quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

O racismo enfrentado pelos empregados

 Lamentavelmente volto ao tema, tratado por este articulista noutros artigos aqui publicados.

Em razão da alta dosagem de desigualdade social, o racismo tornou-se um campo fértil para exposição vexatória e degradante. É o caso do racismo enfrentado por empregados que já levaram pelo menos 22.511 ações à Justiça do Trabalho em todo o Brasil, desde 2014.

A fonte desse levantamento é da empresa de jurimetria Datalawyer, onde aponta para um crescimento, ano a ano, no volume de processos trabalhistas que citam, em suas petições iniciais, termos com racismo, injúria racial, discriminação racial ou preconceito racial.

Na Justiça do Trabalho, o pedido feito por quem foi alvo de racismo é a indenização por dano moral. Ao todo, essas indenizações já movimentaram R$ 4,34 bilhões.

Para Justiça do Trabalho, além de ataques diretos à honra do trabalhador, como em xingamentos e constrangimentos, o racismo pode aparecer na falta de diversidade. Em 2020, uma rede de laboratórios foi condenada a indenizar em R$ 10 mil uma funcionária por deixar de contemplar, em seu guia de treinamento, pessoas negras.

O citado manual definia padrões para roupas, maquiagens e cabelos. Não consideravam, porém, pele preta e cabelo crespo. A trabalhadora contou que pediu para manter seu black power solto, como faziam colegas que tinham cabelos curtos, mas teve o pedido negado.

Como se vê, infelizmente, existe esse preconceito arraigado em nossa sociedade, apesar de todo rigor da legislação contra manifestação vergonhosa de racismos.

Certa feita, minha empregada me confessou que estava com uma dor, seu pai e seu irmão a levaram para o hospital público, foi examinada pela enfermaria de triagem que nem lhe examinou e disse que era cólica e deu a classificação como baixo risco.

Ao ser levada para outro hospital, onde foi atendida por uma médica negra que, por sua vez, lhe deu toda atenção. A situação era tão grave (infecção na vesícula) que passou por cirurgia no mesmo dia.

A conclusão que ela chegou, confirmando o que disse a sua mãe, que os hospitais públicos não atendem bem as pessoas da comunidade, mesmo se estiver morrendo, têm que estar arrumada minimamente.

Confesso que tenho dificuldades para compreender tamanho absurdo.

É o que falo: é preciso reagir. Isso colide o que vai ao âmago de ser humano: a humilhação.