segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Intervenção no Rio


            Uma coisa é combater a criminalidade, outra é não permitir. A iniciativa de intervir militarmente no Rio de Janeiro é mais que bem-vinda, embora tardia. Pouco importa se por trás dessa medida haja algum viés populista.
            É bandeira demais ficar perdendo tempo com essas miudezas diante da baderna criminosa que se instalou no Rio. Nenhum brasileiro de bem deixará de torcer pelo sucesso dessa operação militar. O fato é que o Estado do Rio de Janeiro é uma terra arrasada por décadas de desmandos administrativos, corrupção e crime organizado.
            A escalada de violência na cidade fluminense atingiu níveis alarmantes. Dói. Como dói. Crianças e adolescentes são mortos por balas perdidas. Apenas no mês de janeiro registraram-se 640 tiroteios; em 2017 foram assassinados 134 policiais e outras 1.124 pessoas. A situação beira o inacreditável.
            A fórmula para vencer o crime já se provou eficaz pela força da intervenção militar, em outros lugares. Tomamos como exemplo, Medellín, na Colômbia, que tive oportunidade de conhecê-la. Era a cidade mais violenta do mundo – chegou a registrar 380 homicídios por 100.000 habitantes (o Rio já tem 31,9).
            Não só no Rio, mas em todo o Brasil, precisa de uma ampla reforma do seu sistema de segurança. Uma polícia mais bem treinada, integrada, honesta, bem paga e que faça extensivo uso de inteligência e tecnologia. Que atue de acordo com a lei e que esteja orientada à solução dos problemas da comunidade.
            O colapso da nossa segurança pública tem tudo a ver com o tráfico de drogas. As políticas puramente repressivas de combate ao tráfico e ao consumo se mostraram ineficientes. O aconselhável é tratar o tema pela ótica da saúde pública, e a legalização gradual deve ser debatida com coragem. Mas isso é assunto para outro bate-papo.
            Sem medo de errar, podemos dizer: ser contrário à defesa de uma população deslegitima qualquer razão crítica.

                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                       lincoln.consultoria@hotmail.com
                                          Advogado e mestre em Administração

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Villa Sanhauá


            “Ver, você certamente vê, como a Villa Sanhauá está ficando uma beleza!”, assim se manifestou um fraterno amigo quando eu lhe visitava em seu escritório empresarial que fica em frente ao conjunto arquitetônico (casarões) do nosso centro histórico.
            Uma obra muito aguardada e pioneira em todo o País por unir moradia e comércio na revitalização de prédios históricos. Iniciativa louvável do prefeito Luciano Cartaxo, sob o zelo e a competência da ex-secretária de Habitação, Socorro Gadelha.
            Sorumbático, como de hábito, àqueles que acham que o centro de nossa cidade não tenha espaço para atividades comerciais e culturais. Não me pergunte a razão... Pura maldade! Só uns enjoadinhos teimam em implicar.
            Nego-me a ver o centro como uma causa irreversível. A questão é que precisamos flexibilizar mais um pouco a legislação municipal para que possa atrair investidores, uma vez que as reformas encarecem e afastam os interessados. Temos que trazer famílias de classes sociais diversas, construindo escolas e centro comerciais. Revertendo o processo de esvaziamento socioeconômico e cultural.
            A oferta de moradias e a revitalização dos prédios são essenciais para essa região. Eu fecharia mais ruas do centro para fazer quadras voltadas ao comércio, centros culturais e moradias. As políticas pensadas para o centro requerem soluções pontuais. É importante fazer um trabalho de longo prazo e integrado entre diversos setores.
            Trazer mais empresas para o centro é fundamental para a revitalização. Se não houver ocupação do ponto de vistas da atividade econômica e da moradia, as tentativas vão continuar inócuas. A verdade é que existe, no Brasil, um descasamento muito grande entre a lei e a realidade que o empreendedor vivencia.
            Acredito que todo gestor público tem que dar seu testemunho, ser exemplo (legado virtuoso) para os outros. A Villa Sanhauá será um bom exemplo, com certeza!

