terça-feira, 24 de abril de 2018

Uma Nova História de Hitler


            Sempre me desperta certa curiosidade quando vejo alguma obra falando sobre a Segunda Guerra Mundial, ou melhor, sobre a figura controversa de Adolf Hitler - uma personalidade neurótica, instável e  paranoica. 
            O livro “Uma Nova História de Hitler e dos Nazistas” (M.Books Editora, 2017), autoria de Paul Roland, que acabo de ler, difere das histórias mais convencionais sobre o Terceiro Reich pelo fato de argumentar que o Estado Nazista foi mais do que um fenômeno sociopolítico. Ao contrário, ele foi a manifestação da personalidade fatalmente doentia do seu Führer.
            Ele tinha o poder da oratória impressionante. Começava em tom baixo, sedutor, e crescia até um clímax estático após o qual se retirava do pódio exaurido de força e encharcado de suor, com um semblante de satisfação nos olhos. Nos seus discursos apelava para o inflado senso de orgulho nacional e a vaidade dos alemães.
            Hitler não conseguia aceitar a derrota, e quando isso aconteceu, vociferava e se enraivecia, dizendo que iria arrastar a nação para o abismo com ele, pois o povo alemão era evidentemente “indigno” de seus sacrifícios. Em vez de se aconselhar com homens com grande caráter, rica experiência e ampla visão, ele evitou-se e garantiu que não tivesse nenhuma chance de influenciá-lo. Não permitiu outros deuses além dele.
            Para manter o poder, ele estabeleceu um reino indomável de terror, destruindo a justiça, banindo a decência, zombando dos comandos divinos da humanidade pura, e destruindo a felicidade de milhões de pessoas. Hitler não tinha justificativa para o seu ódio contra os judeus, nenhuma vingança pessoal para cometer, mas ele vociferava sua repulsa contra uma raça que, poder-se-ia dizer, tinha mais direitos à cidadania alemã do que ele próprio, sendo um austríaco, um “estrangeiro”.
            Pelo que deduzi dessa belíssima obra, será difícil encontrar um retrato mais acurado de Adolf Hitler e dos Nazistas. Recomendo-lhes a leitura! 

                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                         lincoln.consultoria@hotmail.com
                                            Advogado e mestre em Administração


segunda-feira, 16 de abril de 2018

Reflexo do meu jeitinho


            Estou convencido, cada vez mais, com o passar dos anos, que o “jeitinho brasileiro” é uma moeda corrente para se conseguir transitar no cotidiano de quase todo brasileiro.
            Abundam os exemplos dessa prática tupiniquim. Do cara que não pensou duas vezes e pagou indevidamente sua carteira de motorista, quando soube que foi reprovado no exame prático. Aquele, para não ficar sem os jogos de futebol aos domingos, comprou um aparelho desbloqueador de sinais de TV a cabo, o famoso gato. Outro que falsificou a carteirinha de faculdade para continuar pagando meia-entrada em eventos.
            A estridência dessa realidade deixa uma interrogação no ar: até que ponto, estamos sendo responsáveis pela onda de corrupção espalhada por este Brasil afora? É um sintoma preocupante de que algo está errado com o nosso modelo de comportamento. Daquilo que já passou a ser hábito: “Ah, dá um jeitinho”.
            Curioso, no entanto, críticos ferrenhos da corrupção na esfera pública, porém tentando se dar bem no âmbito privado, com suas pequenas corrupções. Pior: é tratado com um eufemismo socialmente aceito, chamado docilmente de “jeitinho” – que nada mais é do que burlar a lei.
            Não é por acaso, ao avaliar a relação do brasileiro com as leis, a pesquisa constatou que 81% dos entrevistados afirmaram que, sempre que possível, escolhem dar um “jeitinho” em vez de seguir as normas. Reflexo disso é que existe o eleitor brasileiro que nutri o exemplo do político que “rouba, mas faz algo por mim”. Infelizmente é esse patrimônio de gratidão que ajuda a manter certos agentes políticos à frente nas pesquisas de intenção de votos.
            Percebe-se que temos que continuar persistindo como povo em vencer os velhos estigmas de nossa cultura. Ser ético sem deixar de ser brasileiro, ou melhor, dando um Jeito no Jeitinho.

