segunda-feira, 23 de julho de 2018

O desinteresse de ser professor


            Tomo conhecimento que só 2,4% dos jovens brasileiros pensam em se tornar professores. Há dez anos, essa percentagem ainda era de 7,5%. Os dados são da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Caso não ocorra alguma mudança de rumo, dentro de mais dez anos teremos de importar professores para nossas crianças.
            Como gosto de afirmar: qualquer Zé-mané entende (a razão) isso em dois minutos. Não há respeito ao professor por parte dos alunos, chegando até a agressão física, às vezes. Alunos dominam a sala de aula, ignoram a presença do mestre, passam a aula em celular e não adianta reclamar à diretoria, se forem do ensino privado, dificilmente serão penalizados. É de nos deixar estupefatos.
            E não só isso. Outros motivos para o desinteresse pela profissão são os baixos salários e a falta de reconhecimento social. O piso fixado pelo MEC para professores que dão 40 aulas semanais é de R$ 2.455,35. Mesmo assim tem colégio da rede privada que não pagam nem esse mínimo obrigatório.
            Pode uma coisa dessas? É claro que não pode, pois é através do professor que se torna a educação como peça fundamental não só para o indivíduo, mas para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Sem isso, a economia fica para trás, produzindo bens primários e importando bens de alta tecnologia.
            A deficiência vergonhosa da nossa educação tem origem lá na “educação básica”. Lula e Dilma usaram espertamente a ideia de que é possível saltar para a universidade, sem passar pela educação de base. O resultado foi aumento no ensino superior, com qualidade desastrosa. E esse discurso, mesmo que demagógico, dá votos, como se comprovou.
            Nenhum dos pré-candidatos à Presidência, mas nenhum mesmo, abriu o bico até agora para dizer uma única palavra sobre o despropósito aqui descrito.

           
                                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                               Advogado e mestre em Administração


       

           

terça-feira, 17 de julho de 2018

A polêmica do Facebook


            O que nos traz de volta ao Facebook é a sua espetacular velocidade: passou de 100 milhões de usuários em 2008 a mais de 2,1 bilhões atualmente, adicionando 50 a 100 milhões por trimestre, constantemente se tornando “a praça da cidade” do mundo.
            Por efeito, passou a ter uma receita incrível de US$ 40,7 bilhões somente em 2017. Por outro lado, esse aplicativo está sujeito aos “deepfakes”: uma forma mais recente de manipulação de mídia digital e uma das mais evidentemente abertas a trapaças. Não é difícil imaginar o uso dessa tecnologia para difamar políticos, criar vídeos pornôs falsos para fins de revanche ou plantar provas contra alguém.
Já publiquei neste espaço, que precisamos ter uma visão “pé atrás” com as redes sociais. Ora, a internet tornou o mundo um quintal ainda menor do que já era, e que as notícias, principalmente as más, se espalham com velocidade assustadora.
            Além disso, segundo os médicos neurologistas, o Facebook está cheio de recursos como “curtir” que pontuam sua experiência de navegação com ondas neurológicas levando, esse é o perigo, os hackers a explorar a vulnerabilidade da psicologia humana.
            O outro problema: pesquisam mostram que o público nunca confiou tão pouco na mídia, mas consome mais notícias do que nunca. Esses dois dados profundamente perturbadores sugerem que o Quarto Estado, aquele projetado para informar o público e fazer uma verificação crucial do poder, está, em vez disso, transformando-se simplesmente em um produto de distração ou quinquilharia pura.
            Vou à síntese. Confesso que utilizo o Facebook, mas não sou um viciado contumaz como vejo por aí, teclando que nem doido. Não aceito qualquer solicitação de amizade (critério: prudência). Deleto notícias sem nenhuma razoabilidade. Faço uso como forma de entretenimento, de troca de conhecimentos e notícias entre os amigos/familiares.


