segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Desafio do trabalho aos mais velhos


            Eu parto sempre da boa leitura para o meu exercício da escrita. Preciso ler muito para estar num estado de criação, num estado de compreensão do que rola pelo mundo afora.
            Numa faxina recente, caiu-me às mãos um artigo que falava que a expectativa de vida está crescendo a passos agigantados desde a década de 1960. Hoje um jovem de 20 anos tem 50% de chance de viver até os 100. Se você tiver 60 anos, tem uma chance igual de chegar a 90.
            Esse cenário traz inúmeros desafios para uma sociedade que ainda não está preparada para lidar com os profissionais que o mercado corporativo está descartando em função da idade. Algumas consultorias de RH têm recomendado o recrutamento de pessoas com mais de 50 anos, principalmente, por ter maturidade, responsabilidade, experiência e estabilidade.
            No futuro bem próximo, será normal encontrarmos um estagiário de 40 anos iniciando uma mudança de carreira ou mesmo um trainee de 70 anos em busca de um novo propósito. A idade não será mais critério de contratação.  O que vem proporcionar, àqueles que estão prestes a se aposentar, buscarem um novo rumo profissional.
            Ademais, as empresas terão um papel importante a desempenhar, zelando pelo bem-estar desses funcionários e orientando-os em quesitos como gerenciamento do tempo, eficiência e produtividade. Incentivando, ainda, os funcionários a gastar mais tempo fora do ambiente de trabalho para treinar e se aperfeiçoar.
            Pensando nisso, tomei coragem e contratei um professor particular para dar aula de inglês. Uma forma de facilitar a minha conversação com os meus netos que moram fora do Brasil. Além disso, decerto, vai me oferecer grande volúpia, provocada pela sensação de poder sobre o outro (no bom sentido), através da língua. Uma vez que abre as portas do conhecimento e transmite os saberes. Única exigência: que o aprendizado ocorra de forma natural, sem obrigatoriedade, deixando os tecnicismos de lado.
            Temos que ter a capacidade de olhar para si mesmo sem rótulos e entender que não há idade para amar e muito menos para aprender.


                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                 lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                  Advogado e mestre em Administração

domingo, 22 de dezembro de 2019

A Paraíba envergonhada


             Adoro frequentar livrarias. É um dos meus programas favoritos. E das coisas que me impressionam, ultimamente, é a quantidade de publicações no campo da ética (com destaque à corrupção). Não só no Brasil, mas no mundo todo.
            Mesmo já enfronhado com a leitura sobre o citado tema, fui tomado de surpresa quando estourou o recente escândalo de corrupção na Paraíba. Quando esse desastre moral aconteceu, encontrava-me na cidade de São Paulo, e assim fui recepcionado pela gerência do hotel onde eu estava hospedado: “Doutor, boa tarde, que tsunami de corrupção esse na Paraíba? Até o ex-governador foi preso”.
            Foi um horror, morri de vergonha. Fazer o quê, então? Quando me dei conta dessa realidade, tudo ficou claro. A prisão do ex-governado Ricardo Coutinho e de outros, nessa sétima fase da Operação Calvário, ficará marcado de forma negativa na história do nosso estado. Cujos recursos milionários foram desviados da saúde e da educação – numa cultura do vale-tudo e de desrespeito às leis.
            As conversas telefônicas e as deleções deixam clara a promiscuidade. Essa ilegalidade não é uma questão de opinião. Ela aconteceu. Não há superbond que dê jeito nisso. Diante de fortes evidências criminosas, há um clamor febril, delirante da nossa sociedade, por uma decisão coerente, justa e legal.
            O quadro é absolutamente calamitoso. Uma carnificina moral. O retrato de hipocrisia e falsidade. Zona total. Eles, os envolvidos, não disfarçam o cinismo, quando dá azo a versão semelhante: “Estou tranquilo!...”. Agem como pit bulls agressivos, paranóicos e inconsequentes, apoiados pelos aliados de esquerda, como sempre.
            A verdade é que a onda de corrupção na Paraíba descambou de vez para anarquia, para a ausência de pudor e de vergonha. Apesar dos pesares, estamos esperançosos que essa corrupção deslavada seja combatida e que os aproveitadores sejam punidos.  
           
                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                           Advogado e mestre em Administração


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

A volta dos cassinos


             Estou tomando um cuidado danado para não ficar amargo. Mas está difícil. Muito. Principalmente quando vejo alguém contrário à volta dos cassinos no Brasil, com o argumento que a jogatina leva ao vício, e o vício destrói família, que leva a criminalidade.
            No meu quadrante, penso o contrário. A sua proibição cria mercados ilegais mais danosos à sociedade do que a liberação regulamentada. A realidade evidencia que ninguém vai deixar de jogar por causa da proibição; as apostas continuarão acontecendo, só que de forma clandestina, com todos os seus malefícios.
            Acreditem: dos 193 países-membros da ONU, a grande maioria (146 nações) tem bingos e cassinos legalizados, enquanto o Brasil integra a lista dos países em que há a proibição, sendo 75% deles países islâmicos, prejudicando a tributação e a geração de emprego e renda.
            Esses empreendimentos, como cassinos, não funcionam como atrativo apenas as mesas, baralhos e roletas, mas todo um complexo de entretenimento, como salões de bailes e shows de artistas internacionais, peças teatrais e restaurantes de alta gastronomia. Isso nos remete aos tradicionais e antigos hotéis do Brasil que exploravam os jogos como o Grande Hotel Lambari (MG), o Quitandinha em Petrópolis (RJ), o Ahú, em Curitiba (PR), entre outros.
            Segundo Gilson Machado, presidente da Embratur, “com os cassinos, vamos triplicar o número de turistas estrangeiros”. Grupos americanos já disseram que, se o Brasil liberar os cassinos, terão mais de US$ 15 bilhões (R$ 63 bilhões) para investir aqui.
            Uma opinião dessalgada (gostei do termo), uma manobra panfletária, de um marketing calculado e ridículo achar que será o “fim do mundo” caso haja a volta dos cassinos. É incrível como distorcem as coisas. Vamos acabar com essa mentalidade tupiniquim de que o Brasil é um país de um futuro que nunca chega.
            Ainda bem que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), se mostra favorável ao Projeto de Lei de 2016 (liberação dos jogos), proposto pelo Senador Ciro Nogueira (PP), está com relatório pronto para a votação no plenário.
            Se quisermos pensar “prafentemente” (como diria Odorico Paraguaçu, do Bem Amado), o Brasil tem que virar a chave e se projetar para as mudanças. E a volta do cassino é a sacada!