                     
                                                     LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                            Advogado e mestre em Administração



sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A verdade do assédio


            Mais de uma vez já me vi tentado a escrever, e acabei escrevendo sobre o tema “Assédio Sexual”. Agora volto ao assunto inspirado na excelente entrevista concedida recentemente pela jornalista e escritora Danuza Leão à revista Veja (páginas amarelas) – simples de entender e muito correta do meu ponto de vista.
            Primorosa a entrevista. Não deixa nada sem resposta. Sem hipocrisia, sem meias palavras, sem o inferno do “politicamente correto”. Danuza fala que atualmente as mulheres não são umas pobres coitadas, não são débeis mentais, não são tontas, burras e fracas. São perfeitamente capazes de dizer “não” quando um homem chega assediando.
            Como de costume, disparou uma de suas armas favoritas: a sinceridade. Na boa, ela diz que a mulher adora ser paquerada, uma vez que se sente linda, maravilhosa, poderosa. Sem a paquerada, não há nada, ficam os homens conversando de políticas e as mulheres sobre dietas. Sem paquera, não tem transa. Sem transa, não tem filhos.
            Toda mulher, segundo Danuza, adora o assobio do “fiu-fiu”. Vamos ver se ela não vai gostar de tal situação. É claro que vai, quem não gosta? Ela vai sair de lá se achando e se sentindo maravilhosa. Esse campo de mulher, homem, sexo, sentimento, paquera e assédio é uma coisa muito sutil. É difícil colocar regras e leis fixas para isso.
            Quando se visita o noticiário, verifica-se o caso do homem se masturbando dentro do ônibus, do metrô, nas costas de uma mulher, ele precisa ir para um hospital psiquiátrico. Não é assédio, é doença mental.
À luz disso, digo eu: infelizmente, e repita-se infelizmente, estão deturpando a singela relação de conquistar alguém (pela gentileza e pelo jogo saudável da sedução) com a alcunha de “Assédio Sexual”. Falo sério! Daqui a pouco pedir alguém em namoro vai ser assédio.
A conclusão de Danuza é que a sedução faz parte do mundo. Sem ela esse mundo vai ficar chato.
           
                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                            lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                              Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Lembrando o Carnaval

            Lá se vão onze anos, em fevereiro de 2007, exatamente no período momesco que passei a escrever semanalmente para este precioso, ético e combativo jornal, na condição de um modesto articulista.
            Não sei, mas tive a impressão de me achar para os outros um “possível leitor”, e fui enfrente – escrevendo. Nos textos, procuro (pelo menos, tento) manter o sabor pessoal e direto da boa conversa, das ideias surgidas do nosso cotidiano, da busca de levantar interrogação ali onde tudo parece estar definido. 
            Vem-me à memória que o meu primeiro artigo aqui publicado versava sobre o “Carnaval”, nossa grande festa popular. Oportunidade em que eu falava de um folião amigo chamado Cordeiro, estrepitoso e irreverente, quando estava de pileque dizia: “Cara, carnaval é isso aí! Não preciso ir ao bloco, o bloco é que vem a mim. E completava: “É só engolir a dolorosa, na companhia de uma bela mulher, e entrar na folia”.
            Registrado, também, naquele texto, que o Carnaval só poderia ser entendido olhando-se para trás. Foi aí que me dei conta de que, quando criança, em minha terra natal (Cajazeiras) vivenciei os carnavais inesquecíveis e eternos, com os salões dos clubes (Tênis e 1º de Maio) caprichosamente decorados de máscaras, confetes e serpentinas; animados ao som da orquestra da cidade, cuja sua marca registrada era tocar as velhas marchinhas carnavalescas. É, sim, um pedaço gostoso do meu passado.
            Faz-se imperativo ressaltar que foi a partir do referido artigo que passei montar minhas ideias e compreender melhor às coisas deste mundo: na vida, nada é completamente bom nem completamente mau. A sua releitura tem o sabor nostálgico da descoberta da literatura como uma necessidade cultural.
            Ops! Devo parar por aqui. Bom Carnaval! Que alegria, amor e folia permaneçam sempre em todos os corações.


                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                              Advogado e mestre em Administração