quarta-feira, 19 de maio de 2021

A modalidade de ensino EaD

 

            Li diversos comentários com atenção sobre o tema em epígrafe, notadamente excetuando as grosserias e tentativas de desqualificação do pensamente divergente. 

            Até agora, ninguém ainda me convenceu que as aulas remotas, um dia, venham substituir à presencial. Baseada na premissa de que esbarra em uma dura realidade: dificuldades dos alunos, seja pela falta de internet ou estrutura familiar; aferição real da receptividade do ensino junto aos alunos e a falta de preparo dos professores para lidar com a plataforma e todas as mudanças na forma de ensinar.  

            Para os operadores de ensino (professores), que estão na ponta do processo, está claro que esse modelo não funciona. Ele não é inclusivo e aumenta ainda mais as desigualdades. Toda essa pressão é para tampar o sol com a peneira. Isso não funciona nem mesmo na rede particular. 

            Conforme depoimento de uma professora: todos os dias, quase 24 horas por dia, os professores da rede de ensinos são bombardeados com mensagens pelas vias digitais, através do WhatsApp ou pelos chats da Central de Mídias.  

            Estudos sobre a EaD já evidenciaram que esse formato de aprendizado em ambiente virtual não é ideal para as crianças e adolescentes, que apresentam dificuldades de aprender sozinhos. 

            Por mais que o ensino a distância esteja crescendo, a evasão no EaD ainda é um grande obstáculo para gestores e instituições de ensino. No Brasil, existem mais de 1 milhão de alunos na modalidade a distância, porém, algumas instituições têm taxa de evasão de até 50%. A impressão de estarmos à beira de um colapso educacional. 

            Possa ser que eu seja retrógado em relação a esse mundo da tecnologia. Quiçá um outsider, alguém que não se encaixe nas convenções desse modernismo. Mesmo assim, me induz a acreditar, é que as crianças estão no mundo digital, mas não têm a cultura digital do aprendizado. E isso é um processo que precisa de tempo, e olhe lá. 

            Isso é fato. A educação à distância, embora útil em determinadas situações, não pode ser uma solução num país em que milhões de estudantes não têm acesso ao menos a equipamentos e serviços de internet. 

            Concordo que a EaD pode ser um instrumento auxiliar, mas depende do ensino presencial. A prova disso, mesmo com o acesso às aulas remotas, o número de alunos aumentou no retorno às escolas físicas.  

            Outro problema a ser registrado, Pesquisa Nacional por Amostrar de Domicílios (Pnad) – 2018, do IBGE, mostra que 15,1% das residências em que há adultos e crianças abrigam seis ou mais pessoas. Em 40%, há mais de três moradores por dormitório. “Temos domicílios com infraestrutura precária de iluminação e de saneamento. E há famílias de sete pessoas em imóveis pequenos, onde os alunos não terão silêncio para estudar”, diz a pesquisa. 

            O foco é preservar vidas, evitar o colapso e voltar ao normal, como é o caso das aulas presenciais. 

 

 

                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                                                 Advogado, administrador e escritor

           

           

           

quinta-feira, 13 de maio de 2021

A primeira comunhão

 

                Revirando os meus arquivos, encontrei o livrinho “Lembrança da Minha Primeira Comunhão” – Editora Ave Maria, 1965. Já bem desgastado pelo tempo, mas bem presente na minha memória. 

            Nele, consta no seu introito uma promessa (julgamento): “Sou cristão. Prometo viver até a morte como bom católico, e ser sempre fiel aos seus ensinamentos de minha Santa Mãe, a Igreja Católica”. 

            Interessante como funciona a nossa memória. Às vezes não recordamos sequer a refeição que fizemos no dia anterior, mas têm coisas da nossa infância que ficam gravadas pra sempre na reminiscência, e que lembramos pro resto da vida. Por exemplo: A primeira comunhão. 

            Após o aprendizado elementar dos dogmas e preceitos da Religião Católica, estava eu lá, pronto e confiante para o ato de confissão, antes de receber a sagrada comunhão. Tendo o sacerdote (padre), representante de Jesus, e em seu nome, aguardava para nos perdoar todos os pecados e nos deixar com a alma e o coração devidamente purificado. 

            Não sei porque cargas-d ’água no dia marcado para a cerimônia da confissão, o padre paroquial de Cajazeiras não se encontrava, sendo substituído pelo Bispo Dom Zacarias Rolim de Moura, autoridade eclesiástica máxima da diocese. 

