domingo, 29 de novembro de 2015

O PT humilhado

            Quando ouvi o noticiário sobre a prisão do senador petista, Delcídio do Amaral, o poderoso líder do governo, fez-me lembrar a conhecida expressão “farinha do mesmo saco”. Ou uma lembrança dita de outra forma: mais um trapaceiro do PT elevado à segunda potência.
            Peço desculpas, mas meu cérebro encharcado de notícias ruins já não suporta mais a institucionalização do gangsterismo instalado neste País. O fato é: o Brasil está paralisado com os escândalos, a economia está à deriva, o ministro da Fazenda é desmoralizado diariamente, a certeza ainda da impunidade faz com que o jogo político esteja acima dos interesses da nação.
            Essa ocorrência escandalosa e repulsiva, por sua vez, parece indicar que a hegemonia política do PT está chegando ao fim, corrompendo a esperança de milhões de pessoas. Sem falar da traição as belas ideias da aurora da vida de muitos companheiros (as).
            Acreditar nessa gente, ainda que por breves instantes, é desmantelar o próprio celebro. Tudo isso lastimável: é grotesco. Não creio se quer que valha a pena continuar rezando na cartilha doutrinária do PT.
            Qualquer observador atento vai confirmar que o PT está desprezado e humilhado – virou pilhéria. O partido é acusado de inventor e gestor do maior esquema de corrupção que já se viu neste País, que apostou na lentidão da Justiça como garantia de sua eterna e tranquilíssima impunidade.
            Um surto de esquizofrenia tomou conta dos representantes petistas. Há erros, maquinações e corruptos por todos os lados. E seu líder maior, Sr.Luiz Inácio Lula da Silva, continua seguro e com a certeza de voltar a ser presidente da República com a mesma estampa de reformador democrático, legalista e paladino da moralidade e dos bons costumes.
            Para meu espanto, indisfarçável a essa altura da vida, não me conforma com a ideia do fim do PT. O partido de grandes lutas e inspirações tenha sido reduzido a saldo bancário. Já não possui o charme, o encanto e a credibilidade. Nem mesmo àquele que o dedicou o melhor de sua vida, não acredita mais nele.
 A velha estrela do PT perdeu o seu brilho. Já não existe mais aquele partido que soube mesclar virtude cívica e combatividade social, que teve a virtude de combinar causas universais com mobilização sindical e que, acima de tudo, tinha como ideário o respeito incondicional à coisa pública.
            Enfim, a utopia do PT se perdeu, se acabou.


                                                             LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                             lincoln.consultoria@hotmail.com

                                                                Advogado e mestre em Administração

domingo, 22 de novembro de 2015

Uma obra-prima literária

            Não é para qualquer um receber o “Título de Cidadão” alguém que dedicou toda a sua vida profissional em prol do desenvolvimento habitacional da cidade de João Pessoa e, porque não dizer, do Estado da Paraíba.
            Estou me referindo a Socorro Gadelha que, por privilégio e dádiva, é a minha consorte. O título de “Cidadã Pessoense”, ora lhe outorgada pela Casa Legislativa de João Pessoa, como já disse, suspeito ou não, foi uma homenagem que chegou ao lugar certo, na hora certa. A sua história de vida, a sua garra e o seu caráter nos tocam e continua nos inspirando profundamente.
            Aprendi a saborear as coisas boas, a estar inteiro onde eu me propus estar. O tempo tem proporcionado em mim essa gratidão. Pois nessa solenidade tive também a felicidade de saborear uma dessas coisas boas que foi o discurso primoroso proferido pelo deputado federal Marcondes Gadelha em alusão à homenageada. Uma verdadeira obra-prima literária que faz bem ao coração e ao intelecto. Sem desmerecer aos demais oradores que lhe antecederam, evidentemente.
            Marcondes é uma das cabeças mais lúcidas e brilhantes do nosso tempo. Ele é desses incríveis prodígios brasileiros que usam a obstinação como combustível por construir uma trajetória digna de uma irretocável carreira política. Ele é um conciliador por excelência que foge da briga e da miudeza (mesquinhez) do cotidiano da política. Usa a linguagem de forma honesta, organizada e sem arroubos grandiloquentes – numa lucidez plena de contemporaneidade.
            Quando ele terminou sua fala, sob muitos aplausos, olhei para um colega ao lado, coloquei as mãos para trás, e cravei; “Aí está o melhor expoente de um autêntico parlamentar”. Sua desenvoltura e conhecimento impressionaram a todos ali presente.
            Como todos sabem (ou deveríamos saber), um discurso qualificado pode levar um homem à presidência de um país, ao cargo almejado na empresa, ao aperto de mãos que sela um negócio e até aos braços da mulher desejada. Não importa se quem ouve é uma plateia de centenas de pessoas, dez funcionários ou apenas um indivíduo.
            A vida inteira ouvi que bons discursos são aqueles que deixam uma marca e isso só é possível com conhecimento, espontaneidade e valores capazes de diferenciar você de qualquer outra pessoa que poderia falar sobre o mesmo assunto. Nisso, Marcondes é craque!
            Ah, que pena: não sou de falar em público, eu só escrevo.

