesterol, triglicérides etc.; o que verdadeiramente incomoda é ser gordo, careca, baixinho, burro ou feio. Um monte de dinheiro só vai acrescentar o sufixo “rico” a estes perfis então citados. Pode até remendar alguns problemas, mas uma conversa interessante ou
abdome sarado sempre terá mais popularidade junto à sua cobiçada clientela.
            Perguntaram ao Dalai Lama: “O que mais te surpreende na humanidade?”.  E ele respondeu: “Os homens. Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente  nem o futuro. E vivem como se nunca fosse morrer e morrem com o se nunca tivessem vivido”.
            Ademais, se o seu “aborrescente” anda aborrecido e aborrecendo além da conta, talvez seja o caso de procurar ajudar através de uma boa... boa... muito boa caminhada!!!
            Assim é o fascínio que essa atividade física nos traz, além da saúde, captando emoções e se deixando contagiar, e que o resto vá para a tonga da mironga do kabuletê. 

                                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                Advogado, administrador e escritor.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Emoções de uma missa

             Lembro-me, era primavera, uma bela época para renovar o espírito, assim como as flores se renovam. Aproveitei o ambiente dessa estação, considerada também a mais bonita, e decidi, num majestoso dia de domingo,  assistir a missa na imponente Igreja de Nossa Senhora da Guia, uma vez que me encontrava passando o fim de semana nessa apaixonada e abençoada cidade litorânea de Lucena.

            Minha cabeça latejava (decorrente dos drinques do dia anterior), o suor me escorria pelo rosto e o sol parecia ter ficado mais quente, apesar do meu relógio marcar 8h dessa linda manhã.
            Bem, eu já dentro do recinto da igreja, acompanhado de minha querida consorte, deu-se início ao Culto Religioso, com o costumeiro Canto de Entrada, depois o Ato penitencial, o Hino de Louvor e por aí vai.
            De repente, o Sacerdote, com feição de cearense e com estilo “pop star” do Padre Marcelo Rossi, interrompeu a sua pregação, bem no começo de sua homilia, para receber no altar uma velhinha de cabelos dourados, com expressão de respeito, vistosa em sua simplicidade, com as
suas mãos trêmulas e se contorcendo, fitando a todos com os olhos embevecidos. Sendo apoiada, acredito, por sua filha, também com idade já bem avançada.
            De forma carinhosa, o nosso padre celebrante lhe abraça, acomodando-a num banco lateral do altar sagrado. E ao mesmo tempo tem uma conversa rápida tipo de pé de ouvido.
            Retornando a sua pregação, disse então esse reverendo: “Tenho a satisfação de apresentar aqui no santuário, a senhora dona Maria..., conforme ela declara, tem 97 anos. Uma salva de palmas para esta querida religiosa”.
            Foi aquele fuzuê sonorizado de aplausos, numa simbiose de alegria e entusiasmo dos fiéis ali presentes.
            Desencadeou-se de súbito em mim uma tremenda emoção. Cerrei os dentes. Engoli as lágrimas que tinham me ameaçado. Com os olhos marejados fiz força para não chorar diante daquela figura singular, pequenina, com uma vitalidade invejável face à sua longevidade.
            Decerto, para nós pecadores um bálsamo do bem querer. Como tivesse ali, aquela senhora, para curar todas as feridas, dando exemplo a todos de que “A vida só se dá para quem se deu”, como dizia o nosso poetinha Vinícius de Morais.
            Pois é.
Precisamos das outras pessoas não apenas para permanecer vivos, mas para nos sentirmos totalmente humanos.
            Pus-me ainda a refletir: eis aí uma grande fonte de inspiração, essa encantadora Senhora. Ao manifestar assim, não faço mais do que uma simples e prosaica constatação de que Deus nos deu um verdadeiro arsenal de guerra, com armas poderosas, tais como: a fé, a perseverança, a esperança, o otimismo e o louvor.
            Além disso, dei-me conta de algo: de tanto assim pecar, pecador, nem sei mais do que pedir perdão a Deus, se dos sonhos que gostaria de sonhar, se das quimeras que não me permiti sonhar.
            Fim de emoções! Fim de missa!       

LINCOLN CARTAXO DE LIRA
A
dvogado, administrador e escritor.


quarta-feira, 7 de julho de 2021

A criança sob o olhar da mídia

 

            Quem não se lembra dessas expressões (midiático): “Não esqueça a minha Caloi”; “Compre Batom”; “Danoninho vale mais do que um bifinho”...  Que tanta influência teve na nossa infância, através dos apelos publicitários, sempre na passagem comemorativa ao Dia das Crianças.

            Ainda hoje, continua, de forma mais “descartabilizada”, onde as imagens e os sons que nos atravessam sem nos pedir permissão. A palavra foi substituída pela imagem. O abraço, pelo objeto. O desejo, pela necessidade. O medo do lobo mau, pelo medo da realidade.

            Segundo o mestre-psicólogo Lais Fontenelle Pereira, a publicação participa da formação de nossas crianças tanto quanto a escola. As crianças são desde cedo incitadas a participar da lógica de mercado. A forma como são olhadas e investidas pelos outros passam pela cultura do consumo.

            Nossa sociedade é consumista, e isso equivale a dizer que acreditamos que os objetos (explorado pela mídia) poderão nos trazer tudo o que nos falta. E para fugir desse estereotípico temos que desmistificar essas ações, transformando esse dia num momento especial, no qual o presente não será o mais importante, e sim, uma demonstração do amor que os pais podem dar aos filhos.

            Daí depreender-se ser fundamental termos a obrigação de filtrar para nossos filhos (ajudando-os a desenvolver uma atitude crítica) tudo com o que os meios de comunicação tendem a bombardeá-los. Explicando-lhes que a propaganda utiliza uma linguagem diferente (mercantil), que não tem nada de compromisso específico com as necessidades e os anseios de nossa família.

            A propaganda, o que há mais importante é ser o primeiro a chegar à sua mente e fazer de você um cliente. E se o elemento em questão é a mente, o assunto é realmente sério.

            Assim, não só as crianças, como também nós podemos ser influenciados pela mídia porque ela entra em nossa mente sem pedir licença. Basta você chegar em casa, ligar o televisor e já estará pagando um bom preço pelo que está vendo. Você é o pagamento; a sua atenção é o lucro dos anunciantes.

            E o mais grave: de acordo com pesquisa norte-americana, bastam apenas 30 segundos para uma marca influenciá-las. Se pensarmos que a criança brasileira passa em média cinco horas por dia em frente à TV (fonte: Ibope), quanta influência da mídia ela sofre?

            Sem falsear a verdade, a criança não se traumatiza por falta de grandes presentes, mas sim, quando se sente abandonado afetivamente pelos pais.

            Com ajustes daqui e dali vamos subverter a ordem estabelecida do consumo desenfreado, trocando o shopping pelo parque, por uma fazendinha – como uma que eu adotei e coordeno no condomínio Victory. Fabricando os próprios brinquedos, em vez de comprá-los prontos. Pois, o importante nisso tudo, não é o presente, mas o estado de felicidade que possa levar a criança; uma vez que ser feliz é o meio mais seguro de se aproximar do bem.

            Vamos ser mais diligentes com os nossos pirralhos!

 

                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                              Advogado, administrador e escritor