                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                          Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 10 de abril de 2018

Cabedelo em chamas


            Não se deixe assustar pelo título acima. Apenas uma metáfora para retratar com tristeza o escândalo de corrupção ocorrido na prefeitura de Cabedelo. Episódio de embrulhar o estômago. Sem nenhuma vírgula de pudor.
            É isso. Uma verdadeira promiscuidade moral, uma traquinagem vergonhosa que teve como envolvido o prefeito e assessores, presidente da câmara e outros vereadores, como também, certos empresários inescrupulosos. Impossível ficar indiferente à malversação do dinheiro público. É urgente que se apure a responsabilidade penal de todos os envolvidos.
            É lamentável, de todo modo, que a corrupção no Brasil não ocorre esporadicamente, ela é um processo estruturante da política e da administração pública, um processo que opera nos municípios, nos estados e no governo federal. A razão é conhecida: a política e seus representantes tornaram-se alvo da indignação social na esteira de escândalos em série. As premissas para acabar com essa imoralidade estão claras. É preciso ética, caráter, compromisso.
            No fundo, todos aqueles envolvidos nesse mundo de falcatruas, é o de que os fins justificam os meios, argumento esdrúxulo e escabroso. Mesmo a obra “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel, contendo mais de quinhentos anos, ela continua presente na atualidade: sistema político que se baseia na astucia, na má fé, no amoralismo e no princípio de que os fins justificam os meios empregados para sua consecução.
            Mas voltando à Cabedelo. Maquiavel é fichinha, é filme queimado, da moderna pilantragem que atingiu a prefeitura desse município. Segundo as investigações policiais – Operação Xeque-mate, o prejuízo, só em 2017, seria de R$ 30 milhões.
            Antes de encerrar essa minha falação, me veio à memória uma citação de Maquiavel, como gostava repetir meu professor de colegial: “Todos vêem o que você parece ser, mas poucos sabem quem você realmente é”.


                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                  Advogado e mestre em Administração

           

segunda-feira, 2 de abril de 2018

A imagem do STF


            A expectativa era de que a sessão do STF daquela quinta-feira (22/03) decidisse de vez o habeas corpus do ex-presidente Lula. Independente do resultado que viesse ocorrer no próximo julgamento, o estrago estava exposto, a confusão estava armada.
            Eu evito usar esta coluna como válvula para algumas indignações que, como todo brasileiro, trago comigo. Por isso, não posso deixar de registrar aqui que o nosso Supremo Tribunal Federal tem sido alvo de severas críticas nas redes sociais e no noticiário da imprensa, diante dos últimos acontecimentos.
            A impressão que se tem da nossa Suprema Corte, com as vênias de estilo, é que julga, mas não julga, decide, mas não decide. Seus ministros trabalham, mas precisam sair cedo, e às vezes tem mais que fazer. Sem falar que alguns deles transformaram as reuniões plenárias num cansativo e desastroso BBB.
            A verdade nua e crua é que STF parece incapaz de respeitar sua própria jurisprudência. Não faz dois anos que a Corte firmou, em ação com repercussão geral, o entendimento de que penas podem começar a ser cumprida a partir da condenação em segunda instância e já se desenha um movimento para reverter a decisão.
            Aprendi desde cedo, ainda como universitário, que o direito precisa de previsibilidade e estabilidade. Não dá para mudar a jurisprudência como quem troca a roupa de baixo. Ignorando até o princípio da colegialidade da Corte. É bom lembrar que o maior patrimônio de uma instituição é a credibilidade, cujo patrimônio deve-se ser pautado pela aplicação rigorosa da boa técnica, pela atuação íntegra, na essência e na aparência, de seus membros que a compõem.
            Quando criança - lá pelos idos de 1960 - meu pai, ao dar-nos a noção do respeito, apontava para o juiz de direito como um dos merecedores de toda a reverência. Hoje, embora alguns juízes tenham protagonizado louváveis ações moralizadoras, a imagem quase sacros-santa do passado sofre um severo embotamento.


                                              LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                               lincoln.consultoria@hotmai.com
                                               Advogado e mestre em Administração