                                                   
                                                            LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                            lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                             Advogado e mestre em Administração

           
           

            

domingo, 15 de novembro de 2015

Banda da bala

       Já comentei várias vezes, neste espaço, minha preocupação com a violência em nosso País. Beira a redundância dizer que a situação é gravíssima. Basta abrir os jornais ou ligar a tevê e lá estão os sinais dessa tragédia. É de se amedrontar.
            Não é pra menos, é de pedir clemência aos céus, são cerca de 53 mil assassinatos por ano, 143 assassinatos por dia, 6 assassinatos por hora. Em cada 100 mil habitantes, o índice no Brasil é de quase 26 assassinatos por habitante. A Organização Mundial da Saúde considera “nível de epidemia” uma taxa de mais de 10 assassinatos por 100 mil habitantes. Segundo essa organização, o Brasil é o país com maior número de homicídios no Mundo.
            Mas vamos ser francos: o cenário é aterrorizante, e pior, passou a ser trivial. A esta altura do campeonato, a divulgação desses números é como lavar roupa suja fora de casa e nos envergonhar ainda mais perante o mundo civilizado.
            A bancada da bala do Congresso, financiada pela indústria de armas e munições, está doida para mudar o texto do “Estatuto do Armamento”, tornando o Brasil um lugar de caubóis dispostos a matar ou morrer. No fundo, bem no fundo, não há nada de generoso, cavalheiresco ou mesmo digno de mérito nesse gesto. São sinais de pequenez, indignidade e canalhice.
            Entre as mudanças previstas, o registro da primeira arma passa a ser gratuita e já o registro da segunda passa a ser mais barata. Armas passam a ser vendidas para maiores de 21 anos (e não 25). A posse de armas passa a ser definitiva (revoga-se a necessidade de revalidá-la a cada três anos), passa a ser válido por dez anos. A taxa inicial de porte, que era de R$ 1.000,00, cai para R$ 300,00. Uma espécie de promoção mercadológica.
            Reconheço que alguns pontos do modelo de desarmamento têm quer ser revisto, mas não nessa amplitude. Temos que desarmar o bandido, e não simplesmente manter o bandido armado e armar a sociedade. A bancada da bala pouco está se lixando para esse confronto – guerra. Existe uma velha máxima de Brasília: políticos podem chorar no velório e até ajudar a carregar o caixão, mas nunca se jogam na cova com o finado.
            Para uma mente sã, como é o caso do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, sobre o assunto: “É um retrocesso. O argumento que se deve armar a população porque a segurança não faz seu trabalho é uma desculpa míope”.
            No mais, encerro: enquanto as “autoridades” bailam em torno de seus interesses pessoais, o Brasil afunda, sem perspectiva de segurança para sua gente.


                                                        LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                        lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                          Advogado e mestre em Administração
           
           
           


domingo, 8 de novembro de 2015

Êxodo de brasileiros

            Semanas atrás, nesta coluna, fiz referência ao êxodo de brasileiros para outros países em busca de oportunidades profissionais e qualidade de vida.
            Converso com muita gente aqui e ali, e as razões para essa saída são diversas: falta de perspectiva econômica, desânimo com a situação política, corrupção, violência, desconfiança do futuro. Só um viés esquerdista que vê essa realidade de forma invertida.
            Pois eu digo e repito: o alicerce do país é a economia. O governo se fechou, se enclausurou. A ilusão vendida pela presidente Dilma para se eleger custou um preço elevadíssimo à nação. “Bota uma coisa na sua cabeça, vem mais choro por aí”, diz meu amigo Cordeiro, em tom de gozação.
            Ora, nenhum país pode se dar o luxo de desperdiçar seus talentos. O Brasil tem se caracterizado como um povo acolhedor e de receber imigrantes sempre de braços abertos, mas na década de 1980 e 1990 viveu uma fuga decorrente a grave deterioração econômica e pela hiperinflação.
            Confesso certa angústia quando vejo os nossos filhos longe de nossa terra por falta de um ambiente atraente para que possa utilizar o seu potencial profissional. Esse processo atinge todos os níveis de trabalhadores, mas principalmente os mais qualificados. Caso a crise venha persistir, as consequências serão gravíssimas com a fuga de cérebros brasileiros com qualificação e competência.
            Tem que ter uma paciência de Jó, sem perder a perseverança de nossos ideais. Mas tá difícil. O ministro Levy está parecendo agente funerário. Quando ele aparece, a gente sabe que vem notícia ruim.
            Além dessas adversidades, ainda tem que enfrentar aquilo que Tom Jobim tão bem expôs: “No Brasil, o sucesso é um insulto pessoal”. Fica a impressão de que alguma maldição divina condena aquele que alcança o sucesso profissional.
            Mau eu havia acabado de escrever o presente texto, li numa matéria que, nos últimos anos, o Brasil tem obtido grandes resultados nas Olimpíadas Internacionais de Física (IPhO, na sigla inglesa). Porém, os jovens talentos científicos estão indo embora porque as nossas instituições ainda não têm mecanismos para absorver e nutrir esses alunos.
            Apesar de tudo, estou confiante. O País é maior do que esse imbróglio que tem estimulado brasileiro o desejo de desistir e de deixar a sua pátria.


                                                          LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                lincoln.consultoria@hotmail.com
                                                             Advogado e mestre em Administração