Para início de conversa vamos acabar com essa história que pobre é bom pagador e que não dá calote porque o nome limpo na praça é o seu maior patrimônio. Essa é a conclusão de um dirigente de um banco, que através de uma pesquisa, constatou que 60% das pessoas que atrasavam prestações no comércio têm renda familiar até três salários mínimos. Sendo elas, por sua vez, as primeiras sofrerem com reveses da economia: o desemprego.
Então, falar que os pobres pagam melhor é um mito. E que posição na classe social não é garantia de pagamento.
Ainda que normalmente a análise (autorização) do crédito se dê mediante consulta em órgãos “proteção”, tipo Serasa, SPC e equivalentes, inevitavelmente tem-se como certo a figura singular do mau-pagador.
O nosso dia-a-dia há sempre um motivo que nos leva a desculpar-nos do que fazemos ou deixamos de fazer. Fomos habituados a reagir e a não a agir. Tudo se queixa e razão não falta para isso.
Pois bem, é dentro desse espectro que o mau-pagador utiliza a desculpa esfarrapada – como todas as desculpas – para justificar a sua impontualidade nas suas obrigações creditícias.
Vale lembrar que existem três características de inadimplente: Mau-Pagador – se recusa a pagar, esquiva-se, inventa desculpas ou desaparece; Mau-Pagador Ocasional – geralmente não tem intenção de enganar o credor quando faz o pedido de crédito e, por último, Devedor Crônico – sempre atrasa, mas acaba pagando, inclui-se aí o negligente, devedores sazonais, vítimas de eventos imprevisíveis etc.
Cabe aqui um registro: enquanto o cidadão comum tem 24 horas para pagar suas dívidas jurídicas, se quiser evitar a penhora de seus bens, já o Estado quer valer-se do vezo popular do mau-pagador: devo, não nego, pago quando puder. Refletindo assim, um exemplo triste de verdadeiro escárnio!!!
É importante ressaltar que uma parcela significativa do endividamento da população deve-se (mea-culpa) ao próprio lojista, a financeira e o banco, na sua estratégia desenfreada de persuadir o cliente, através do “crédito fácil”, oferecendo carência no pagamento a perder de vista (60 a 150 dias), parcelamento de 6 a 36 meses embutindo altas taxas de juro. Pouco se dando conta de uma regra básica no mundo dos negócios: pior do que não vender, é vender e não receber.
Enfim, é recomendável usar o marketing para cobrar e não somente para vender. Cuja ferramenta baseia-se numa mistura sutil de psicologia (gancho emocional) e numa engenharia de cobrança, para motivar o mau-pagador a pagar, sem necessidade do constrangimento, mediante violência ou grave ameaça.
Constatando que, no financiamento, sempre haverá o mau-pagador, uma vez que o “cliente ideal” não precisa de empréstimo e nem de crediário.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
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