Diante
de uma grave emergência em saúde pública, somos surpreendidos com o pronunciamento
de Sérgio Moro e de Bolsonaro. Ambos foram infelizes ao tomarem essa atitude
confusa e onipotente. Eles não levaram em consideração o mais elementar dos
direitos (parece relativizado): o direito à vida. Tempos estranhos.
O todo poderoso dono da Bic,
presidente Jair Bolsonaro, forçou a saída do ex-ministro Sérgio Moro, figura
admirada (até internacionalmente) que tanto contribuiu no combate à corrupção
no Brasil. Prendendo até o ex-presidente Lula e toda a sua trupe de bandidos
que surrupiaram o dinheiro da nossa nação. Seu erro, grave erro: foi ter
deixado a magistratura, após 22 anos, para enveredar no jogo da política, em
meio à mediocridade, às vezes, à sujeira. Evidentemente, com interesse
particular de chegar ao STF, como ministro.
O que mais me chamou a atenção foi a
fala de Bolsonaro. De má qualidade; sem valor; barato; reles; sem atrativo; sem
graça; aborrecido; pobre; ruim. Um presidente se lamuriando em rede nacional,
ocupando o tempo dos brasileiros para se fazer de vítima em meio a uma pandemia
aniquiladora.
Tudo isso para justificar o pedido
de demissão de Sérgio Moro, agora desafeto. Evocando até a virilidade do zero
quatro (filho) com as mulheres, a eletricidade desligada da piscina da
residência no Alvorada, a ingenuidade da sogra, desfaçatez de se comparar a
Marielle Franco e outras avalanches mixurucas. Mas nós não deveríamos estranhar
com suas costumeiras bizarrices, Bolsonaro é assim mesmo, um tipo de cara sem etiqueta,
daquele que encontramos coçando o saco no barzinho jogando bilhar, como bem
retratou Arnaldo Jabor.
Parece que o presidente, a quem
sufraguei com meu voto, mesmo sendo uma pessoa honesta, é refém dos seus filhos
e, pela segurança jurídica deles, é capaz de trocar os interesses do país
inteiro. Incrível, né?
Lamento a postura de Sérgio Moro e
de Bolsonaro que resolvem num momento de catástrofe mundial (COVID-19) colocar
os ressentimentos no ventilador. O Brasil merece respeito!
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração