quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Inadimplente contumaz

            Presenciei muitas crises no decorrer da vida. A pandemia de Coronavírus, sem dúvida, foi a mais complicada e grave. Misto terrível de crise da saúde pública e crise econômica causada por um vírus invisível. Mas, com certeza, esta crise não difere das outras: vai ter início, meio e fim.

            No cenário ainda desta pandemia, a inadimplência da taxa condominial virou uma paisagem inconsequente, irrelevante. Como diria o vice-presidente Mourão, atravessou a linha da bola.

            Como é sabido, inadimplente é aquele que falta ao cumprimento de suas obrigações jurídicas no prazo estipulado e, contumaz, é aquele que insiste em não pagar, transformando num costumeiro hábito. Característica comum do condômino que decide em não honrar a sua obrigação da taxa de condomínio, apostando na morosidade do Judiciário, na compreensão de seus pares e na desviada percepção de que suas dificuldades são maiores do que as dos outros. Argumento dissimulado é o que não falta. Tem que evitar que essa gente tosca domine a cena.

            O pertinente tema é tratado por este articulista, através da publicação do seu livro “Boas Práticas de Cobrança”, lançado em 2016, onde aborda técnicas de cobrança contra o inadimplente contumaz, que escolhe não pagar o condomínio, mas que não abre mão do conforto/regalias.

            É o tipo de devedor que vive de aparência, que não tem a humildade e a consciência para morar em comunidade; traz consigo o mal que assola quase todos os condôminos, gerando revolta e indignação nos demais proprietários. Digo mais: o inadimplente contumaz costuma ser figurinha carimbada, conhecido pelo seu egoísmo e cara de pau.

            A verdade é que os síndicos, nos quais eu me incluo, têm levado pito de alguns condôminos, dificultando assim o cumprimento das obrigações orçamentárias.  Deixar de pagar o boleto todo mês é um verdadeiro desrespeito com o próximo, já que mais de 95% da verba arrecadada vai para pagar despesas básicas, tais como salário dos empregados, contas de consumo, manutenção das áreas comuns.

            Ressaltando que o síndico tem que ser aquele administrador que, ao sabor das intempéries, sabe exercer seu múnus com parcimônia, não se colocando na posição de refém, mas sim na de líder.

            Infelizmente, enquanto esse senso de responsabilidade (obrigação de pagar) não acontece, a roda segue a girar e os problemas seguem intensificando-se.

 

 

                                                       LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                                                     Advogado, Administrador e Escritor


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Ambiente digital

 

Realisticamente, o brasileiro é viciado em internet e um verdadeiro apaixonado por redes sociais. Quer ver uma coisa: somos 150 milhões de internautas, dos quais 140 milhões estão presentes em ao menos uma rede social. Isso equivale a nada mais, nada menos do que dois terços da população total do país (exatos 66%) conectados ao ambiente de rede.

Tem mais: no mundo, essa taxa é de 49%. Nos Estados Unidos, chega a 70%. Cada brasileiro passa em média 9 horas e 17 minutos por dia conectado. Pouco mais de um terço desse tempo (3h31min) é dedicado às redes sociais.

Como já venho escrevendo aqui, home Office, semana de quatro dias, locais de trabalho sem aperto: a pandemia provoca uma revolução na vida profissional e abre novos caminhos para empresas e funcionários.

Nesse cenário pós-pandemia, quem sabe faz a hora, e a hora é agora. Os negócios precisam se reposicionar e requalificar seus valores e propósitos. E os executivos indicam que isso não poderá ser feito sem ampliação dos investimentos no ambiente digital. Quem não fizer esse movimento vai ficar para trás. E rápido.

Todos nós temos consciência que a danada da Covid-19 irá mudar para sempre nossa maneira de viver, trabalhar e consumir. Pesquisam demonstram que o tal vírus quebrou a resistência ou acelerou algumas tendências que já estavam em ascensão, como a transformação digital, o consumo consciente e o home Office e nos traz alguns insights sobre o futuro.

Sem dúvida, saltam aos olhos que essa pandemia levou o maior percentual de trabalhadores da história para o home Office. Enquanto pais trabalham, filhos estudam pela internet, elevando o padrão de tráfego digital a patamares jamais vistos.

