terça-feira, 26 de setembro de 2017

Trânsito maluco

            Será que tem jeito isso? Claro que sim! Mas é preciso parar, refletir e agir. Vou direto ao assunto: temos que fomentar a cidadania e a inclusão social por meio da universalização do acesso aos serviços públicos de transporte coletivo, agregado com a qualificação, a ampliação e a infraestrutura.
            Modelo de gestão de trânsito preguiçoso, cruel e ineficiente que vemos por aí, diferentemente, aqui, vamos encontrar como bom exemplo as faixas exclusivas para os ônibus ora introduzidas na Avenida Dom Pedro II. Apesar de algumas críticas (manequeista e até simplória), a maioria significativa da população aprovou a iniciativa da Prefeitura de João Pessoa.
            Uma vez meu professor de colegial, Antônio de Sousa, me falou: quando você não tiver certeza daquilo que fala, não diga nada. Pois bem. Causa-me inquietação é saber, por trás dessas críticas isoladas, o que há são desinformações e intrigas decorrentes da política paroquial. Poxa vida! Isso me apoquenta e me envergonha.
            Na minha incauta opinião, passamos sufoco porque as cidades se planejaram para os carros, ponto. Digno de nota: na capital paulista, 25% da área construída é dedicada a estacionamentos. Constata-se que o carro não é mais símbolo de liberdade. Ao contrário: tem se tornado um fardo. Pesquisa da Box 1824 mostrou que só 3% dos jovens do Brasil, entre 18 e 24 anos, desejam comprar carros e motocicletas.
            A tendência é cada vez mais os indivíduos vão preferir utilizar carros, em vez de ser donos deles, menos carros circularão. Outra opção e de baixo custo, é pedir um transporte por um aplicativo (Uber, 99, WillGo e outros) sempre que quiser e onde estiver, e chegar aonde você precisa da melhor maneira possível.
            Menos carros circulando, as grandes cidades brasileiras terão menos trânsito, poluição e estacionamentos. Consequentemente, serão mais vivas, agradáveis e seguras.


                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                      lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração


                

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Retrocesso na educação

            Ora, de tanto ler nulidades, todos os dias, nas manchetes de jornal, nosso âmago está ficando sombrio. Como se não bastasse, os efeitos da crise agora estão atingindo os nossos estudantes: sem dinheiro, estão deixando de se matricular e abandonando cursos.
            Algo idiotizado. Porque não dizer perverso para o conhecimento da futura geração de brasileiros. Pois estamos careca de saber que educação é a mola propulsora para o crescimento e desenvolvimento social e econômico de uma nação. Se educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda – já dizia o mestre Paulo Freire.
            Trata-se de uma questão dramática quando se verifica que as Universidades brasileiras estão no pelotão de trás, revela um novo ranking mundial divulgado recentemente. No geral, o Brasil, que havia emplacado 27 entre as 1000 melhores do mundo, agora tem só 21. Mas não só isso: o número de jovens matriculados no ensino superior também encolheu pela primeira vez em 25 anos.
            As notícias não acabam: a crise econômica, que ceifou empregos e deixou os quem têm trabalho com medo da demissão, tem espantado muitos aspirantes à universidade. Também a taxa de evasão dos que já estão lá dentro saltou 44% em cinco anos, a maioria por não conseguir arcar com as mensalidades. A que ponto chegamos!     
Nossos tropeços educacionais estão custando caro para quem de fato almeja um futuro promissor. Para os países desenvolvidos somos tratados como seres apáticos desprovidos de inteligência. Como batessem palmas para a nossa mediocridade.
Não podemos xingá-los por tal atitude, uma vez que a própria ex-presidente Dilma Roussef não consegue lembrar o título  do livro que tanto havia impressionado na semana anterior, ou ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.
Não acho: minha convicção é que temos uma eterna síndrome de pequenez na educação.

