Em uma conversa que tive
recentemente com um grande amigo, falávamos daqueles que buscam a felicidade
por meio de bens materiais. O segredo está naquilo que todos sabem (ou deveriam
saber), mas não aplicam: despir-se do desnecessário.
Infelizmente, o diabo não dorme em
serviço, está sempre atanazando as pessoas a acreditarem que só o acúmulo de
bens pode trazer a felicidade. Muita gente de conhecimento e sabedoria que não
goza de prosperidade material é mais consciente de sua função como ser humano
do que boa parte dos mais ricos.
É de uma hipocrisia sem tamanho de
algum biruta com mania de grandeza achar que escolher a vida simples que dizer
voltar para uma era primitiva, de carência e precariedade. Isto não significa
frear o avanço tecnológico. Ao contrário: a necessidade de se ajustar a um
mundo mais limpo, de manter o ritmo de desenvolvimento sem agredir o meio
ambiente, obrigará o homem a reinventar o que já existe, através dos novos
meios de transporte, novos utensílios domésticos, novas vestimentas, e por aí
vai.
Adotar uma vida simples é um modo
seguro de alcançar o equilíbrio pessoal e uma forma eficaz de contribuir para a
salvação da Terra. Ninguém se dá conta que a vida simples não é sinônimo de pobreza
ou carência, mas sim de um estilo de vida sem excessos e ganância.
Preste atenção. Eu acredito que
mesmo a pobreza, se não for extrema nem paralisante, pode permitir uma vida
espiritualmente plena e feliz. Dependendo do grau de sua pobreza, uma pessoa
pode viver plenamente, mesmo sem luxos.
Outro dia fiz uma descoberta
interessante quando li que, muitas vezes, numa sociedade consumista escrachada
como a nossa, as pessoas se dão conta de que têm muito, consomem muito, fazem
tudo muito rápido, mas não têm tempo suficiente para fazer o que realmente
querem. É a doença do mundo.
Será que merecemos isso? A verdade é
que vivemos na “idade da mídia”, ou seja, uma “midiocracia”, na qual a mídia
influencia nossa percepção a ponto de induzir nossas atitudes e ditar nossos
pensamentos sobre todos os temas.
Quem não se lembra da canção “Viver
com o suficiente” que o alegre urso Balu cantava para Mogli no filme de Walt
Disney, mentor do menino, onde o urso ensinava-lhe os segredos para viver bem
na floresta, cantando: “Necessário, somente necessário, o extraordinário é
demais”. Para a vida nas cidades, a receita é a mesma.
Ser simples passa por simplificar a
vida, mas, acima de tudo, por tentar não complicá-la mais do que já é.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado e
mestre em Administração