Ao que tudo indica, com razões bem calcadas na realidade: muitas instalações e negócios deverão rapidamente remodelar seus leiautes para se adequar à nova proposição de valor e modelos de negócios do novo normal.

As pequenas empresas que historicamente contam com o tráfico de pedestres como sua principal fonte de renda deverá desenvolver fluxos de receita alternativos, como é o caso do ambiente digital, se quiserem manter os consumidos na pós-pandemia.

Eu não trivializo o vírus nem o dramatizo, mas reconheço que depois que essa pandemia passar, enxergaremos o outro com um olhar diferente.

 

                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                               Advogado, Administrador e Escritor

 

 

               

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O valor da educação familiar

 

            Este texto é feito para você que concorda com a frase do título. Para quem é um observador cartesiano vai reconhecer que durante o processo de desenvolvimento da criança, é fundamental ainda mais a participação dos pais, em conjunto com a escola, para propiciar aos filhos maior segurança para enfrentar os imprevistos da vida social.

            Não há dúvida que os pais têm muita importância na educação dos filhos, pois são responsáveis por legitimar ou rechaçar conhecimentos e valores adquiridos pelas crianças no processo civilizatório.

            Enquanto puder falar, falarei. Antes de ser inserida no ambiente escolar, a família é o principal canal de socialização e aquisição de conhecimentos para a criança.

            Outro dia viralizou pelas redes sociais e pelos noticiários a foto de um bilhete escrito por Benício Esmanhoto Hoffmann, 7 anos, que bateu com o guidão da bicicleta no carro do psicólogo Marcelo Castilhos Martins, 29 anos, causando um arranhão. Nas palavras simples, com alguns erros de ortografia - comuns à fase de alfabetização -, ele pediu desculpas e deixou o número de telefone do pai para contato.

            Seu pai, o veterinário Marcel Hoffmann, 38 anos, só se deu conta da repercussão do caso quando um vizinho avisou que a postagem havia tomado conta das redes sociais. “Fico contente, mas a gente espera que as coisas boas não precisem viralizar, que sejam cotidianas. Na ‘bolha’ em que eu vivo e convívio, isso é habitual e não contrário”, pontificou, orgulhosamente.

            O psicólogo Marcelo, que teve o carro arranhado, não cobrou pelo reparo, justamente pelo o fato do garoto Benício ter revelado o estrago que nem o dono havia percebido. Assim se manifestou: “Nunca passou pela minha cabeça cobrar, a atitude dele já pagou. Estamos tão acostumados com coisa ruim que, quando vem uma boa, toca mais”.

            Benício, o autor do bilhete, permanece eufórico com a fama instantânea. Para o menino, a lição aprendida em casa se concretizou: o bem que praticou retornou para si.

            Sob a lente de meus óculos, os filhos veem os pais como modelo e tendem a imitar seus comportamentos. Muitas atitudes que eles têm fora de casa – sejam consideradas positivas ou negativas – são reflexos da educação passada pelos pais dentro de casa.

            Uma palavra final para não perder o hábito: é no ambiente familiar que são transmitidos e construídos normas, princípios e valores para a criança.  

 

                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                                 Advogado, Administrador e Escritor

           

           

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Pandemia: volta às aulas

 

Eu não sei, você não sabe, ninguém sabe o que nos reserva pós-pandemia. É fato que agora temos menos mortes, menos casos, as curvas exibem a nova realidade da taxa de contágios. Em razão disso, ensaia-se o retorno às aulas presenciais, apesar do receio de pais e profissionais.

Apesar dessa preocupação, mesmo assim, a Prefeitura Municipal de João Pessoa tomou a decisão de divulgar o calendário de flexibilização das aulas presenciais a partir do dia cinco do corrente mês. Faltando apenas três meses para o término do ano letivo.                                                         

 Faço uma postinha com quem quiser: na verdade, as escolas estão ansiosas por garantir rematrículas, e os prefeitos estão de olho nas eleições. Um e outro, com pretensas razões pedagógicas e emocionais, procuram escamotear a questão mais importante - a única questão, em se tratando dessa pandemia de um vírus letal e contra o qual ainda não há vacina -, que é a saúde, a preservação da vida.

