Na semana passada, caiu-me aos olhos
o livro “Orquestra Tabajara de Severino Araújo”, escrito por Carlos Caraúccio e
publicado pela Companhia Editora Nacional (1ª ed., 2009). Uma narrativa tão
cuidadosa e tão deliciosa à altura desse fenômeno da música brasileira. Seja
como exímio instrumentista, seja como genial arranjador.
A Tabajara, eterna big band
brasileira, assim chamada, foi criada em João Pessoa (1933), a mais longeva e
um dos mais férteis celeiros de grandes instrumentistas do País. A sua herança
sonora mantém-se viva graças à inventividade dos músicos que passaram pela
orquestra (registrada em mais de cem discos), sob a batuta do grande mestre
musical Severino Araújo (1917-2012).
Particularmente, essa famosa
orquestra me traz boas lembranças e saudades dos grandes bailes de Carnaval no
nosso Clube Cabo Branco – “época dourada (década de 1970)”, onde centenas de foliões
ansiosos aguardavam a entrada da Tabajara no palco, para se esbaldarem em
frevos e sambas até as quatro horas da manhã.
Lá pelos idos de 1940 a 1944, além
do Cabo Branco e do Astréa, João Pessoa contava com outro espaço em que a
Tabajara se apresentava com frequência, o Cassino da Lagoa. Aos domingos, das
cinco da tarde às nove da noite, Severino e sua trupe faziam a alegria de
centenas de animados dançarinos.
Já na Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro,
o som da Orquestra Tabajara passou a fazer parte do mundo de glamour, fosse ao
Copacabana Palace, Hotel Glória ou Cassino da Urca, que duraria pelo menos
quatro décadas. O cenário era salões de bailes enfumaçados, exalando aromas de
cigarros europeus, entre flores e garrafas de champanhe. A madrugada unia os
ternos de casimira e os vestidos plissados de cetim.
Cabe, nessas apressadas linhas, louvar
o autor Caraúccio que deixou para a história o registro da vida artística,
cultural e musical desse notável brasileiro Severino Araújo e da Orquestra
Tabajara.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração