terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Lula condenado

             Era o esperado. O resultado não poderia ser pior pra Lula. Foi irretocável a conduta dos desembargadores que lhe impuseram a condenação em segunda instância, aumentando à pena. Os votos foram substanciosos e consistentes, e não deram margem a dúvidas: Lula usou do seu poder para benefício próprio e enriquecimento ilícito.
            Sua condenação nos remete à situação de um campeão mundial que acaba de ir à lona após receber um cruzado de direita. A chance derradeira de o petista se erguer da lona e continuar na luta, é remota, quase nula. Agora, é esfriar a cabeça e pedir perdão ao povo brasileiro.
            Sobram evidências na peça condenatória de que suas relações com os grandes empreiteiros feriram, na hipótese mais branda, a ética republicana. Não prosperou o mantra repetido à exaustão por Lula e seus seguidores de que não há provas contra ele, e sim, perseguição política. De fato, a acusação contra Lula não apresentou o que vulgarmente é chamado de “batom da cueca”, mas isso é frequente em casos de corrupção de altas autoridades.
            A verdade, em português claro, é que o Brasil não precisa de Lula. Se cair fora da vida política, não fará falta nenhuma. Ele não inventou a corrupção, mas aperfeiçoou a níveis inimagináveis, fazendo com que não tivesse adversários à altura em praticamente todas as áreas de poder do País.
            Mas não é só isso. Os míopes seguidores de Lula esbravejam que no caso Brahma – um dos seus codinomes revelados nas delações premiadas – não venha disputar a eleição presidencial deste ano, eles vão apontar ao surrado artifício retórico a um “golpe”, associando ao impeachment de Dilma Rousseff. Ora, tenham paciência!
            Termino com um saber consagrado: a Justiça foi feita! Apesar de todas as tentativas de colocar o clichê de politização do processo, ao final prevaleceu o critério jurídico, ou seja, os fatos.


                                                 LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                  lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                       Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Fim da revista “Caros Amigos”

            Qualquer revista ou jornal de expressão que fecha as suas portas eu fico desolado, muito triste. Pela simples razão: independente de sua linha política editorial é uma fonte de saber que vai deixar de nos alimentar conhecimentos.
            Mesmo expondo abertamente o seu viés esquerdista (frise-se Lula, Dilma e Cia), lamentável que a revista “Caros Amigos” tenha deixado de circular nesse vendaval de mudanças tecnológicas e seus impactos nas relações sociais, na comunicação de massa, na reorganização das sociedades e mercado. Cuja leitura eu acompanhava desde 2005.
            Foi, sim, o fim de um jornalismo vibrante, curioso e bem-humorado. O mais das vezes alguns articulistas esbravejavam, ironizavam e até ignoravam a realidades de fatos históricos da nossa estridente política. Satanizavam por demais o governo Temer, igual a todos os governantes de direita. Ah, claro. Um pote até aqui de mágoa.
            Apesar das dificuldades financeiras, em nenhum momento deixou-se de pensar na qualidade e relevância das pautas e temas. Seu diretor-geral, Wagner Nabuco, primava por isso. Procurava sempre produzir um veículo crítico para se contrapor ao jornalismo hegemônico. Quer queira quer não, sua ausência empobrece o debate.
            Tenho comigo certo senso de que a democracia, a justiça social e a defesa da nossa soberania dependem e precisam de pluralidade de vozes de pontos de vista. Sem uma mídia democrática não haverá um Brasil democrático, mais justo e igualitário. Fortalecer as grandes corporações midiáticas é esmagar a mídia alternativa. Tem mais: li outro dia que um dos motivos fortes para a quebra da indústria de mídia deve-se a quebra da confiança do público. Algo que não estão levando em conta.
            O fim da revista “Caros Amigos” deixa diminuta a grande imprensa. Apelamos, porém, para que os seus ex-articulistas, a exemplo de Frei Betto, Gilberto Felisberto, José Arbex Jr. e tantos outros, continuem militando de maneira independente, responsável e, acima de tudo, colaborativo.

                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                     lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                        Advogado e mestre em Administração
               


terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Mais um baque na corrupção

            O título desse artigo poderia ser “Um símbolo que caí”, por que não “O fim de uma era” ou então “Queda do professor da corrupção”, e tantos outros. Não poderia ser diferente para quem já tem o seu nome (Paulo Maluf) como verbete obrigatório em qualquer compêndio sobre política brasileira. Como o verbo “malufar” que significa fraudar, roubar os cofres públicos.
            Não tenho prazer sádico de ver ninguém preso, mais ainda que tenha 86 anos. Mas que a prisão de Paulo Maluf foi correta, ninguém pode censurar. Foi condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, o deputado ocultou dinheiro desviado de obras públicas. Em março deste ano, gabou-se de não constar do rol de investigados na Lava Jato e no mensalão. Enfim, um desenlace melancólico para o doutor da corrupção.
            Até então, ele apostou na lentidão da Justiça como garantia de sua eterna e tranquilíssima impunidade. Considerado o rei do cinismo, que sempre jurou não ter dinheiro no exterior, já havia sido condenado na França. No Brasil, apesar das blindagens concedidas aos parlamentares, o STF o condenou. Finge ter dificuldades para andar, mas só quando é filmado. Ademais, perdeu o medo e a vergonha de exibir-se à luz do dia.
            Mais irônico de tudo é que houve época em que eu até ria dessa sua performance “malufista”. Hoje, evidentemente, que não é coisa para rir. Os trejeitos e cacoetes verbais sempre dominaram o seu comportamento político. Sua herança introduziu o cinismo na sociedade, ajudando a enfraquecer a combalida moralidade da prática política.
            Muitos, agora, apontam o dedo contra o Maluf. Poucos, entre eles, são menos culpados do que o próprio Maluf. Mais raros ainda os que têm a hombridade de limpar-se antes de mostrar a sujeira dos outros.


                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                            lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                              Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Falta de patriotismo

                             
            Às vezes, aqui neste espaço, faço minhas críticas de forma veemente às mazelas que ainda existem em nosso País, mas que jamais perdi a esperançam e a utopia de um Brasil melhor.
            Sou daquele, como se diz, “Sonhar pequeno e sonhar grande dá o mesmo trabalho”. Então, neste ano novo, vamos renovar o desejo de sonhar grande. O Brasil não é apenas feito de políticos corruptos, mas é feito de algo muito maior e bonito.
            Ora, não ouse criticar o País com os pés cravados em solo pátrio. Quem fala mal de uma terra abençoada como a brasileira não merece pisá-la. Ainda há tempo para mudar, e quem sabe até pedir desculpas.
            Olha só! Não falta quem jure de pés juntos que isso é conversa pra boi dormir. Parece papo antigo, mas não é. É uma idiotice quem fala isso tem espírito pequeno. Pois o patriota é aquele que ama seu país e procura servi-lo da melhor forma possível.
            Como diz meu velho amigo Cordeiro, com sua verve afiada e pontiaguda, “Nós sempre fomos meio vira-lata na questão do sentimento patriótico”. Muitos estão a serviços de seus interesses que passam bem longe da verdade noção de patriotismo.
            Levantamos as mãos pra o céu e agradecemos a Deus por ter criado o Brasil com a melhor fauna e flora de sua invenção e poupo-o de vulcões, terremotos e furacões. Vamos acabar com o faz-de-conta. Precisamos difundir o amor à pátria. A nação está acima das diferenças ideológicas, econômicas ou sociais.
            Vamos continuar apostando na construção de um grande país e não de quem só quer atrapalhar o seu progresso, pela pequenez, pela indignidade e pela canalhice. Se ensinássemos o patriotismo à população, não haveria tantos corruptos e vândalos entre nós.
            Quem não gosta do Brasil, que se dane! Pode parecer caretice, mas na verdade é uma manifestação de orgulho de ser brasileiro.


                                                       LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                                        lincoln.consultoria@hotmail.com

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Urgência na Reforma Previdenciária

             O debate escuso (contrário) à reforma da Previdenciária tem cheiro de filme queimado. Não sem razão. Regimes de aposentaria concebidos no século 20 não dão mais conta da nova realidade demográfica. A alta das expectativas de vida e o declínio das taxas de fertilidade, ambos dramáticos, implicam uma escalada das despesas que, cedo ou tarde, será insustentável.
            Nossa Previdência tem um déficit hoje de 180 bilhões. Sem a reforma, serão mais R$ 45 bilhões no ano que vem e outro R$ 50 bilhões no ano seguinte. Quando chegar 2020, poderá haver cortes de remunerações. Somos um país jovem e desigual que gasta com previdência 13% do PIB, mais do que o Japão, que têm três vezes mais idosos.
            Sejamos honestos: alguns políticos tratam como batalha aquilo que deveriam tratar como solução. Para eles, apoiar tal reforma agora é perder votos e comprometer a reeleição! Pode haver intenção mais canalha do que essa ao preparar-se claramente para mentir, ou omitir, sem escrúpulo algum? Retrato daquilo que Ruy Barbosa classificava de “política com pê minúsculo”. Daí a frustração da sociedade.
            Não podemos desdenhar o diagnóstico certeiro feito pelos especialistas no assunto ao dizer, com a reforma da Previdência perde a elite bem remunerada dos servidores públicos com a redução de privilégios concedidos a grupos que estão entre os 5% ou mesmo entre o 1% mais rico da população.
            Logo, o único jeito de atacar a dívida pública para valer é corrigir as distorções da Previdência Social. Não há escapatória: o Brasil precisa enfrentar o problema; quanto mais cedo e mais transparente, melhor para as contas públicas e para a nossa democracia. Chega de mais desilusão, desencanto e revolta. Vamos encarar os fatos agora!
            Muitas lutas nos esperam pela frente. E a reforma da Previdência é a nossa grande prioridade.

                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                        Advogado e mestre em Administração