                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                             lincoln.consultoria@hotmail.com
                                              Advogado e mestre em Administração

terça-feira, 10 de julho de 2018

Voto branco ou nulo


            A Folha publicou recentemente uma pesquisa da Datafolha para presidente: aproximadamente um em cada quatro brasileiros (23%) votará em branco ou nulo – quase o triplo do índice registrado pelo instituto na mesma época de 2014 (8%).
            É plausível esse resultado. Pois tem tudo a ver com o desgosto com os políticos, a teia de corrupção exposta pela Operação Lava Jato e a falta de opções explica a decisão de não votar em ninguém.
            Nesse rolo fez com que os eleitores perdessem a identidade, o bonde da história e o entusiasmo. Caindo na real, acho que fica difícil o TSE convencer o eleitor para que mude esse entendimento. Infelizmente, o sentimento de desilusão com a classe política é muito difundido. O discurso é o de que não há pessoas confiáveis. São candidatos que repetem a mesma história. Não se observa movimento nenhum para uma mudança. Entra ano e sai ano e a coisa continua.
            Repare bem. Registro de um amigo-eleitor, bem humorado e olhos esbugalhados: “Anulo o meu voto por decepção mesmo, porque não tem alguém que faça o que a gente merece. Vou lá votar só porque sou obrigado”. Tá ruço, não tá?
            Não tenho dúvida. Não votar em ninguém é uma forma de protesto, uma maneira de mostrar que os cidadãos não estão satisfeitos com o comportamento dos políticos e a condução do país. Ora, ajudar a eleger alguém envolve o risco de ser também responsável pelo mandato, que pode, em vez de melhorar, piorar a situação.
            Vejo no debate político muita superficialidade e supostas soluções mágicas. No entanto, a solução para tais problemas está vinculada ao engajamento dos brasileiros na escolha de seus representantes. Informação, voto consciente e participação ativa são os caminhos necessários para a mudança da prática política.
            Resta esperar que um mandatário legitimado pelo voto possa restabelecer a nossa confiança.

                                                   LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                    lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                               Advogado e mestre em Administração




terça-feira, 3 de julho de 2018

Lixo zero


                                         
       A verdade, em português claro, nós sempre fomos um pouco vira-lata na questão de disciplina de meio ambiente. Todavia, há mudanças positivas ocorrendo no Brasil e no mundo quando o assunto é lixo, especialmente os plásticos descartáveis.
            Li esses dias de que, no início deste mês, foi realizado em Brasília o “1º Congresso Internacional Cidades Lixo Zero”, que promoveu uma intensa troca de experiências bem sucedidas de redução drástica de resíduos em algumas cidades, não só aqui como no mundo.
            É o caso, por exemplo, de Florianópolis, que aproveitou o encontro para se tornar a primeira cidade do Brasil a ter oficialmente um Programa Lixo Zero. De acordo com o Decreto nº 18.646, a capital catarinense elegeu como meta reduzir em 60% o envio de resíduos secos (materiais recicláveis) e em 90% de resíduos orgânicos para aterros sanitários até 2030.
            Como se vê, uma boa notícia. Na Câmara Municipal do Rio Janeiro também aprovou recentemente o banimento dos canudos plásticos descartáveis, que deverão ser substituídos por canudos de papel biodegradável e/ou reciclável.
            Trazer à luz essas medidas é um começo. A farra da plasticomania é crime de lesa-planeta. Basta de irresponsabilidade. Até a empresa Coca-Cola acordou para esse problema que é genuinamente solúvel. Em Davos, no “Fórum Econômico Mundial”, ela demonstrou a intenção de reciclar até 2030 uma quantidade de embalagens equivalente a tudo o que for produzido pela empresa no mundo inteiro.
            A China, por sua vez, rendeu-se ao combate ao plástico descartável. Tomou a decisão de não mais receber resíduos de países ricos. O que vinha sendo um negócio lucrativo desde a década de 1980. Porém, vinha entupido a China de lixo.
            Ainda bem. São medidas como essas, alvissareiras, que nos fazem acreditar na sensibilidade humana. 

                                                         LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                                                 Advogado e mestre em Administração