            Puxa vida, foi uma surpresa (a troca): não só para mim como para os demais candidatos à eucaristia. Todos tinham um medo danado desse reverendo, pelo fato dele ser extremamente sisudo, mal-humorado e de pouca conversa. 

            - Bobagem! Nós somos crianças... ele nada fará contra a gente... a não ser aplicar o castigo da penitência (rezas, muitas rezas) – assim me manifestei. 

            Dirigindo-me ao confessionário, na cara-de-pau (como se diz por aí), ajoelhei à sua frente quase apoiando em suas pernas, e nesse tête-à-tête, separado apenas por uma pequena cortina de seda vermelha, ele foi logo ao âmago da questão: 

            - Filho, conte-me toooodos os seus pecados? 

            - Tá bem! – Sentindo na barriga aquele friozinho da inconsciência, da travessura, comecei na ocasião a discorrer sobre os meus atos pecaminosos. Sempre tentando fazer um “mea-culpa”. Cônscio de estar longe do famoso Juquinha, o menino safado que só pensava “naquilo”. 

            Como se não bastasse, já pesaroso, o confessor falou-me que, para alcançar a plenitude do perdão, eu teria que revelar todos os meus pecados... Sem deixar nenhum! 

            Quis-se que o deseja fosse realidade. E na hora do “vamo-vê”, numa verdadeira sinuca de bico, minhas pernas começaram a tremer, a boca a secar e o coração a palpitar numa aceleração descomunal, e eis o resultado: 

            - Coooomo? – Naquele silêncio sepulcral de igreja, gritou o nosso bispo a plenos pulmões, e mais: 

            - Não é possíííível!!! 

            A partir de então, no clima de resolução e lavagem de roupa suja, foi desvelado o segredo do sumiço das pinhas do sítio existente no Palácio Episcopal. E como punição (penitência): fiquei de joelho por duas horas rezando, de cor e salteado, as orações para todo tipo de santo. 

 

                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA 

                                                   Advogado, administrador e escritor. 

 


quarta-feira, 5 de maio de 2021

A perspectiva do turismo

 

             A revista The Economist, uma publicação inglesa de notícias e assuntos internacionais, aponta o turismo para entretenimento como a bola da vez, que retornará plenamente fortalecido no segundo semestre de 2021.

            Sublinhando que essa atividade será acompanhada com muita tecnologia na sua operação, desde a compra, a operação e as experiências a serem recebidas.

            Mostrando que as pessoas apreciam mais do que nunca visitar o natural, mas com soluções altamente tecnológicas. Locais mais remotos, experiências mais autênticas suportadas com assistência digital 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Pensando nisso, com a expectativa no aumento da demanda nos próximos meses, operadores, hotéis e companhias aéreas já criam pacotes exclusivos e lançam promoções.

Por outro lado, por sua vez, o governo federal precisa cumprir com o seu papel, antes de qualquer outro passo, a prioridade e superar a pandemia. Seria no mínimo hipocrisia fazer vista grossa para essa realidade.

Lamentavelmente, vivemos em um país estressado por ódios e ações sectárias, que conduzem à paralisia administrativa, impotência, atrasos e falta de soluções na gestão pública federal. Nesse ambiente contaminado, é preciso encerrar a espiral de conflitos e erros e encontrar um caminho equilibrado e correto para a nossa nação.

O ambiente anda chacoalhado. No Brasil, temos o péssimo hábito de tratar os problemas recorrentes com as mesmas soluções equivocadas, talvez acreditando que eles serão vencidos pelo cansaço.

Já está provado que os recursos gastos com o auxílio emergencial têm um efeito positivo sobre a dinâmica econômica, que o consumo das famílias beneficiadas contribui para a manutenção dos empregos e da renda de outros setores econômicos.

Quem não já pensou flanar por aí? Colocar o pé na areia; mergulhar no mar; respirar o ar fresco das montanhas; jantar em bons restaurantes; visitar museus, parques e monumentos; explorar ruas e bairros inteiros. Eba, é a volta do turismo.

No Brasil, o turismo perdeu 55,6 bilhões de reais com a crise do novo Coronavírus. Nos Estados Unidos, o maior mercado do mundo, o setor viu sumir aproximadamente 500 bilhões de dólares. A verdade é que as pessoas estão sedentas para cair na estrada, ou pegar o avião, se for o caso.

E então? É hora de esperança e fé. Que venha a boa onda do turismo.

Com os dedos das mãos cruzados, vamos, animem-se, já estou de malas prontas.

 

                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA

                        Advogado, administrador e escritor