A
eliminação da Itália ainda na primeira fase da Copa do Mundo gerou uma série de
críticas aos jogadores e a comissão técnica da Squadra Azzurra. Nem os mais
céticos imaginavam que viesse ocorrer essa desclassificação antecipada.
Não é por menos para uma seleção que
já participou de 17 vezes da Copa de Mundo. Atrás apenas do Brasil, a equipe
italiana foi o primeiro escrete a conquistar dois Mundiais consecutivamente e segunda
a conquistar quatro títulos: 1934, 1938, 1982 e 2006. Ficando como vice em 1970
e 1994, e chegou a terceiro lugar em 1990. Como se vê um país com tradição
futebolística.
Antes que me perco em divagação,
diante desse episódio, deixe que lhes recorro à história. O ditador Benito Mussolini
- ou Il Dulce, como ele era conhecido - foi possivelmente o primeiro líder a
usar o futebol na implantação de políticas populares. Ele também foi o primeiro
a enxergar a Copa do Mundo como uma forma de propaganda para seu governo
perante a comunidade internacional. De certa maneira, Il Duce levou aos
gramados esse lado metódico para organizar e vencer o segundo Mundial de 1934.
Depois de conseguir a indicação da
Itália como sede nesse Mundial, Mussolini encarregou a Giorgio Vaccaro,
presidente da Federação Italiana de Futebol, a maior missão não bélica daqueles
tempos para o país: ganhar a Copa. “Sua responsabilidade, Vaccaro, é o título
mundial”, disse o ditador. “Não sei como você vai fazer isso, mas vencer é uma
ordem, não é um pedido”. É vero! Foi um tremendo desespero.
Nas partidas, uma boa parte dos
espectadores era simpática ao fascismo – o público pouco torcia pelos craques,
gritando, na maioria das vezes, “Itália, Duce!”. Nas apresentações da Azzurra,
Mussolini, que obrigava todos, até os árbitros, a fazer saudação fascista no
meio do campo, dava a ordem de início da partida.
Todos os jogadores da seleção Itália
passavam por um treino militar. Mas a pressão psicológica exercida por
Mussolini era muito pior que qualquer provação física. Antes dos jogos, o
ditador escrevia, à mão, um bilhete para cada atleta e membro da comissão
técnica, com as mesmas três palavras: “vencer ou morrer”, um slogan fascista.
Após o êxito do Mundial de 1934,
veio o de 1938, a terceira Copa, disputada na França, Mussolini manteve o mesmo
treinador, Vittorio Pozzo, e voltou a enviar as mesmas mensagens para cada um
dos jogadores, todas as noites anteriores a cada partida, com a sucinta, temida
e eficaz sentença: “vencer ou morrer”.
Agora, na Copa do Brasil, não vamos
dizer aqui que faltou a Squadra Azzurra uma pressão à moda de Mussolini, é
claro. Mas, os jogadores reconhecem, no mínimo, “é, pisamos na bola!”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e mestre em Administração