Todos os anos há essa lengalenga do
horário de verão. Agora, pra quê? Pra economizar R$ 120 milhões e impor esse
sacrifício aos trabalhadores durante quatro meses. Sem falar que afeta o
chamado relógio biológico das pessoas, principalmente dos mais velhos, com
prejuízo à saúde. Àqueles persistentes pela medida surreal: o puxão de orelha é
pertinente.
Enquanto isso, só em juros de suas
dívidas, governo federal, estaduais e municipais gastaram 5% do PIB (R$ 230 bilhões)
nos últimos 12 meses. Ora, está na cara que seria muito mais prudente mexer nos
juros dessa dívida do que manter o sacrifício/aborrecimento para a população
que se submete a esse horário aviltante.
Há quanto tempo já sabemos disso,
não é mesmo? Não se trata de uma “picuinha”, mas de um fato público que não
contribui substancialmente em nada. Destacando-se aí a ausência da crítica que
Paulo Freire brilhantemente chamava de “cultura do silêncio”. Na outra
vertente, ao contrário da discussão aberta, plural e democrática das idéias, o
que se vê muitas vezes é um esforço para desqualificar e estigmatizar a voz
discordante, num processo do maior requintado autoritarismo.
Se todos os nossos problemas fossem
esses, estaríamos no céu. Porém o poço é bem mais fundo. Somos um País sem
educação, sem preparação de mão de obra qualificada para todos os setores
importantes da economia, vivemos em eterna insegurança com a violência descabida,
corrupção e tantos outros problemas que travam o Brasil.
Acho que já falei aqui, num desses
meus artigos, que o Estado brasileiro tem uma tradição intervencionista muito
forte. É um Estado que pode muito, mas se move muito devagar. O que prejudica o
foco da eficiência. E a burocracia? Valha-me Deus! Segundo Guilherme Afif Domingos,
a nossa burocracia é como colesterol. Tem o bom e o ruim. O bom é o que
lubrifica as artérias do sistema administrativo. O mau - a má burocracia – é o
que entope os vasos. E o Brasil está à beira de um infarto. Logo, simplificar é
preciso.
Sou solidário zero na questão do
horário de verão. Uma atitude leniente face aos nossos desmedidos problemas.
Precisamos de projeto claro, planejamento rigoroso e mobilização em torno das
grandes causas nacionais. Razão pela qual estamos sendo penalizado com esse
crescimento medíocre – com o termo burlesco de “pibinho”.
O horário de verão é exemplo de
miopia tradicional e sem futuro. É muita manchete para pouca notícia
(resultado). O Brasil tem todos os elementos para tornar-se um País riquíssimo
– mais riquíssimo de verdade, e não, como hoje, apenas rico de
“possibilidades”.
LINCOLN CARTAXO DE LIRA
Advogado e
Administrador de Empresas