segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A lista dos ricos

       A revista Fortune divulga anualmente a lista dos homens mais ricos do mundo. Pra mim, esse tipo de noticiários, beira a babaquice. É tipo de coisa que não deveria ser explorado, onde deveria existir o comedimento, a prudência, a discrição.
            Falo sério. Fico com náusea só de pensar no desespero (impostando arrogância) do empresário Eike Batista de querer chegar em 1º. lugar dessa lista. Verdadeiro escracho em estado puro, sensacionalismo, exposição desenfreada do canibalismo capitalista. Fica o estigma equivalente a de uma vendedora chata, um vizinho pentelho, um piadista “mala”, um taxista insuportável...
            Pensando bem, o jornalista mexicano Catón (Armando Fuentes Aguirre), ícone atemporal de elegância na arte de escrever, merece ganhar uma estátua. Tal honraria deve-se ao fato da sua intenção de processar a revista Fortune, porque foi vítima de uma omissão inexplicável. Na sua publicação periódica ele não aparece na lista dos mais ricos. Aparecem: Carlos Slim, Emílio Acarraga, o sultão de Brunei, rainha Elizabeth, Niarkos Stavros, Sam Walton e muitos outros.
            Ora, diz ele, eu sou um homem rico, imensamente rico. Como não, vou mostrar a vocês: Eu tenho vida, que eu recebi não sei porquê, e saúde, que conservo não sei como.
            Continua: Eu tenho uma família, esposa adorável, que ao me entregar sua vida me deu felicidades e me deu maravilhosos filhos. Eu tenho irmãos que são como meus amigos, e amigos que são como meus irmãos.
            Tenho pessoas que sinceramente me amam, apesar dos meus defeitos, e a quem amo apesar dos meus defeitos. Tenho leitores a cada dia para agradecer-lhes por que eles lêem o que eu mal escrevo. Eu tenho olhos que vêem e ouvidos para ouvir, pés para andar e mãos que acariciam; cérebro que pensa coisas que já ocorreram a outros, mas que para mim não haviam ocorrido nunca.
            E eu tenho fé em Deus que vale a um amor infinito.
            Por que, então, a revista Fortune não me colocou na lista dos homens mais rico do planeta?
            Com a paciência de um penitente beneditino e a bravura de Dom Quixote, ele, Catón, definitivamente, exorciza os fantasmas da ambição pelo dinheiro, com aspereza dessa realidade: “Há pessoas pobres, mas tão pobres, que é a única coisa que possuem é... Dinheiro”.

                                                           LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                           lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                           Advogado e Administrador de Empresas

domingo, 9 de dezembro de 2012

O racismo

       Para começo de conversa sou contra a política de cotas raciais no Ensino Superior, onde trás a tona o polêmico debate sobre a discriminação racial no País e a desigualdade social.
            Em 22/05/2007, neste mesmo espaço, através do meu escrito “Preconceito racial”, ali já manifestava minha posição contrária a esse método de regime, como forma de corrigir uma crise bombástica de injustiça social, como se branco lá não tivesse também a sua injustiça.
            O pano de fundo da contenda, eu dizia naquela oportunidade, está na escola elementar e na escola média, que continua na mais baixa escala de indigência. Fazendo com que os alunos (branco ou negro) sejam barrados no vestibular, não por suas raças, mas por não terem atingido o nível mínimo e básico de conhecimento para ingresso na Universidade.
            Às vezes me pergunto se vale a pena desperdiçar meu tempo lendo notícias sobre o racismo e, mais ainda, sobre a premissa equivocada do “mês da consciência negra”. No entanto, essa reflexão novamente me ocorreu - apesar de tantas alegações surrealistas desimportantes publicadas por aí afora - foi quando assisti à entrevista mordaz concedida pelo famoso ator Morgan Freeman ao apresentador televisivo Mike Wallace. Pinçando alguns trechos, vejam a sutileza impressionante de suas afirmações, que só a trágica ignorância não se deixa perceber.
            Mike: “Mês da consciência negra”, o que acha disso?
            Morgan: Ridículo.
            Morgan: Qual é o “mês da consciência branca”?
            Mike: Bem... Eu sou Judeu.
            Morgan: Ok! Qual é o “Mês da consciência judaica”?
            Mike: Não existe.
            Mike: E como vamos nos livrar do racismo?
            Morgan: Parando de falar sobre isso!
            Morgan: Eu vou parar de chamá-lo de branco... E o que lhe peço, é que pare de me chamar de negro!
            Morgan: Eu lhe conheço por Mike Wallace. Você me conhece por Morgan Freeman.
            Sob esse olhar, mesmo cercado de todos os “date vênia” de praxe, nada mais ilógico e descabido esse movimento de racismo, cujos argumentos são, no mínimo, tendenciosos e não refletem a realidade.

                                                LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                 Advogado e Administrador de Empresas


domingo, 2 de dezembro de 2012

Cantilena de vendedor

       Quem me conhece já está careca de saber (adoro essa expressão, embora não tenha nada a ver uma coisa com outra: queda de cabelo com a ratificação de uma informação) que detesto tipo de vendedor que pega no pé do cliente até vencê-lo pelo cansaço.
            Fujo mesmo. Ao entrar numa loja para comprar um produto exposto na vitrine, tento ter o cuidado de não ser assediado pela conversa do vendedor de que “já viu isso, já viu aquilo?”. E mesmo que eu diga que “estou só olhando” o cara não se toca. Às vezes tenho de me policiar para não ser indelicado. Por isso, fujo correndo de vendedores extremamente solícitos.
            E olha só: vejo-me nesse direito, porque não possuo aquela cara-de-pau de fazer o vendedor desmontar a loja toda e não levar nada. Ou de perguntar o preço de tudo e depois aplicar aquele velho eufemismo “obrigado, depois eu volto” e não volta nunca.
            Pior de tudo, é quando uma vendedora – sempre a empregada mais bonita, mais bem-vestida, mais perfumada e mais maquiada de todas – se aproxima e pergunta com voz doce: “Boa tarde, já possui o nosso cartão?”. Pense no lero-lero sobre todas as maravilhas e estupendas vantagens de possuir um cartão personalizado da loja.
            Quando você recusa o tal cartão, a vendedora, não satisfeita, encara o seguinte diálogo:
            - Vamos fazer, então, um crediário? É rapidinho. Só preciso do CPF.
            - Não, obrigado.
            - Podemos parcelar em até 24 meses, além da carência de 2 meses para começar a pagar.
            - Não, não Posso.
            - Mais é rapidinho, quase não tem fila no crediário!
            - Não quero. Chega!!!
            Como se não bastasse toda essa cantilena, tem ainda a quebra da confiança. Outro dia experimentei um paletó e o danado não fechava condizentemente. Estava mais que nítido esse desconforto. Solicitei o vendedor um número maior. Aí, de pronto, ele me respondeu:
            - Não temos. Mais esse ficou muito bem em você. Perfeito!
            Sem meias-palavras, olhei, olhei, avaliei e lhe respondi:
            - Em vez de se preocupar com suas “gentilezas”, gostaria que fosse apenas verdadeiro.
            Ah! Quando me fiz administrador de empresas, aprendi que o vendedor tem o poder de cativar ou expulsar o cliente definitivamente da empresa.


                                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                          lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                          Advogado e Administrador de Empresas