Quando criança, “a gente era obrigado a ser
feliz” – usando a fraseologia musical do sábio Chico Buarque. Verdade à beça: pois
o mundo ao nosso redor nos proporcionava essa necessidade, baseada na magia da
inocência e da felicidade.
Sobre isso, vi nas redes sociais uma
foto emblemática de duas crianças tirando uma selfie com uma sandália como se
fosse um celular. Destacando-se que a inocência, a pobreza e o sofrimento fazem
com que a referida foto seja a melhor selfie do mundo. Simples assim.
Tive uma infância típica de cidade
do interior (Cajazeiras). Jogava bola quase todos os dias, empinava pipa, de
virar-se contra a parede no esconde-esconde, de pular corda, de jogar peteca,
de iô iô, de bola de gude e entre outras. Diferente dos dias atuais em que as
crianças já nascem conectadas, sabem mexer em computador, tablets e
smartphones, sem acesso as brincadeiras do passado que proporcionavam, além da
alegria e entretenimento, a atividade física para o desenvolvimento motor,
equilíbrio, destreza e agilidade da criança.
Agora vejo a importância dessas
brincadeiras na minha infância, quando leio o relatório conclusivo da Academia
Americana de Pediatria, referência internacional na sua área, em que orienta
formalmente seus profissionais a receitar brincadeiras diárias a todos as
crianças. Moral da história: brincar é o melhor remédio.
As práticas indicadas no citado
relatório, ressalvem-se, passam longe dos dispositivos eletrônicos. São as
chamadas “brincadeiras livres”, nas quais meninas e meninos se envolvem
espontânea e ativamente. Uma vez que o propósito é estimular o desenvolvimento
mental e social das crianças.
O
grande problema é que as crianças estão brincando cada vez menos. Os aparelhos
on-line não estão proibidos, o problema é o exagero. A escassez de brincadeira
é ancorada em estatísticas. Pesquisas realizadas nas últimas décadas revelam
que o tempo livre das crianças diminuiu 25%. Apenas 50% delas saem para brincar
ou passear.
Não
é por acaso se diz que nós não paramos de brincar porque envelhecemos, mas
envelhecemos porque paramos de brincar.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração