terça-feira, 29 de outubro de 2019

No caminho certo


            O Brasil não é mesmo para principiantes. A transformação (econômica, financeira e social) que o nosso País tanto precisa não vai acontecer num instalar de dedos. É preciso um novo olhar sobre gestão pública, e a equipe do ministro Paulo Guedes tem feito isso, até agora, com firmeza e eficiência.
            Pois não há superbonder que dê jeito na crise do Brasil, se não pôr em prática as reformas. No caminho do saneamento financeiro, as medidas adotadas (possíveis) já são perceptíveis pela população e pelos agentes financeiros. Seus efeitos se fazem sentir pela melhoria do ânimo do consumidor e do empresariado, com a construção civil se recuperando, a indústria automobilística vendendo mais, o comércio, pouco a pouco, se reanimando. Concordo: ainda é cedo para estourar rojões.
            Apesar das miudezas da política, percebo e deduzo que agenda do “Posto Ipiranga” (leia-se Paulo Guedes) é indiscutivelmente construtiva e virtuosa em qualquer lugar do mundo. Um choque de realidade. Taí a curva do desprego apontando para uma criação de empregos, sem contar um aumento de microempresários gerando mais ocupações. Enfim, um quadro de modesta, mas contínua reconstrução.
            Vale destacar que essas mudanças, ao lado de uma agenda liberal já em andamento, são fundamentais para colocar o Brasil numa rota de crescimento sustentado. Sempre focado ao bem estar de seu povo. Acabando, de uma vez por toda, a prática do Estado agir como um Robin Hood às avessas.
            Tarefa difícil, mas não impossível. É bom lembrar que os países escandinavos (Finlândia, Noruega, Dinamarca e Suécia), por exemplo, que provocam a inveja a muitas pessoas, estão sempre entre os primeiros países colocados nas classificações sociais, ambientais e econômicas. Salientando-se que tais países eram os mais pobres da Europa no começo do século passado.
            Eis aí a chave de tudo: tirar o Brasil da estagnação e da mediocridade. E o caminho são as reformas que já estão ocorrendo.

                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                         lincoln.consultoria@hormail.com
                                            Advogado e mestre em Administração
           

terça-feira, 22 de outubro de 2019

A nova velhice


            Entrei no elevador do meu prédio residencial e, assim que a porta fechou, dei de cara com um senhor já da terceira idade – de 70 anos, por aí. Olho pra cima, pra baixo, pros lados, mas sem descolar o olhar (sutil) da sua camisa azul puída com a frase: “Não estou envelhecendo. Estou me tornando um clássico”. Achei um barato!
            É difícil falar desse tema sem soar clichê como um livro de autoajuda, um budista ou um expoente desse bem popular de palestra motivacional. A verdade é que o tema da “nova velhice” nunca foi tão discutido. Raras são as edições de jornais e revistas que não trazem matérias sobre como envelhecer com saúde ou de que forma tornar mais leve essa pesada fase da vida.
            Seja na internet, seja em sítios especializados, não faltam discussões, dão receitas, defendem direitos e se transformam em plataformas de venda de produtos para os idosos. Alguns políticos elegem-se com os votos da chamada terceira idade. As agências de turismo lançam programas específicos de passeios e viagens pelo mundo. É a exuberância do novo segmento de consumo.
            Que emoção maravilhosa sentir-se representado. Foi assim que me senti quando li o depoimento da professora Diva Guimarães, 80 anos, na última Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), “O pior preconceito que pode existir com uma pessoa mais velha é achar que ela é idiota e só atrapalha. Escuto nos ônibus: ‘Esses velhos só incomodam, por que não ficam em casa? Não pagam a passagem e ainda querem sentar’. Não falo nada. Só dou uma olhada, e penso: ‘quando você chegar - se chegar – à minha idade, você vai ver...’”.
            Prossegue na sua firmeza: “É triste porque, antigamente, as pessoas eram educadas a respeitar os mais velhos, mas, hoje, talvez por muitos pais estarem terceirizando a educação dos filhos, tem uma moçada que acha que pode tudo”.
            A maior lição que extrai dessa história de Diva é que viver a terceira idade é um privilégio concedido por Deus. Pois saber envelhecer é saber viver.


                                      LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                       lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                        Advogado e mestre em Administração

               


segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Jackson do Pandeiro: 100 anos


            Dias destes encontrei um colega de turma, entre um papo e outro, relembramos do show de Jackson do Pandeiro que assistimos juntos. Oportunidade em que fiquei admirado com a criação e a improvisação das palavras cantadas e da performance da melodia. Ele já tinha fama da Sua Majestade, Rei do Ritmo.
            Esse show, a que me refiro, ocorreu em 1968, no famoso Tênis Clube de Cajazeiras. Guardo na minha memória aquele baixinho, magro, cafuzo, bigodinho ralo e o seu inconfundível chapéu e camisa estampada. Hoje carrego o orgulho desse registro histórico. Confesso, desde então (ainda garoto), virei seu fã bobão.
            Como diz o meu colega de turma, “Nós, da turma de intelectuais fuleiros e lisos”, jamais poderíamos deixar de comentar e homenagear os “100 anos de Jackson do Pandeiro”. Então, vamos lá. Ele nasceu em Alagoa Grande, o seu estilo ganhou corpo em Campina Grande e saiu de Pernambuco para conquistar o mundo.
            Seu disco de estréia (em 1953) trazia o coco “Sebastiana” e o rojão “Forró em Limoeiro”, tivera incríveis 50 mil compradores, logo uma façanha até para os cartazes da Rádio Nacional. “Enquanto Luiz Gonzaga popularizou o baião, o xote e xaxado, Jackson projetou o coco, o samba nordestino, com divisão rítmica vertiginosa e letras de métricas afiadas”, manifesta o crítico musical Tárik de Souza.
            Epítetos geralmente não erram – Jackson era o Rei do Ritmo. Também o homem orquestra. Tocou de tudo: ganzá, reco-reco, zabumba, tamborim, gaita, sanfona, piano. Se fosse para puxar um jazz ou um blues na bateria, não tinha problema. Mas é no pandeiro que ele brilhou. Pudera, seu virtuosismo no domínio do instrumento se tornou lendário.
            Enfim. Como diz o historiador, Luiz Antônio Simas, “Jackson do Pandeiro, está para a música brasileira como Mané Garrincha para o futebol. Pintava o sete igual o camisa sete do Botafogo”.


                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                              lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração

                                        
           

           


terça-feira, 8 de outubro de 2019

Abuso de autoridade


            Outro dia estava numa fila de supermercado quando de repente um senhor, com aparência ter 65 anos, postado a minha frente, se virou irritadíssimo: “Ele está pensando o quê! Acha que eu sou um babaca!”.
            Esbaforido ao extremo, enquanto arrumava os óculos com aro de tartaruga, o cabelo grisalho penteado para trás e cavanhaque robusto lhe davam o aspecto de um personagem de romance antigo, então ele veio me explicar todo o seu aborrecimento por causa da famosa carteirada sofrida por certa autoridade no estacionamento do supermercado. Aquela do tipo bem da cultura brasileira: sabe com quem está falando?
            Parecia uma lição de esculacho. Depois eu disse para mim mesmo: infelizmente trata-se de um autoritarismo rotineiro e esquizofrênico, especialmente nos momentos em que os “donos do poder” têm seus interesses pessoais confrontados. Ou seja: aos cidadãos comuns, o rigor da lei; aos “donos do poder”, os privilégios e a faculdade de exercer, permanentemente, o arbítrio (do manda e desmanda).
            Ainda bem que o projeto da Lei de Abuso de Autoridade, cujos trechos vetados e depois recuperados pelos parlamentares serão incorporados à legislação quando forem promulgados e publicados no Diário Oficial da União. Dando, assim, um basta ao que há de mais abjeto na conduta humana, que é subjugar o próximo, ao arrepio da lei.
            Voltando ao senhor do supermercado. Quando diz que não é babaca em consequencia ao “abuso de autoridade”. Ora, a primeira regra para não ser babaca com os outros é: não seja babaca consigo mesmo. Se agir mal consigo mesmo, provavelmente agirá mal com os outros e, se agir mal com os outros, eles farão o mesmo com você. Por isso, não saia por aí se odiando ou se sentindo uma pessoa humilhada. Agora você tem como enfrentar e coibir esse tipo de arbitrariedade.
            Não custa lembrar que “aquele que carrega os símbolos da autoridade não necessariamente os possui”.       


                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                          Advogado e mestre em Administração


terça-feira, 1 de outubro de 2019

Ano 1969


            Há 50 anos, a seleção brasileira se classificava para o Mundial de 1970, em seguida conquistando definitivamente a taça Jules Rimet, com um time fantástico, considerado até hoje, como o melhor de todos os tempos.
            Ainda no ano de 1969, o homem desceu na Lua, artistas geniais faziam músicas belíssimas a cada semana, a nefasta ditadura continuava presente no País. Ufa, foi também a data que cheguei a João Pessoa para estudar e morar juntamente com a minha família. Abastecido com a força descomunal dos meus sonhos e da minha fé cristã. Numa vontade que misturava coragem e perseverança.
            Pois a cidade de Cajazeiras, donde eu vim, foi o berço da minha criação católica e quando criança amava a Igreja. Adorava ir à missa, fascinado por aquele teatro todo – o figurino, as velas, o incenso, as palavras em latim, as cores diferente para cada época: o roxo no Advento, o branco no Natal, o vermelho no Pentecostes. Gostava dos cantos e de como todo mundo se abraçava no final.
            Mais a lembrança marcante mesmo dessa data foi o festival de Woodstock, ocorrido em uma fazenda em Bethel, Nova York, que eu assisti tempos depois no cinema Cine Éden, em Cajazeiras, foi um sucesso musical e cultural. Transformando-se em dos eventos mais significativos do século 20. Foram três dias de música.
            Acreditem: quatrocentas mil pessoas estiveram lá, e poucos incidentes graves foram registrados. Mas a menos de um mês para o concerto ao ar livre que reuniria 32 atrações e um número estimado de 200 mil pessoa, o palco ainda não havia sido montado.
            Choveu boa parte do tempo, assim como por quase todos os dias de festival. Comida, atendimento médico e banheiros, por exemplo, eram problemas monstruosos, que foram milagrosamente resolvidos na base do improviso.
             Olhando-se para trás, o mundo nunca mais teve três dias tão sortudos como aqueles.


                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                   lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                    Advogado e mestre em Administração