Cada vez que escuto ou leio alguma matéria sobre o assunto, fico convencido que não serão políticos, burocratas ou empresários que poderão decidir ou decretar o retorno às escolas em segurança, mas cientistas, especialistas em saúde pública. Até agora não há sequer um epidemiologista respeitável que garante com confiável margem de certeza que o convívio de crianças, jovens e adultos no ambiente escolar não causará uma nova onda de contaminação.

            Nesse embate, lamentavelmente, reside o risco de os apressados utilizarem discurso horroroso, falacioso e fantasioso, sem coesão ou fluidez para dizer que já há condições para retomada das aulas presenciais. Assemelhando-se a um carro aos solavancos, dirigido por um motorista sem habilitação. Um fato é incontestável: ainda não estamos fora de perigo da pandemia. Pois é grave miopia pensar diferente.

            Isento e direto, digo: não bastam termômetros digitais, tapetes sanitários nas portas das escolas, totens de álcool em gel, máscaras trocadas a cada duas horas ou rodízio de alunos. O risco maior reside no contato pessoal entre os colegas e nas aglomerações nos pátios. Tem mais: querem comparar países do Primeiro Mundo com o Brasil? Aqui muitas escolas não têm água nem para lavar as mãos.

            Ainda, se passa ao largo de enfrentar a verdade dos fatos. Isso tem um nome: hipocrisia. Quiçá, um pote até aqui de mágoa. Com responsabilidade, com base em protocolos e medidas de segurança, dá-se um passo atrás para que se deem dezenas de outros à frente.

            Como sou um otimista incorrigível - embora os fatos, muita vez, me desmintam -, creio que todos querem a volta à escola, mas sem açodamento e sem que fatores exógenos induzam a decisão das autoridades governamentais.

            Juízo, nada mais resta a dizer.

 

                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                                                      Advogado, Administrador e Escritor

               

 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

A maravilha do riso

 

            Quem não já leu ou escutou essa frase: ri é o melhor remédio para a saúde. Receita perfeita para atenuar o estrago da pandemia do Coronavírus, cujo registro de estabilidade nos números dos casos de infectados e de menos mortes já estão sendo contabilizados. 

            Aos meus olhos, o riso é o um poderoso antídoto para o estresse, a dor e o conflito. Nada funciona de modo mais rápido ou confiável para trazer o corpo e a mente de volta ao equilíbrio do que uma boa risada.  

            Que coisa mágica é essa que pode alegrar seu dia e o dia das pessoas à sua volta sem lhe custa nada? Um sorriso. No trânsito, nas lojas, nas filas, nas salas de espera, por onde você andar, semeie sorriso. E mesmo que não haja retribuição, não se importe: o seu sorriso faz bem a você.

            Conversa puxa conversa, outro dia, deparei-me com a declaração do palhaço e palestrante Marcio Ballas, ao dizer que o riso e a brincadeira são mecanismos que ajudam a ter algum alívio em meio à dureza da vida. A questão é aprender a dar risada de si, em primeiro lugar. Dentro de casa, se você colocou a máscara e percebeu que ela está ao contrário, tenha a liberdade para se divertir com isso.

            Nunca é demais lembrar que na política, o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill (1874-1965) ficou conhecido pela sagaz ironia e os trejeitos típicos do humor inglês. Em reuniões do governo, não raro Churchill ria de si próprio, ou lançava mão de tiradas que desmontavam até os espíritos mais severos.

            Ah... Chorando de rir com as histórias contadas pelo paraibano, político e escritor, Zé Cavalcanti, no seu livro “Casca e nó”, que atualmente estou lendo. Uma série de fatos, fofocas e futricas pra você rachar de rir. Constatando, com isso, que o bom humor leva você para um lugar mais alto, de onde pode ver o mundo de uma perspectiva mais relaxada, positiva, criativa, alegre e equilibrada.

            Um sorriso tem tanto poder. Um sorriso pode mudar um dia, pode aproximar aquela pessoa que está distante e pode abrir portas que antes pareciam fechadas. Um sorriso é a tradução do sentimento de felicidade.

            Fala sério, meu! Ri, são outros quinhentos. Qualquer que seja o riso, sempre será resultado de um momento de alegria!

            Então: simplesmente, entregue-se e ria.

 

                                                    LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                                                Advogado, Administrador e Escritor