Um
amigo, em visita recente à cidade de Buenos Aires, me falou da triste situação
econômico-financeira que passa os nossos vizinhos hermanos argentinos: 1 peso
equivalente a 11 reais e ao dólar já na casa de 45. Com a inflação anual
próxima a 50%.
Olhando-se para trás, numa das
viagens que fiz a Buenos Aires, a primeira no início da década de 80, eu fiquei
hipnotizado com àquela cidade imponente, elegante e cheia de histórias para ser
explorada, onde o Tango ainda é uma das expressões (artista e cultural) mais
forte do povo portenho, sem falar que a mesma continua conhecida como a Paris
da América do Sul.
Infelizmente, um pouco da sua beleza
está sendo ofuscado em decorrência de governos populistas, desmando dos
militares no poder, paridade artificial entre o peso e dólar e a corrupção;
levando o país da condição de nação rica (na década de 1920: chegou a ser a
sexta maior economia do mundo) a um quadro de decadência, minada por desconfiança
do mercado.
Em meio à bagunça, o futuro dos
argentinos é incerto. Está sendo um país de descamisados, enganados
principalmente pelos últimos governos. Espanto, ironia e desalento foram à
decisão agora de congelar preços de artigos considerados essenciais, entre eles
alimentos, energia e transportes. O resultado de tais medidas (e sem fazer
profecia de botequim), nós, brasileiros, já conhecemos o desagradável desfecho.
Pessoalmente, está sendo uma
surpresa a gestão melancólica do presidente Maurício Macri, de quem esperava
uma agenda responsável de ajustes, rendeu-se a práticas a esta altura quase
folclóricas de antecessores populistas. Isso passou a ser um carma!
Argentina exposta às vísceras mostra
que a péssima gestão econômica persistiu por tanto tempo que nenhum governo
conseguirá restaurar a ordem em prazo curto. Detalhe: o choque cambial
desvalorizou tanto o peso e o país foi obrigado a recorrer ao FMI, obtendo financiamento
de US$ 56,3 bilhões, em troca um programa de ajuste, que até agora não
funcionou.
Ah, é verdade: governo argentino
pode até fazer o jogo do otimista, mas para a sua população está impossível
acreditar.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre
em Administração