Com
o crachá já de idoso, só tenho que agradecer a Deus pela vida que me deu, pela
família e os amigos que conquistei, pela capacidade de aprender com tudo aquilo
que a vida coloca em meu caminho, com as escolhas que faço: nos certos e nos
errados.
Devo reconhecer, porém, a
convergência do rápido processo de urbanização com o envelhecimento
populacional tem conduzido à desafios e oportunidades para o desenvolvimento de
soluções urbanas. Estimulados por esses desafios, o governo de Singapura está
desenvolvendo o projeto “cidades para todas as idades”, cujo objetivo é
melhorar a qualidade de vida no ambiente urbano e desenvolver soluções e
serviços integrados e amigáveis aos idosos.
Essa é a bola da vez. Devemos estar
preparados para desenvolver e construir “cidades amigas” das pessoas idosas,
que possam melhorar a qualidade de vida da população à medida que ela
envelhece, em um mundo cada vez mais idoso e urbano.
Pensando bem, envelhecer não é ruim,
é um privilégio. Ainda bem que políticas públicas, em algumas cidades, estão
sendo criadas para contemplar um público que antes não existia. A expectativa
de vida era baixa, e a maioria morria cedo.
O poder público e a sociedade têm
que aprender a conviver com pessoas idosas, absorvendo sabedoria e experiências
e respeitando suas necessidades e restrições. Assim como eu (e tanto outros),
quero morrer vivo, jamais viver morto.
A ONU acaba de anunciar 2021-2030
como a década do envelhecimento saudável. Entre as ações centrais da
organização, estão políticas e espaços “amigos do idoso”. Este é o momento
ímpar na vida do idoso. É um fato incontroverso.
Os pilares do envelhecimento ativo -
saúde, conhecimento, direito à participação na sociedade e segurança - impactam
centralmente o nosso envelhecer. Impõe-se, portanto, já que a velhice depende
de todas as etapas que a precedem.
Enquanto puder falar, falarei. Não
há uma receita mágica. Cada cidade tem suas peculiaridades, daí a importância
de ouvir e envolver os idosos localmente. Todos, sem exceção, têm papel crucial
neste processo.
Há um provérbio indiano que diz
“quando morre um idoso perde-se uma biblioteca”. Pois é. Uma cidade que
valoriza os idosos é uma cidade rica e sábia. Logo, abandonar idosos é um
pecado mortal.
Até no mundo corporativo, em relação
ao idoso, mudou. E a lição é simples: o mais velho precisa dar chance a
liderança do jovem e vice-versa e, nesse encontro de geração, é fundamental que
as duas partes estejam dispostas a ensinar e aprender.
Minhas últimas palavras vão para o
ser invisível – é com você aí mesmo, senhor prefeito. Ei! Cuidar dos nossos
idosos é preservar a nossa história.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado, administrador e escritor