                          
                                               LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                               lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                            Advogado e mestre em Administração

               

domingo, 8 de dezembro de 2019

Valorização do verde nas cidades


            Para contextualizar a coluna de hoje, leitor, gostaria de registrar o XXIII Congresso da Sociedade Brasileira de Arborização (SBAU), ocorrido recentemente em nossa capital, onde foi eleito por unanimidade o paisagista Sérgio Chaves como novo presidente dessa conceituada entidade, com sede em Curitiba.
            O citado encontro teve como marca chamar atenção dos gestores municipais de suas responsabilidades ambientais, inserindo-se nesse ponto a importância do paisagismo das cidades, especialmente a arborização urbana. Destacando-se o valor da riqueza dos benefícios ecológicos e de conforto ambiental que as árvores favorecem às cidades, oferecendo uma melhor qualidade ambiental e de vida aos citadinos.
            De verdade, não foi surpresa para mim a eleição do amigo Serjão (como carinhosamente o chamo). É um profissional com uma fortaleza impressionante na defesa do meio ambiente. No seu mister, com sorriso largo e jeito firme, procura transformar corações e mentes das pessoas numa perspectiva sócio-ecológica.
            Desde que o conheço tem estado envolvido em diversas atividades relacionadas com a natureza urbana. Ele se tornou ecologicamente envolvido com a vida, com todas as espécies de vida. Um tipo de alfabetizador ecológico.
            O novo mandatário da SBAU é também diretor de paisagismo da Prefeitura Municipal de João Pessoa, que vem contribuindo com o prefeito Luciano Cartaxo para melhorar a qualidade de vida da população, mormente, na urbanização das avenidas, ruas, travessas e praças, tornando-as mais humanizadas, arejadas e belas. A exemplo do Novo Parque da Lagoa e do Parque Zoobotânico da Bica.
            Infelizmente, ainda, o dinheiro conturba a consciência humana, incendeia discussão sobre a defesa do meio ambiente. Que o Brasil, às vezes, tão trágico, tão bruto e tão desesperado, com gente como você (Serjão), pela sua luta a favor da natureza, pode sim fomentar amor, progresso e civilização.
            Que a mensagem desse congresso, nestes tempos obscuros, tenha contribuído para trazer às luzes da razão.  


                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração

           

           

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Crise dos partidos políticos


            A mim parece inequívoco em dizer que os partidos políticos estão em crise. Estão agindo exclusivamente por pragmatismo eleitoral, de olho nos fundos de recursos públicos; que são indolentes com a formação e inconsequentes na seleção de candidatos; que possuem “dono”, instrumentos de cúpulas sem bases sociais.
            A literatura brasileira, especialmente em Jorge Amado, não nos relata nenhum prostíbulo com tamanha esculhambação. Realmente, a imbecilidade tomou conta dos partidos. Basta ver o que está ocorrendo por aqui (na Paraíba) com o PSB: um sem-número de filiados colocados no balaio dos “indignados”.
            A maioria dos partidos está fazendo proselitismo político de quinta, ou vem de fato, cometendo abusos, ou não honra com os seus compromissos programáticos. Espécie de predadores puro sangue da política. É preciso o eleitor estar atento a outras opiniões, outros olhares e outras tintas com esse estado de coisas: picaretagem política.
            Segundo a Datafolha, apenas 4% dos brasileiros confiam muito nos partidos, enquanto 58% não confiam nem um pouco. O quadro (de figuras medíocres e melancólicas) não surgiu no vácuo. É resultado direto de partidos sem organicidade, sem alternância de poder, sem democracia interna, sem transparência e sem estruturas de governança eficientes para mediação de conflitos e tomada de decisões.
            Ora, como diz Paulo Gontijo, do grupo Movimento Livre, nossa política hoje está dominada por cartórios eleitorais incapazes de cumprir sua missão de aglutinação e representação de setores da sociedade. As siglas formam um oligopólio subsidiado, com forte acesso a dinheiro público e blindado da competição.
            Tudo isso é verdade dessa tosca malandragem. Mais: a questão da punição por infidelidade partidária só faria sentido se os partidos fossem orgânicos, sem interferência rasteira do poder de uma cúpula de caciques sem representatividade.
            Não podemos ser cego a realidade. E por isso, concluo, que no Brasil, ser presidente de uma legenda partidária virou algo taxado como artigo de luxo.
           

                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                          Advogado e mestre em Administração