Recentemente recebi um texto onde falava de “Maria boa, a dama da noite”, que fez história
com o seu famoso bordel na cidade de Natal. Até hoje, a paraibana Maria de
Oliveira Barros, é lembrada pelo seu reputado estabelecimento chamado “Cabaré
de Maria Boa”. Dizem, de forma bem-humorada: “Havia mais reunião de deputados
em ‘Maria Boa’ do que na Assembleia”.
Outra paraibana, Maria de Jesus
Gonçalves, aposentada, conhecida como a “Lilia das mangueiras”, ainda morando
em Cajazeiras, 84 anos, também teve o seu cabaré na periferia desta cidade,
destinos daqueles que estavam iniciando a vida sexual ou daqueles que eram boêmios
que adentravam pela noite – ótimo para desopilar o fígado e a cabeça.
De origem pobre, começou a sua vida
na prostituição quando tinha 18 anos. Descobriu logo cedo as qualidades para o
negócio. Dom de fantasias eróticas para nenhum guru de marketing botar defeito. “Ninguém nunca se esquecia de pagar, porque sempre queria voltar”
(sic), orgulha-se a legendária profissional do sexo.
No seu afamado prostíbulo, afinal,
nada poderia sair errado, não deveria ter espaço para grosseria, escândalo,
exageros de nenhuma natureza e nem mesmo qualquer indiscrição. A reputação de
sua casa estava em jogo. Lilia confessa que tinha clientes de toda região: “Muitos
me procuravam para conversar, desabafar, receber meus conselhos” (sic). Chegou
até receber cantores consagrados, a exemplo de Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves,
Altemar Dutra, entre outros.
Sua história foi objeto de matérias
no jornal O Estado de São Paulo e no Fantástico. Propôs-lhe pela Câmara
Municipal o título de “cidadania cajazeirense”, mas, lamentavelmente, não foi
aprovado em razão da pressão das famílias tradicionais (mais por rancor,
preconceito e vingança) e segmentos da igreja. Mesmo tendo 60% da aprovação da
população. Eu, hein! Que atitude mais feia. Pura maldade, claro.
Vamos falar sem rodeios, para esse tipo
de atividade tinha (ou tem) alguns paradigmas: são más profissionais àquelas que acabam
enrabichando pelo cliente. Boas são as mulheres frígidas sexualmente, porque
essas fingem, são técnicas, não emotivas e, por isso, muito mais competentes.
Lilia é daquela que defende a máxima de que a vulva (para não pronunciar outra
expressão) bem administrada é o melhor negócio do mundo.
Lilia, arquiteta da sedução, não se
arrepende do seu passado, principalmente, agora, que se eternizou como a
“Mulher que ensinou Cajazeiras a amar”.
LINCOLN
CARTAXO DE LIRA
Advogado e mestre em Administração