Acabo de ler, com bastante
interesse, a reportagem sobre o fim do Circo Ringling Bros, depois de 79 anos
de vida. Assim registrava a manchete dessa reportagem: “O circo mais tradicional
dos Estados Unidos baixa a lona”.
Os motivos que selaram o destino
infeliz do magistral Ringling Bros foram os sucessivos protestos contra
maus-tratos aos animais, levando a dispensar do espetáculo os últimos elefantes
asiáticos, além de leões, tigres, cavalos e cachorros. Some-se a isso a
dificuldade para atrair jovens espectadores, mais acostumados a emoções
virtuais.
Já nos primórdios, o Ringling Bros
converteu os elefantes em seu principal símbolo. Não à toa, virou alvo fácil de
protestos, num país em que não há lei federal proibindo animais circenses,
embora haja jurisdições em 27 estados vetando total ou parcialmente sua
participação em espetáculos.
Lembro-me bem - e parece ter sido
hoje - ainda garoto lá em Cajazeiras, seguindo uma trilha de serragem, entrava
debaixo daquela lona colorida e sentava naquelas arquibancadas (chamada de “puleiros”)
para assistir o “Maior Espetáculo da Terra”. Tempos memoráveis; onde se via
trapezista, malabarista, palhaço, acrobata, equilibrista, domador... com o
compromisso de tornar a vida em um arco-íris, não o monótono preto-e-branco.
Não era um Jorginho Guile, nem
Nelson Rodrigues para quem o trabalho era uma coisa triste. Ali, na labuta da
família circense, era só alegria, as lágrimas eram substituídas por sorrisos. Melhor:
numa época em que ainda não predominava a “força da grana que ergue e destrói
coisas belas”.
Pensei cá comigo: acho que
atualmente estamos precisando um pouco do ambiente circense, não o ambiente
político tão desafortunado e vergonhoso, para transformar o desespero em
esperança, o pânico em refrigério.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração