O
curioso ver o disparate dos políticos que criticam a questão da mobilidade, mas
não trás alternativas para as cidades, como é o caso das ciclovias.
Já disse noutra ocasião. A política
pública de mobilidade, que inclui a construção de ciclovias, é a garantia do
direito de ir e vir com mais segurança.
Muito apropriado o editorial do
jornal Folha de S.Paulo (com o título supracitado) que, através da pesquisa
Datafolha publicada na semana passada, deixa claro que a maioria expressiva dos
paulistanos defende a expansão de vias exclusivas para ciclistas. Entre os
entrevistados, 22% declaram intenção de, nos próximos seis meses, comprar uma
bicicleta (32% já têm uma), e 41% indicam ser grande a chance de usar as
ciclovias.
Passa da hora de as autoridades
brasileiras enfrentarem a questão com a urgência e a seriedade que ela exige. É
preciso qualificar o debate sobre esse tema. Sinto-me, contudo, obrigado a
dizer que a bicicleta é um meio de transporte limpo, que ocupa muito menos
espaço do que um carro (embora não seja a única solução para os problemas de
mobilidade urbana) e oferece a seus usuários a possibilidade de não ficar refém
das condições do trânsito.
Percebe-se que todo ciclista que
coloca sua bicicleta na rua, apesar de ser criticado, apesar de ouvir frases
desmotivadas como “é perigoso”, “vá pedalar no parque” ou “bicicletas não cabem
nessa cidade”, é na prática um cicloativista, pois está fazendo sua parte,
ainda que não se dê conta da conquista desse direito para as gerações futuras.
Falta um estudo de fôlego, como é o
caso de estreitar um pouco as calçadas para dar vez as ciclovias. Olhando para
a nossa cidade, onde já se verifica grandes avanços à mobilidade urbana, é
notório em alguns lugares, a exemplo da Epitácio Pessoa, da Beira Rio, da Ruy
Carneiro e tantas outras, que têm 3 a 5 metros de calçadas, espaço que dá para
um automóvel, é possível sim utilizar o passeio para fazer ciclovias. No exterior,
tive a oportunidade de conferir que isso já não é mais novidade.
Hoje, com tal iniciativa, Barcelona
ampliou suas ciclovias para 230 quilômetros. Sydney representa uma espécie de
selo de qualidade para quem é ciclista. Convenhamos: são medidas simples e
inteligentes, com baixo custo e eficiência. Como diz o meu velho amigo
Cordeiro: proposta simplória e que pode ser resolvida de imediato, tipo, com
uma canetada.
É pena que esse tema, as vésperas da
eleição, os políticos jogam para a platéia. Mas, após a disputa eleitoral, como
Pôncio Pilatos, eles lavam as mãos.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado
e mestre em Administração