Acabei
de ler a notícia de que o homem mais rico da China, Zong Quing Hou, com uma
fortuna de cerca de US$ 20 bilhões, disse à BBC que come com seus funcionários
na cantina e que gasta, em média, o equivalente a R$ 40 por dia. “Gasto menos
que meus empregados. Acredito na vida simples”, afirma ele com muito orgulho.
É ou não é um autêntico avarento?
Ora, para que serve toda essa fortuna? Apenas para admirar, ensoberbecer,
ufanar-se... E esquece àquele provérbio
que diz: “A riqueza não é de quem a tem, mas de quem a desfruta”. Por isso, não
ponha mais dinheiro em sua vida. Ponha mais vida em seus dias!
Creio
que a vida é pra valer e nós somos julgados pelos nossos resultados. Isso não
implica que o resultado seja limitado ao dinheiro, mas sim, a qualificação
acadêmica, as conquistas profissionais, a auto-estima, a liberdade interior e,
principalmente, a felicidade familiar.
O
sujeito, como este, é do tipo que gosta de se gabar contando que há quarenta
anos usa aquela camisa amarela e aquele par de sapatos. Aposto minha coleção de
CDs (de valor inestimável) que a sua roupa passa por três fases: nova, usada e
remendada.
Desejando
levar vantagem em tudo, o avarento julga que “Você é o que tem”, ignorando que
as melhores coisas da vida são gratuitas, como o amor, a amizade, a saúde. E se
vangloria com a leitura debochada feita por Nelson Rodrigues: “O dinheiro
compra até amor sincero”.
No
meu sacrário eu adoro ter dinheiro, mas um dinheiro que me traga coisas de que
gosto e não que me tire das coisas de que gosto, que me tire conhecimento,
saúde, o vínculo com as pessoas que tenho afeição. Esse dinheiro eu dispenso,
porque dinheiro bom é aquele que faz você se sentir seguro, não aquele que o
aprisiona.
Sonhar
é um direito universal. Sonhar com dias melhores, com aqueles de quem mais
gostamos, com outra vida, uma viagem, um amor ou o que quer que seja é uma
maneira de nos sustentarmos dia após dia. Diferente do sonho do avarento: ganhar
dinheiro, e mais dinheiro, num jogo cruel de obstinação e gana.
Ah!
Por falar nisso, muitas pessoas passam a vida tentando acertar na loteria para
enriquecer, mas se esquecem de valorizar uma riqueza imensa que possuem sem se
dar conta. Por exemplo: ter os pais vivos, ter os filhos, os irmãos, os avôs,
os tios e todos aqueles que nos são queridos perto e saudáveis.
Mas
enfim. Em relação ao tema, dizia o meu saudoso sogro (um visionário
incorrigível), Ademaro Campos, “Quando pobre morre tem choro, quando rico morre
tem briga”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e Mestre em Administração