                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                        lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                Advogado e mestre em Administração

        

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A violência sexual

            Começo com um exemplo surreal. Em Uriçuí (sul do Piauí), uma grávida de 15 anos foi estuprada por três adolescentes, e o namorado, morto na sua frente. Em outro caso: um vídeo que circulou nas redes sociais, quatro rapazes estupram uma menina de 12 anos numa comunidade localizada na Baixada Fluminense, no Rio.
            Não é à toa que nesse caldo (do estupro) viceja deterioração e desmoralização a nossas autoridades policiais e judiciais. Cumpre notar que a violência sexual contra a mulher é um crime invisível, há muito tabu por trás dessa falta de dados. Muitas mulheres estupradas não prestam queixa. Às vezes, nem falam em casa porque existe a cultura de culpá-las mesmo sendo as vítimas. Ah, isso tudo dói um bocado.
            Não custa lembrar: pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que apenas 10% do total de estupros são notificados. Considerando que há 50 mil casos registrados por ano (na polícia e nos hospitais), o País teria 450 mil ocorrências ainda “escondidas”.
            Divirjo respeitosamente daqueles que advogam, simplesmente, aumentar pena como solução para acabar com estupro, nunca foi e nunca será. Uma pauta que se apequena. É no mínimo estreiteza intelectual. A verdade é que o estupro já tem uma das maiores penas no Código Penal, e mesmo assim é um crime que está crescendo a cada dia nos prontuários oficiais.
            Ao leitor desse prestigioso jornal, digo sem rodeios: temos que ir até a raiz do problema, enquanto isso não mudar, não vamos mudar esse quadro triste de violência contra as mulheres. E a única forma de resolver esse problema é mudar a mentalidade dos homens através da educação, para que, efetivamente, não cometam mais estupros. Só através da educação, da discussão sobre feminismo e gênero nas escolas, universidades e em todos os locais, que vamos conseguir evitar os estupros.
            Pense bem. Pense com calma. Em razão das mazelas do nosso Sistema Penitenciário, aumento de pena nunca reduziu crime algum e não vai funcionar com estupro.

                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                Advogado e mestre em Administração


                                                 

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A dívida brasileira

            Já disse várias vezes, aqui neste espaço, que sou um otimista contumaz. Mas nem sempre é fácil ter essa percepção à dura prova da realidade que ora passa a economia no Brasil, sobretudo quando vejo o relato feito por um dos mais lendários financistas do País, Luiz Cezar Fernandes.
            Com seu jeito despojado e sem papas na língua, ele diz que o Brasil pode estar caminhando para um calote da dívida interna. Não é suportável com os níveis de taxa de juros. Se o Banco Central reduzisse a taxa Selic para algo em torno de 5% ao ano, nada aconteceria com a inflação. Criticou ainda o rentismo da economia brasileira, que criou uma sociedade de pessoas que vivem de juros, e não da produção. Olha quem está falando isso é um banqueiro, que fundou instituições como Garantia e Pactual.
            Na sua visão, a situação brasileira é mais grave do que da Grécia e a necessidade de ajuste fiscal pode vir a ser muito maior. Ele cita o exemplo de Portugal, em que salários de servidor público chegaram a ser reduzidos em cerca de 30%.
            Tenho que reconhecer que a nossa situação é de urgência. O milagre do crescimento exponencial das receitas, pressupostos para o atendimento do conjunto das demandas, não ocorreu. Apesar de alguns modestos sinais de melhoria da economia, a crise continua braba. Uma verdade indigesta, infelizmente.
            Para quem já queimou os fusíveis, como eu, ainda tento entender o vaivém da nossa política monetária. É insuportável a dívida brasileira com esses níveis de taxa de juros. Não tenho curso de leitura de mãos, mas está na cara que se for mantida a trajetória atual de juros, um calote da dívida é inevitável.
            Com toda franqueza, com essa recessão desenfreada e com a inflação abaixo da meta (sob controle), não podemos perder tempo mais uma vez, aceitando outro ciclo de inércia, de incompetência exacerbada, atraso deliberado, ganância bancária...
            Como diz um bordão de um programa humorista: “E o povo, ó...”.


                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                             Advogado e mestre em Administração