Há pouco li uma entrevista com o
novelista Silvio de Abreu. O craque dos folhetins da Globo. Agora como diretor-geral
da emissora, ele conseguiu atingir o ápice de audiência em muito tempo – 66
milhões de pessoas sintonizadas.
Com maestria e inteligência, com
muitas ideias, sonhos e histórias para contar, esse criador de sucessos diz que
a novela é mesmo um espelho da sociedade, mas a verdade é que ela não muda a
cabeça do público.
Revela que as pessoas não se
tornaram tolerantes com os malfeitos em decorrência do que a novela mostrava, e
sim por influência dos exemplos vindos de nossa realidade. As pessoas estão
cansadas do mar de lama. Ou seja: o humor do público mudou. Varrer os
escândalos para debaixo do tapete é coisa do passado.
Acrescenta, ainda, que ninguém tem
mais interesse de ver tramas pesadas e com muitos personagens negativos, como em
“Babilônia” e “A Regra do Jogo”. Todo mundo ficou com ojeriza ao noticiário e,
sobretudo, à vilania nas novelas: “Não quero ver na novela uma continuação do
telejornal”. Entendeu que o vale-tudo não é o caminho.
Porém, indo direto ao ponto, acrescento
eu: o lado bom nessa história (da entrevista) é que o telespectador aprendeu a descrer
de heróis e passou a ter uma visão mais realista da natureza humana. A
frustração vem pela constatação da queda do padrão ético de nossos políticos e
de nossos líderes empresariais.
Simples assim. O mais importante no
ser humano não é o seu nome ou seu status, mas a sua dignidade e o seu respeito
para com o seu país. Logo o telespectador rechaça qualquer personagem (que leva
vantagem) associada à organização criminosa.
Nessa visão, o telespectador está
enviando uma mensagem de que temos que modificar nossas atitudes. O Brasil está
precisando rever seus conceitos. Vamos começar por nós. Mudança de atitudes já!
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração